KIARA POV

Aparentemente hoje é um dia comum como qualquer outro, com a mesma monotonia de sempre para nós do Clã Komorebi. Fomos chamados por uma autoridade de uma aldeia do leste chamada Kimura para derrotar um demônio que há dias estava levando o terror ao local, matando e devorando várias pessoas.

Esses demônios vivem no seu próprio mundo, o Makai, mas de vez em quando aparecem no Ningenkai causando problemas. Obviamente, eu como uma mera humana, nunca havia ido ao Makai e apenas sabia o que minha família havia me contado sobre ele, ou seja, que é um local hostil habitado por youkais de todos os tipos, dos mais fortes aos mais fracos. Não é de hoje que alguns demônios descobrem alguma forma de passar para o mundo dos homens, eles fazem isso há milhares de anos.

Há um tempo atrás ficamos sabendo que o Makai estava sendo governado por Enki, um youkai que proibiu os demônios de se alimentarem de humanos. Nessa mesma época, a principal barreira que separava os dois mundos e impedia a entrada de demônios no Ningenkai deixou de existir, então se antes, quando ela ainda estava intacta, esses monstros já conseguiam encontrar uma maneira de ultrapassá-la, agora sem ela as coisas haviam piorado. O estranho é que antigamente, quando essa barreira ainda existia, haviam muitos ataques de youkais ao mundo dos humanos, mas depois que ela foi desfeita os ataques diminuíram drasticamente e agora, do nada, voltaram a aumentar com força total. Parece que os youkais decidiram voltar a sustentar sua alimentação à base de carne humana. E o que isso tem a ver comigo? Tudo. É aí que entra a história do meu clã. Trabalhamos como detetives sobrenaturais.

O Reikai é acostumado a ter detetives sobrenaturais que resolvem mistérios ou ataques de demônios no Mundo dos humanos. Nós komorebis resolvemos criar nosso próprio serviço de solução de assuntos sobrenaturais sem nenhum tipo de vínculo com o Mundo Espiritual. Basicamente somos profissionais na arte de resolver problemas causados por youkais, seja por meio de lutas para matá-los ou mesmo na base de uma boa conversa. Cada caso é um caso. Trabalhamos nesse ramo há muito tempo, é uma tradição. Inicialmente, há centenas de anos atrás, o nosso clã era muito pequeno, mas conforme o passar dos anos fomos evoluindo, crescendo e criando uma verdadeira família. Hoje somos constituídos de milhares de habitantes.

Cada um de nós tem uma função, ou um trabalho dentro dessa comunidade, como ocorre em qualquer lugar do Mundo. Eu faço parte daqueles que se arriscam nas batalhas contra os demônios. Isso ficou decidido quando eu nasci, pois tenho tal dever, tenho em vista que vivemos sob o regime monárquico [1] e sou a princesa e futura rainha daqui. Lutar contra demônios é atividade obrigatória de qualquer membro da família real, isso porque em teoria somos os mais fortes de todo o clã, já que somos constituídos da união matrimonial entre as famílias com os melhores guerreiros. Porém, mesmo tendo sido imposta a esse trabalho, não posso me queixar. Eu gosto de lutar, de treinar minhas habilidades e poderes, de me sentir forte e o fato de ter sido considerada a melhor lutadora no Clã Komorebi apenas me deixa mais satisfeita. Resumindo, somos muito bem pagos para espantar ou derrotar demônios, trabalho esse que não pode ser realizado por qualquer um.

Embora existam outros clãs de detetives sobrenaturais, a maioria é constituído por humanos muito bem treinados desde crianças, que usam diversos tipos de armas, sejam elas armas de fogo ou não. Mas em geral esses clãs apenas conseguem vencer os demônios mais fracos. Já nós, os komorebis, apesar de sermos humanos, temos características incomuns: os poderes que chamamos da luz e das trevas. Somos herdeiros da Deusa da Luz e das Trevas, também chamada de Deusa da Justiça. Nossa crença diz que ela nos escolheu para manter a paz entre os dois mundos (Makai e Ningenkai) e por isso nos concedeu seus poderes. Somos seus representantes na Terra e devemos cumprir nossa missão. Graças a esses poderes conseguimos vencer youkais mais poderosos que os outros clãs e acabamos nos tornando famosos por isso.

