Dois minutos, foi o tempo que Damian levou para ir até a loja comprar os sorvetes e o tempo que levou para ele ver o carro em alta velocidade atingindo Ravena.

-RAVENA!

Ele a viu cair no chão, ele a viu fechar os olhos, ele viu o sangue escorrer pelo asfalto. Damian correu até ela, já havia algumas pessoas ao redor.

-Ravena! –Damian segurou os rosto dela delicadamente –Amor, fala comigo!

O sangue escorria pela cabeça dela e sujava as mãos do moreno.

-Com licença!

Damian nem reparou quando os paramédicos chegaram, eles colocaram Ravena na maca e logo estavam a caminho do hospital.

Damian ficou sentado nos bancos do corredor, a cabeça baixa, sues cotovelos apoiados nas pernas e seus pensamentos na garota desacordada na sala ou lado. Ele não podia entrar já que os médicos ainda a examinavam.

Damian reparou em um par de sapatos parados na sua frente.

-Isso que está sentindo se chama justiça.

Damian ergueu a cabeça.

-Não merece ser feliz! Depois de tudo o que fez.

-O que...?

-Kara merecia ter ficado viva não você!

-...Quem é você?

-Não sabe quem eu sou? –Ela parecia espantada.

-Eu não estou em um dia bom. Seja lá quem você for é melhor me deixar em paz. –Damian encarou o corredor esperando o médico.

-Me chamo Lana Lane sou prima da Kara, a noiva que você matou!

-Eu não matei ninguém. –Damian voltou a olha-la –Foi o bêbado do outro carro que a matou.

-Mentira! Eu sei que foi você!

-Lana Lane? –Damia perguntou –Kara me falou de você, a prima maluca que sempre se metia na vida dela. Sempre a influenciava em tudo que ela queria fazer.

-Eu cuidava dela!

-A controlava! Kara não podia tomar nenhuma decisão sozinha sempre tinha sua voz a incomodando. –Damian estava bem calmo.

-Você a afastou de mim.

-Eu fiz ela perceber que podia tomar suas próprias decisões.

-A tirou de mim. –Lana tremia – Por isso tirei Ravena de você.

-O que?

-Eu a atropelei.

Damian levantou.

-Ravena vai morrer por sua culpa.

-Como pode fazer isso? –Ele agarrou os ombros dela –A MINHA MULHER SE MACHUCOU POR SUA CULPA!

-FOI VOCÊ QUE FEZ ISSO COM ELA! Se aproximou de outra mulher e agora mais uma inocente morrerá pelas suas mãos!

-O que?

-Damian! –Constantine se aproxima deles –Como tá a minha filha?

-Ela vai morrer por culpa dele! –Lana aponta para o Damian.

-Lana? O que faz aqui?

-Sua filha ira morrer!

-Cala a boca sua vadia. –Constantine ia pra cima dela até ser segurado por Damian.

-Chame a polícia John, Lana atropelou a Ravena.

-O que?! Eu mato você se a minha filha morrer!

-Senhores! –Um enfermeira se aproximou junto com dois seguranças. –Terei que expulsa-los se continuar assim.

-Essa vagabunda atropelou a minha filha!

-RAVENA TEM QUE MORRER, DAMIAN NÃO PODE SER FELIZ! –Lana continuava gritando, os seguranças a levaram para uma sala. –VOCÊ ME OUVIU DAMIAN? VOCÊ A MATOU! MATOU AS DUAS!

-Eu vou ficar com ela até a polícia chegar, assim que tiver notícias sobre a Ravena me avisa. –Constantine seguiu os seguranças.

Damian ficou parado no corredor perdido em pensamentos, Ravena se machucou por culpa dele. Damian pode não tê-la atropelado, mas foi ele que causou o acidente.

Como ele pode ser tão ingênuo de acreditar que merecia ser feliz novamente? Se Ravena morresse ele não suportaria dessa vez.

-Senhor Wayne? Gostaria de ver sua namorada? –O médico que atendia a garota se aproximou dele.

