Capítulo 5 – Uma noite de amor

Sábado de manhã Anne foi à feira e acabou comprando legumes, verduras e frutas para Hermione também. Ela ainda estava preocupada com a saúde da filha, principalmente agora que Hermione se encontrava vulnerável por encontrar seu amor antigo, sem saber se seria correspondida.

Passava das dez horas, Anne terminou de lavar as frutas e verduras para guardar na geladeira quando a campainha tocou.

- Severo? Que prazer em vê-lo! Entre, eu vou chamar Hermione.

- Bom dia, senhora Granger! – Ele aperta a mão dela. É um aperto firme e caloroso.

- Finalmente nos conhecemos. Hermione sempre me falou bem do senhor.

Anne fechou o portão e deu passagem para Severo seguir na frente. Eles entram no saguão da casa.

- Hermione, desça, venha ver quem chegou. – Ela grita do pé da escada.

- Se ela estiver dormindo, deixa. Venho outra hora.

- Não, ela já deve ter acordado. Caso contrário eu vou lá acordá-la. Ela precisa se alimentar. Emagreceu muito nestes últimos meses. – Anne faz uma pausa. - Sente-se. Aceita um chá?

- Não, obrigado. Acabei de tomar café, também acordei tarde.

Anne estava curiosa para saber como foi a festa de ontem, mas não quis ser indelicada.

- Já estou indo, mãe.

Hermione escutou a voz dele, voltou para o quarto e tirou o pijama. Colocou seu jeans e camiseta. Neste momento seu coração já estava querendo sair do peito. Terminou de se arrumar e desceu. Não sabia como seria este encontro, mas torcia para que eles finalmente pudessem ficar juntos.

- Bom dia, mamãe! Não sabia que viria... Bom dia, Severo! – Hermione escolheu bem as palavras, porque serviu para ambos. Ela não esperava nenhum dos dois logo cedo.

Ele se levantou assim que a viu descendo a escada. Anne também se levantou e foi ao seu encontro, beijando-a no rosto.

- Eu trouxe umas frutas da feira para você. Já vou indo.

- Não, fique. Severo não se importa, não é?

- Obviamente que não. Eu passei só para me explicar sobre ontem.

- Eu fiquei feliz em lhe ver na festa. Pena que foi embora muito rápido.

- Eu nem deveria ter ido. E você também não... Sério! – Ele fala em tom cortante.

- Ela só quis se divertir um pouco. – Anne que se sentou ao lado da filha, sem querer acabou se intrometendo na conversa.

- Mãe? – Hermione tinha receio que as coisas fossem piorar ainda mais para o lado deles.

- Ela não foi à festa com o professor, foi com as alunas. – Anne corrige.

- Eu vi o modo como dançava... – Os lábios se contraindo de desgosto, ao mesmo tempo que a encarava. Seu olhar penetrante era completamente intimidador.

- Desculpe. – Hermione estremeceu, se encolhendo ao lado da mãe. Já sentia as lágrimas se formarem em seus olhos, mas desta vez se segurou para não chorar.

Ambas ficam em silêncio esperando ele dizer alguma coisa. Severo faria uma cena de ciúmes se estivessem a sós. Estava completamente aborrecido com ela por causa do vestido curto que usava, ou seria a dança sensual que atraia olhares? Ele não sabia ao certo. Sabia que se sentia mal só em pensar que ela era desejada por muitos homens. Ele limpa a garganta antes de falar.

- O que eu tenho a lhe dizer é que ontem quando cheguei na festa, o seu colega parecia estar me esperando. Sujeitinho insolente!

- Ah, sim... Ele é um tanto atrevido mesmo. Severo, posso lhe pedir uma coisa?

- Sim? - Severo arqueou uma sobrancelha.

- Se você for trabalhar no seu laboratório, posso assistir? – Ela precisava trocar de assunto.

- Contanto que não mexa em nada...

- Tudo bem. – Ela respondeu com um sorriso.

- Aliás, me lembrei que esqueci de fazer uma poção para hoje...

- Vejo que estou sobrando. Acredito que agora eles possam se entender. – Anne pensou, e levantou-se para ir embora.

- Filha, amanhã eu vou esperar vocês dois para o almoço de domingo lá em casa.

Virando-se para Severo, Anne continuou sua fala. - Meu marido George ficará muito feliz em recebê-lo, Severo! Eu já vou indo. Foi um prazer revê-lo.