Hoje iremos fazer uma viagem em um grupo de 10 lutadores, o que era muito mais do que o suficiente para acabar com o monstro em questão. Segundo as autoridades da aldeia Kimura que nos contrataram, se trata de um demônio de porte grande, semelhante a um urso feroz, com pelos avermelhados, dentes longos e afiados e olhos amarelos. Ele costuma atacar ao anoitecer para se alimentar, estraçalhando com suas garras qualquer um, de preferência mulheres e crianças, deixando enormes rastros de sangue por onde passa.

Essa descrição aparentemente seria assustadora para um humano comum, mas sinceramente me parece a descrição de um demônio imbecil, talvez no máximo um Classe C [2], que no ambiente hostil do Makai não estava conseguindo levar uma vida tranquila, sempre sofrendo nas mãos de demônios superiores e que então preferiu procurar uma forma mais fácil de viver: atacando humanos indefesos. Esse era o caso mais comum. Esses demônios podem aparentar serem monstruosos, mas não nos enganam, na verdade, muitas vezes os mais feiosos são os mais fracotes.

Além disso, o fato de atacar preferencialmente crianças e mulheres mostrava o quão covarde ele é, pois nem ao menos tinha coragem de enfrentar homens adultos. Mesmo assim, nunca íamos para uma missão sozinhos, sempre estávamos em grupo caso alguma coisa desse errado. Era só uma questão de precaução.

Hoje iremos meu pai, meu irmão, eu e mais sete pessoas. Parece que as autoridades da aldeia exigiram a presença dos melhores lutadores do clã. Que bobagem, aposto que é um youkai fraquíssimo, mas como eles insistiram e estão pagando bem não tenho porque não ir, já que sou a mais conhecida do clã. Eu já sou muito experiente nesse trabalho e participei de vários casos sobrenaturais ao longo dos meus 20 anos, diferente do meu irmãozinho, Kazuki de 12 anos. Ele começou a trabalhar profissionalmente há pouco tempo, mas mesmo assim já demonstrou grandes habilidades pro negócio. Certamente tem um futuro promissor.

Como príncipe e princesa do clã, a pressão sobre nós é bem grande e todos exigem sempre o nosso sucesso, não só em combates, mas também em conhecimento sobre youkais. Estudamos desde cedo os tipos de demônios que podemos enfrentar, tal como suas habilidades, força e outras características. Sempre somos testados em relação a isso, por meio de provas práticas e teóricas.

— Kiara, Kazuki...estão prontos?! – Gritou meu pai, saindo de casa e indo ao encontro dos outros membros do grupo que aguardavam ao lado de fora.

Meu pai e rei do nosso clã, Takashi Mikami, é uma pessoa muito diplomática e paciente e em quem eu me inspiro na hora de lutar, porque ele faz a cada batalha parecer uma arte. Além disso, nunca vi alguém ter tanto jeito para conversar com as pessoas, bem diferente de mim que sou uma completa antissocial. Se tivessem me perguntado o que eu gostaria de ser quando crescesse eu teria dito que gostaria de ser o meu pai.

— Sim! – Gritei em resposta, enquanto colocava em meu pescoço o colar que minha mãe me deu quando ainda era criança, com o símbolo dos lutadores do clã. Eu não me separo dele por nada nesse mundo, porque mamãe dizia que enquanto eu estivesse com ele, eu estaria protegida. Sei que é bobagem, mas pelo menos assim a sinto mais perto de mim. Saí do meu quarto, olhando uma última vez para o porta-retrato da minha falecida mãe.

— Até logo mamãe. – Sorri sozinha para o quadro fechei a porta, caminhando em direção ao quarto de Kazuki, cuja porta estava fechada.

— Mano, tudo bem? Está pronto? Precisamos ir.

Kazuki não respondeu nada, apenas abriu a porta de seu quarto, com uma expressão preocupada. Ele é um garoto muito bondoso e inocente, capaz de fazer amizade até com o mais cruel dos demônios.

Você já fez isso antes, não é sua primeira batalha, qual o problema? – Perguntei, demonstrando minha preocupação. Apesar da diferença de 8 anos de idade entre nós, sempre fui muito próxima do meu pequeno irmão. Ele era quem me alegrava sempre, a pessoa mais importante em minha vida e eu faria o que pudesse para ajudá-lo.

