Quando Hermione retornou após a sua última aula, Severo lhe esperava com um jantar à luz de vela.

- Que linda está a mesa e que cheiro maravilhoso!

- Espero que o sabor também lhe agrade! Ah, a coruja do senhor Potter chegou na janela do seu quarto e Edelweiss a trouxe até aqui. Peguei o pergaminho para liberá-la, mas não abri.

- Obrigado. Se lesse, não seria problema, não tenho nada para esconder.

- Não vai ler? – Ele ficou curioso quando ela colocou o bilhete em cima da mesinha.

- Depois eu leio, a letra é da Gina. Já posso imaginar o que está escrito. Ainda bem que ela teve bom senso e não me mandou um berrador! Estou com fome, podemos jantar?

- Vou abrir a garrafa de vinho dos elfos. Quer que eu lhe sirva?

- Sim, obrigado.

Depois do jantar, Hermione se sentou calmamente no sofá da sala com o pergaminho para ler, enquanto Severo arrumava a cozinha com auxílio de sua varinha.

MIONE,

NÃO! Eu realmente NÃO consigo acreditar! Primeiro que o SNAPE tenha sobrevivido, é um milagre! Mas acreditar que vocês dois estão JUNTOS? Impossível! Vocês viviam se gladiando. Se realmente for verdade que estão NOIVOS, significa que vocês já transaram e como ele é na cama? Estou curiosa, você me conhece. Mas não pense que vou perdoá-la fácil por me esconder tamanho segredo. Terá que me contar tudo! Agora entendo por que você gostava tanto das aulas de poções.

Venha me visitar quando puder. Para mim com duas crianças é mais difícil.

Beijos Gina

Hermione ficou com um sorriso no rosto lembrando do dia que desmaiou na calçada e Severo lhe trouxe até o sofá onde estava sentada, onde trocaram o primeiro beijo. Seus pensamentos são dispersos quando Severo trouxe a bandeja com duas taças de sobremesa.

- Huumm, que delícia! Você é perfeito, sabia?

- Menos... Ainda sou o velho e sarcástico Snape que você conheceu.

- De velho, você não tem nada. – Ela olha maliciosamente para a calça dele, deixando-o constrangido com a insinuação. - E sarcasmo, eu diria que é seu charme!

- Me diga quando e onde você bateu a cabeça? – Ele percebeu o olhar dela, e sentiu uma leve manifestação de seu pênis.

- Acho que foi em Hogwarts. E para ser mais precisa, durante as suas aulas de poções! – Ela responde com um sorriso maroto.

- Por falar em poções, sábado tenho que ir a Hogwarts. Madame Pomfrey precisa ser treinada para preparar corretamente a fórmula do antídoto contra tentáculos venenosos. Finalmente cheguei na dosagem correta. Quer ir comigo?

- Uau! Parabéns, você é um gênio! Vai salvar muitas vidas!

- Você ainda não me respondeu. Quer ir comigo?

- Adoraria ir, mas...

- Mas?

- É que...

- Diga. – Severo deixa a bandeja na mesinha, e para na sua frente com os braços cruzados na altura do peito, seu olhar penetrante lhe dizia que de nada adiantaria dar desculpas.

- Bem, eu não gostaria de me encontrar com a professora Minerva.

- Não me diga que ainda está ressentida.

- Não, você acabou de dizer por mim.

- Hermione... – Ele se senta ao seu lado e pega a mão dela carinhosamente entre as suas. - Minerva lhe adora, você é a filha que ela não teve. Tenho certeza que ela vai lhe receber muito bem. Vocês não se falam há quanto tempo?

- A última vez que a vi foi no enterro de Fred. – Hermione suspirou.

- Quatro anos. Você não acha que basta? Além do mais ela só fez o que eu pedi.

- Está bem, eu vou. Ela foi uma segunda mãe para mim, mas tenho certo receio da reação dela.

- Só indo lá para sabermos.

- Severo, como ela vai reagir quando souber que estamos noivos?

- Espero que bem. Se vier com sermão vou deixar de atender os pedidos de Hogwarts.

- Não seja mau. – Ela riu.

- Eu? Quem se afastou dela?

- Querido, não vamos mais falar sobre isso, sim? Quem será que dá aula de poções hoje em dia?

- O velho e rabugento senhor Slughorn.

- Sério? Ele não estava aposentado?

- Estava, mas não tem ninguém melhor para o cargo. E Minerva deve ter ameaçado ou subornado para ele aceitar. – Ela solta uma gargalhada.

- Até tem alguém bem melhor para o cargo... – Ela olha obstinadamente para ele.

- Você também? Da última vez que a visitei, ela fez uma campanha acirrada para eu voltar a lecionar. Saiba que 'você também' é tão qualificada quanto eu para lecionar poções.