-Como ela está?

-Apesar do golpe que o carro deu e a pancada na cabeça causada pela queda, ela está bem o que é um milagre, mas ela ainda não pode ter alta. Quero mantê-la em observação por alguns dias por garantia.

-Está acordada?

-Sim, um pouco sonolenta por causa dos remédios, mas pode conversar com calma. Vamos vê-la?

O médico guiou Damian até o quarto dela, Ravena estava deitada com a cabeça enfaixada, suas mãos tinham curativos que o moreno tinha certeza estava por outras partes do corpo que ele não podia ver. Havia um soro ligado ao seu braço pingando aos poucos Ravena olhava fascinada para isso quando escutou o doutor a chamar e desviar sua atenção.

-Seu namorado está aqui. –Ele saiu e Damian se aproximou.

-Como você está?

-Bem. –A voz dela era baixa e sonolenta – O que aconteceu?

-Um carro te atropelou. –Damian ficou parado ao pé da cama dela.

-Eu...Me lembro.

-Ravena...

Damian foi interrompido por Constantine entrando.

-Filha! –Ele foi para perto dela e fez carinho de leve nos cabelos dela.

-Pai. –Havia algumas lágrimas nos olhos da garota.

-Está tudo bem. Acabou agora. Pegamos a pessoa que fez tudo isso.

-C-Como?

-Era a Lana, ela também confessou que mandou a flores.

-Que flores? –Damian se manifestou.

O loiro contou a história das flores e logo Damian percebeu o porquê dela ter ficado tão nervosa quando ele recebeu um buque.

-Porque não me contou?

-Não queria te preocupar.

-Mas deveria. –Damian olhava para ela –A Lana é prima da Kara.

-O que?

-Eu nunca tinha conhecido ela só o que a Kara me falava, ela confessou que te atropelou por me culpar pelo acidente de dois anos atrás.

-Damian. –Ravena ergueu a mão –Ela está louca, você não tem culpa de nada.

-Eu sei... –Damian se afastou. –Mas ela tem razão em uma coisa, se nunca tivesse me aproximado você não teria se machucaria e nem seria ameaçada.

-Damian... –Ravena tentou sentar, mas não conseguiu. –O que...?

-Sinto muito. –Ele saiu do quarto sem nem olhar pra trás.

-Damian!

Ravena tentou se levantar e quase caiu da cama, sua ligação na veia se soltou com o movimento e Constantine teve que segurar a filha.

-Não Ravena! Tem que ficar deitada.

-Mas...

-Filha! –Ele segurou o rosto da garota –Foque em você filha! Se recupere, esqueça o Damian agora.

-Papai.

Ravena o abraçou, ela só chamava o pai assim quando estava muito frágil. Constantine segurava o choro.

Com o passar das semanas Ravena se sentia bem melhor, ela iria ganhar alta no dia seguinte seus ferimentos já estavam curados e logo ela poderia voltar ao trabalho.

Apesar do seu corpo está bem seu coração doía, depois do dia do acidente Damian nunca mais a visitou. Nem ao menos uma ligação ou recado.

Ele não atendia os telefonemas, não respondia as mensagens e nem ao menos indagou sobre a Ravena já que a mesma havia perguntado para seus amigos.

Ravena suspirou, ela olhava pela janela a noite já estava se aproximando os remédios para ela dormir já faziam efeito.

-Malditos remédios. –Ela sussurrou e o sono a venceu.

Depois de dez minutos um vulto entra no quarto que estava todo escuro, ele observa a jovem dormir tranquilamente e passa a mão pelos cabelos macios dela.

Naquela mesma noite Ravena sonhou com Damian.

O pôr do sol em Smallville era lindo, e apesar de Damian estar em um cemitério ele não achava que a beleza do cenário era triste.

O moreno depositou o pequeno buque de rosas brancas em uma lápide, Kara Kent Amiga e Filha.

