Nota da autora: Este one-shot é meu presente de aniversário para vocês :)

Soube do Mid-Autumn Festival (中秋节 na China ou お月見 no Japão) nas aulas de Mandarim deste semestre, e tive uma aula só sobre o festival antes da data (15/09 este ano). Escrevi com atraso, mas como ainda estamos no outono, vale a pena ainda postar :) Fiz uma rápida pesquisa, mas deixo claro que apenas parte dos símbolos do festival são abordados.

Espero que gostem e que possam comentar :)

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Festival de Outono

One-shot

Em um lugar muito distante da região de Kanto, a população de um vilarejo estava ocupada na preparação do festival que marcava a metade de outono – seja fazendo a comida ou as lanternas, colhendo as frutas, assando os bolos da lua e demais coisas típicas da época.

Mas quem estava trabalhando parava por alguns minutos para ver algo atravessar as nuvens em alta velocidade – atrasando assim as tarefas feitas em comunidade e, por conseguinte, os preparativos para o festival. Parecia ser um homem carregando uma mulher e algum ser pequeno e verde na ponta de uma cauda. Algumas crianças apontavam para o céu e mulheres começaram a orar.

Waaaaa! – Rin exclamou nos braços de Sesshoumaru. Haviam saído direto da casa do vilarejo de Inuyasha, onde ela havia passado a noite descansando, e seguiram ainda no amanhecer para as Terras do Oeste.

Ao avistar um prado com algumas das flores favoritas de Rin, Sesshoumaru desceu suave e elegantemente ao solo. Colocou primeiro Rin no chão e um movimento do mokomoko jogou Jaken longe.

— Aqui é perfeito. – ela estava maravilhada ainda com a viagem, olhando o máximo que os olhos humanos conseguiam alcançar daquela área – Jaken-sama e eu voltaremos logo.

O youkai concordou com um movimento cabeça e viu a companheira e o servo se afastarem, minutos depois, em direção ao vilarejo que haviam avistado de cima.

Tendo ele apenas que aguardar, dirigiu-se a uma rocha e sentou-se, cruzando os braços e fechando os olhos.

o-o-o-o

No vilarejo, Rin caminhava com a delicadeza de uma jovem senhora pelas ruas estreitas e movimentadas por conta dos preparativos para o festival de outono.

Com o novo quimono que havia recebido como presente de casamento de Sesshoumaru – era branco, com listras vermelhas e borboletas amarelas, preso na cintura por um obi preto e com desenhos detalhes em dourado –, podia ser facilmente confundida por esposa de algum nobre.

— Olha, Jaken-sama! – ela apontou para uma barraca de comida – São os bolinhos que Kagome-sama falou.

O pequeno youkai murmurou alguma coisa sobre "aquela sacerdotisa" que convenceu a jovem ama a arrastar Sesshoumaru-sama a um vilarejo humano para participar de um festival bobo.

Depois recordou-se que ela tentou convencer aquele meio-irmão a levá-la também e, recebendo uma resposta negativa, mandou-o sentar-se várias e várias vezes até quebrar o chão de madeira da casa onde moravam.

Deu um sorriso de satisfação. Era bom eles não terem vindo atrapalhar a viagem de Sesshoumaru-sama e Rin. Eles mereciam um tempo à sós e tranquilos e aquele hanyo e a esposa só atrapalhariam.

Na frente da barraca, o dono curvou-se em uma pequena reverência e a viu olhar interessada todos aqueles produtos.

— São bolinhos da lua, não é? – ela perguntou.

— Sim. – ele apontou para o lado esquerdo – Aqueles são com recheio de feijão azuki e aqueles... – apontou para a direita –... De jujuba.

Rin notou o que havia no centro da barraca – eram bolinhos com um desenho de uma flor no centro. Eram poucos e aparentemente mais especiais.

— E esses aqui?

— E esses são com recheio de massa de flor de lótus. Já estão reservados para os senhores daqui.

— Oh. – ela franziu o cenho – Que pena que não podemos comprar mais.

Depois enfiou a mão na manga do quimono e tirou de lá algumas moedas:

— Vou levar um bolinho de feijão azuki, por favor.

O homem franziu o cenho diante da mão estendida, depois olhou discretamente para os lados, tirando um bolinho de lua com massa de flor de lótus para enrolá-lo em um tecido branco e limpo e entregá-lo à jovem.