- Quem sabe um dia? Tenho saudades do castelo. Adoraria conhecer seus aposentos, fazer amor na masmorra...

- Podemos pernoitar lá de sábado para domingo. – A ereção se completa em resposta imediata a sugestão dela.

- Sério? Será que a Minerva vai deixar eu dormir contigo na masmorra?

- Conhecendo-a tão bem, só depois de casados. Mas tem quarto de hóspedes. Ela certamente vai oferecer, e de noite você vai para o meu quarto.

- Estou adorando a ideia de ir a Hogwarts!

- O castelo está mais bonito atualmente. Acho que é porque não temos mais ameaças das trevas.

- Isso é ótimo! Não vai comer sua sobremesa? – A taça dele permaneceu intocada na bandeja.

- Não sou muito chegado a doce. Se quiser, aproveite!

- Obrigado. – Hermione alcançou sem precisar se levantar, ou usar feitiço.

- Como foi sua conversa com Harry?

- Ele ficou muito surpreso. Pensou que eu tivesse usado o vira-tempo confiscado, que está guardado numa sala segura dentro do ministério.

- Você não seria capaz, seria?

- Quase, a minha vida não tinha mais sentido, eu estava muito infeliz. Harry me convenceu do risco de perdermos a guerra e viver eternamente nas trevas.

- O meu conceito a respeito do senhor Potter está começando a melhorar.

Hermione sorriu. Ela se levantou, foi até a estante de livros e pegou um. Estava ansiosa para continuar lendo os livros da vasta coleção dele. Até o momento só havia lido um.

- Pensei que nossa noite romântica terminaria de outra forma. – Ele resmunga.

- Só o primeiro capítulo. Já subo para o quarto. Quer indo na frente?

- Vou lhe esperar.

Hermione antes de voltar a se concentrar na leitura, segue o olhar dele, que estava agora no pergaminho, no mesmo lugar que ela deixou. Severo percebeu que estava sendo observado.

- Posso?

- Claro, como eu disse, não tem nada demais. Quero dizer, até tem algumas insinuações travessas da Gina.

Severo ergue sua sobrancelha, mas não quis perguntar. Preferiu ele mesmo tirar suas conclusões. Hermione tinha certeza que ele iria questionar.

- Como ele é na cama? É sério isso? Vocês mulheres ficam nos comparando?

- Bem... algumas mais do que outras, Severo. É normal. Vocês também não falam das mulheres nas rodinhas dos bares?

Severo só lança um olhar petulante em sua direção. Então ela corrige.

- Está certo. Alguns homens não são chegados a rodinhas de bares. – Ela sabia que ele não era nada social.

- E muito menos comentar seu desempenho. – Ele retrucou.

- Sabe, quando há amor num relacionamento sexual, o que eles fazem ou deixam de fazer não interessa a ninguém.

- Quer dizer que você não vai responder à sua amiga? – Um erguer de sobrancelha.

- Talvez. – Ela riu. - Gina só pensa em sexo. Não é para menos que já tem dois filhos, e ela é quase dois anos mais nova que eu. Pode contar que ano que vem ela deve ter outro. Lilly já está com quase três anos.

- Lilly? – Aquele nome despertou algo adormecido dentro dele.

- Sim, a filha caçula dela. Lílian Weasley Potter. Harry quis homenagear a mãe dele.

- Não sabia. Bom, eu vou para a cama.

Severo coloca o pijama e se prepara para dormir na esperança de espairecer sua mente. Nunca mais havia pensado nela. Sua amiga de infância, cresceram juntos, sua primeira e única paixão. – Única? – Sua mente confusa lhe dizia que não mais. Afinal, ficou noivo recentemente de Hermione. Quando acordou do coma no hospital, a imagem daquele dia, vendo sua aluna abaixada dizendo que lhe amava amoleceu completamente seu coração em luto. As lembranças de Lilly foram deixadas enterradas no seu subconsciente.

Durante anos sentia um carinho grande pela aluna brilhante, embora nunca tivesse demonstrado. Muito pelo contrário, adorava tirar pontos dela. Talvez uma única vez foi leal com ela. Foi no final do baile de inverno quando a viu chorando na escada. Agora são vizinhos. Tinha certeza que não poderia mais viver sem tê-la por perto. Ele a amava, não lhe restava dúvidas.

Hermione chega até o quarto, que estava somente com a luz do abajur acessa. Vai ao banheiro tomar banho, coloca a camisola, escova os dentes e seca rápido seus cabelos. Ela se deita com cuidado ao lado dele, pensando que talvez ele já estivesse dormindo.

O frescor do banho, o perfume floral do shampoo e do sabonete invadem o quarto. Severo vira-se para agarrá-la pela cintura.