-Oi. –Damian suspirou –Faz algum tempo que eu não venho, mas era por uma boa causa. –Ele olhou para o horizonte –Eu conheci alguém... E eu gosto muito dela, acho que nunca amei tanto alguém como amo a Ravena... Kara eu vir pra me despedir, será a última vez que te trago flores... A última vez que venho te visitar... –Damian voltou a olhar pra lápide. –Adeus Kara eu espero que você esteja em paz.

Damian foi embora e enquanto ele mais se afastava maior era o sentimento de paz nele.

Duas semanas depois de sair do hospital, Ravena já havia desistido de tentar contato com o Damian.

-Se ele não quer mais falar comigo então que assim seja! –Ela jogou o celular em cima da cama.

Damian tinha abandonado ela sem nem ao menos lhe dar uma explicação. Mesmo que ele se sentisse culpado por algo que não fez o moreno deveria ter ido visita-la no hospital ou ao menos ter dado notícias.

O pior de tudo era que Ravena ainda o amava e acreditava que o amaria pra sempre.

-Damian...

-Filha? –Constantine entrou no quarto e viu a garota sentada na cama. –Tudo bem?

-Sim. –Ela se levantou e andou pelo apartamento.

-Ravena... Tem falado com o Damian?

-Deveria falar com uma pessoa que nem ao menos se importa comigo? –Ravena bateu a porta do banheiro com força se trancando lá dentro.

-Porque fala isso? –O mais velho se aproximou da porta.

-Semanas sem dar notícias pai... Damian não se importa comigo. –Sua voz saiu embargada.

-Não é verdade. –Constantine passou um papel por de baixo da porta.

Ravena viu o envelope branco com um pequeno selo colorido, lembrava muito uma aquarela.

-Damian mandou, pediu que entregasse pra você.

Ela pegou o envelope e o abriu. Era um convite. Damian faria uma exposição.

-Ele voltou a pintar. –Ravena sussurrou.

A cor do papel era lilás, as letras eram delicadas e douradas. O convite apenas convidava a pessoa para a exposição que se chamaria Arco-Iris.

-Ele já foi?

-Na verdade Damian apenas enviou o convite, ele não estava aqui.

-Claro que não. –Ravena respirou fundo, Damian queria que ela fosse, mas nem veio convida-la pessoalmente. –Pode dizer que não irei.

-Mas... Você o ama.

-Mas ele não!

-Ravena.

-Damian não veio me ver quando estava no hospital... Não quis saber se estava viva!

-Filha.

-Não pai! Não ouse defende-lo!

-Está sendo muito orgulhosa.

-Isso é bom! –Ravena berrou –Chega de me preocupar com ele! Chega de me importar com alguém que nem me visitou no hospital!

-DAMIAN FOI TE VISITAR! –Constantine gritou –Todos os dias ele estava lá!

A porta se abriu.

-O que? –Ravena olhou o pai confusa.

-Ele sempre ia a noite enquanto você dormia. Damian me confessou que tinha medo de te ver acordada porque acreditava que tinha sido culpa dele. Antes de te ver Damian me disse que queria se redimir por ter te machucado. Por isso ficou tanto tempo longe.

-Isso é ridículo.

-Eu sei e disse pra ele, mas Damian não me escutou.

-Porque não me contou antes?

-Achei que soubesse, todos os dias você acordava dizendo que havia sonhado com Damian.

Ravena sonhava com alguém passando a mão pelo seu cabelo, beijando sua cabeça e sempre tinha uma voz doce que lembrava muito a de Damian sussurrando coisas belas pra ela.

-Você vai?

A garota apenas saiu do quarto.

Ela caminhava pela galeria, os quadros com cenários belos e coloridos chamavam a atenção dela.

Damian havia feito uma exposição mais colorida, com imagens turísticas e paisagens abertas todas pareciam tão reais que era como se pudesse sentir a leve brisa que saia dos quadros.

Ravena avistou uma sala ao longe, na porta estava escrito Arco-Íris. Ela entrou e uma melodia estava tocando ao fundo.