- O prazer é meu, senhora. – Ele se levanta e novamente lhe dá um aperto de mão firme.

- Eu também vou indo. Preciso preparar minha poção.

- Vou com você. Espera um instante que vou fechar as janelas.

Hermione sobe para fechar a janela do seu quarto, e se arrumar um pouco, afinal estava indo para a casa dele. Ela troca a camiseta que estava usando por uma blusinha de seda e blazer por cima. Escolhe a bota de cano curto para calçar por combinar melhor com a roupa. Na sala Anne aproveita para sondar, quem sabe seu futuro genro.

- Hermione sempre foi apaixonada por você. Em todas as férias, quando retornava para casa ela falava o tempo todo no mestre de poções!

- Ela foi a aluna que mais me deu trabalho.

- Mesmo?

- Sim, era um desafio dar aulas para a turma dela. Ela perguntava tudo. Eu me obrigava a ir mais bem preparado para as aulas.

- Ela me puxou. Eu também fui muito estudiosa. Veja... – Ela mostra seu retrato quando jovem recebendo uma medalha de primeiro lugar no curso de odontologia, num dos porta retratos da sala de Hermione.

- Parabéns! Geralmente os filhos se espelham nos pais.

- O que eu perdi? – Hermione pergunta ao se encontrar com eles.

- Nada. Estava mostrando a medalha que ganhei.

- Infelizmente a foto que eu tirei recebendo a medalha da professora Minerva, em Hogwarts, não fica visível fora do ambiente mágico.

- É necessário recitar vários encantamentos e deixar o ambiente com uma carga máxima de magia. Assim você poderá usar sua varinha a qualquer momento, sem ser rastreado pelo ministério por usar magia em local trouxa.

- O quê? Eu não sabia disso... Severo, eu fui ministra por quatro anos e nunca ninguém me disse!

- Evidentemente porque não era necessário, uma vez que todos estavam em ambiente mágico, incluindo o próprio ministério que fica aqui em Londres.

- Eu sempre desconfiei disso, mas não sabia que poderia ser usado para particulares.

- Na verdade, não é liberado para uso particular, mas como recebemos o título de heróis de guerra, está incluso numa das cláusulas.

- Bom saber! Muito obrigado pela informação! Vamos indo? – Ela saiu por último, chaveou a porta, e depois o portão.

Os três estavam na calçada, Anne se despede novamente, e entra no carro. O casal entra na casa ao lado. Hermione sente novamente o descompasso em seu coração. Ficar ao lado dele era uma sensação estranha, passava segurança, mas ao mesmo tempo sentia uma angústia por não saber se seus sentimentos eram correspondidos.

- Entre! – Severo abriu a porta para ela.

- Obrigado.

- Venha, o laboratório fica lá embaixo. – Ele aponta para a escada anterior à sala de estar.

Hermione queria ver a casa dele, conhecer um pouquinho mais dos gostos dele, mas pelo visto ficaria para outra ocasião. A única coisa que ela pôde reparar quando voltou do desmaio é que as cores da decoração predominavam preto e verde, como sempre suspeitava.

No porão, Severo acende as luzes e ela percebe logo que o ambiente fica em completa penumbra, por não ter janelas. Ele veste um jaleco e oferece um banquinho para ela.

- Obrigado. O que é mesmo que você vai preparar?

- Granger, sendo professora de química, espero que me dê respostas e não perguntas... Talvez você saiba o que vou preparar. Preste atenção nos ingredientes. Se não souber, só vou lhe dizer no final.

- Ok! Prometo ficar quieta. – Ela se deslumbrava em ver as mãos grandes e ágeis dele selecionando e cortando milimetricamente cada planta.

Estava difícil se concentrar no caldeirãozinho borbulhante em cima do tripé na bancada, porque seus olhos percorriam cada detalhe do corpo másculo à sua frente.

- Está quase pronto. Então, o que é? – Severo lhe pergunta, lhe retirando de seus devaneios.

- Deixe-me adivinhar... ? – Hermione pensou um pouco, sabia que se tratava de algo para homens devido as ervas adicionadas.

- Algum tipo de afrodisíaco masculino?

Severo balançou a cabeça, alguns fios pretos errantes caindo em seu rosto, o que lhe deixava ainda mais charmoso.

- Quer tentar mais uma vez?

- Poderia ser fixador de algum perfume, mas foi adicionado espessante para tornar a poção na consistência de ser ingerida.