- Como eu sou na cama? – Ele pergunta com o olhar lascivo.

- Quer mesmo que eu responda? – Ela o provoca com um sorriso.

- Por favor.

- Você é um predador, que consegue até matar uma leoa de tanto prazer!

- Assim você deixa a cobra mais atiçada!

Ela percebe o volume avantajado na calça do pijama. Severo nunca teve dificuldade em esconder suas emoções, porém ultimamente sua ereção era algo praticamente impossível de esconder, a menos que usasse algum feitiço de encolhimento.

Severo retira a camisola dela e seu pijama. Meia hora depois...

- Oh, Severo! – Hermione disse sem fôlego próximo ao seu ouvido, após sentir todo o seu corpo em êxtase pelo orgasmo intenso.

Eles dormiram logo em seguida, agarradinhos na forma de concha.

Na terça-feira após o café da manhã, Severo coloca seus documentos nos bolsos das vestes. Estava vestido como nos tempos de Hogwarts, todo de preto com a sobrecasaca preta. Hermione vestia um terno de linho branco. De longe se alguém os visse diria com razão, que um complementava o outro, preto e branco, Yin e yang.

Eles aparatam direto na sala de Harry Potter, uma das vantagens de ser ex ministra. Ter livre acesso no ministério. A porta estava entreaberta, Harry estava na sala maior dos aurores, mas assim que ouviu o estalo, foi até sua sala para cumprimentá-los.

Severo lhe dá sua mão para um caloroso aperto, mas Harry ignora e encurta o espaço lhe dando um abraço apertado e demorado. A emoção na sua voz era perceptível. Hermione chegou a ver lágrimas nos olhos do amigo e ex cunhado.

- Professor! É tão bom saber que sobreviveu! O mundo mágico só tem a lhe agradecer por tudo que fez para garantir os tempos de paz que hoje vivenciamos.

- Não sou mais seu professor, Potter!

- Sim, eu sei, mas você será sempre o nosso eterno MESTRE de Poções, que nos ensinou muito além das poções!

Harry finalmente solta Severo para abraçar Hermione.

- Minha querida Mione! É sempre tão bom lhe ver aqui! Saiba que faz muita falta!

- Exagero seu, Harry! E quanto ao documento? Precisamos relatar uma justificativa digna para livrar Severo das penalidades.

- Sim, claro. Sentem-se.

- Não temos muito tempo, preciso ajudar Severo no laboratório.

- Certo, aqui está! – Harry retira da gaveta uma folha preenchida com apenas um parágrafo, com o carimbo oficial e com a assinatura do ministro da magia.

- Só isso? – Hermione pergunta após ler as duas linhas.

- Basta assinar e datar esta folha que isenta Severo Prince Snape de qualquer mal-entendido.

- Como assim? – Severo Snape o questiona.

- Simples... Você é um herói de guerra, e por isso ficou isento de toda e qualquer burocracia. Afinal, se trata de alguém que lutou para que nosso mundo hoje possa viver em paz.

- Simples assim? – Hermione questiona.

- Foi o que Juninho, o ministro, determinou após eu passar para ele todos os detalhes do seu sumiço. – Ele olha para Severo, e depois olha para Hermione. - Não é necessário relatório, julgamento, nada disso. Não lhe disse que ele era mais acessível que o pai?

- Ótimo! – Hermione exclamou.

- Só temos que definir uma data para apresentá-lo 'vivo' à comunidade mágica. Qual dia fica melhor para vocês? – Harry perguntou olhando de Hermione para Severo.

Hermione e Severo se olham, sabendo o quanto estava apertada a agenda deles.

- De preferência nesta semana, o mais breve possível. – Harry enfatiza.

- Por causa do documento assinado hoje?

- Sim. Não sendo hoje, porque acumula os chamados de fins de semana, e também sem ser fim de semana. – Harry observa a fisionomia deles, e percebe que seria mais difícil do que pensou. Então ele oferece uma última opção. - A menos que seja sábado pela manhã.

- Sábado de manhã, é possível. – Severo responde.

Ele já tinha se programado para preparar todo o estoque semanal de poções. Sem contar o pedido extra do senhor Granger para adicionar.

- Está ótimo! Quase uma semana para preparar o evento. Snape será entrevistado e os jornais levarão a notícia a público. Acho que Schaklebolt Júnior vai aprovar na hora!

Harry faz uma pausa antes de prosseguir, olha para o casal que agora estavam de mãos dadas. - Ah, e temos que comemorar o noivado de vocês também!

- Nossas vidas estão corridas, Harry. Estamos nos adaptando a morar juntos. Tenho as aulas de noite na faculdade. Severo recebeu o dobro de encomendas, e eu estou ajudando.