— Creio que dá tempo de fazer outro pra colocar no lugar. – ele deu um sorriso gentil.

Rin deu um sorriso e fez uma rápida reverência, acenando para aquele homem tão bondoso ao afastar-se na companhia silenciosa de Jaken para ver outra barraca.

Novamente viu alguns aldeões curvando-se por ela em uma rápida reverência até ela chegar a um estande que ostentava várias frutas típicas do outono, colhidas especialmente para o festival, tais como romã, peras, uvas, toranjas e carambolas.

Começou a separar algumas que pareciam frescas, colocando as escolhidas no vão do cotovelo até ver uma cesta de vime aparecer no campo de visão:

— Para a senhora. – uma mulher idosa que atendia os clientes explicou.

Rin aceitou com um sorriso e ouviu Jaken resmungar algo incompreensível.

— O que aconteceu, Jaken-sama? – ela perguntou enquanto escolhia algumas frutas e as colocava na cesta, notando a dona da barraca olhando de um lado para outro para descobrir com quem ela falava.

— Sesshoumaru-sama não come tudo isso.

— Mas não é só pra Sesshoumaru-sama. – ela olhou para baixo – Eu vou comer. Você também. Ah, e vou levar também para Ah-Un. Ninguém vai ficar com fome.

Ao ouvir que ela também pensava nele, Jaken fechou o bico e deu as costas para ela para esconder a emoção.

— Vou levar tudo isso. – ela falou para a idosa que olhava um pouco surpresa para o tamanho daquele youkai.

Depois de ouvir o valor, Rin novamente colocou a mão direita dentro da manga do quimono e sentiu algo passando por entre as pernas, dando um grito.

— Rin, o que foi?! – Jaken não havia visto o que havia acontecido e a viu levantar a barra do caríssimo quimono para mostrar apenas os pequenos pés protegidos por meias brancas e sandálias.

Aos pés dela, havia um coelho branco.

— Ah, que fofinho... – ela baixou a barra da quimono e curvou-se para pegar o pequeno animal nos braços.

— Ah, minha senhora, perdão, ele sempre se aproxima das mulheres.

Rin olhou fixamente para o rosto do coelho – as orelhas e o nariz remexendo, o pelo branco e macio, a cabeça curiosamente virando de um lado para o outro como se estivesse procurando comida.

— Ele é uma gracinha. – ela falou com um sorriso, devolvendo-o para a dona.

Depois de pagar pela cesta, colocar o bolinho em meio às frutas e comprar uma lanterna de papel, chamou Jaken para voltarem até o lugar onde Sesshoumaru estava.

— Espero que Sesshoumaru-sama não tenha se sentido muito sozinho, né, Jaken-sama? – comentou ela.

Hunf. – o pequeno youkai resmungou, aceitando carregar a lanterna enquanto ela se ocupava com a cesta.


Os dois nem bem se aproximado do prado e Sesshoumaru já estava interceptando o caminho. Estava extremamente sério, como se estivesse a ponto de enfrentar algum inimigo.

— Rin. – ele falou.

— Estamos de volta, Sesshoumaru-sama. – ela deu um largo sorriso.

O silêncio e olhar dele sobre a esposa chamaram a atenção de Jaken:

— Sesshoumaru-sama?

O youkai olhou depois para a cesta que ela carregava e falou:

— Parece que trouxe mais do que havia falado que ia comprar.

Rin e Jaken se entreolharam e só então viram algo remexendo as frutas.

Alguns segundos depois, a cabeça do coelhinho apareceu entre uma romã e uma toranja.

— Ah! – ela fez carinho na cabeça dele – Como foi que você entrou aí?

— O cheiro dele está em você. – Sesshoumaru falou como uma suave reclamação e deu as costas, voltando para o prado num silencioso comando para que os dois o seguissem.

O grupo sentou-se para comer e conversar – ou apenas para Rin e Jaken falarem e Sesshoumaru ouvir com atenção sem tirar os olhos daquele intruso. O coelho continuava ali comendo um pedaço do romã dado pela jovem, às vezes pulando de um lado a outro ou simplesmente cheirando a grama, aproximando-se pouco a pouco do grande youkai.