- Você chegou perto. É anticoncepcional masculino.

- É? – Ela estava se sentindo abobada com a revelação.

Severo retira o jaleco, pendurando no gancho próximo, em seguida verte o líquido num copo de Becker e bebe. Hermione lhe dá um sorriso malicioso.

- Isso significa que... – Ela nem sabe se deve terminar a frase, estava com os pensamentos a mil.

- Termina o que iria dizer, Granger... – Ele retribui o sorriso malicioso.

- É um convite?

- Eu vou deixar você decidir por si mesma. – Seu olhar com malícia.

Resmungando quando saiu do banco, Hermione reclamou:

- Você não é capaz de dizer o que pretende fazer? Se é que quer fazer... isso comigo? – Hermione sente o calor subir em seu rosto.

- Isso o quê? – Ele provoca. - O que foi? Ficou tímida agora, Grifinória? Onde está sua coragem? – Ele sorri divertido.

- Fazer sexo comigo? – Ela volta a respirar e responde totalmente envergonhada.

- Para ser sincero, eu não pretendo fazer sexo com você... – Ele para, e olha o rosto dela procurando captar algum sinal de desapontamento. Hermione não consegue ocultar sua decepção, então ele continua. – Eu pretendo sim, fazer amor com você... Afinal, seu colega me disse que sou seu namorado. Sou? – Ele ergue sua sobrancelha, se controlando para não rir.

Hermione não sabe como disfarçar o rosto ruborizado, e pior ainda, não sabe como proceder após sua gafe.

- Você fica linda assim, envergonhada.

Severo cautelosamente se aproxima dela e a abraça. Hermione sente um alívio enorme ao ser envolvida naqueles braços fortes. Para ela o tempo poderia parar e ficaria uma eternidade colada àquele corpo, inalando o cheiro dele misturado ao delicioso aroma do perfume que ele usa. Ela se aninha um pouco mais naquele peito largo e ele permanece com um braço pressionando as costas contra seu corpo e com o outro braço, ele acaricia seus cabelos lisos e comprido.

Hermione assim que se separou resolveu trocar seu visual e optou por fazer escova em seu cabelo. Deixando os cachos rebeldes no passado. Agora ela era uma nova mulher em busca de felicidade. Finalmente encontrou nos braços dele.

- O que você quer fazer? – Ele pergunta com a voz sedosa em seu ouvido.

- Quero fazer amor com você! – Ela responde automaticamente, com os olhos brilhando.

- Eu pensei que estivesse com fome, ia sugerir almoçarmos... Já passa do meio dia.

- Seu chato, estraga prazer! – Hermione bufou. - Está certo que estou com fome, mas quer saber? São dois tipos de fome... Para ser sincera estou faminta!

- Uma leoa faminta... Já posso prever o que me aguarda. – Ele brinca.

- Severo?

- Hum...

- Você quer ser meu namorado?

- Antes temos que entrar em um acordo...

- Acordo? Não estou entendendo... Já nos beijamos, acredito que já quebramos o gelo inicial. – Hermione se desvencilha do abraço, para olhar melhor no fundo dos olhos negros.

- Venha, vamos sair daqui. Podemos almoçar no restaurante do bairro? Outro dia eu cozinho para você, prometo.

- Vou cobrar! – Hermione respondeu.

Antes de apagar as luzes, Severo deu uma rápida sacudida na sua varinha e todos os utensílios utilizados voltaram para seus lugares, limpos e intactos.

Eles sobem as escadas, e Severo para antes de entrar na sala de estar.

- Podemos conversar sobre o "nosso acordo", enquanto caminhamos até o restaurante. O que me diz?

- Não sei o que você quer dizer com "nosso acordo"...

- Às vezes um gesto vale mais do que palavras, Granger... – Severo a enlaça pela cintura e a beija demoradamente.

É um beijo mais audacioso que o primeiro que trocaram. Logo no início a língua de Severo pede passagem e ela abre mais seus lábios permitindo que ele explore, enquanto ela timidamente vai degustando o sabor dele. O hálito de ervas aromáticas da boca de Severo era simplesmente maravilhoso. A cada investida dele, Hermione deixa escapar um gemido de prazer, fazendo com que ela o desejasse ainda mais. Instintivamente seu corpo se une ainda mais ao dele. Percebendo sua ereção e o que poderia acontecer se continuasse, Severo gentilmente a afasta e conclui o beijo.