- Entendo. Neste sábado Rony e Lilá vão se casar. Podemos comemorar no domingo. O que vocês acham?

- Temos compromisso neste fim de semana. – Severo respondeu, pois já havia marcado com a madame Pomfrey.

- E se vocês forem almoçar lá em casa no sábado?

- Não queremos dar trabalho a vocês, com duas crianças pequenas. – Hermione comenta, já sabendo que Severo não era muito social.

- Podemos almoçar no Três Vassouras? Deixo as crianças com a sogra. - Harry sugere.

- Não. – Severo responde secamente, mas percebe a tempo sua indelicadeza, e diz: - Não neste fim de semana, temos que ir a Hogwarts. Podemos deixar para o próximo? – Preciso falar com a Rosmerta antes. – Pensou.

- Sim, claro. Quando ficar melhor para vocês. Eu e Gina fazemos questão de comemorar!

- Muito obrigado, Harry. Marcamos a comemoração mais adiante. Agora o mais importante é o evento com o ministro. Nós já vamos. – Hermione o abraça.

- A pressa é de vocês. Qualquer coisa que precisarem...

- Obrigado, Potter! - Severo aperta a mão dele.

Novamente Harry o abraça, e o casal aparata de volta à casa de Severo.

A semana passou muito rápido, talvez por estabelecerem uma rotina nova em suas vidas. Era a primeira vez que Hermione se sentia em casa, estando na casa dele. Até mesmo umas garrafas de vinho dos elfos vazias foram usadas para decoração. Ela colhia as lindas flores do jardim para dar um toque feminino na casa.

De manhã, depois de fazer amor e tomar um café da manhã reforçado, Hermione ajudava Severo a envasar e rotular as poções feitas por ele. Naquela sexta-feira ela foi para a cozinha preparar o almoço. Estava enjoada de comer fora todos os dias. Ela preparou seu prato preferido e várias saladas. Enquanto a lasanha estava no forno, ela ligou para sua mãe.

- Alô? Mamãe, eu e Severo não vamos aparecer neste fim de semana.

- Que pena, filha. Eu e seu pai pensamos em fazer um piquenique com vocês no domingo. Lá perto do lago, onde você gosta de ir.

- Deixa para uma próxima vez. Severo me convidou para ir com ele a Hogwarts.

- E sábado?

- Sábado temos um compromisso no ministério.

- Vocês estão bem?

- Sim, Severo é maravilhoso!

- Fico feliz por vocês. Manda um beijo para ele.

- Obrigado. Beijos para o papai. Te amamos.

- Nós também, filha.

Hermione desce as escadas e vai até o laboratório.

- Severo, eu já servi o almoço.

- Estou indo. – Ele limpa tudo que estava na bancada com auxílio da varinha, e apaga a luz antes de subir as escadas.

- Hum, o cheirinho está bom! Você também sabe cozinhar!

- Não tão bem quanto você, ou minha mãe. Na verdade, só acerto os pratos que eu gosto! Você precisa me ensinar as melhores combinações de temperos com os respectivos pratos.

- Podemos cozinhar juntos nos fins de semana, assim me observando aprende rápido. Minha mãe tem uma coleção antiga de livros sobre gastronomia, aprendi muita coisa nesses livros. Me lembre de pegá-la para você.

- Vou adorar!

Depois do almoço normalmente eles descansam um pouco deitados no sofá da sala ou na cama. Invariavelmente há troca de carícias. De tarde Severo consegue resistir bem as investidas da Hermione, alegando que não tem mais vinte anos. Mas a noite, e principalmente de manhã cedo, ele não resiste em apenas dar prazer. Fazer amor com ela estava sendo uma experiência gratificante. Ele próprio se sentia outro, mais tolerante, carinhoso, e pela primeira vez se sentia completamente feliz.

Na metade da tarde Hermione se arruma e vai para a faculdade. Severo vai para o laboratório terminar ou adiantar algum pedido. Depois que começou a namorar, estava sempre se empenhando para não atrasar as remessas. Naquela semana pela primeira vez ele não conseguiu tempo para ler nenhum livro.

Hermione não sabia que Severo iria lhe buscar naquela noite. Nas sextas-feiras, os universitários costumavam sair para os pubs ou danceterias, e sempre a convidavam.

- Agradeço, mas meu noivo está me esperando.

- Apareça lá com ele. – A turma lhe convida.

Quando o último aluno sai da sala, Roberto que estava parado na soleira da porta escutando, entrou na sala.

- Eu ouvi bem? Você está noiva, Hermione?

- Sim, foi no domingo passado. Por quê?

- Puxa, eu tinha esperança que você ainda quisesse sair comigo.

- Lamento, mas Severo é uma paixão antiga. Eu o amo muito.

