Capítulo 7 – Uma visita inesperada
Após o almoço de noivado, Severo e Hermione queriam ficar sozinhos, estavam loucos para fazer amor. Anne não os deixou ir embora, foi para a cozinha preparar um bolo de chocolate com morango. George estava maravilhado com o futuro genro, sua inteligência, educação, seus conhecimentos com plantas medicinais foram sendo revelados aos poucos durante a conversa. Hermione sentada ao lado de Severo de mãos dadas, passou toda a tarde ouvindo eles conversarem. Ao anoitecer, seus pais insistiram para que ficassem até o jantar.
Ao chegar em casa com o corpo em chamas, o casal foi direto para a cama. Logo as roupas ficaram esparramadas pelo quarto, e os dois trocaram carícias íntimas até de madrugada quando se saciarem por completo, dormindo exaustos um no braço do outro.
Na segunda-feira cedo Hermione e Severo acabaram de fazer amor, ela retornava do banheiro ainda nua, quando estava deitando novamente ao lado de Severo, escuta a campainha.
- Está esperando alguém? – Severo pergunta erguendo sua sobrancelha.
- Não. – Ela respondeu. - Estranho, mamãe tem a chave e sempre entra sem tocar a campainha. – Pensou. - Não estou esperando ninguém, ainda mais nesta hora. Vou olhar na janela.
Hermione fica pálida ao ver o homem ruivo escorado no portão da frente, com o dedo no interfone.
- É o Rony. – Ela disse um tanto sem graça.
- O que este insolente quer aqui?
- Não faço ideia. Vou descer para atender o interfone e subo para me trocar. – Ela veste o roupão que estava em cima da poltrona.
- Você precisa mesmo atender? – A preocupação estampada em seu rosto.
- Ele voltará de novo e de novo... Eu o conheço. É melhor atender de uma vez. Não se preocupe, vou me livrar dele rapidinho. A namorada dele está grávida, talvez seja algo importante.
- Namorada? – Severo indagou erguendo sua sobrancelha novamente.
- Sim, a Gina me contou que ele e a Lavender Brown estão juntos. Você se lembra dela? Foi sua aluna.
- Vagamente... uma aluna mediana, não tinha incentivo para nada, fazia o mínimo para passar de ano. Tal como ele.
- Em poucas palavras você a definiu bem. – Hermione riu, deixando o quarto e Severo com seus pensamentos. – Ainda bem que esteja comprometido com outra.
Hermione vai até a cozinha atender o interfone.
- Sim? – Ela pergunta fazendo pouco caso.
- Hermione, por favor, me deixe entrar. É muito importante!
- Aconteceu alguma coisa? – Ela percebe aflição no tom de voz dele.
- Sim, né? Eu vim aqui ontem, mas você não estava. Por que diabos eu estaria aqui a essa hora, e não no serviço?
Pensando ser algum problema de saúde com um dos senhores Weasley, ou até mesmo com a gravidez de Lilá, Hermione deixou-o entrar.
- Vou abrir o portão e a porta. Me espere na sala, eu já desço.
- Obrigado.
Hermione sobe rápido as escadas. Pega o vestido que usou no domingo que foi jogado às pressas em cima da poltrona quando retornaram de noite da casa dos seus pais. Abre a gaveta e pega uma calcinha limpa. Severo a observava deitado na cama.
- Ele disse o que queria?
- Disse que era importante. Deve ser... neste horário ele deveria estar no trabalho. Harry é chefe dele, mesmo sendo cunhado, exige pontualidade.
- Ao menos o Potter tem bom senso.
- Eu já volto, querido. – Hermione pega seu anel no criado mudo e o coloca. Depois se aproxima da beira da cama, se estica para beijá-lo. O beijo foi mais prolongado do que ela previra, pois Severo não a soltava nunca.
- Dez minutos. Depois eu desço e o coloco para fora!
- Está bem! – Ela riu e saiu prendendo seu cabelo num rabo de cavalo.
- Oi! Sente-se! – Ela diz ao vê-lo andando de um lado para o outro na sala.