- Já lhe disse que você é um estraga prazer? – Ela resmunga.

- Sim, já me disse. E eu já lhe disse que a poção que tomei leva oito horas para ter total eficácia? Portanto, bruxinha, faz o favor de se comportar! Não quero ter um bebê chorão pela casa tão cedo! Afinal, eu nunca tive uma namorada... Namorada mesmo... Quero aproveitar muitos momentos com você. Somente eu e você, por enquanto...

- Sério mesmo que você nunca namorou? Eu duvido!

- Só para constar, eu não tenho o hábito de mentir! Venha, vamos indo... Conversamos no caminho.

- Quando estávamos em Hogwarts, Harry e Rony souberam de seu caso com a Rosmerta... Num sábado quando a turma foi a Hogsmeade, eu fiquei estudando para as provas. Eles lhe viram descer as escadas do Três Vassouras de mãos dadas com ela. Confesso que fiquei bem deprimida por dias...

- Aqueles enxeridos. Não vou negar que tive algumas amantes, mas não posso chamar de namoradas... Eu quero que você seja minha primeira e única namorada!

- Puxa, você me deixou emocionada! – Hermione levanta o pé e o beija rapidamente antes de saírem do portão. Até então os beijos que trocaram era ele que se encurvava para alcançá-la.

- Agora você entende porque não quero fazer sexo com você?

- Entendo perfeitamente! Estou maravilhada em conhecer você, Severo Snape!

- Faz parte do nosso acordo que eu lhe disse antes... você terá tudo de mim, me conhecerá profundamente, meu lado bom e o lado ruim. Se bem que este lado você já conhece lá de Hogwarts!

Ela ri, lembrando das broncas, perdas de ponto e sarcasmos direcionados a ela e aos seus amigos.

- Se conheço... Considerando que você já me conhece há bastante tempo também, e que 'eu só tenho o lado bom'... desta forma para ser um acordo, o que eu tenho que concordar?

- Primeiramente que você está blefando. Você pergunta demais, é muito atrevida... o que mais? Às vezes ainda é irritante...

- Só um pouquinho... Releve.

- Granger, eu sou um homem extremamente ciumento. Quero lhe dar algumas horas para refletir se é isso mesmo que você quer... Eu não vou mudar, logo você não poderá flertar com mais ninguém. Sem querer assustá-la, mas você conhece o meu passado, sabe que sou capaz de qualquer coisa. Há anos que não sentia ciúmes... Está mesmo disposta a ser minha namorada?

A noite que ele a viu chegar de carona, lembrou da sua melhor amiga Lily, que nem chegou a ser sua namorada. Não conseguiu dormir, precisou de uma poção do sono sem sonhos; sabia que não aguentaria passar por outra desilusão amorosa. Quantas vezes ouviu dos professores e dos alunos que seu coração era petrificado, mas somente Dumbledore o conhecia o suficiente para saber que o seu coração ainda sangrava por um amor não correspondido.

Hermione aperta firme a mão dele, e se aproxima do seu ouvido.

- Eu te amo! Sempre te amei!

Severo responde com aperto sutil em sua mão, sentia um calor agradável aquecer seu peito, suas esperanças renovadas de ser feliz ao lado dela. Eles entram no restaurante e logo trocam de assunto por ter outras pessoas próximas.

- Me conte como enfeitiçou o corpo docente de Oxford para lhe contratar como professora universitária?

- Eu não fiz isso. – Ela riu. - Fiz prova de seleção e apresentei meu currículo.

Severo ergue a sobrancelha.

- Durante os quatro anos do meu mandato, eu cursei bacharelado em química à distância, em Oxford. Não queria mais continuar no ministério, assim fui me preparando para quando chegasse o dia de deixar o cargo. O partido conservador queria que eu concorresse a reeleição, mas estava infeliz no casamento, por isso preferi deixar tudo para trás.

- Admirável da sua parte! Digo, você a cada ano indiretamente foi construindo seu futuro para voltar à vida acadêmica.

- Obrigado!

- E quanto ao seu casamento? O senhor Weasley aceitou de bom grado ver você estudar? Mesmo à distância, teve que passar horas estudando e fazendo os trabalhos.

- Na verdade eu não planejei nada, apenas segui a minha intuição. Minha mãe quer dizer que fazer a graduação foi uma espécie de fuga. Ela está certa, eu chegava do ministério e ia direto pegar os livros. Conviver com Rony foi difícil, por assim dizer. Ele não gostava de ler, não se interessava por novas descobertas mágicas ou científicas, ou por novas tecnologias... só se interessava por quadribol.