Estou perdido em nosso arco-íris
Agora nosso arco-íris se foi
Encoberto por sua sombra
À medida que nosso mundo avança

Ela caminhava pelo corredor, logo sua visão foi consumida por quadros.

Com esta camisa eu posso ser você
Para estar perto de você por um tempo
Com esta camisa eu posso ser você
Para estar perto de você por um tempo

O primeiro quadro era uma mulher de costas vestindo um vestido branco, ao fundo havia um campo de girassóis.

Há um guindaste derrubando
Todas essas coisas que éramos
Desperto durante a noite
Para ouvir a faneca dos motores

Mais adiante a mesma mulher se sentava em um balanço, ela continuava de costas.

Há uma dor, ela se ondula
Através da minha moldura me deixa coxo
Há um espinho no meu lado
É a vergonha, é o prêmio

No quadro seguinte ela estava sentada sua mão segurava seu queixo e apesar de ainda não poder ver o rosto inteiro dava pra ver o sorriso dela.

De você e de mim sempre mudando
Seguindo em frente agora, em movimento rápido
E este toque deve ser necessário
Deve ser através de seu pedido

Várias pequenas fotos penduradas, chamaram a sua atenção eram fotos de uma jovem sorrindo, mas nunca mostrando completamente o rosto.

Mas eu preciso que Jake lhe diga
Que eu te amo, isso nunca descansa
E tenho sangrado todos os dias agora
Por um ano, por um ano

Pinturas dessa mulher segurando orquídeas sempre escondendo o rosto deixava Ravena ainda mais encantada.

Eu lhe enviei uma nota
Sobre o vento para ler
Nossos nomes lá juntos
Deve ter caído como uma semente

No quadro tinha uma pessoa correndo ao longe, com o seu vestido branco voando.

Para as profundidades do solo
Enterrado nas profundezas do solo
Ao vento eu posso ouvi-lo
Chamar meu nome mantinha os sons

Na próxima pintura uma mulher que parecia mais uma fada, estava sentada no meio de um campo cheio de flores, havia uma coroa de flores na cabeça dela que estava abaixada. O vestido que ela usava lembrava o que Ravena usou no ensaio no dia que percebeu que amava Damian.

Eu estou perdido
Estou perdido em nosso arco-íris
Agora nosso arco-íris se foi
Estou perdido em nosso arco-íris
Agora nosso arco-íris se foi

Eu estou perdido, eu estou perdido
Eu estou perdido, eu estou perdido
Eu estou perdido

O quadro principal era uma mulher, a mesma dos outros quadros, de perfil sorrindo, de olhos fechados ela parecia em paz, feliz. As cores do Arco-Íris pintavam todo o quadro deixando ela tão linda.

Ravena se aproximou mais e viu que essa mulher era ela.

-Ravena.

Ela se virou e viu Damian a olhando, havia muita esperança em seus olhos. O moreno se aproximou.

-Antes de você falar qualquer coisa eu quero que me escute primeiro. –Damian passou a mão pelo cabelo, ele estava nervoso. – Me perdoe eu fui um idiota, deveria ter ido te visitar quando estava acordada, mas até Lana ser presa e ter certeza que ela não a machucaria mais eu fiquei com medo de que fosse se machucar. Eu foquei nessa exposição porque era o que você mais queria e sinceramente eu também. Enquanto eu pintava sempre lembrava de você. –Ele se aproximou mais –Ravena você se declarou pra mim através de uma música, sua paixão, e eu queria fazer o mesmo. Essa exposição era pra você. Eu te amo Ravena. Você é meu Arco-Íris.

Ravena se aproximou dele e o beijou.

-Eu também te amo.

Ravena se afastou, Damian iria responder até que ela deu um tapa fraco no rosto dele.

-Nunca mais. –Ela falou brava –Ouse se afastar de mim dessa forma!

-S-Sim, desculpa.

Ela sorriu e voltou a beija-lo.

-Eu te amo.

-Eu te amo mais, me lindo Arco-Íris.

FIM.