Ils disent que j'ai fait quelque chose de mal, alors pourquoi était-ce si bien ?
Eu me perdi.
A partir do exato momento em que pronunciei aquelas palavras, eu me entreguei totalmente. Me entreguei a algo que eu escondia a tempos de todos, que não fazem a mínima idéia da existência.
Com certeza imaginam que sou mais uma garota normal, com uma vida normal, mas eles não sabem nem um pingo da verdade. Os que sabem sobre meu segredo não tem lá esse conhecimento, porquê, sem saberem, eu também minto para eles.
Eu sempre faço o possível para agradar a tudo e a todos, mas e quanto a mim? E quanto a minha saúde mental? Ninguém se importa né? Sim, eu percebi.
Eu não me deixei ser akumatizada apenas pela proposta de vingança de Lila, mas sim por causa das possibilidades que isso me traz. Posso finalmente soltar meu terceiro "eu" e não irão me julgar. Afinal, pra eles eu estava inconsciente. Idiotas.
Assim que percebi isso, óbvio que aceitei ser má. Parece bom. Sempre dizem que é algo ruim, mas quando você é o vilão é satisfatório.
Foi essa a sensação que eu tive quando vi os rostos desesperados dos meus "amigos" quando os prendi no meu tribunal. O cheiro de medo exalava de seus corpos e eu estava amando.
Pelo menos, era o que eu naquele momento achava. Quando senti tanto pavor e poder me preenchendo, parece que algo de despertou em mim e me fez abrir os olhos. Olhei ao redor e não vi nada além do escuro.
O lugar que eu estava era vazio e por um fio eu não podia enxergar. Tentei me movimentar, mas logo vi que não poderia. Estava presa ali.
Minhas pernas e meus braços estavam sendo segurados por correntes brancas enormes, elas brilhavam tanto que o espaço todo se iluminou. Fechei os olhos para me acostumar com a claridade e pude ver que as paredes na verdade eram como telas que mostravam tudo que 'eu' fazia.
Era horrível de se ver. As pessoas correndo. Os gritos. Os meus justiceiros. As lágrimas escorrendo pelos olhos daqueles que eu prendi. Era algo realmente assustador.
Passei a perceber que agora eu não tinha mais controle sobre o que antes era meu corpo. Agora era apenas minha maldade que me controlava. Ela sorria tão assustadoramente que qualquer pensaria que era uma psicopata. O que não estava assim tão longe do que ela era realmente.
Rodopiou ao redor dos presos e logo lançou correntes neles. Gritos de dor ecoaram pelo local, mas pelo visto ela nem ligou.
Apenas assobiou alto o suficiente para fazer todos os justiceiros pararem de atacar. Eles, então, se dividiram em duas filas. A maior começou a caminhar pela cidade atingindo o máximo de pessoas possíveis, enquanto a menor começou a subir por umas escadas que eu nem tinha percebido que tinha.
Só consegui reparar no cenário quando os olhos dela percorreram o local. Era basicamente um tribunal mesmo. Tinha várias cadeiras, onde as pessoas que subiam se sentavam e passavam a prestar atenção aos meus passos. Provavelmente deveriam ser o júri dela.
A atenção dela então se voltou aos 'réus' e se aproximou deles. Senti em minhas mãos um peso e logo vi que era um cetro. Ela o ergueu na direção deles e rodava, até parar na direção de Chloé.
-Quem você pensa que é pra apontar isso pra mim? Você sabe que se eu chamar meu pai, ele manda um exército te atacar? -seu protesto realmente era inútil, o único efeito que causou foi uma risada estrondosa.
-Minha cara Bourgeois, para sua informação, eu sou a Princesa da Justiça e com um estalar de dedos eu posso destruir qualquer um que venha tentar fazer algo contra mim, ouviu bem? - vociferou ,se agachou ao lado dela e agarrou seu rosto, apertando suas unhas afiadas nele.
-S-sim. -sua voz saiu em um sussurro tão baixo que foi até engraçado.
Nunca imaginei que poderia ver Chloé Bourgeois se humilhar desse jeito ao ponto de aos prantos responder alguém que a confronta. E eu estou amando isso.