- Entendo. Saiba que se quiser prosseguir com seus estudos, mestrado, talvez doutorado, vou lhe apoiar! Só não quero que nenhum professor se aproxime demais de você! Ficarei de olho!

- Ciumento! Pode deixar, você é o único professor que faz meu coração bater mais forte. E não é no sentido figurado.

- O que é meu não divido com ninguém! – Ele faz uma carranca arrancando risos dela.

O garçom traz a refeição e eles almoçam relembrando os bons momentos de Hogwarts. O dia que Sonserina recebeu a taça das casas e Severo passou o dia todo sorridente e tirando sarro da Minerva. O dia que Sonserina foi campeã no quadribol, vencendo a Grifinória. Hermione também refresca a memória dele, relembrando das vezes que a Grifinória venceu Sonserina.

Na volta para a casa, eles caminham abraçados. Quando chega no portão da casa dele, ele hesita.

- Se quiser ir para sua casa, fique à vontade... À noite podemos jantar na minha casa.

- Quero ficar com você, se não se importa.

Severo também queria ficar com ela, aperta-a em seus braços e abre o portão com feitiço não verbal. Entram abraçados e vão para a sala.

- Vou ao banheiro escovar os dentes. Fique à vontade.

Ele mostra o sofá para ela, e sobe as escadas para o andar superior. Hermione nem chega a se sentar, fica deslumbrada com a imensa estante de livros que preenche toda a parede. Ela que achava a sua biblioteca completa, ficou radiante. – Não saio mais daqui! – Sorriu para si mesma.

Passaram alguns minutos até Severo retornar, Hermione não chegou a ler todos os títulos dos livros de duas fileiras. Passaria alguns anos para ler todos os livros dele.

- Que maravilha, Severo! Vejo que tem coleções bem antigas... Uma verdadeira relíquia. – Ela aponta para os livros das fileiras mais em cima.

- Essa coleção era da minha mãe. Minha mãe foi uma bruxa culta, que adorava ler. Meus avós compravam tudo sobre magia e bruxaria para ela.

- Ela deveria ter sido uma mulher incrível.

- Em partes... Sua ruína foi se apaixonar pelo meu pai... – Sua voz era melancólica, mas Severo não estava nenhum pouco interessado em falar sobre seus pais. Ele faz uma pausa, observando o interesse dela em percorrer a lomba de um livro de capa vermelha com seus dedinhos. Os olhos de Hermione brilhavam com o fascínio de ver tantos livros juntos.

- O livro mais antigo que possuo é o compêndio de poções que pertenceu ao meu avô, data de 1889. Ele era dono de uma botica. Fazia poções para atender os enfermos.

- Dom que você herdou! Sua coleção é deslumbrante. Não tenho nem palavras para expressar o quanto estou encantada!

- Você terá todo o tempo do mundo para ler o que quiser. A literatura proibida fica no meu escritório, local mais reservado, que talvez algum dia eu lhe mostre.

- Sério, que tem mais?

- Calma, eu disse que talvez algum dia... Por hoje basta esta estante, sim?

- Do que se trata a literatura proibida?

- Hum... vejamos, poções e feitiços proibidos... Maldições imperdoáveis, magia negra... Satisfeita?

- Ok, satisfeita. Não estou interessada. Olha esse!

Ela retira outro livro de capa vermelha cujo título é "Segredos do amor eterno".

- Posso? – Ela pergunta.

- Claro, era da minha mãe! Como disse antes, fique à vontade. – Que coincidência, li esse livro essa semana quando não consegui dormir...

Eles se sentam no sofá, Hermione começa a ler o livro. Severo boceja e se escora no ombro dela.

Minutos depois Severo já estava com a cabeça deitada no colo dela, as pernas esticadas no comprimento do sofá, e tirava um cochilo confortavelmente. As linhas de expressão do rosto dele suavizaram e ele aparentava mais jovem. Hermione teve a certeza de que ele estava tendo bons sonhos. Com uma mão ela segurava o livro e com a outra, acariciava os cabelos negros de Severo. Ficou alguns minutos apreciando o rosto pálido e sereno do seu amor.

- Se eu já gostei dele conhecendo o lado ruim... Por Merlin, este homem deve ser tudo que sempre sonhei! – Ela volta a dar atenção ao livro na sua mão.

