Boa leitura, vejo vocês nas notas finais!


CAPÍTULO 4: Vou ao casamento da minha melhor amiga

Dois anos depois.

Eu assisti, encantada, enquanto Angela conversava com todos os convidados em seu caminho. Ela estava brilhando de felicidade.

O maior dos sorrisos estava estampado em meu rosto desde o momento em que vi minha melhor amiga caminhando graciosamente pelo altar, e ele não parecia nem perto de desaparecer tão cedo. Ver alguém que você ama, tanto quanto eu amo Angie, viver o momento dela, é realmente algo de outro mundo.

Eu sabia que ela não se importava com o casamento ou até mesmo a festa, e havia sido por isso que ela deixou em minhas mãos a missão de organizar tudo — ela sabia que eu faria um bom trabalho, me preocupando em fazer ter a vibe dela e de Ben, sem que ela precisasse ter que se preocupar com essas futilidades. A única coisa com que minha garota realmente queria ficar totalmente focada era em amarrar os nós com o amor de sua vida.

E, Deus, eu estava em absoluto júbilo em saber que ela encontrou esse tipo de amor — puro, que não pede nada além de amor de volta, que protege e faz você se sentir inteiro. Eu esperava, com tudo que eu tinha, que durasse para sempre.

"Se eu apenas pudesse ter isso também..." pensei, sentindo-me imediatamente culpada. Aquele não era o momento nem o lugar para sentir pena da minha patética desculpa para uma vida amorosa. Eu balancei minha cabeça, espantando os pensamentos, no exato momento em que Angela se aproximou de mim.

— Deus, você é a noiva mais linda do mundo — Eu disse, olhando para ela. Angela revirou seus grandes olhos castanhos para mim. — Estou falando sério! Você está incrível, não só por esse absurdo de vestido que eu te ajudei a escolher, mas, meu Deus, olha a sua cara! Nunca te vi mais feliz.

— Estou feliz, não há como negar isso. Mas, admito, preferia estar no avião com meu marido a caminho de Paris — disse ela, fazendo beicinho.

— Curtir sua festa de casamento não vai te fazer mal, sabia?

— Sim, eu sei — Ela deu de ombros. — Mas você sabe que eu realmente não me importo com a festa.

Uhum, uhum. Lide com isso, garota. São apenas algumas horas e você ficará sozinha com seu maridão por duas benditas semanas. Pelo menos finja que gosta de sua família e amigos por algum tempo antes disso.

— Eu gosto da minha família e amigos! — Ela se defendeu. — E falando em gostar dos meus amigos…

Angela ergueu uma sobrancelha sugestivamente para mim.

— O quê?

— Ben convidou alguns amigos de trabalho, é claro, e tem um em especial… Ele tem 28 anos, é solteiro, cardiologista incrível…

— Oh, não. Por favor, não banque o cupido em seu próprio casamento. Este é o seu dia.

— Mas…

— Não, Angie, por favor. Eu te disse... Estou bem — Falei, ela me olhou incrédula. — OK, talvez eu não esteja bem, mas estou confortável com minha solteirice. Meus gatos são ótimas companhias e eu tenho um monte de filmes românticos para me aquecer à noite…

— Vamos, Bella, você é a pessoa mais romântica que eu já conheci. As pessoas encontram o amor nos momentos e lugares mais aleatórios, você não pode desistir só porque está demorando um pouquinho mais do que você esperava.

— Um pouquinho mais? — Eu ri tristemente. — Olha, eu sei que você e Ben têm as melhores das intenções comigo, mas, sério, eu... Eu...

— Quando foi a última vez que você teve um encontro? — Ela perguntou, eu não respondi porque não sabia. Deus, realmente fazia um bom tempo. — Você não vai morrer se for a um encontro com o amigo do Ben. Ele me disse que o cara é muito legal, inteligente e gostoso.

— Ben disse que o amigo dele é gostoso?

— Sim — Ela deu de ombros. — O lado bom de ter um marido bissexual é que ele não fica andando em círculos para elogiar os amigos. Ele disse que o cara é gostoso pra caralho, para ser mais exata. E eu confio no bom gosto dele, afinal, ele se casou comigo.