Rony estava prestes a entrar em colapso, incapaz de controlar seu nervosismo. Ele para e a encara. Suas frases ensaiadas evaporaram de sua mente.
- Bonita a sua casa! Também, estava acostumada com aquele luxo todo da residência oficial... Deve custar caro morar neste bairro. Só tem casa chique!
- Você veio até aqui para falar da minha casa? – Hermione coloca as mãos na cintura indignada.
- Não, só estava elogiando.
- Quem lhe deu meu endereço?
- A Gina.
- Fala de uma vez, Ronald Weasley, o que você veio fazer aqui?
Ele se ajoelha na frente dela.
- Por favor, Mione, volte comigo!
- O quê?
- Isso mesmo, que você ouviu. Eu imploro! Eu ainda te amo!
- Não seja ridículo, Rony!
Hermione acende a lareira com sua varinha, para aquecer um pouco a ampla sala. Mesmo sendo primavera, as manhãs costumam ser frias. Ela se senta numa poltrona e Rony senta na outra de frente para ela.
- Você tinha razão quando dizia que éramos muito jovens para ter filhos. Agora eu entendo, e te perdoo por isso!
- Me perdoa?
- Sim, eu achava que era desculpa para não transar.
- Está perdendo o seu tempo aqui. Melhor ir embora! Ah, e parabéns pelo seu filho a caminho.
- Quem lhe disse?
- A Gina veio me visitar no início do ano. Disse que você vai ser papai!
- Aquela atrevida! Não devia ter lhe contado... Eu tinha esperança que talvez... a gente pudesse voltar.
- Impossível, Rony! Você vai ter filho com outra mulher, e quer que eu seja o quê sua? Esposa? Ou amante?
- Lilá me usou, ela sabia que estava fértil quando me procurou. Posso provar que fui seduzido. Mamãe está me obrigando a casar com ela, mas se você voltar comigo, tudo fica bem de novo. Eu assumo o filho, mas não preciso ficar com ela. Pense com carinho. Lá em casa, todos te adoram! A Gina, o Harry, mamãe, papai...
- Esquece! Não perca o seu tempo. Eu estou noiva!
- E... O quê? – Os olhos azuis arregalados, a palidez no rosto, as mãos trêmulas. A gagueira, o tom de voz alto e o coração quase parando.
- Sim, noiva! Inclusive ontem mamãe fez um bolo delicioso para o meu noivado.
Ela mostra a mão direita com a aliança e o anel de diamante. Rony tentava respirar normalmente após a falta de ar nos pulmões, enquanto olhava admirado a joia valiosa na mão direita.
- Deixe-me adivinhar... Vítor Krum?
- Não te interessa!
Franzindo o cenho, Severo se aproximou mansamente da sala. Hermione estava silenciosamente satisfeita com a presença dele ali, foi a primeira a notá-lo. Ela ora observava o rosto lívido de Rony, ora a calma forçada no rosto de Severo.
Rony seguiu o olhar dela, e empalideceu na mesma hora ao avistar a silhueta do seu antigo professor. Chegou a dar um pulo da poltrona.
- Oh! Iss...Isso não é possí...possível! Ele está mor..morto! – Rony começou a gaguejar.
- Bom dia, senhor Weasley! O que desejas aqui tão cedo? – A voz de barítono em seus ouvidos.
- Hermione, você está me assustando. Desfaça esse feitiço alucinatório imediatamente!
- Cala a boca, Rony! Não tem feitiço algum. Severo sobreviveu, e além de ser meu vizinho, é o meu noivo.
Rony abriu a boca para falar de novo, mas Severo se posicionou bem na sua frente com as mãos cruzadas na altura do peito, deixando-o ainda mais pálido.
- Parece que viu um fantasma, senhor Weasley?
- Eu...eu...não entendo. Nós vimos você morrer, não é Hermione?
- Eu também pensava, até que um dia literalmente esbarrei no meu vizinho! – Hermione se levanta e abraça Severo.
Ao vê-la abraçada ao professor, Rony se contorcia na poltrona, com os punhos fechados, internamente bufando de raiva. Suas bochechas agora vermelhas pela raiva, tal como a cor dos cabelos, os olhos faiscando.
