Olá! Muito tempo sem postar aqui!

Os personagens não me pertencem (para a sorte de vocês)

Boa leitura!


Meu nome é Lucy

Asukahiime

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Só há uma maneira de lutar contra o poder: é sobreviver-lhe.

Voltaire

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Suas últimas energias já haviam acabado há muito tempo atrás, mas mesmo assim forçava o seu corpo a seguir em frente, seu coração batia pesado no peito tentando a todo custo normalizar sua pulsação, cada vez que seus pulmões buscavam por ar sentia-se como se agulhas o perfurassem, e a mal iluminação do lugar fazia com que não conseguisse saber quanto tempo faltava para sair dali. Porém não podia parar, independente da dor que estava sentido, continuaria.

Aquele não seria o seu fim! Não perderia sua vida, não depois de tudo o que passara para apenas sobreviver, não depois das pessoas se sacrificaram para que pudesse fugir.

"Só mais um pouco... Por favor... Aguente mais um pouco..."

Quando sua visão começou a ficar turva e suas pernas começaram a tremer perdendo velocidade, conseguiu ver a fresta de luz que ultrapassava a grande porta de mármore, quase se permitiu sentir alivio, mas antes que pudesse fazer algo sua visão escureceu por completo e seu corpo sem resposta caiu no chão frio coberto de poeira fazendo um eco com o baque, sua mente estava um turbilhão enquanto se forçava a abrir os olhos novamente e teria sentido o sangue percorrer seu rosto pelo corte que a queda causara em sua testa se não estivesse concentrado em sair dali, o desespero misturado com a adrenalina lhe deu o resto de força para continuar rastejando até a porta.

Quando finalmente conseguiu tatear com suas mãos cobertas de sangue a superfície fria, um clarão preencheu o lugar e a última coisa que conseguiu ver foi a bota de couro preto em direção da sua cabeça...

O balançar da carruagem fez com que Lucy despertasse, sua cabeça que se chocou contra a janela agora latejava, respirou fundo tentando se acalmar. Odiava pesadelos, principalmente aquele que insistia em sempre retornar, passou as mãos sobre o rosto e percebeu que estava suando, recolheu a luva que estava sobre o banco vazio ao seu lado e usou para secar o suor, não achava que seria um problema usa-la para isso afinal com aquele exagerado vestido de noiva certamente o noivo não se preocuparia com um par de luva idiotas.

Procurando saber onde estava, entreabriu um pouco a cortina que fechava a janela da carruagem e sentiu seus músculos paralisarem ao avistar ao longe o grande castelo. Engoliu em seco enquanto sentia o nervosismo aumentar, em sua volta surgia grandes campos de terra seca, e o cheiro de queimada no ar não foi nenhuma surpresa pois não esperava uma situação diferente depois dos três incessantes anos de guerra, causada pela rebelião.

Encarando mais uma vez o castelo sentiu seu corpo relaxar e o nervosismo ir embora aos poucos, talvez aquele caminho restante até seu destino fosse seus últimos minutos de vida, não podia fazer nada sobre aquilo e por isso preferia pelo menos aproveitar a viagem até o final. Fechou seus olhos, quem sabe se pegasse no sono novamente continuaria sonhando que estava fugindo da morte, o que infelizmente, não podia fazer acordada.

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Duas semanas atrás

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- DE JEITO NENHUM! EU ME RECUSO! – o grito estridente ecoou por toda a sala adornada das tapeçarias mais caras do reino, e a dona da voz se encontrava ajoelhada no chão em prantos, enquanto sua mãe a segurava pelos ombros tentando consolá-la.

Ivan Dreeyar fitava a filha Jenny ajoelhada diante de seus pés, os seus longos cabelos cacheados caiam sobre sua costa como uma cascata dourada, e dos olhos azuis escorriam lágrimas que deslizavam pelas maçãs rosadas e bem desenhadas do rosto. Era difícil para ele ter que dizer aquilo para ela, já que sua filha, também conhecida como a dama mais bela de todo o reino, poderia ter conseguido um destino muito melhor, se tivesse escolha.

- Não existe outra opção, Jenny! – continuou firme, e os olhos azuis que antes se dirigiam ao chão agora encaram o pai, refletindo uma mistura de raiva e desespero. Soltando-se da mãe, segurou as mãos do homem em suplica.

- Você terá que me arrastar até aquele lugar! Eu não irei, NUNCA! Você não pode me vender assim!

- Eu não tenho escolha, filha – respirando fundo sentiu que aquela frase apenas fez a raiva da filha crescer.