Roberto deu um passo para frente, até pensou em chegar mais perto dela. Adorava sentir o aroma adocicado de baunilha do perfume que ela usa, mas ele escuta uma voz aveludada por trás.

- Hermione, vamos?

- Sim, querido. – Ela gostou da surpresa, pegou a bolsa e abraçou Severo. Roberto procurou disfarçar sua verdadeira intenção.

- Boa noite! Parabéns pelo noivado. Hermione é uma moça muito especial!

- Obrigado. Sim, ela é muito especial, e creio que o senhor nem possa imaginar o quanto! – Severo responde com um meio sorriso.

- Quer beber alguma coisa num pub? – Ele pergunta para ela.

- Adoraria.

- Quer nos acompanhar? – Severo pergunta com a intenção de dar uma lição nele, caso aceitasse.

- Agradeço, mas eu já vou indo. Bom final de semana para vocês.

- Obrigado, para você também. – Hermione responde e apaga a luz antes de fechar a porta.

Enquanto bebiam um vinho branco sentados próximos a janela, observando o movimento da avenida, eles conversam.

- Severo, que milagre é esse de você vir me buscar, e até me convidar para vir aqui beber?

- Deu vontade.

- Eu iria para casa direto. Você achou que eu fosse sair com meus alunos ou com Roberto?

- Não. Mas assim que cheguei seu coleguinha já estava lhe assediando, não estava?

- É o jeito dele. Agora ele sabe que estamos noivos. Você não ficou com ciúmes, não é?

- Não vou mentir para você. – Ele se aproxima do ouvido dela e sussurra: - Você me deixa louco, sabia?

Severo as vezes se sentia inseguro por ela ser tão jovem, mas não achava justo ela se privar de sair por causa dele. Por isso começou a criar novos hábitos de frequentar os lugares que certamente ela frequentaria se estivesse sozinha.

Assim que aparataram na casa dele, foram direto para o quarto. Severo a puxa para si e a beija com voracidade. Ela retribui e inicia a troca de carícias mais íntima. O casal faz amor e dormem abraçados.

Severo acorda cedo sempre. Naquele sábado eles tinham que estar no ministério às nove horas. Hermione estava cansada e queria dormir mais um pouco. Ele sabia como despertá-la com as carícias certas. Ela logo começou a se contorcer e querer mais. Seus gemidos eram abafados pelos beijos dele. Desta vez Severo não se prolongou muito, tinham compromisso e já conhecendo onde ela mais gostava de ser tocada, ele prossegue. Quando ela implorou para ser penetrada, eles completam o ato, atingindo juntos o clímax. Eles entram no chuveiro para tomar banho. Se arrumam e descem para tomar café na cozinha.

Harry chega cedo no ministério. Gina queria muito ir, mas não tinha com quem deixar Thiago e Lilly. Seu pai também estaria no evento, e sua mãe não passou muito bem aquela semana. Ela até pediu a Rony para cuidar das crianças, mas ele disse que estaria a trabalho, porque Harry o convocou. Aliás, estava furioso com Harry, porque ao entardecer iria se casar com Lilá, mesmo assim Harry não lhe dispensou.

Todos os bruxos do alto escalão estavam no auditório aguardando a chegada de Severo Snape. Os repórteres já estavam no local para garantir a matéria.

Severo antes de sair foi até o laboratório e tomou uma dose da poção calmante. Sabia que responder as perguntas de repórteres sempre lhe tirava do sério.

Hermione e Severo aparatam às nove horas em ponto na sala de Harry. Ele estava no auditório terminando de testar o som. Todos já estavam presentes, o ministro Schaklebolt Júnior, e o ex ministro antecessor de Hermione, Kingsley Schaklebolt, pai dele.

- Rony, vai até a minha sala ver se eles já chegaram. – Harry estranhou, porque sabia da pontualidade do professor com suas aulas, na sua época em Hogwarts.

- Vá você, Harry. Deixa que eu faço isso. – Rony queria evitar o encontro com eles.

- Está bem. – Harry entrega mais dois microfones testados para Rony colocar no lugar.

- Bom dia! Fico feliz em vê-los! Vocês estão lindos!

- Bom dia, Harry! Obrigado.

Harry abraça os dois.

Hermione prendeu seu cabelo num lindo coque, usava um vestido sensual preto de saia rodada, com sandálias pretas. Severo vestia seu traje preto novo com sobrecasaca da mesma cor, e botas novas de couro de dragão.

- Já está tudo pronto. O ministro irá lhe entrevistar, então não precisa se preocupar com a Rita Skeeter. A matéria a ser publicada será a versão oficial, e não a manipulada pelos jornais.

- É bom saber. – Severo responde e segue Harry e Hermione que caminham em direção ao auditório.

- Fique aqui. – Harry disse para Severo esperar atrás das cortinas. – Hermione, você entra comigo.