Minha atenção se volta para as ações de Princesa e vejo que ela arrasta a loira até o meio do tribunal e a jogou no chão. Ergueu seu cetro de novo na direção dela e apertou na cabeça dela. Um brilho percorreu meu braço e o cetro virou uma espada.
Senti um arrepio quando vi que ela era tão cruel que foi capaz de fazer um furo no meio da testa de Chloé, da onde escorreu um pequeno fio de sangue. Sua visão virou para a bolsa ao seu lado e tirou de lá um papel, afastando-se de Chloé, finalmente.
-Vejamos bem o que temos aqui... -eu não conseguia ler bem o que estava escrito, parecia escrito em mandarim ou alguma outra língua, não sei. Só sei que passei a prestar atenção no que ela falava pra saber o que era.
-Chloé Bourgeois,15 anos. Essa jovem é mimada, pretensiosa, e superficial, e tem orgulho de sua aparência e especialmente de seus cabelos. Ela faz de tudo para esmagar e humilhar os outros estudantes, especialmente Marinette. O pai dela, por ter sido prefeito de Paris ,mimou Chloé a vida toda, e ela acredita que é a pessoa mais importante do mundo e que todo mundo a adora. Ela sempre pensa muito em si mesma e não é humilde com os outros, pensando que ela merece tudo e ela também tem orgulho de sua popularidade, estilo de vida rica, mas Chloé nunca se viu como uma pessoa má. Se há algo que ela quer, como atenção ou vingança de Adrien contra Marinette, ela vai fazer qualquer coisa, incluindo ações dissimuladas, para ter sucesso. -devo admitir que ela não mentiu em nada sobre Chloé. Mas a cara de dor que ela fazia me mostrou que tudo isso não era assim tão bom de passar.
-Ela tem sido direta ou indiretamente responsável por tornar muitos dos cidadãos vulneráveis o suficiente para Hawk Moth akumatizá-los. E, atualmente, é uma aliada de Lila Rossi, principal réu.-quando terminou de ler , o papel se enrolou e virou pó.
-Então ...culpada ou inocente,meu caro júri?
-Culpada.-responderam todos em uma só voz.
Princesa então virou seu rosto pra Chloé e a atingiu com a espada. Naquele momento eu não aguentei olhar, fechei meus olhos e, quando os abri, vi que o corpo de Chloé já havia virado pó também. Era bizarro e horripilante.
Pude perceber que os rostos de todos ali tornaram-se em caretas de medo e susto. Por mais que para mim aquilo pudesse ser um alívio, afinal estava finalmente livre de Chloé, algo no fundo da minha alma me dava um "puxão de orelha" e me dizia que, na verdade, era um pecado que eu cometia.
Mas, por mim, tanto faz. Minhas opiniões ou de minha consciência não trarão muitas influências agora. Meu corpo não me obedecia então não adiantaria eu querer ou não algo.
Após aquela cena de horror, algumas outras se repetiram com outros. A pior de todas, e que eu considerei mais desnecessária, foi a de Kagami. Ela era minha amiga e eu tenho plena certeza que ela não acreditou neles, pelo menos eu esperava.
Mesmo Kioko sendo considerada inocente pelo júri e não ter sido acusada de nada, foi condenada simplesmente porquê "eu" não aceitei ser confrontada. Foi algo injusto? Sim, e muito! Eu só queria poder impedir qualquer atrocidade que Princesa da Justiça faria a seguir.
Quando vi Rena desaparecer dali, fiquei preocupada. E se ela tivesse se machucado na queda? E se ela tivesse sido atingida e agora estava controlada?
Pelo visto, nem com isso Princesa se importava. Ela era tão fria e só se importava com seu objetivo que chegava a dar um aperto no coração. E imagino que ela deve sentir também, mesmo que não demonstre.
Ela, então, se virou de frente ao júri de novo e voltou a falar. Sério, às vezes eu me surpreendo que até minha parte "má" consegue ser tão objetiva e direta. Que bizarro.
Agora, seu alvo era Chat Noir. Ela rodava ao redor dele sem parar, de um jeito que eu sentia que a qualquer momento ficaria tonta só de assistir. Ela só parou quando uma voz falou em 'nossa' mente.