- Se não tem mais nada a dizer, por favor se retire, sim? – Severo disse pausadamente, se controlando para não o empurrar para fora de uma vez.
- Preciso manter minha dignidade. – O ruivo dizia para si, pensando no que poderia dizer para sair com a cabeça erguida.
- Meu casamento com a Lilá será no próximo sábado. Eu vim convidá-la, mas se o senhor também quiser ir, mando minha coruja com o convite.
Severo estava incrédulo com a ousadia do ruivo, e respondeu rispidamente.
- Não será necessário.
- Agradecemos, mas estaremos ocupados, não é meu bem? – Hermione também responde olhando apaixonada para seu noivo.
- Sim, muito ocupados! – Severo a aperta mais em seus braços, beijando sensualmente o pescoço dela.
Rony entende a insinuação, e se levanta com um esforço tremendo para não dar um soco no seu ex professor. Ele sabia que apanharia se entrasse em uma briga corporal.
- Eu o acompanho. Já volto, querida. – Ele beija os lábios macios dela.
Rony foi caminhando até a porta, antes de sair virou-se para olhar Hermione, mas ela já tinha saído da sala.
Assim que Rony se afastou da casa, Severo voltou para a sala. Encontrou Hermione na cozinha, preparando o café da manhã. Ele a abraçou por trás, e lhe deu outro beijo em seu pescoço.
- Você está bem?
- Sim, já estava acostumada com os péssimos modos dele. Desculpe por isso.
- Não é culpa sua, não precisa pedir desculpas. Vamos continuar o que fazíamos antes? – Seu olhar brilhando de desejo.
- Sim, só preciso comer algo, gastamos muita energia de ontem para hoje! – Ela disse rindo.
- Me serve um pedaço daquele bolo que sua mãe fez. Está delicioso!
- É uma ótima ideia! Mamãe fez a gente trazer mais da metade do bolo. Deveria ter oferecido um pedaço ao Rony!
- Só se colocasse purgante por cima. – Severo disse com ironia e Hermione riu.
Depois de se alimentar, o casal voltou para a cama. No início conversaram sobre a visita inesperada e indesejada, mas logo em seguida Hermione o lembrou de algo importante.
- Severo, pelo que você me disse, até hoje somente a professora Minerva sabe que você está vivo. Bem, agora a família Weasley toda vai saber. Como ex ministra, eu sei que você deve explicações ao ministério.
- Eu não pretendia sair do anonimato, mas aquele patético me tirou do sério. Só de olhar a cara de idiota dele ao me ver, valeu a pena! – Ele riu.
- Quer que eu vá com você ao ministério? Tenho muitas influências por lá!
- Se quiser... Vou fazer isso amanhã. Tenho poções acumuladas para preparar hoje. Você acha que pagarei algum tipo de multa?
- Se eu for junto, lhe ajudo a preencher o relatório. Depois será levado a julgamento, que determinará se haverá algum tipo de penalidade.
- Como assim?
- É crime se passar por morto. Creio que você sabia disso.
- Sim, mas não me informei sobre as consequências... Achei que não voltaria mais para o mundo mágico.
- Cedo ou tarde eu iria lhe convencer a legalizar a sua situação. Acho importante termos esta dupla cidadania, se é que se pode chamar assim a nossa condição especial de magos.
- Está bem. Serei um bruxo novamente! Agora venha aqui, minha bruxinha!
Enquanto o casal voltava a se acariciar embaixo do edredom, não muito distante dali Ronald Weasley caminhava cabisbaixo sem rumo. Passou pela estação de metrô, mas seguiu em frente até chegar no Beco Diagonal. Preferiu entrar num bar da travessa do Tranco, onde poucos o reconheceriam. O bar na penumbra era meio sujo, com cheiro de gordura e álcool no ar, e com alguns bruxos já bêbados àquela hora.
- Me vê um trago, por favor!
- Sim, senhor.
Quarenta minutos depois sua língua já estava enrolada e sem nenhum nuque na carteira para pedir outra dose, ele foi caminhando trançando as pernas até o ministério.