No palco havia quatro poltronas e quatro microfones, além de uma mesinha com garrafas de água e copos.

Quando Hermione pisou no palco junto com Harry, os holofotes foram acesos, e vários fotógrafos se aproximaram para registrar o momento. O ministro se levanta para cumprimentar a ex ministra. Ele faz um breve e belo discurso, elogiando a gestão dela.

- Esperamos que no término do meu mandato, a senhorita retorne à casa para me suceder. – Júnior deixa Hermione sem graça, pois ela não pretende mais retornar a à vida política.

- Muito obrigado pelas palavras gentis. Tenho certeza que o senhor Kingsley Schaklebolt poderá fazer uma excelente gestão também!

- Agora chegou o momento tão esperado. Nosso convidado que até pouco tempo imaginávamos que estivesse morto. Ele, o herói de guerra será condecorado hoje com a Ordem de Merlin Primeira Classe. Com vocês, o senhor Severo Snape!

Severo Snape entra no palco, mais luzes são direcionadas a ele. Todos ficam de pé aplaudindo, com a surpresa estampada nos rostos. O auditório todo vibra com a emoção de vê-lo vivo. Ele cumprimenta o ministro e os fotógrafos se esbarram para conseguir melhores ângulos para as fotografias.

- Receba essa medalha em nome de todos nós, pela sua coragem e determinação. Sabemos que sem a sua ajuda a realidade hoje seria outra.

O ministro coloca a medalha dourada presa numa fita verde, no pescoço dele. Novamente todos aplaudem.

- Severo Prince Snape foi professor de Poções durante muitos anos na escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. A diretora atual está aqui presente. Senhora Minerva McGonagall, suba no palco por favor, venha fazer parte deste momento tão emocionante.

Minerva chega no palco, abraça Severo com lágrimas nos olhos. Depois cumprimenta o ministro, Harry e por fim Hermione. Novas fotos são tiradas. Uma outra poltrona é conjurada e todos se sentam para iniciar a entrevista. Minerva fica sentada ao lado de Hermione.

Severo responde à pergunta crucial, do motivo de ter abandonado o mundo mágico.

- Eu ainda me sinto culpado por ter tirado a vida do meu melhor amigo. Parte de mim morreu naquele dia.

Todos ficam um minuto em silêncio.

- Sabemos que Alvo Dumbledore estava condenado. Mesmo assim entendemos o quanto a sua atitude foi corajosa, o que ressalta mais uma vez seu heroísmo. Por isso, o ministério lhe concede este prêmio. – Júnior entrega um cheque para ele.

- Agradeço, mas não precisa. – Severo responde mesmo vendo os vários dígitos.

- Todos os demais heróis condecorados também receberam esta quantia. É simbólico sabemos, pois, as vidas poupadas não tem preço. Aliás, estão todos aqui presente no palco: Senhorita Granger, senhora McGonagall, Senhor Potter, e o senhor! Nosso muito OBRIGADO!

Todos se levantam. Batem palmas e assobiam. Os repórteres estão eufóricos, querem subir no palco para entrevistá-los, mas são barrados pela segurança.

Eles conversam mais descontraidamente quando todos no auditório começam a tagarelar, e comentar sobre a recuperação do ex comensal da morte.

Hermione e Minerva conversam.

- Minha filha, estava morrendo de saudades! Tinha esperança de vê-la aqui hoje, por isso eu vim, e não mandei o professor Flitwick!

- Eu também estava com muitas saudades. A senhora consegue imaginar a minha surpresa quando eu vi o professor Snape vivo?

- Acredito que toda a comunidade bruxa ficou surpresa. Foi um verdadeiro milagre. Ele ficou meses entre a vida e a morte no hospital. Eu visitava todos os dias, mesmo quando estava em coma.

- Não, a senhora não faz ideia de como eu me senti quando eu o vi...

- Peço-lhe desculpas por não ter contado este segredo. Você era ministra, eu sei que tinha o direito e o dever de saber... mas Severo implorou para que eu não lhe contasse.

- Bem, de qualquer forma não podemos mudar o passado. Que bom que ele resolveu voltar a vida, no duplo sentido. – Hermione encerra a conversa. Neste momento Severo se aproxima de Hermione para falar com a Minerva.

- Vou a Hogwarts hoje à tarde, agendei com a madame Pomfrey. Tudo bem?

- Sim, ela me falou. Estará lhe esperando no horário combinado. Venha também Hermione. Precisamos conversar mais. Quero que almocem comigo.

A maga idosa sentiu o ressentimento nas palavras da ex aluna. Não queria mais ficar distante dela. Faria tudo para voltar a amizade entre elas.

Hermione e Severo trocam um olhar cumplice. Eles iriam juntos, mesmo se ela não fosse convidada.