Hermione se deliciava com a leitura. Escrita de forma humorada, o autor detalhava a conquista de bruxos e bruxas até o ritual do matrimônio. Duas horas depois, ela chegava no último capítulo quando Severo acordou.

- Me desculpe, minha cabeça pesa e eu deixei você dormente, não foi?

- Que nada. Você estava dormindo tão tranquilo, que não quis lhe acordar.

- Agora chega de livros. Venha conhecer minha casa! – Severo a pega pela mão e mostra a cozinha antes de subir as escadas.

- Quer alguma coisa? Alguma bebida?

- Um copo de água. – Ele serve dois copos. Enquanto ela bebe, aprecia o amplo espaço da cozinha, totalmente equipada, e bem clara, em contraste com os outros cômodos. As bancadas de mármore branco, armários brancos até o teto e uma ilha em local estratégico dando versatilidade para o preparo das refeições.

Eles seguem para o andar de cima. Severo mostra rapidamente o seu escritório, os dois quartos de hóspedes, e o banheiro social.

- Posso usar?

- Claro. Tem escova de dente nova no armário, caso queira usar...

- Obrigado. – Ela entra e fecha a porta. Afinal, mesmo na casa dele, precisava de privacidade no banheiro.

Depois de fazer sua higiene, lavar as mãos e escovar os dentes, ela sai do banheiro e caminha até o final do corredor. Para na soleira da porta do quarto principal, e vê Severo sentado em sua cama. Ela suspeitou que era o quarto dele, pois era o último cômodo que não tinha visto.

- Pode entrar!

- Seu quarto é enorme! Foi você mesmo que decorou? Ficou incrível esta combinação de cores...

- Na verdade contratei um arquiteto trouxa, mas dei todos os detalhes de como eu queria cada cômodo da casa. Se eu fosse mudar algo hoje, colocaria alguns toques femininos, agora que tenho uma namorada...

Severo percebe que ela ruboriza levemente.

- Venha, sente-se aqui!

Hermione sente seu coração disparar à medida que se aproximava dele. Sem dizer mais nenhuma palavra, o desejo explícito nos olhares, eles se beijam. O beijo que iniciou calmo, se torna uma explosão de desejos reprimidos até então. As mãos de Hermione acariciam atrás do pescoço dele. As mãos grandes e ágeis dele envolve os seios dela, ainda por cima da blusa. Os dedos começam a circundar os mamilos, tornando-os intumescidos.

Quando se separam para recuperar o fôlego, Severo retira o blazer e a blusa dela, deixando-a de soutien. Hermione abre a camisa dele, e voltam a se beijar. Agora as mãos dela percorrem o peito dele. Os dedos longos dele percorrem o abdômen e desce até a calça de jeans. Ele acaricia as coxas dela por cima da calça e resmunga. Ainda beijando-a, ele abre o botão e o zíper. Sua mão grande não consegue ter acesso, mas seus dedos longos entram em contato com a renda da calcinha, fazendo com que Hermione emitisse um gemido mais alto ao sentir a umidade atingir o tecido.

- Tira para mim?

Hermione sente seu rosto esquentar, o rubor não passa despercebido.

- Só se você tirar a sua... – Ela o provoca.

- Bruxinha atrevida! – Ele finge um rosnado arrancando risos dela.

Houve alguns segundos de completo silêncio, quando os olhos castanhos encontram os olhos negros. Hermione percebe um brilho diferente, o brilho muito além da paixão, que na hora ela não conseguiu identificar. O desejo ardente naquela troca de olhares foi capaz de incendiá-la por dentro. O latejar entre suas pernas só aumentava e ela sente sua umidade crescer ainda mais.

Sentados na beira da cama, seus movimentos eram quase sincronizados. Eles retiram suas botas, as meias e se levantam para tirar suas calças compridas, deixando-as em cima da poltrona. Ele estava usando uma cueca box preta e ela um conjunto de lingerie branca rendada.

A tensão sexual dela era notória. Já Severo agia com serenidade.

- Está tudo bem? – Ele quebra o silêncio.

Ela apenas murmura ao perceber o volume explícito na cueca dele. – Por Merlin!

Eles voltam para a cama. Severo a beija mais suave para que ela relaxasse. Ele conseguia sentir o coração dela disparar.

- Hermione... se você não estiver preparada, tudo bem... deixamos para outro dia. – Ele diz para acalmá-la.