Eu ri.

— Eu amo tanto o seu marido — Disse eu, Angela riu comigo.

— Sim, eu sei. Ganhei o grande prêmio. E eu quero que você ganhe também, sabe?

— Obrigada por isso, mas... Eu só não acho que ir atrás do amor não é minha praia. Se houver alguém lá fora para mim, ele vai me encontrar. Se não, eu não vou depilar minhas pernas desnecessariamente para encontros estúpidos com caras estúpidos.

Angela suspirou.

— Bem, se você prefere assim... Uh, Jessica está acenando para mim. Eu vou lá, tá?

— Sem problemas. Aproveite sua festa.

Nós nos beijamos nas bochechas e ela caminhou em direção a Jessica. Eu podia ouvi-las falando sobre o vestido de Angie. Mas, então, meu corpo de repente se lembrou que eu estava tão ocupada certificando-me de que a festa saísse de forma impecável que eu não fui ao banheiro o dia todo.

O casamento estava acontecendo em um luxuoso eco village bem conhecido por sediar esse tipo de evento, e obviamente não havia banheiro no enorme gazebo externo, então tive que entrar no prédio. Embora houvesse uma fila para o banheiro feminino, não demorei muito para fazer o que precisava ser feito e dar o fora de lá. Enquanto eu estava voltando para fora, um garçom me ofereceu uma taça de vinho tinto e eu a peguei, continuando meu caminho para onde a festa estava realmente acontecendo à beira da piscina.

Eu disse a Angela que havia escolhido o vinho tinto pela estética, afinal, o bolo, as decorações e os vestidos das madrinhas eram todos vermelho-arroxeados, então vinho tinto combinava perfeitamente, é claro. Minha bunda. Eu absolutamente amo vinho tinto e essa é a única verdadeira razão real pela qual escolhi a bebida principal para a festa de casamento. Ben não bebia e se Angela tomasse um gole de álcool seria muito, então a única pessoa que eu realmente precisava agradar ali era eu mesma, e eu estava totalmente agradada.

Mas, de fato, a bebida se encaixava na estética da festa. Então, estava tudo bem.

Eu estava andando lentamente pelo gramado, olhando para o céu crepuscular, quando senti um solavanco repentino seguido pela sensação de umidade escorrendo pelo meu busto. E lá se foi o meu vinho.

Que porra?

— Que porra? — Eu externalizei meu pensamento em um grito estridente. Algumas pessoas olharam para mim, intrigadas, eu não podia me importar menos.

— Oh, Deus. Sinto muito — Disse um homem.

Eu estava olhando para baixo, medindo o estrago que a bebida derramada havia feito no meu vestido — não muito, notei rapidamente. O tecido ser da mesma cor do vinho ajudou significantemente.

Fui tirada dos meus pensamentos quando vi a mão do homem se aproximando de mim enquanto ele tentava me secar com sua gravata.

— Que caralhos você pensa que está fazendo? — Peguntei bruscamente, batendo na mão dele. — Não toque nos meus peitos, seu pervertido!

— E-eu não estava... Eu não sou um pervertido! — O cara gaguejou feito um idiota.

Um idiota absurdamente lindo, deixe-me dizer. Fiquei boquiaberta assim que olhei para seu rosto desnecessariamente perfeito.

— Me desculpe, eu só estava tentando te secar — Ele explicou.

Esquisito.

Senti como se o tivesse conhecido antes, uma espécie de déjà-vu.

— Você está bem? — O homem perguntou.

— Eu estou... Sim... — Eu disse, idiotamente. Balancei minha cabeça, tentando limpar minha mente. — Você deveria olhar para onde está indo, sabe?

— Não era eu que estava olhando para o céu enquanto andava sem rumo — Respondeu ele, sorrindo de canto.

Eu estreitei meus olhos.

— Se você estivesse prestando atenção para onde estava indo, não teria me atropelado, espertinho.

— Isso é muita hipocrisia da sua parte, me criticar por algo que você também fez. Se você estivesse prestando atenção em seu caminho, poderia ter se esquivado de mim.