- Aceitamos, não é senhorita Granger?

- Sim. Podemos nos despedir do ministro e de Harry? Estou louca para rever Hogwarts!

- Hogwarts sempre será a casa de vocês! – Minerva sorri feliz por ela aceitar o convite.

Harry e Júnior falavam com os repórteres sobre a matéria, e principalmente qual foto que estamparia a capa do jornal de domingo. Eles voltam a atenção para Severo, Hermione e Minerva que queriam se despedir para ir embora. Os cinco tiram a última foto juntos. E o evento foi encerrado. Todos aplaudem, e eles se despedem.

Quando descem do palco, Lucio Malfoy e Narcisa vem ao encontro de Severo.

- Meu velho amigo! Não posso acreditar que sobreviveu àquela cobra. Muito bom lhe ver novamente! – Lucio o abraça forte com lágrimas nos olhos.

- Bom lhe ver também! Só lembre-se, que és mais velho que eu! – Severo sorri, dá uns tapinhas nas costas dele. Quando Lucio o solta, ele recebe o abraço de Narcisa.

- Severo, que bom que sobreviveu, é um milagre! Venha nos visitar hoje à noite! – Narcisa fala comovida, também com lágrimas nos olhos.

- Agradeço, mas eu já tenho compromisso neste final de semana.

- Então no outro, mandarei minha coruja.

- Temos muito assunto para colocar em dia. Onde você está morando? – Lucio pergunta, tornando a abraçá-lo.

- Senhor Snape, por favor uma palavrinha para o Profeta Diário. – Os repórteres começaram a cercar.

- Eu mando minha coruja com o endereço. – Ele responde ao Lucio e ignora os repórteres.

O ministro se aproxima para intimidar os repórteres, e os acompanha até o ponto de aparatação mais próximo. Severo abraça Minerva e Hermione para aparatarem juntos. Assim que colocaram os pés no hall de entrada do castelo, Severo permanece abraçado a Hermione.

Minerva a princípio não reparou, e se reparou, ficou calada. Assim que chegaram em seu escritório, ela se coloca na frente deles com ar interrogativo, e a sobrancelha arqueada. Severo mostra o cheque para Minerva e diz:

- Agora eu já posso casar! - Ele fala rindo.

- Casar? – Ela se senta descrente. - Logo você, o homem mais solitário que eu já conheci!

O casal permanece abraçados, e ela então percebe no rosto deles que não era brincadeira.

- Sim, eu e Hermione estamos noivos!

- O QUÊ? NOIVOS? – Minerva começou a hiperventilar com os olhos arregalados. Sua sorte é que já estava sentada, pois as pernas tremeram.

- Gostaríamos que você nos abençoasse. É muito importante para nós! – Severo fala preocupado, pois vê que ela não estava se sentindo bem.

- Mas... mas... – Minerva olha para eles sem saber o que dizer. Em sua mente só passava as memórias do quanto eles brigavam em sala de aula.

- Diga alguma coisa. – Severo insiste.

- Chame o Dobby, ela precisa de um copo de água. – Hermione fala aflita.

Severo estala o dedo e Dobby aparece.

- O senhor chamou Dobby. Como Dobby pode ajudá-lo? – Ele reconhece a ex aluna. - É a Senhorita Granger? – Dobby arregala os olhos grandes em direção a ela. – Dobby fica feliz em revê-la, senhorita!

- Obrigado, Dobby. Por favor, traga uma jarra de água e copos. – Hermione pediu.

- E logo! – Severo acrescenta.

- Sim, senhor! Dobby já volta.

Hermione que estava sentada em cima da mesa se aproxima da sua antiga professora e a abraça. Dobby em um estalo chega com a bandeja e Severo o ajuda a servir os copos. Todos bebem água em silêncio.

- Meus filhos. – Ela começou. - Alvo Dumbledore certa vez me disse desta possibilidade, e eu ri na cara dele. Primeiro porque achava impossível, e depois porque Severo era muito...

- Muito? – Severo cruza os braços, querendo saber.

- Sarcástico, cruel... sem contar a gritante diferença de idade entre vocês! – Ela disse tudo que estava engasgado.

- A senhora aprova? – Hermione apertava os dedos contra a mesa, e mordia o lábio inferior enquanto aguardava pela resposta.

- Hermione, querida... Como minha filha eu diria, a princípio, que este relacionamento dificilmente dará certo. Aconselharia a se casar com alguém da sua idade.

Houve um silêncio constrangedor.

- Eu acompanhei nos jornais seu casamento, sua separação. Já vimos que você tentou ser feliz com alguém da sua idade, e não deu certo. Então, é possível que sim, que desta vez dê certo! Claro que eu aprovo!