— Eu não queria ir hoje...sempre é a mesma coisa, sinto que todos ficam me olhando com uma enorme expectativa e eu tenho muito medo de decepcionar eles, principalmente ao papai. Tenho medo de fazer alguma besteira... – Disse ele cabisbaixo e sussurrando, parecendo temer que alguém nos ouvisse.

Eu ajoelhei ficando mais baixa que ele, podendo olhar em seus olhos. Levantei sua cabeça e sorri amigavelmente.

— Eu sei como é. Também já me senti assim, sabia?

— Você? Até parece...é sempre tão boa e confiante. Além disso, nunca perdeu uma luta.

— Eu só pareço confiante, mas por dentro eu sinto o mesmo que você Kazuki. Todos esperam algo de nós...e sabe de uma coisa? Você se acostuma com isso. Além do mais, independente do resultado, as pessoas nunca vão se decepcionar com você desde que dê o seu melhor. E pra sua informação o papai jamais se desapontaria com você, ele te ama demais.

Não sou a melhor pessoa com palavras, mas dei o conselho que acredito que nossa mãe daria. Ela era uma pessoa iluminada, como sugeria seu nome, "Lucy". Seus conselhos eram capazes de clarear a mente de qualquer um. Infelizmente a mamãe morreu quando Kazuki tinha apenas um ano, desde então eu passei a desempenhar um papel muito além do de irmã. Ainda olhando em meus olhos ele sorriu e disse:

— Muito obrigada Kiki! Apesar de ser muito chata, até que você fala umas coisas legais de vez em quando!

Eu nem tive tempo para protestar por ele ter me chamado de chata, porque ele repentinamente me abraçou de maneira forte e com uma vontade genuína. Então apenas retribui o gesto.

— Kiara, Kazuki...VAMOS! – Gritou nosso pai novamente, mas dessa vez já do lado de fora da casa.

— Estamos indo! – Respondi gritando na mesma intensidade antes voltar a me dirigir ao meu irmão. – Preparado?

- Sim. – Disse ele ao mesmo tempo em que se livrava do meu abraço e pegava a lança que escolheu para usar como sua arma. Então saímos juntos de casa, indo em direção ao restante do grupo.

Ainda era muito cedo, mas nossa missão era em direção ao leste, a muitos quilômetros de distância de nosso clã, sendo assim, tínhamos que chegar antes do anoitecer para encontrar o demônio que estávamos procurando. Por isso saímos o mais cedo possível já sabendo que voltaríamos para casa somente na madrugada do dia seguinte. Era exaustivo só de pensar.

Saindo de casa vi nosso pai conversando com vovô. Meu avô, Akinori Mikami, é um detetive sobrenatural aposentado e a maior parte do tempo ele fica no nosso clã, ensinando e treinando os novos aprendizes. Fui treinada com ele desde que nasci e posso afirmar com certeza que como professor ele é rigoroso, severo e não pega leve. Soube que ele foi poderoso e habilidoso quando jovem, além de ser muito inteligente. Definitivamente não é o tipo de pessoa que eu gostaria de ter como inimigo. Mas naquele momento ele estava ali não como meu mestre, mas sim como meu avô extremamente amável e preocupado com sua família.

— Ah aí estão eles! Pensei que tinham desistido.

— Jamais vovô. – Sorri discretamente em resposta.

— Bom, sendo assim...boa sorte a vocês, voltem logo, fiquem sempre juntos e se cuidem. Amo vocês.

— Claro vovô. Amamos você também. – Dissemos Kazuki e eu ao mesmo tempo em que já andávamos em direção ao nosso grupo de luta.

Chegando perto de meus companheiros a atmosfera mudou, ficando bem diferente do clima amigável e familiar que eu tinha dentro de casa. Sentia que ali todos me olhavam estranho, o que era um fato. Nosso clã era bem unido. Funcionávamos como uma cidade pequena do interior de um grande país. Todos se conheciam, se ajudavam, como uma única e grande família. Quando eu nasci, o clã inteiro comemorou em uma grande festa, pois havia sido assegurada a continuidade da nossa tradição: eu seria a nova guerreira, protetora e líder de todos, me casaria com o jovem mais promissor do clã e me tornaria a nova rainha. Porém, conforme fui crescendo passei a demonstrar ter poderes que assustavam a maioria das pessoas.