Como uma pessoa tão bonita pode ser tão irritante? Eu bufei.

— Tanto faz — Disse eu, revirando os olhos e passando por ele.

Só dei um passo antes de lembrar que deveria ir ao banheiro para me secar direito. Eu me virei.

— Mas já sentiu saudades? — Perguntou ele, sorrindo de canto novamente.

Ele ficava tão bem sorrindo daquele jeito.

— Nem um pouco — Respondi secamente, caminhando em direção à entrada do hotel. Conforme eu me afastava, podia ouvi-lo rindo.

Novamente aquela sensação louca de déjà'vu me atingiu, ignorei o sentimento o melhor que pude enquanto voltava para o banheiro. Uma quantidade razoável de toalhas de papel desperdiçadas depois, saí do cômodo.

— Você está me perseguindo agora? — Perguntei, erguendo uma sobrancelha para o estranho.

— Trouxe isso para você — Disse ele, oferecendo uma taça de vinho tinto para mim. — Desculpe-me por derrubar sua bebida.

— Sinto muito pela decepção, mas não vou aceitar bebida de um estranho. Eu não sou idiota — Falei convictamente enquanto me afastava.

— Na verdade, isso me agrada muito — Respondeu, eu fiz uma careta mesmo sabendo que ele não podia ver.

Virei-me novamente para ele.

— Eu realmente não me importo com o que te agrada — Falei, dando corda para a vozinha em minha cabeça, me dizendo para continuar rebatendo tudo o que ele dizia.

— Se importa o suficiente para me dizer que você não se importa — Disse. É errado matar alguém no casamento da minha melhor amiga? — Aqui.

O homem pegou a taça vazia de minhas mãos e fez um sinal para o garçom se aproximar. Ele colocou a taça vazia sobre a bandeja.

— Você não chamou o garçom aqui só para não pegar uma taça, não é? — Perguntou.

Eu não chamei ninguém — Falei entredentes, cruzando meus braços para me impedir de arrancar aqueles olhos absurdamente verdes daquele rosto absurdamente bem estruturado.

Nós nos encaramos por um tempo, o estranho em nenhum momento vacilou em segurar meu olhar e manteve seu sorriso de canto intacto nos lábios, enquanto eu estava tendo uma certa dificuldade em manter minha pose de durona sob o olhar escrutinante dele.

Revirei os olhos lentamente e ofeguei.

— Tanto faz — Falei, arrastando as palavra, então peguei uma taça cheia. — Obrigada — Disse eu ao garçom, que sorriu desconfortavelmente para mim antes de quase fugir dali.

Olhei de volta para o homem diante de mim, bebericando seu próprio vinho, ainda me encarando.

— Tá gostando do que tá vendo, é? — Perguntei, atrevidamente.

Ele afastou a taça da boca, pela primeira vez sorrindo completamente, e assentiu.

— Muito.

Sua resposta me desarmou, mas apenas por um segundo. Eu ri sarcasticamente.

— E quem não gostaria? — Perguntei, de forma retórica, e usei minha mão livre para jogar meu cabelo por cima do ombro.

Ele abriu a boca, claramente divertido, mas antes que pudesse falar, ouvi Leah — uma das outras madrinhas — me chamando.

— É hora do discurso! — Ela gritou.

— Uh! Hora do discurso! — Gritei de volta, animação correndo em minhas veias.

— Deus, nunca vi ninguém tão animado para ouvir discursos — O homem disse, eu olhei para ele.

— Vou ignorá-lo agora, porque este é o meu momento, e você não vai arruiná-lo. Muito obrigada e tchau — Falei, não dando tempo para ele responder antes de caminhar em direção a Leah.

Angela absolutamente odiou quando propus que algumas pessoas, as que quisessem, discursassem em seu casamento. Ela achou que seria um show de vergonha — ela estava certa, é claro —, mas eu a convenci de que eventualmente aquela seria uma lembrança adorável de se ter.

Sentei-me à mesa das madrinhas, bem ao lado de Leah, Emily e Bree, e observei os amigos e familiares de Angela e Ben fazendo seus discursos. Logo, chegou a minha vez.