Ao chegar na cabine de telefone para ter acesso ao ministério, pediu a Merlin para não encontrar ninguém, não queria que o vissem naquele estado. Precisava ver Harry e pedir um dia de folga. Não tinha condições de trabalhar em plena segunda-feira.
Teve sorte, porque naquele horário só havia a recepcionista do prédio que estava com a cabeça abaixada lendo o profeta diário, e o elevador que pegou estava cheio de memorandos voando.
- Bom dia, Harry! – Ele fala com a língua enrolada, ao chegar na sala dos aurores, se sentando na primeira cadeira para não cair.
- Isso são horas, Rony? O pessoal todo já foi a campo. Mas o que você tem? Está bêbado?
- Ah, não... só tomei umas e vim.
- Umas? Umas quantas você quer dizer! Recém são nove horas da manhã! Vá para casa, você não tem condições de trabalhar.
- Por isso eu vim aqui, preciso que você me ajude. Estou sem nenhum galeão, e não posso aparatar nesta condição.
- Está bem, eu te levo em casa. Você já foi morar com a Lilá, ou está na toca?
- Na toca. Eu disse a ela que levaria minhas coisas só depois do casamento. Mamãe vai me matar ao me ver assim...
- Devia ter pensado antes de fazer besteira. Venha, me dê sua mão. Vamos aparatar da minha sala.
Ao ouvir um barulho, a senhora Molly foi até a porta da frente.
- Quem chegou? É você, Arthur?
- Sou eu, Harry. Estou com o Rony, ele não parece bem.
- O que houve? – A senhora Molly olha espantada para o filho, enxuga as mãos no avental e ajuda Harry a colocar Rony no sofá.
- Acho que ele se desentendeu com a Lilá, e bebeu demais.
- Eu não briguei com a Lilá. Não ainda. Eu fui até a casa da Hermione ontem, mas ela não estava. Eu fui hoje de novo. – Rony consegue falar com certa dificuldade.
- O que você foi fazer lá, criatura? – Molly pergunta preocupada.
- Convidar para meu casamento, ora...
- Mas, Rony... e depois saiu para encher a cara? – Harry quis saber.
- Sim, você nem sabe quem eu vi lá... Nem queira saber. Você também encheria a cara.
- Quem? A senhora Molly e Harry perguntam juntos.
- Tentem adivinhar! Dou mil galeões para quem adivinhar quem estava lá!
- Os pais dela, quem mais? – Molly dá de ombros.
- Hum, para ele ficar neste estado, talvez o Vítor Krum.
- Não, nana-nina-não! O Snape! Sabe, o nosso professor Seboso? O Morcego da Masmorra? Ele mesmo, em pessoa!
- Snape está morto! Você está mesmo mal! – A senhora Molly se levanta e vai para a cozinha preparar um chá forte para ressaca.
- Não fala bobagem, Rony. Ela lançou feitiço alucinatório, ou você já foi até lá podre de bêbado?
- Eu juro, Harry. Com estes meus dois olhos. Era o Snape! E quer saber o pior?
- Fala. – Harry se segurou para não rir. O que poderia ser pior do que ouvir seu melhor amigo falar bobagens?
- Eles estão noivos. Ela me mostrou a aliança e um anel de diamante enorme.
- Rony, falando sério agora. Você teve coragem de ir lá na casa dela?
- O que é que tem? Ela é minha ex. – Rony fez sinal para Harry se aproximar mais, e falou baixinho para a mãe não ouvir: - Eu queria, Harry, do fundo do meu coração, eu queria que ela voltasse comigo. Até me ajoelhei, mas em seguida chega o morcego da masmorra, e a abraça!
- Você está vendo coisas. Beber demais dá nisso! Não se preocupe, vai se sentir melhor amanhã. Fique bem, Rony. Eu vou indo para o trabalho. Até mais, senhora Molly. Se precisar de alguma coisa me chama.
A senhora Molly voltava com uma caneca enorme fumigando.
- Obrigado, Harry! Fala para a Gina aparecer com as crianças.
- Mãe, você também não acreditou? – Rony se senta furioso por ninguém acreditar nele.