Sem temer pela vida, o pequeno animal já estava a ponto de pular em uma das pernas elegantemente cruzadas do inu-youkai.

— Acho que ele também gosta de Sesshoumaru-sama. – Rin comentou entre uma mordida e outra de uma pera.

O coelhinho pulou no joelho do youkai e Jaken reagiu balançando o Bastão de Duas Cabeças, agitando-o e gritando:

Oi, coelho, sai daí!

— Ele não fez nada. – Rin o defendeu – Ele deve ter sentido que Sesshoumaru-sama é uma boa pessoa e por isso não fugiu.

Jaken fechou o bico de novo e cruzou os braços, emburrado. Agora que Rin era a esposa de Sesshoumaru, ele também precisava obedecê-la e ver aquela criatura subir no colo de um poderoso youkai sem o mínimo de respeito!

— Eu adoro o outono! – ela falou para mudar de assunto, dando um longo suspiro de satisfação e olhando para o céu para receber os últimos raios de sol da tarde – É minha estação favorita depois da primavera.

— É só mais um outono, menina. – Jaken reclamou.

— Jaken. – a voz de Sesshoumaru estava em tom de aviso e o pequeno servo ficou encolhido quando entendeu o que havia falado.

Sem se importar muito com o comentário, ela abaixou o rosto e deu um sorriso para falar:

— Eu ainda tenho muitos outonos para ver, Jaken-sama.

Continuaram por mais um tempo observando a tarde virar noite mais cedo naquela estação, justamente no dia que marcava a metade do outono, até Jaken notar que o mokomoko de Sesshoumaru começou a envolver Rin – um sinal de que ele precisava afastar-se.

O pequeno youkai tossiu educadamente e curvou-se numa reverência:

— Vou procurar lenha.

E deixou o casal sozinho, apenas com o coelho como intruso.

— Ah, eu quase ia esquecendo! – Rin esticou o braço e pegou o que ela mais queria experimentar: o bolinho da lua.

Desfez com certa delicadeza o nó do tecido que o envolvia e o aproximou da boca, parando a alguns centímetros para perguntar ao esposo:

— Quer dividir comigo?

Sesshoumaru balançou a cabeça para os lados e Rin começou a comer, fechando os olhos e murmurando um hmmm de satisfação. A massa era tão fina que derretia na boca. O recheio então... Ela nunca tinha provado nada tão bom.

Ao abrir os olhos, o coelho já estava pulando longe, o rosto de Sesshoumaru estava a centímetros do dela, lábios quase sobre os outros lábios, narizes a milímetros de tocarem-se.

Quando o mokomoko envolveu-a de vez, ela fechou os olhos e aproximou o rosto de vez.


O dia ainda não havia amanhecido quando Sesshoumaru abriu os olhos lentamente e reconheceu onde e com quem estava.

— Hmm... – ouviu Rin murmurar numa reclamação embaixo dele. Aparentemente ainda estava cedo demais para humanos acordarem.

O corpo dela estava envolvido apenas pelo quimono e pelo mokomoko, com os ombros e as costas à mostra. O indicador e dedo médio deslizaram suavemente pelo rosto de Rin e depois tocaram o tecido, subindo para cobrir os ombros nus.

Um odor que o incomodava desde ontem ficou mais forte e os olhos estreitados fixaram-se nos assustados do coelho que havia ousado impregnar as mãos que ele tanto gostava com aquele cheiro. Teve bastante trabalho durante a noite para tirar tudo e deixar apenas o dele, do esposo, nela.

Estreitou os olhos e o coelho recuou.

Mas o outro foi mais teimoso e deu um pulo para a frente.

O youkai estreitou ainda mais os olhos, falando suavemente numa ameaça:

— Saia.

Imediatamente o outro foi embora para algum outro lugar, deixando o casal sozinho no prado.

Sesshoumaru olhou para a esposa adormecida. Provavelmente ela faria perguntas sobre o paradeiro daquele ser insignificante e ele teria que arranjar uma boa desculpa.

Novamente ela remexeu-se e murmurou hmmm para reivindicar mais proximidade do corpo dele.

Obedeceu ao pedido e deitou-se novamente, abraçando-a para que evitar mais murmúrios de reclamação.

E ele sabia exatamente como desviar o assunto e chamar a atenção da esposa para outras atividades mais interessantes.