— Olá — Disse eu, após ajeitar o microfone na minha altura. — Eu sou a Bella e eu... Bem, eu ensaiei nas últimas semanas o discurso perfeito para hoje, mas... — Balancei minha cabeça, rindo silenciosamente. — Ontem à noite eu tive um sonho, não consigo me lembrar dos detalhes, mas havia esse... Ser celestial, algum tipo de anjo, eu acho, me falando sobre o amor. Ele me disse que o amor deveria ser gentil, e generoso, e fácil. Que deveria fazer você se sentir mais leve, maior e melhor. Que não guarda rancor, nem te faz esquecer quem você é, e que mesmo que seja difícil às vezes, ou que te machuque um pouco, nunca é proposital. Que o amor é... Luz do dia após uma longa noite escura: te faz enxergar as coisas de um jeito diferente e se sentir seguro. Quando acordei, estava pensando "que porra foi essa?" — Todo mundo riu quando eu disse isso, e eu ri também antes de continuar. — Mas, então, percebi que aquelas palavras me faziam lembrar muito de Angie e Ben.

"Conheço Angela há muito tempo, e nunca a vi mais feliz do que ela está desde que conheceu Ben. Ele traz o melhor dela à tona, a faz realmente brilhar sem o menor esforço. E, eu conheci Ben depois que ele já estava namorando Angie, mas quem os vê pode dizer que eles são a melhor versão deles mesmos quando estão juntos. Isso é amor verdadeiro. E eu sei que provavelmente vou parecer patética agora, mas eu sou uma mãe solteira de 3 lindos bebês, meus gatos — o Sr. Darcy, Edward e Emma —, que adora dizer que desisti do amor, mas isso não é verdade. Não posso desistir do amor quando sou uma fiel espectadora do amor de Ben e Angie. Vocês me fazem acreditar que o amor é real e que almas gêmeas existem, porque é exatamente isso que vocês são. E estou tão feliz por vocês dois. Espero estar por perto para vê-los envelhecerem juntos e formarem a família que sempre sonharam, porque vocês merecem um final feliz mais do que qualquer pessoa que eu conheço. Eu amo muito vocês dois."

Angie estava chorando quando terminei de falar, e assim que saí do pequeno palco, ela correu para mim e me abraçou. Ben, sempre muito mais composto, apenas sorriu para mim de longe e fez um gesto com a cabeça em sinal de agradecimento.

— Eu te odeio tanto, você me fez chorar! — Ela choramingou, eu ri. — Foi realmente lindo, Bella, obrigado.

— De nada, gatinha.

— Você ainda está sonhando com aquele anjo? — Minha amiga perguntou em um sussurro, se afastando um pouco de mim. Dei de ombros.

— Às vezes, esses sonhos estão bem menos frequentes agora.

— Estranho — Disse ela, concordei.

De volta aos nossos lugares, o resto dos discursos correu rápido e sem problemas. Logo todos estavam dançando na pista improvisada no meio do gazebo, ao som dos maiores sucessos dos anos 2000, quando senti alguém atrás de mim.

Reconheci a voz imediatamente.

— Você tem um gato chamado Edward — Disse ele, próximo ao meu ouvido.

Senti arrepios por todo o meu corpo antes de me virar para olhar para ele.

Seu cabelo estava desgrenhado, sua gravata desfeita e os três primeiros botões de sua camisa social estavam desabotoados, o blazer não estava em nenhum lugar para ser visto.

— O que aconteceu com você? Foi atropelado por um caminhão?

HA-HA,não. Eu estava dançando.

— Também estou dançando, e não pareço que acabei de ser atropelada.

— Nem todo mundo pode ser bonito o tempo todo.

Apenas duas coisas: 1) Ele acabou de me chamar de bonita? e 2) Quem disse que ele não estava bonito daquele jeito?

— Que porra você quer comigo?

— Você tem uma boca muito suja — Disse ele.

— Sim? O que caralhos há de errado com isso? — Perguntei, ele riu alto.

— Você é fofa — Disse, eu arqueei uma sobrancelha.

— Você acha que xingar é fofo? Você é estranho.