- Como Harry acabou de dizer, você se sentirá melhor amanhã. Agora tome tudo. – Ela entrega com cuidado a caneca cheia até a borda na mão dele.
A sala e cozinha ficaram impregnados com o cheiro forte de gengibre, cravo, canela e outras ervas do chá.
- Eu sei que ter o primeiro filho assusta, mas verá que tudo vai dar certo.
- Não é nada disso, mãe!
- Então, o que é? Deveria estar feliz pelo filho. Não era isso o que você tanto queria? Gina, a caçula, já tem dois e você não tinha nenhum!
- Ele disse assim para mim: "- Se não tem mais nada a dizer, por favor se retire, sim?" – Rony imitava direitinho a voz sedosa.
- Quem?
- Droga! – Ele praguejou. - O Snape, ora quem...
- Snape está morto! Beba o chá e depois vá dormir, Rony! Eu tenho mais o que fazer do que ouvir conversa de bêbado. Vou começar o almoço, se quiser dorme aí no sofá.
Rony resmungou o tempo todo enquanto bebia o chá quente.
Assim que Harry chegou de volta na sala dos aurores, pegou sua pena e um pergaminho para escrever.
- Em nome da nossa amizade de anos. – Pensou ao começar a escrever. Quando terminou dobrou, e prendeu o pergaminho no pé da sua coruja, antes de soltá-la. A ave voou em direção ao bairro nobre de Londres, bateu no vidro e aguardou.
Hermione estava deitada contra o peito de Severo, com os cabelos esparramados no peitoral nu, sentindo a inspiração e expiração suave, enquanto ele dormia serenamente. O silêncio do quarto passava uma paz absoluta, sua mente pela primeira vez se aquietou após se aborrecer com a visita do ex. Seu corpo amolecido, com uma leve sensibilidade entre as pernas a deixava secretamente feliz. O barulho da coruja no vidro da janela chamou sua atenção e ela virou a cabeça para ver. Ao reconhecer a coruja de Harry, ela se levanta com cuidado para não acordar Severo.
- É a coruja do Harry. Claro, ele já sabe. Chegou a hora de se explicar para o mundo mágico, querido. – Ela pensou enquanto tirava o pergaminho da patinha.
- Você vai querer aguardar uma resposta? – Hermione pergunta baixinho para Edwiges II.
- Piu?
- Eu vou mandar Edelweiss com a resposta. É uma carta muito longa para ler e responder. Pode ir e obrigado.
Hermione solta a coruja e volta para a cama para ler. Severo resmunga ao virar seu corpo para o outro lado e permanece dormindo.
Querida Hermione,
Por fazer parte, venho em nome da família Weasley pedir desculpas pelo comportamento inconveniente do Rony. Me sinto no dever de lhe deixar a par sobre a fase difícil que ele está passando. Sei que você não tem mais nada com isso, mas lhe peço em nome da nossa amizade de anos, lá de Hogwarts. Nós três éramos inseparáveis e felizes, lembra? Pois bem...
Rony anda muito esquisito, desde que soube que a Lilá está grávida dele. A gota d'água foi hoje de manhã que apareceu no trabalho caindo de bêbado. O levei para a toca e ele falou umas coisas absurdas. Sério que estou muito preocupado. Ele disse que foi à sua casa, e viu o professor Snape. Para você ver o nível da coisa. Não sei como poderíamos ajudar. Se não for pedir muito, poderíamos nos encontrar para conversarmos melhor a respeito? Beijos HP
Hermione amassou o pergaminho e colocou do lado do criado mudo. Voltou a deitar ao lado de Severo até que ele acordasse.
- Não posso julgar o Rony, eu também desmaiei quando o vi vivo. – Pensou retirando o cabelo negro liso caído, do rosto de Severo. – A questão é como Harry e a Gina vão reagir quando souberem do meu noivado com ele.
Na sua sala, Harry ia e voltava da janela esperando que a coruja da Hermione trouxesse uma resposta. – Pensei que diria ao menos que anda ocupada, mas vai mesmo me ignorar? - Harry estava chateado.
- Oi! – Severo abre os olhos e vê sua noiva acariciando seu cabelo.