- Eu te mato, se não terminar o que começou. – Ela ameaça fazendo-o rir.

- Está bem... Eu não vou penetrá-la ainda, então não se preocupe. Preciso esperar o efeito do anticoncepcional. A menos que você esteja tomando...

- Não. Faz muito tempo que eu não transo.

- Quero que você relaxa e aproveita, sim?

Ela concordou com a cabeça sem saber ao certo o que viria pela frente. Ele desabotoou o soutien e retirou com delicadeza. Os dedos dele tocando a pele macia emitia ondas de prazer em todo o seu corpo. Seu pênis já ereto, tornava-se maior e mais duro.

Ele a deitou gentilmente. Beijou sua boca e foi descendo, até chegar nos seios, onde se deliciou por um bom tempo. Ora beijando, ora sugando cada um dos mamilos, deixando-os mais empinados.

Depois ele desceu e beijou a barriga e foi descendo até próximo a calcinha. Com seus dedos finos ele retirou a última peça que faltava para tê-la por completo em suas mãos. Nesta altura Hermione estava com as bochechas rosadas e totalmente acanhada por estar nua na frente dele.

Severo se posicionou entre as coxas dela, abrindo-as até que ficou completamente exposto à sua intimidade, fazendo com que Hermione corasse até os fios de cabelo.

- Severo, não! – Ela percebe por antecipação o que ele pretendia.

- Você nunca fez comigo... Espere antes de dizer que não quer...

Primeiramente ele beijou, depois dedilhou e foi abrindo os grandes lábios. Em seguida sugou o líquido cristalino e chupou sua fenda quente e úmida. Ela não queria ceder, tentou aguentar ao máximo, mas sua excitação estava no limite, e ela começou a gemer e se contorcer de prazer. Ele circundou seu clitóris com a língua quente e úmida levando-a quase ao clímax pelo grito que escapou de sua garganta. Severo então recuou o máximo para prolongar o prazer dela.

- Quer que eu pare? – Ele lhe pergunta maliciosamente.

- Você quer ser enfeitiçado? – Foi sua resposta.

Severo retorna à sequência beijando seu sexo, dedilhando mais devagar e mais espaçadamente, fazendo com que Hermione não apenas gemesse e se contorcesse, mas também resmungasse e o ameaçasse se não lhe deixasse gozar. Seu botão já inchado e quente esperando por apenas um toque para a libertação, mas Severo protelava ao máximo. Ela choramingava até que uma passada da língua dele, fez com que o corpo dela todo se contorcesse convulsionando pelo orgasmo avassalador.

Severo deitou ao lado dela, retirou os fios de cabelo que foram parar no rosto. Abraçou-a fortemente até que a respiração voltasse ao normal. Depois beijou-a na boca. Hermione estava receosa por corresponder ao beijo, afinal era seu gosto. Passando a primeira náusea, teve que admitir para si que o gosto levemente agridoce não era tão ruim.

- Foi bom? – Ele pergunta curioso olhando no fundo dos olhos brilhantes dela.

- Puxa, e você ainda pergunta? Isso sim pode-se chamar de orgasmo. Cheguei a ficar zonza.

- Eu percebi. Você é deliciosa, sabia?

- Mas... e você? Me deixa retribuir.

- Calma, Hermione...Vamos ter a noite toda e a madrugada, se você quiser...

- Eu quero, e como eu quero! – Ela apalpa o volume enorme frontal da cueca.

- O que você quer? – Sua pergunta cheia de malícia.

- Não é justo, Severo... Eu estou nua e você ainda está com a camisa e cueca.

Severo se senta na cama e retira calmamente a camisa aberta. A marca negra bastante desbotada chamou a atenção dela, fazendo com que ele imediatamente cobria com o outro braço.

- Não esconda. Eu me apaixonei por você, seu passado, seu presente e quero continuar te amando no futuro. Suas marcas e cicatrizes fazem parte do que você é hoje. – Era impossível não perceber as cicatrizes antigas pelas costas dele.

- Das quais não me orgulho nenhum pouco. – Ele responde com certa mágoa.

- Eu gostaria de continuar de onde paramos. Você não? – Ela olha para a ereção proeminente quase saltando do tecido.

- Hum... Se você for cuidadosa, deixo você brincar. – Ele volta a se deitar ao lado dela.