Ele encolheu os ombros.

A primeira coisa que ele disse veio à minha mente.

— O que há de errado com o nome do meu gato?

— Huh? — Ele perguntou.

Deus, como ele é lerdo.

— Você disse "Você tem um gato chamado Edward". O que há de errado com isso? — Perguntei, ele riu de novo.

— Oh, sim. É um nome estranho para um gato.

— Eu gosto de dar nomes de pessoas aos meus gatos, e daí? — Respondi, estreitando os olhos. — Por que você está incomodado com o nome dele e não com o Sr. Darcy nem com a Emma?

— Não estou incomodado, só achei engraçado.

— Por quê?

Ele colocou uma mão sobre o peito e sorriu.

— Também me chamo Edward.

— Nem fodendo! — Gritei, rindo. — Isso é sério?

— Posso mostrar minha identidade, se você quiser.

— Não, não. Eu acredito em você. Uau, Edward é um nome tão… Velho.

— E você o escolheu para o seu gato mesmo assim.

— Sim, eu adoro esse nome e é de um dos meus livros favoritos, Razão e Sensibilidade.

— Então você é uma garota de romances? — Edward perguntou, aparentemente se divertido.

— Você conhece esse livro?

— Pode ser uma surpresa para você, mas eu tive aulas de literatura na escola, então, sim, eu conheço Jane Austen — Respondeu, eu revirei os olhos.

— Você é tão irritante.

Ele mordeu o lábio inferior e piscou para mim, me senti tonta.

— Sinto que você gosta disso.

— Não gosto, não!

— Eu não acredito em você, mas se isso for te ajudar a dormir melhor…

— Certo — Disse eu, revirando os olhos e dando um passo para longe dele.

— Ei! — Ele me chamou, segurando minha mão.

A coisa mais bizarra aconteceu naquele momento, senti um formigamento anormal. Um formigamento fodido nas pontas dos meus dedos, correndo para a palma da minha mão, para o meu braço e então para o meu coração. Eu não conseguia nem respirar.

Olhei para nossa mão, imóvel, tentando entender o que diabos estava acontecendo, e quando olhei para Edward, ele estava olhando para nossas mãos também, parecendo maravilhado.

Afastei minha mão da dele, e ele limpou a garganta.

— Desculpe-me — Ele murmurou, quase envergonhado.

— Você queria alguma coisa ou simplesmente pegou minha mão do nada sem motivo?

— Hum... — Ele sorriu, olhando para baixo. — Eu... eu…

— Você... Você...?

Edward olhou para mim e suspirou.

Você é tão irritante — Disse ele, repetindo minhas palavras.

— Bem, você poderia ter me deixado sair de perto de você, mas não...!

— Quer ir em um encontro comigo?

Tudo bem, isso veio do nada. Que diabos?

— Desculpe-me, o quê?

— Você. Quer ir. Em um encontro. Comigo? — Ele perguntou pausadamente, como se eu não conseguisse entender sua língua ou algo assim.

— Eu ouvi o que você disse, eu só... Que porra é essa, cara? Você acabou de dizer que eu sou irritante, por que você quer sair comigo?

— Não sei, só acho que deveria te convidar para sair — Respondeu, dando de ombros.

— Ah, se é assim, então faz todo sentido — Ironizei, ele riu. Mas seu riso morreu rapidamente e ele ficou me encarando com um cara esquisita, parecia estar pensando muito sobre algo. — O que foi, hein?

— Isso pode soar estranho, mas eu sinto que já te conheci antes.

— Sério...?

— Sim — Respondeu, esfregando a nuca.

— Bem... Eu senti isso também — Falei, Edward pareceu surpreso. — Talvez tenhamos ido para a mesma universidade ou algo assim?

— Duvido. Eu cresci e vivi a maior parte da minha vida em Chicago, me mudei para cá no ano passado e praticamente conheço apenas as pessoas do meu trabalho, como Ben.

Isso realmente diminuía as chances, já que vivi toda a minha infância e adolescência em Seattle, antes de me mudar para Nova York. Eu nunca tinha sequer chegado perto de Chicago.