Acontece que todas as criaturas vivas possuem algum tipo de energia. Um youkai tem uma aura maligna, energia demoníaca, o que chamamos de poder das trevas. Já os humanos tem uma energia espiritual, que chamamos de poder da luz. A maioria dos humanos não sabem manipular essa energia espiritual que possuem e em geral vivem sem saber do seu potencial. Apenas aqueles que apresentam uma grande quantidade dessa energia conseguem treinar e demonstrar poderes incríveis. O mesmo vale para os demônios, há aqueles com maior quantidade de energia maligna e outros com menos, os mais fracos geralmente morrem rapidamente no Makai. Esses são os dois tipos de poderes básicos que regem todo o planeta. Nós komorebis temos essas duas energias ao mesmo tempo. Por isso, somos treinados para controlar harmoniosamente os poderes da luz e das trevas, ou seja, todos nós devemos estar em equilíbrio com ambos os lados.

A maioria dos outros komorebis acreditam que o poder das trevas que emana de mim é muito superior ao poder da luz, devido a alguns acontecimentos. Por exemplo, meus olhos são naturalmente verdes claros, mas quando uso minha energia demoníaca eles ficam vermelhos, cor de sangue, e quando uso o energia espiritual ficam azuis. Eu sou a única em todo clã com essa característica e manifestei isso pela primeira vez quando eu era bem pequena, com uns quatro 4 anos no meio de um treino. Eu fiquei com raiva por algum motivo idiota de criança e meus olhos ficaram vermelhos, todas as outras crianças se assustaram e foi uma bagunça generalizada.

Esse foi só o começo dos acontecimentos e dos meus problemas. Com o tempo fui demonstrando dificuldade para dominar minha energia espiritual, dando preferência ao uso da minha energia demoníaca nas batalhas. Não sei porque, mas não consigo dominar muito bem o uso da luz...a única grande coisa que consigo fazer é usar esse tipo de energia para curar a mim mesma ou aos outros. Pra completar o drama, sou totalmente antissocial, parece que não me ajusto e nem me dou bem com ninguém. Enfim, comentários maldosos sobre mim começaram a se espalhar por aí e as pessoas pararam de se aproximar de mim por medo até que aos poucos fui deixando de ser a herdeira real queridinha por todos.

Apesar de tudo isso, nunca guardei rancor algum de ninguém que tenha falado mal de mim. Não era culpa deles me temerem e alguns comentários eram simplesmente verdades. Além disso, minha família sempre me ensinou a amar meu clã e assim foi feito. Eu amo eles como se todos compartilhassem o mesmo sangue que eu, ainda que por diversas vezes eles não demonstrem confiança em mim. O clima no clã melhorou após o nascimento de Kazuki, eles finalmente haviam achado o rei perfeito: carismático e talentoso. Era visível que todos realmente gostam dele e não o temiam como temem a mim. Ele é um garoto adorável, agrada a todos com seu jeito inocente de ser. É a promessa de um futuro promissor, que todos querem para continuar a governar o clã, mas o problema é que o trono por direito é meu, já que sou a filha mais velha. Kazuki fica apenas no segundo plano, mesmo sendo um membro da família real.

— Olá Kazuki, como vai?! Ah...olá Kiara. – Veio o primeiro cumprimento de um dos colegas e assim vieram os próximos de cada um dos lutadores que estavam ali parados.

— Bom dia a todos. – Eu disse, encerrando o assunto rapidamente.

— Olá! Como estão? – Respondeu animadamente Kazuki a cada um dos lutadores.

— Daisuke hoje você fica aqui, Hiroyuki irá em seu lugar. – Disse meu pai interrompendo os cumprimentos.

Daisuke Maebara tem a minha idade e é considerado o melhor lutador jovem depois de mim. Então, devido ao seu ótimo desempenho no nosso clã ele se tornou meu prometido, ou seja, terei de casar com ele para dar continuidade a nossa à família real. Entre todas as coisas chatas que eu seria obrigada a fazer na minha vida, essa é a única que de fato eu gostaria de poder mudar.