-Pegue o Miraculous dele antes que mais alguns herói apareça! Rápido! -reconheci na hora que aquela voz era de Shadow Moth.
-Com sua licença, posso dizer-lhe para não se desaquietar. Tudo está sobre controle e, muito em breve, os Miraculous estarão em seus domínios.
-Assim espero, ou retirarei seus poderes.
Quando a conexão foi temporariamente cortada, percebi que ela revirou os olhos, e, por coincidência, eu fiz o mesmo.
Será mesmo que esse homem não tem mais o que fazer pra ficar o dia todo atrás dessas jóias? Meu Deus, parece que não cansa de ser derrotado. Eu espero que ele seja hoje também, espero e muito.
-Antes de pegar seu anel chaton, eu prefiro que você sinta um pouco de justiça tá bom?
Encostou do lado de Chat e levantou a espada, transformando ela de novo em cetro. Bateu com tanta força na cabeça dele, que ele caiu de cara no chão. Começou a chutá-lo então, até perceber que ele havia ficado inconsciente.
Se isso era o que ela chamava de justiça, eu prefiro morrer a ver mais alguém passar por isso. Era doentio. Não era mais fácil só pegar o miraculous e pronto? Nem eu entendia mais nada do que acontecia ali.
Fiquei contentíssima quando vi um vulto vermelho pousando no lugar. Mas acabou que Princesa também o viu, e acertou a espada no braço da heroína, que, por um fio, causou só um raspão.
As duas começaram uma batalha incessante ali e parecia que Princesa nunca se cansava. Eu podia ver que Alya estava desesperada por uma solução após usar o Talismã e , mesmo assim, a vilã continuava a lutar como se não sentisse nada.
A luta estava sendo dura para Scarabella, só que a partir do momento que Princesa começou a sufocá-la, tudo parecia perdido.
Ela sabia o quanto Alya era importante pra mim, o quanto Chat era precioso pra mim, o quanto todos os meus amigos (mesmo depois do que fizeram) eram valiosos pra mim. Ela só queria vingança e trazer mal, não só se vingar de Lila, mas queria arruinar minha vida totalmente.
Eu tenho total certeza de que ,quando tudo isso acabar, o pessoal nunca mais me olhará do mesmo jeito. Onde eles imaginariam que a desastrada e fofa Marinette Dupain-Cheng poderia ser tão cruel, devastadora. Nem eu sabia como, mas sabia que nada seria igual depois disso.
Eu já tinha desistido de me salvar, não adiantava. Não tinha saída. Eu não via uma solução. Bom só até eu ver aquele caderno cair no chão.
Não consegui ver de onde ele veio, mas tenho certeza de que ele significava muito pra mim. Uma dor de cabeça me atingiu e a Princesa também, porquê a mesma fechou os olhos.
Foi quando uma lembrança invadiu-me. Aquele caderno era exatamente igual ao caderno de desenho que Chat Noir havia me dado após Chloé jogar meu antigo na fonte do parque.
Quando o reconheci, lembrei de todos os momentos bons que eu havia passado. Passeios, aniversários, festas e até algumas lutas com akumas que vivi passavam diante dos meus olhos.
Senti como se uma grande adrenalina percorresse minhas veias e uma força inexplicável me preencher. Com todas as minhas forças puxei aquelas correntes até que se partiram e eu caí de vez no chão. Elas perderam a cor e a minha dor de cabeça ficou mais forte. Levei minhas mãos à minha cabeça e fiquei de joelhos, foi quando ouvi uma voz.
-Ei, Marinette.. Pode me ouvir? -reconheci que era Alya
-S-sim... -sussurrei em resposta.
-Me mostra, onde 'tá o akuma?
Não consegui falar nada mas balancei minha cabeça na direção da bolsa, indicando que estava lá. Ela tirou-a de mim e rasgou, capturando o akuma depois. Scarabella usou os poderes e concertou tudo, mas eu não me mexi.