De repente, algo que ele falou me chamou a atenção.

— Espera aí, você trabalha com Ben?

— Sim.

— Há alguma chance de você ser um cardiologista?

— Sim — Ele riu nervosamente, franzindo o cenho em seguida. — Como você sabe disso?

Sem chance.

— Nada. Não estou aberta a encontros, desculpe.

— Você tem fobia a cardiologistas ou algo do tipo?

— Não! Eu só... Eu desisti do amor.

— Em primeiro lugar, não estou pedindo sua mão em casamento, só te chamei para um encontro. Abaixa essa bola aí. Em segundo lugar, você disse em seu discurso que essa história de você ter desistido do amor é uma mentira, então talvez você devesse tentar outra desculpa.

— Você realmente prestou atenção no meu discurso, huh? — Falei, ele assentiu.

— Digamos que estou intrigado com você, Bella.

— Tem certeza que isso é tudo? Você não está me perseguindo porque Ben disse que eu preciso transar ou…

— Você precisa? — Ele me interrompeu, o olhei intrigada. — Transar, quero dizer. Eu poderia te ajudar com isso.

Deus me ajude.

Eu fiquei sem palavras.

— Desculpe, não pude perder essa oportunidade — Disse ele rindo. — Mas, enfim, não. Ben não disse nada sobre você para mim.

— Bom…

— Então? Você iria a um encontro comigo? Prometo não derramar vinho em você, e eu realmente posso te ajudar com a coisa de transar, se você quiser — Edward disse, soando tão inocente que eu precisei de um segundo a mais para perceber que ele estava realmente se oferecendo para fazer sexo comigo.

Eu pensei sobre isso. Quer dizer, eu não tinha nada a perder. Na pior das hipóteses, eu iria a um encontro com um cara mega gostoso, qual o problema nisso?

— Hm… OK, eu acho.

— "OK" você aceita sair comigo ou "OK" você quer transar?

— Eu aceito sair com você, porra. Para de me irritar, pelo amor de Deus — Falei, ele riu alto, jogando a cabeça para trás e tudo.

— Por favor, não demonstre tanto entusiasmo, posso pensar que você está desesperada — Brincou sarcasticamente.

Foi minha vez de rir.

Tudo bem, ele é engraçado. Tenho que dar ao menos esse ponto ao gostoso… Digo, Edward.

Engraçado e gostoso, talvez eu tenha que dar dois pontos.

E ele é alto.

Pensando bem, ele já estava com vários pontos.

— Eu não conheço muito da cidade, passo a maior parte dos meus dias no hospital — Disse ele, interrompendo minha checagem na tabela de pontos mental que fiz pra ele. — Ben me levou para conhecer alguns lugares, mas… Não acho que eles sejam apropriados para um primeiro encontro. Você tem alguma sugestão?

— Hm… Você já foi ao parque de diversões do píer?

Ele arqueou uma sobrancelha para mim.

— Você quer que nosso encontro seja em um parque de diversões? — Perguntou ele, dei de ombros.

— Eu tenho tido vontade de ir lá nos últimos meses, mas sempre acabo deixando isso de lado. Pelo menos teremos a garantia de que será um encontro divertido.

— Bom, a última vez em que eu fui a um parque de diversões foi há muitos anos, eu nem mesmo consigo me lembrar muito bem de como foi, mas aposto que qualquer lugar com você é divertido, Bella.

O infeliz é fofo também. Mais um ponto, que inferno.

— Você está tentando me fazer me apaixonar por você? Porque se você continuar falando assim, eu vou acabar me apaixonando.

— Vou manter isso em mente — Ele piscou um olho para mim.

— Agora você está claramente tentando me seduzir — Falei, ele riu, e o som de sua risada me deu vontade de rir também.

— Está funcionando? — Ele perguntou, eu dei de ombros.

— Você nunca saberá... Então, quando vai acontecer esse encontro, hein?

— Você está ansiosa para sair comigo, Bella? Quem te viu e quem te vê…

— Só preciso estar preparada, sabe? Comprar um spray de pimenta para caso você seja um assassino em série.