- Eu não posso acreditar nisso, papai! – soltando a mão do grande homem voltou-se ao lado da mãe suplicando ajuda com os olhos – Como pode querer me casar com um nobre ridículo! Pior de tudo! Antes ele nem era um nobre! Era um mero plebeu! Permitirá mesmo sujar o sangue de toda nossa família?

- São ordens do rei, Jenny - fechando o semblante, Ivan virou de costas encarando a lareira enquanto continuava escutando-a chorar – É inadmissível qualquer um recusar ordens diretas do rei, ainda mais quando fazemos parte de uma das famílias nobre que não apoiaram sua rebelião. Então não importa se ele não é de um berço nobre, isso apenas tem que ser feito.

- Claro que importa papai, mesmo sendo um duque agora, seu sangue sempre será de um plebeu!

Ao ouvir tais palavras, em um impulso Ivan se encontrou virando e bofeteando a filha no rosto. Se arrependeu quase instantaneamente ao ver os olhos azuis surpresos, nunca antes tocara em Jenny de forma violenta, mas se alguém por um acaso contasse o que ela acabara de dizer ao rei, sua amada filha pagaria com sua própria vida.

- Ivan! O que você fez a nossa filha! – sua esposa também loira como a filha, agora o olhava incrédula enquanto acariciava o rosto da menina que tinha a marca de seus dedos. Ele fitou o chão e respirou fundo, tinha que se acalmar.

- Perdoe-me Jenny, eu... Eu não...

- Você sabe os rumores sobre ele, não é papai? – ainda soluçando e com as mãos fortemente serradas, ela o interrompeu – Como pode saber os rumores e mesmo assim permitir meu matrimonio? Eu conseguiria até me casar com um rei tivesse chance...

Em toda sua vida criara Jenny para ser a mulher mais encantadora, inteligente e delicada do reino. Sua intenção, claro, era conseguir um casamento vantajoso para que pudesse continuar exercendo o seu papel de Visconde para o rei e aumentar seu poder entre as famílias que o serviam em lealdade. Infelizmente a rebelião coroara um novo rei, fazendo que toda a situação saísse de seu controle e mudasse o destino que planejava para a filha. Não tinha outra escolha agora, só lamentava ter percebido o quanto a mimara tarde demais.

Se ao menos ele tivesse tido um filho ao invés de uma filha, ou melhor, se ele tivesse apoiado o jovem rei desde a rebelião nada disso estaria acontecendo, não teria que provar sua lealdade e sua filha continuaria seguindo os seus planos, porém sua covardia e medo de mudanças fez com que escolhesse ficar ao lado do antigo governante até o final.

Só em pensar nele seu corpo estremecia e um gosto amargo na boca se formava, o antigo rei era um tirano sem piedade, preocupado apenas com os prazeres da carne afundara o país em desgraça nos seus primeiros anos de reinado, tornando Fiore que antes era conhecido como um lugar próspero e rico, em uma carnificina aonde o povo brigava entre si para poder comer enquanto ainda era cobrado altos impostos.

Nem mesmo os nobres ou seus criados estavam a salvos desse caos, constantemente surgiam novos casos em que o tirano atacara uma de suas serventes ou exigira que filhas e esposas de nobres servissem em sua cama, e qualquer exclamação contrária ao rei causava a perda total de seu título, fortuna, família e até mesmo de sua vida. Nobres eram obrigados a seguir calados enquanto o país caia cada vez mais na miséria.

Mas o povo recusou calar-se e foi aí que a rebelião nasceu. Através do Marquês que se juntou com todos os nobres que não aguentavam mais a tirania do rei juntamente com o povo que se encontrava na miséria, Zeref, o novo rei de Fiore, guerreou pelo trono por três anos, até finalmente conquistar coroa ao executar no próprio palácio o rei, a rainha e o único príncipe.

Depois de sua cerimônia de coroação, surpreendentemente entregou o título de Duque ao seu cavaleiro, que era um plebeu chamado Natsu Dragneel.

Natsu, também conhecido como o herói sem coração, lutou ardentemente ao lado de Zeref durante toda a guerra, protegendo o futuro rei com sua própria vida, executando qualquer um que se identificava como inimigo independente de quem fosse, homem, mulher ou crianças. Sua crueldade sem tamanho e seu poder esmagador fez com que tanto seus inimigos como seus aliados tremessem de medo, e por isso ninguém ousou contestar a decisão do rei de colocar um plebeu como duque.