- Severo e Hermione a abraçam.

- Mas com algumas ressalvas. – Ela deixa bem claro.

Severo e Hermione endireitam a postura para dar toda a atenção ao que ela vai dizer.

- Quero ser a madrinha, quero netos, e quero que vocês dois venham trabalhar aqui!

- Só isso? – Severo pergunta com sarcasmo, arrancando gargalhadas da Hermione.

- Se Severo não mudar de ideia e querer mesmo se casar, sem dúvida que será a nossa madrinha! Quanto a netos e trabalhar em Hogwarts prometemos que vamos pensar com carinho, não é meu bem?

- Vamos dar um passeio até o lago, enquanto aguardamos o almoço? Preciso de ar. Vocês quase me matam do coração!

Severo e Hermione beijam o rosto da diretora. Os três saem abraçados, e seguem para o jardim. Encontraram alguns professores pelos corredores. Todos abraçam Severo, felizes por ele estar vivo. Ele nunca teve tanta manifestação de carinho como nesse dia. No início estava bem constrangido, mas aos poucos foi se acostumando. Hermione sempre de mãos dadas a ele, era sua âncora. Lhe passava a segurança que ele tanto precisava.

Durante o almoço, Minerva fez um discurso para alunos e professores no salão principal. Todos bateram palmas e estavam comovidos com a presença do ex professor de poções. Hagrid tinha lágrimas nos olhos.

Os alunos estavam animados porque conheciam a história, e agora estavam vendo pessoalmente o herói de guerra, considerado morto. Minerva aproveita e apresenta sua ex aluna, e ex ministra, aos alunos.

De tarde, Severo foi ao laboratório na masmorra com a madame Pomfrey para ensiná-la a preparar o antídoto para tentáculos venenosos. Enquanto Hermione e Minerva voltaram ao escritório para colocar a conversa de quatro anos em dia. Hermione contou tudo para ela, desde quando se apaixonou pelo professor até o momento que ela esbarra no seu vizinho.

Minerva não era a única a ouvir. Hermione jurava que o retrato de Alvo Dumbledore prestava total atenção, e sorria para ela.

De noite na masmorra, Hermione estava encantada com os aposentos do mestre.

- Eu sempre quis vir xeretear, mas seus feitiços de proteção contra alunos eram tão bons, que mesmo com a capa de invisibilidade de Harry eu não consegui entrar.

- Ainda bem. – Ele riu.

- Muito diferente do que eu imaginei. Imaginava tudo de madeira, tal qual os quartos dos alunos. Apesar dos móveis serem todos pretos, o contraste com o verde do papel de parede dá uma certa harmonia. Sua cama de ferro é linda! Seu quarto todo é lindo!

- Está tudo como eu deixei. – Ele fala satisfeito de ver suas coisas. - Até minhas vestes de ensino estão no guarda-roupa.

- Minerva deixou tudo arrumado esperando que você voltasse...

- Olha, tenho meus pijamas, cuecas...

- Esta noite não vai precisar de nada disso! – Ela sorri maliciosa.

Severo também sorri, e a segura pela cintura. Eles trocam um longo beijo. Depois Severo fica sério, olha fixamente para os olhos castanhos.

- Minerva está insistindo para deixarmos Londres, e vir trabalhar aqui. O que você acha?

- Não sei.

- E quando nossa filha tiver onze anos, e vier para cá?

- O quê? – Hermione se desvencilha dos braços na sua cintura, e se afasta um pouco.

- É... eu vou querer ter uma filha. Você não?

- Bem... O que eu vou lhe dizer? Me separei do Rony exatamente por isso. Ele queria que eu fosse uma coelha e lhe desse um filho por ano, tal como a mãe dele que teve sete filhos! Por Merlin, Severo, não vamos falar disso, está bem?

- Está bem, não fique nervosa. Eu só vou querer UMA filha, e não sete! Mas quando você se sentir preparada. Espero que não demore muito. Eu estou envelhecendo se não percebeu. Queria ao menos ver a minha pequena Eileen crescer.

- Eileen? Já tem até nome? Vocês bruxos... Quem diria que logo você? Estou para lhe ver com uma recém-nascida no colo!

- Quando eu delirava no hospital, várias vezes vi minha mãe sorrindo com a neta. – Severo lhe fala com a voz melancólica.

Hermione consegue ver a cena pelos olhos negros que brilhavam enquanto falava. Se ele queria emocioná-la, conseguiu. Mas em seguida ele quebra o encanto quando diz;

- Se você não quiser, vou saber respeitar, e mais adiante eu procuro a senhorita Brown...

- Ah, para! Seu chato! Inconveniente! – Ela riu. Severo a abraça e eles se beijam antes de se despirem para deitar na cama antiga de ferro forjado.

Continua...