- Oi! Que bom que dormiu um pouco. Fiquei aqui lhe fazendo companhia, mesmo sendo segunda. Hoje tenho alguns trabalhos da faculdade para fazer.
- Eu também não faço mais poções desde o anticoncepcional que tomei. – Ele dá um sorriso de escárnio. Escutei uma coruja, ou estava sonhando?
- Ah, sim. Era de Harry, nada demais.
- Ele já sabe, né?
- Sim, acho melhor eu conversar com ele.
- É um problema que eu criei. Você não precisa fazer isso.
- Eu quero fazer. O problema é nosso, afinal noivei com um fantasma!
- Muito engraçadinha. – Seus olhos escuros focados nela, enquanto os lábios forçavam um meio sorriso.
- Severo, Harry tem grande influência no ministério, atualmente bem mais do que eu. Tenho certeza que poderá nos ajudar.
Ele dá um suspiro antes de falar.
- Está bem. Está com fome? Eu estou. Deve ser meio dia...
- Podemos almoçar no restaurante e depois vou para a faculdade mais cedo, tudo bem?
- Tudo. Depois do almoço vou trabalhar nas encomendas de Hogwarts. Quando você voltar, ficamos na minha casa e vamos dormir na minha cama.
- Está bem! Vamos tomar banho?
Eles tomam banho e se arrumam. Enquanto Severo faz a barba, Hermione vai até o quintal e solta a Edelweiss com um pergaminho.
- Depois volte direitinho para casa, tá?
- Piu.
Já estava no intervalo do almoço quando a coruja entregou umas linhas escritas para Harry. Só de ver a coruja dela, ele se sentiu melhor.
- Obrigado, agora posso ir em casa almoçar. – Ele solta a coruja após ler a mensagem.
No restaurante, Severo e Hermione se sentam bem ao fundo para conversarem com mais privacidade, enquanto almoçam.
- Preciso preparar melhor a aula de hoje, por isso tenho que ir mais cedo para passar na biblioteca.
- Sutilmente balança sua mão com o anel na cara do seu coleguinha, sim?
- Severo... – Ela riu. - Ah, olha o que pensei... vou deixar uma mala pronta com algumas roupas e meus produtos de higiene, você leva para sua casa? Você pode fazer o mesmo, deixar umas roupas suas na minha casa.
- Nada como um accio não resolva. – Ele fala com desdém.
- Eu ainda não deixei minha casa com nível de magia suficiente para não ser rastreada.
- Não se preocupe, eu deixei. Fiz isso de madrugada enquanto você dormia.
- Obrigado! Mas a ideia da mala é prática, estilo trouxa, você vai ver.
- Mala amarrota as roupas.
- É, mas se você me der um cantinho do seu guarda-roupa... Vou reservar uma parte do meu para você.
- Quando casarmos, ficamos com as duas casas. O que você acha? Na hora que nos entediarmos, cada um fica na sua. E fazemos uma ligação entre elas, invisível aos trouxas.
- Severo... não vou me entediar de você nunca! Vamos passar a semana toda na sua casa por causa do laboratório. Durante o dia posso lhe ajudar no preparo das poções. Nos fins de semana ficamos na minha casa ou na casa dos meus pais.
- Saindo do anonimato, e você me ajudando, podemos aumentar a produção de poções e atender mais pessoas. Se pai ficou bem interessado, disse que irá receitar algumas poções analgésicas e antissépticas.
- Podemos aumentar o laboratório. – Hermione fala com brilho nos olhos.
- E você continua com a aulas só se quiser.
- Por enquanto estou gostando. Os alunos são bem receptivos.
- Mudando de assunto, quando você vai falar com Harry sobre minha ressurreição? – Ele pergunta sério e ela riu.
- Marquei com ele hoje no final da tarde, na biblioteca, antes das minhas aulas. Vou pedir para ele conversar amanhã cedo com o ministro Shacklebolt Júnior sobre o seu caso. Podemos ir de manhã para você preencher o relatório e protocolar.
- Tudo bem. Quer que eu vá lhe buscar hoje à noite, depois da aula?