- Jenny, você irá se casar com o Duque. Comece as preparações.

- Você não pode simplesmente dar para ele a nossa fortuna? – Jenny olhou o pai indignada – E porque eu entre todas as minhas irmãs tenho que ser a escolhida? Você sabe que eu sou a única que pode lhe trazer algum benefício.

- Jenny! Todas suas irmãs são menores! – respondeu sua mãe se afastando da filha surpresa com aquela demonstração de egoísmo.

- O rei mostrou piedade a nossa família – Ivan encarava a filha com olhos impiedosos - Você sabe que por não os termos o apoiado o certo seria nos executar, desobedecer a essa ordem dele faria com que todos nos fossemos queimado vivos! Como seu pai, sabe que não desejo enviá-la, mas não tenho escolha.

- Como você pode estar tão determinado em me enviar para esse plebeu de baixa categoria! – a loira tinha os dentes cerrados e as palavras saiam com fúria dos lábios – Se você se importante tanto comigo que também sou parte da família, não me mandaria para aquele lugar nojento!

- Jenny, só fique calada!

Após dizer aquelas palavras o fogo deu um estralo e virando para a lareira percebeu que uma das criadas trocava a lenha silenciosamente. Arregalou os olhos, como não notara uma simples criada entrar a sala?

- Eu vou me matar antes de casar com ele! - Jenny agora fazia uma cena se jogando de joelhos no chão e chorando – Não! Me matarei no caminho assim nem terei que vê-lo antes do casamento!

Alternando o olhar entre sua filha escandalosamente mimada e a calada criada na lareira, deixou um sorriso malicioso escapar dos lábios assim que passou pela sua mente uma maneira de escapar daquela situação. Andando até a criada, segurou seu rosto sem se importar em ser delicado, forçando-a olhar em seus olhos, ela tinha o corpo parecido com de sua filha, seus olhos eram castanhos amendoados, seu cabelo seguia com fios loiros até o queixo e no restante apresentava algum tipo de coloração mal feita até a altura da cintura.

-Papai?!– chamou Jenny ao perceber que o pai não estava prestado atenção em suas lamentações.

- Faça o que deseja, filha– respondendo a filha, Ivan puxou a criada pelo braço e a garota sem reação seguia o patrão com os olhos assustados.

- O que? - perguntou confusa Jenny.

- Não precisa se casar com o duque...

Percebendo que sua esposa e sua filha se encaravam sem entender sobre a repentina mudança em seus discursos, Ivan jogou a criada no chão que caiu de frente para a filha.

- Levaremos essa em seu lugar!

- Mas isso é loucura Ivan! E se o rei nos descobre?! – sua esposa fitava a criada que se levantava ainda assustada pela situação encarou o marido.

- Você tem duas semanas para ensiná-la tudo o que ela precisa para se passar por você, Jenny. Depois disso a vestirá e mandaremos para o duque em seu lugar! – Ivan se aproximou da filha que olhava a serva com desprezo – Enquanto isso será espalhado pelo reino que você se encontra muito doente, se formos descobertos, diremos que ela é minha filha bastarda e a enviamos para contar sobre sua doença, mas que a oportunista se aproveitou para tirar vantagem do duque. Depois disso o rei mudara de ideia sobre o casamento, e se o duque não descobrir e casar com ela acreditando que é você, nós iremos até o palácio e contaremos a verdade para o rei...

Um sorriso começou a se formar no rosto de Jenny quando começou a compreender as intenções do pai.

- E isso faria com que nossa família tivesse bons olhos sobre a situação, por sermos verdadeiros com ele - O sorriso da menina nobre agora era carregado de crueldade e desprezo enquanto encarava a garota que tinha o mais puro pânico estampado em seu rosto - E se ela fugir ou tentar revelar a verdade, papai?

- A matamos é claro, querida.

Levantando-se diante do seu pai e puxando a criada pelo cabelo até que a mesma ficasse próxima Jenny a encarou nos olhos.

- Qual é seu nome?

- Lucy...

- Bem, querida irmã bastarda, hoje é seu dia de sorte, porque você se transformara na mais bela dama.

Sem poder e nem conseguir dizer nada, Lucy sentiu-se atônita, sem saber se era porque teria que casar-se com o duque fingindo ser uma nobre ou pelo fato que ficaria aos cuidados de Jenny, que ainda mantinha a expressão perversa enquanto a puxava e fazendo-a sumir entre corredores.

Fim


Espero que tenham gostado do primeiro capitulo!

Bjus