- Combinado! – Ela sorri e coloca a mão dentro da cueca sentindo já o pênis pulsando. Com a outra mão vai abaixando a cueca. Severo ergue seu quadril para que ela retirasse totalmente.

Hermione fica ajoelhada ao lado dele, segurando o mastro com as duas mãos, mas não se move. Severo esperava que ela começasse a lhe dar prazer, olhou para ela e reparou nos olhos arregalados. Hermione nunca tinha visto um pênis tão grande, talvez em filmes.

- Algum problema? – Sua voz aveludada lhe tira do transe.

- Não. – Ela dá um sorriso forçado. – Por Merlin, ele é enorme! Como vai entrar no meu corpo?

- Já me disseram que sou avantajado, mas não se preocupe. Eu não vou lhe machucar. Se você não estiver pronta, há outras maneiras de dar e receber prazer. Acabei de lhe provar...

- Você leu meus pensamentos? Não estou surpresa, porque sei da sua habilidade.

- Nem preciso usar legilimência. Seu rosto diz tudo.

- Sou tão previsível assim?

- Sim.

- Preciso tomar cuidado, então. – Ela riu.

- Nada de querer me trair, sua bruxinha esperta!

- Com um homem destes na cama? Nem que eu fosse louca! – Ela responde e começa os movimentos suaves para cima e para baixo.

Severo se controlou para não sorrir, mas Hermione jura que viu as linhas próximas aos lábios serem pressionadas. Ele relaxa seu corpo, se esticando todo na cama.

Hermione não aguenta a vontade de prová-lo e lambe a cabeça do pênis. Uma gotícula com sabor neutro, levemente adocicado sai do orifício. Ela nunca fez sexo oral com Rony e estava maravilhada, pois até então acreditava ser um tabu.

Toda a literatura que leu a respeito dizia o contrário, mas Rony era implacável nesta questão. Agora ela estava experimentando algo que sempre teve curiosidade. Não foi surpresa o orgasmo intenso que sentiu, pois, a vontade de provar era imensa.

Ela começou a fazer os movimentos mais rápido, e os sons de prazer que escapavam da boca dele lhe dizia que estava indo muito bem.

Severo a princípio estava indeciso, pois era a primeira vez com ela, e queria lhe deixar bem à vontade, sem ter obrigação de retribuir. Sabia que depois ele teria que se aliviar de alguma maneira. Por isso concordou. Seria impossível suportar tamanha ereção desde o momento do beijo, depois as carícias, até o clímax intenso dela.

Severo queria senti-lo dentro da boca dela, mas não tinha coragem de pedir. Diferente dela que ficou choramingando para que ele tocasse logo seu clitóris, ele fechou os olhos e aproveitou cada movimento para cima e para baixo daqueles dedinhos macios que envolvia toda a extensão do seu pênis.

Hermione, por ser mais impaciente sabia que levaria bem mais tempo se continuasse apenas com as mãos. Não pensou duas vezes na hora de abocanhá-lo. Como previra, apenas a metade entrou, por ser muito grande. Porém o suficiente para que Severo soltasse um gemido alto. A boca quente e molhada dela lhe deixou na beira do orgasmo. Na terceira entrada e saída de sua glande da boca dela, a ejaculação jorrou para cima. Severo agarrou seu pênis para não espalhar tanto. Ainda assim sujou o rosto e cabelo dela.

- Me desculpe. – Ele se senta rápido.

- Pelo quê? Foi bom, não foi?

- Foi ótimo! Você é ótima!

- Cinquenta pontos para a Grifinória? – Ela o provoca.

- Hum... Está me tirando do sério?

- Ok! Para ser a primeira vez que eu faço...

- Primeira? Você não era casada?

- Era... mas Rony não era adepto a sexo oral.

- Venha, vamos tomar um banho juntos. Estamos precisando.

- Virgem de sexo oral. Quem diria? Por isso ela quase desmaiou com o orgasmo. – Ele pensou.

Eles passaram um bom tempo na banheira de hidromassagem. Quando saíram o sol já estava se pondo. Sentaram no terraço ainda usando roupões. O roupão que Hermione usava era dele, de cor verde musgo que foi reduzido por feitiço. Seu cabelo ainda estava molhado, enrolado na toalha. Com uma taça de vinho nas mãos cada um, não poderiam perder o belo espetáculo da natureza. Ficaram apreciando o tom avermelhado do céu dando lugar ao anoitecer. Uma noite de amor os aguardava.