- Não precisa, posso aparatar do banheiro feminino.
- Fique longe daquele professor de bioquímica mesquinho. Se precisar de mim, mande um patrono.
- Meu patrono não consegue entrar na sua casa. Já tentei uma vez.
- Ah, sim. Vou retirar o feitiço para ele. Ainda é o mesmo?
- Sim... A lontra.
Eles terminaram o almoço e foram para casa. Hermione escovou os dentes, preparou sua mala e já estava fechando a casa, quando Severo lembrou da coruja.
- E Edelweiss? Não vamos vir todas as noites aqui para abrir a porta do viveiro, ou vamos?
- Vamos levá-la para o seu pátio.
- Pode deixar que eu faço isso, se você precisa ir.
- Obrigado, amor. Lhe vejo de noite.
- Vou lhe esperar com um jantar, está bem?
- Hum... mal posso esperar!
Eles trocam um beijo antes de Hermione aparatar.
Com auxílio da varinha Severo transportou o viveiro de Edelweiss para o seu quintal, e carregou a mala dela para dentro. Depois seguiu para o seu laboratório onde permaneceu a tarde toda.
Hermione ficou tão entretida com os livros da biblioteca que não viu as horas passar. Estava anoitecendo quando Harry chegou.
- Oi! Como você está? – Harry se aproxima e lhe beija no rosto.
- Bem e você? Gina, e as crianças?
- Estão bem. Gina lhe mandou lembranças. Hoje fui almoçar em casa para contar a ela sobre o fiasco do irmão. Estamos bem preocupados.
- Entendo. Mas não podemos conversar aqui. Vamos para a minha sala? Tenho uma hora antes de entrar para a sala de aula.
Enquanto saíam em silêncio da biblioteca para o departamento de química, Hermione pensava em como contar a ele, que Rony estava certo a respeito de Snape. E Harry lembrava nitidamente como Gina reagiu na hora do almoço.
- Oi, Gina, cheguei!
- Oi, Harry! Que cara é essa?
- É seu irmão, estou bem preocupado com ele.
- Por quê?
- Ele chegou caindo de bêbado no trabalho.
- Já brigou com a Lilá? Quando brigou com a Mione a gente até entende, mas com a Lilá?
- Não. Desta vez a bebedeira foi por um motivo preocupante. É melhor se sentar.
- Não me assusta, Harry. O que houve?
- Rony foi a casa da Hermione para convidá-la para o casamento com a Lilá.
- Se isso é coisa que se faça... É bem meu irmão mesmo.
- Antes ele implorou para voltar, mas Hermione disse que estava noiva.
- Noiva? Que eu saiba ela não está saindo com ninguém...
- Aí é que está! Rony jura de pés juntos que viu o Snape na casa dela, e que eles estão noivos!
- Palhaçada, Harry! Snape está morto! Não dá bola para conversa de bêbado. Vem, vamos almoçar.
Hermione prepara um chá e eles se sentam para conversar. Ela nem sabe por onde começar, enquanto pensava, Harry inicia a conversa.
- Então, Mione... Rony passou dos limites. Eu e Gina lhe apoiamos quando resolveu se separar. Ele não é o tipo de homem intelectual para você. Quem sabe aqui neste ambiente você encontre um professor interessante...
- Que bom que tocou no assunto. Eu já encontrei e estou noiva, Harry! Olhe! – Ela mostra toda feliz a sua mão direita.
- É mesmo? Uau! Parabéns, Mione! Rony mencionou que você estava noiva, mas eu não acreditei. E quem é o felizardo? Se for professor daqui provavelmente eu não conheço.
- Sim, você conhece.
- E?
- Harry... eu não sei nem como começar. A princípio não há nada de errado com Rony, exceto a bebedeira. Acredite, ele estava certíssimo. Severo Snape está vivo.
- O QUÊ? Mas como? – Harry chegou a se levantar da cadeira e a cor sumiu de seu rosto.
- Nós vamos precisar da sua ajuda no ministério, para limpar o nome dele. Vou lhe contar desde o dia que você me viu mexendo no vira-tempo.
- Não vai me dizer que você?...