Milhares de pensamentos invadiam minha mente naquele momento e não ligava mais pra nada ao meu redor. Nem para o abraço que ela me deu. Nem para todos os muitos pedidos de desculpas que recebi. Para todos só acenava como resposta e, assim que pude, fui o mais rápido que pude para casa.
Meus pais também me abraçaram e me disseram várias coisas que não entendi muito. Minha cabeça podia estar em qualquer outra galáxia, menos naquela.
Subi para o meu quarto e me tranquei lá. Sentei no divã e comecei a refletir. Algo em mim havia mudado. Só não sabia muito bem ainda o que era. Mas descobriria logo.
Passei algum tempo ali e depois comecei a desenhar um pouco. Não eram figurinos nem nada. Eram coisas que nem eu sabia de que lugar de minha mente haviam saído e porquê os desenhei. Só sei que os fiz e escondi aquele caderno na gaveta da minha escrivaninha.
Eu espero que mais nada de ruim aconteça, pelo menos por enquanto. Pois eu tenho certeza que Shadow Moth não vai desistir tão cedo dos Miraculous.
Isso eu sei bem. Até logo querido diário. -fechou o pequeno caderno e o guardou na caixinha e trancou-a.
Levantou-se do chão e andou até a portinhola, destrancando-a e saindo do quarto. Foi até a padaria e ofereceu-se para ajudar os pais no serviço.
-Obrigada querida, vou ajudar seu pai a assar mais alguns croissants e já venho te acompanhar aqui. Atenda os clientes pra mim tá? -pediu-lhe Sabine e saiu dali, deixando a filha no caixa.
Marinette aguardava por algum cliente e colocou seu melhor sorriso ao ouvir o sininho da porta de entrada, indicando que alguém chegou. Esfregou as têmporas e suspirou ao ver a garota se aproximar de si.
-Oi Marinette, que surpresa te ver!
-Oi Lila e, bom, não é uma surpresa eu estar aqui. Eu moro aqui. -escorou no balcão e apoiou a cabeça na mão.
-É mesmo, às vezes eu me esqueço que você é tão insignificante. -soltou uma risadinha brincou com uma mecha de cabelo, fazendo a mestiça revirar os olhos.
-Pois é 'né? Mas o que deseja? -retomou a postura e olhou diretamente para a italiana.
-Nada demais, apenas um croissant, por favor.
A azulada murmurou um "ok" e foi até onde sua mãe estava.
-Mãe! Tem algum croissant já assado? -gritou.
-Sim, filha. Saiu uma forma quentinha agora, pega aqui e leva lá pra balcão. -inclinou o corpo para trás e respondeu.
-Tá bom. -pegou a forma em mãos e voltou ao lugar.
Pegou uma caixinha e colocou um croissant dentro.
-Aqui está. -estendeu a caixa na direção da morena que pegou-a.
-Muito obrigada Marinette.-tirou um dinheiro de sua bolsa e entregou para a mestiça. -Ah, e lembrando, isso foi só o começo. -puxou Marinette para perto e sussurrou em seu ouvido.
-Mas pode ser o final, Lila. -respondeu, chamando a atenção da outra. -Pode ser um final para um novo começo entre nós, o que me diz?
-Isso é alguma provocação? -franziu as sobrancelhas desconfiada.
-Provocação nenhuma, eu quero mudar. Mudar tudo.
Um sorriso brotou nos lábios de Lila e ela estendeu a mão para a azulada.
-Amigas agora?
-Amigas -apertou a mão da italiana que saiu em seguida.
"Agora entendo o que mudou. Eu não mais eu mesma. E quero mudar ainda mais. "
E aí? O que acharam do final?
Eu gostei bastante do plot twist que fiz e adorei a maneira que eu fiz a Mari querer ser má.
Eu estava pensando em continuar a trama e mostrar como tudo isso levou a umas merdas no futuro, mas não tenho certeza ainda.
Vou dedicar-me agora a minha nova fanfic que em breve vai sair. E já deixo um spoiler, o título:
"Entre Les Royaumes"
Se quiserem traduzir, fiquem a vontade. Dará mais entendimento pra quem não fala francês.
Vai ser bem legal como eu estou vendo, mas por enquanto foi só isso.
Fui!
(2705 palavras)