— Ãh? Por quê senhor? Eu gostaria de ir e ajudar, como sempre. – Ele disse determinado à mudar a ideia do meu pai, mas eu já sabia que não adiantaria.

— Hoje você ajudará meu pai com o recrutamento de novos aprendizes. É importante que você seja treinado não só para lutas Daisuke, um futuro rei deve ser capaz de reconhecer e conduzir novos talentos também, Akinori tem muito a ensiná-lo ainda. Além disso, a luta de hoje parece fácil e os melhores lutadores estão indo, então não precisa se preocupar.

— Ok senhor. Tenham uma boa luta então. – Ele foi se afastando descontente do grupo, passando propositalmente ao meu lado e sussurrando escondido em meu ouvido. – Vê se hoje não vai fazer nenhuma idiotice, tá? Não estarei por perto pra resolver a situação.

Estava claro que ele estava zombando da minha cara. Era o que Daisuke mais gostava de fazer. Ele vivia tentando me tirar do sério. Apesar de sermos noivos, tínhamos uma relação bem rasa e nem um pouco amorosa, na verdade vivíamos competindo para ver quem era o melhor lutador do clã. Crescemos juntos, mas nunca chegamos a ser amigos, e discutíamos muito por conta de nossas opiniões divergentes. Além disso, durante nossos treinos ele nunca ganhou uma luta contra mim, o que o deixava bem irritado. Ficar fora do trabalho de hoje deve tê-lo aborrecido muito.

— Lutar com esse demônio não deve ser muito diferente de lutar contra você, então acho que vai ficar tudo bem, mas em todo caso se você quiser depois eu te conto como foi. – Eu disse contra-atacando a provocação e saindo de perto dele, o deixando com um olhar furtivo que foi me acompanhando conforme eu me afastava.

Nós dois não temos química alguma, qualquer tapado conseguiria ver isso. Mas eu não posso desistir de casar com Daisuke, pois isso decepcionaria todo o meu povo e, afinal essa é a tradição: o jovem mais forte e habilidoso do clã deve se juntar à família real. Eles já não confiam muito em mim, se eu quebrasse nossas tradições as coisas só piorariam. A única forma de me livrar desse compromisso ridículo seria se o próprio Daisuke desistisse do casamento, mas isso nunca aconteceria, já que ele deseja ser o rei desde que era criança. É ganancioso e faria de tudo para alcançar seu objetivo, mesmo tendo que casar com alguém que não ama.

— BOM DIA A TODOS! Desculpem o atraso! É que ainda é muito cedo...aonde já se viu, me tirar da minha cama às seis horas da madrugada?! – Todos caíram na gargalhada. Uma atitude típica de Hiroyuki, ou tio Yuki, como eu costumo chamá-lo. Ele é irmão da minha mãe. Um solteirão muito alegre, animado e divertido, sempre de bem com a vida e acompanhado de um sorriso no rosto. Um tremendo palhaço. Definitivamente não há tristeza que dure perto dele. Lembro que no dia em que minha mãe morreu, meu pai e eu obviamente ficamos devastados, mas se o tio Yuki não estivesse presente tenho certeza que teria sido muito pior, porque foi ele que nos deu todo apoio necessário para conseguirmos nos reerguer.

— Você não tem jeito mesmo Hiroyuki, sempre atrasado! – Gritou meu avô da sacada de casa reeprendendo meu tio pela falta de compromisso com o trabalho.

Por fim, estando todos reunidos e preparados, nos dirigimos para o caminhão que sempre usávamos para ir até o campo de batalha. Nos acomodamos dentro do automóvel e ultrapassando os limites do território do nosso clã, indo em direção ao nosso destino.


Notas finais:

[1] Monarquia – Forma de governo no qual o comandante é um monarca (no caso um Rei). O título se dá de forma hereditária.

[2] Lembrando que, no Universo de Yu Yu Hakusho, o Mundo espiritual categorizou os youkais em classes (E, D, C, B, A, e S), dependendo do quão forte é o demônio, sendo E os mais fracos e S os mais poderosos.

Curiosidade: Komorebi é uma expressão japonesa que significa o efeito de luz causado pela passagem dos raios solares pelas folhas das árvores. Então escolhi esse nome para o clã justamente por ser algo que remete um jogo de sombras (trevas) e claridade (luz).