- Não, não. Fique tranquilo. Eu não mexi no tempo.
- Mas então?
- A fênix de Dumbledore apareceu quase no último instante...
Quarenta e cinco minutos depois Harry estava perplexo com toda aquela revelação.
- Diga alguma coisa. – Hermione estava tensa ao ver a reação dele. Harry estava pálido, com os olhos perdidos no horizonte, a cabeça girando tentando encaixar onde foi que ele perdeu o início do relacionamento dos dois.
- Você se casou com Rony, porque achávamos que ele estava morto?
- Sim, eu estava muito triste. Bom, todos estavam por causa das perdas. O casamento com Rony me trouxe um certo alívio no início. Depois eu vivia angustiada, por isso até pensei em voltar no tempo. Você me fez ver quer era muito perigoso. Foi então que eu resolvi me separar. Esperei terminar meu mandato para sair do mundo mágico. E só Merlin sabe explicar a razão de Severo ser meu vizinho.
- Eu continuo não acreditando em destino... Mas desde quando você ama o Snape?
- Eu me apaixonei pelo professor quando estávamos no quarto ano. Lembra do baile de inverno? Eu fiquei chorando na escada e Severo se sentou do meu lado para me consolar. Ele foi tão gentil... Eu não conhecia esse lado dele. Sempre o admirei como profissional, mas nunca o via como homem, até aquela noite. Eu estava na adolescência e como ele mesmo diz, com os hormônios a mil. Eu comecei a me dedicar mais às aulas dele, já não respondia mais as perguntas para não irritá-lo. Tinha planos de dançar com ele no baile de formatura e me declarar, mas chegou o dia da batalha e nós o vimos morrer...
Uma lágrima escorre do rosto dela, só de lembrar. Harry alcança seu lenço.
- Sim, ainda tenho a visão daquele dia. Eu não sabia que você gostava tanto assim dele. Sabia que gostava muito das aulas de poções. Por que nunca me contou? Até entendo que não contou ao Rony, porque ele sempre foi louco por você, mas... eu? A Gina sabe?
- Não, não contei a ninguém. Minha mãe desconfiava. Em Hogwarts todos me achariam louca. Você, Gina e principalmente o Rony seriam contra, diriam ser algo impossível e criaria um clima bem ruim entre nós. Em nome da nossa amizade eu mantive este segredo por anos.
- Em partes você está certa, mas sofreu calada... – Harry conclui, Hermione balança a cabeça afirmando.
Neste instante o sinal bateu. Hermione suspira fundo e limpa novamente o rosto com o lenço que Harry lhe alcançou.
- Preciso estar na sala de aula agora. – Os dois se levantam.
- Claro... Hermione?
- Sim?
- Eu faço votos que vocês sejam muito felizes. Eu também sempre o admirei, e depois do julgamento dele, ainda mais. Pode deixar que eu converso com o Shacklebolt Júnior. Ele é tão ou mais acessível que o pai.
- Obrigado! Eu vou amanhã no ministério com Severo para preencher o relatório.
- Podem ir direto para minha sala, deixo o documento na minha mesa. Ficarei esperando por vocês. Manda um abraço bem apertado para ele.
- Obrigado, Harry! Ah, só mais um favor...
- Diga.
- Não deixe a Gina me odiar, sim?
- Ela vai entender. Até amanhã, minha querida!
Eles se beijam e Harry aparata da sala.
Hermione foi para sua aula, se sentindo mais aliviada.
Assim que Harry chega em casa, Gina vai ao seu encontro para saber sobre a conversa com a Hermione.
- Então, Harry?
- Melhor se sentar, Gina. O Snape está vivo sim!
- VIVO? Mas como?
Após Harry lhe contar tudo, ele menciona que Snape está noivo de Hermione.
- NÃO! – Gina grita quase derrubando Lily de seu colo. - Eu não posso acreditar Hermione e Snape? Oh, meu Merlin!
- Ficaram noivos ontem. – Harry enfatiza.
- Como aquela megera nunca me contou nada e eu lhe contava tudo?! Pobre do meu irmão, deve estar sofrendo horrores, tudo de novo.
Continua...