— Não é muito inteligente da sua parte me dizer que você vai levar spray de pimenta consigo, agora estarei preparado para isso.

— Merda! — Resmunguei, socando o ar. Olhando de volta para Edward, notei que ele estava me analisando. — O que foi?

— Nada.

— Não faça isso, sou uma pessoa curiosa, isso é cruel. Me diga o que há de errado. Meu rosto tá sujo ou o quê?

— Não há nada de errado — Disse ele, fiz beicinho. — Sério, não há nada errado mesmo. Eu apenas não consigo me livrar desse sentimento de que eu já te conhecia, isso está me deixando louco.

— Eu tenho um rosto comum — Falei, dando de ombros.

— Não, você não tem. Não há nada comum em seu rosto.

Droga, meu rosto começou a queimar de vergonha. Eu estava corando. Tão fodidamente constrangedor.

— Fofinha — Disse ele, tocando a ponta do meu nariz com a ponta de seu indicador.

Revirei os olhos para tentar disfarçar que eu estava, provavelmente, morrendo por dentro, já que senti aquele maldito formigamento novamente onde ele me tocou.

— Cale-se. Então, nosso encontro?

— Que tal amanhã?

— Quem está ansioso agora?

— Estou animado para sair com você, não tenho nenhum problema em admitir isso.

— Justo, eu adoraria sair comigo também. Tudo bem, amanhã será.

— Como você é convencida.

— É que eu posso.

— Pode mesmo — Disse Edward, sorrindo para mim, novamente meu rosto esquentou. — Posso buscá-lo em sua casa às sete, então?

— Hm... Sim, tudo bem. Dê-me o seu celular, vou anotar o meu número e endereço para você.

Edward pegou seu celular no bolso da calça e o entregou para mim. Após salvar meu número e enviar uma mensagem para mim mesma, enviei meu endereço para ele.

— Feito. Encontro marcado — Devolvi o celular dele.

— Encontro marcado... Bella Swan — Ele leu meu nome. — Combina com você. Cisnes são pássaros bonitos e graciosos.

— Perigosos também, abre teu olho — Acrescentei, ele riu. — Qual é o seu sobrenome? Estou salvando seu número.

— Cullen.

Salvei o número dele e mandei outra mensagem. "Oi", que ele respondeu com um "Olá, Perigosa".

— Você pode parar de me irritar propositalmente?

— Desculpe, não. Você fica lindinha demais quando está irritada. Ei, você notou que somos os únicos parados aqui?

Ignorei a coisa de eu ser lindinha quando estou irritada. Eu não tinha mais estruturas para lidar com aquele tipo de coisa no momento.

— Quer dançar comigo? — Eu propus.

— Hm... Sim, quero dizer, não tenho nada melhor para fazer — Disse ele, dando de ombros e fazendo pouco caso.

— Idiota — Murmurei, revirando os olhos. Ele me agarrou pela cintura, aproximando nossos corpos até ele se encostarem. — Eu adoraria dançar com você, Bella.

Ele estava me olhando intensamente, meu coração estava batendo forte em meu peito e eu me senti fraca nos joelhos. Felizmente ele estava me segurando com firmeza, ou eu teria caído no chão.

Dançamos, conversamos e rimos. Logo, Ben e Angela deixaram a festa para a lua de mel, mas não antes de ambos me darem um olhar significativo enquanto Edward e eu jogávamos arroz neles. Eu os ignorei.

Falando em Edward e eu, passamos o resto da noite juntos, nos conhecendo um pouco melhor, e uma vez que fui embora para minha casa, tudo que eu conseguia pensar era nele e na facilidade com que ele me fazia rir e me sentir confortável para ser eu mesma perto dele. Como se há nos conhecêssemos há anos.

Ainda dentro do carro de aplicativo, peguei meu celular em minha bolsa e não me surpreendi completamente ao notar haver a notificação de uma mensagem de Edward ali.

"Mal posso esperar pelo nosso encontro", eu sorri.

Eu também não.


E aqui estamos, o grand finale. Obrigada a todos que leram até aqui e, mais ainda, àqueles que comentaram e me deixaram saber suas opiniões sobre essa história. Espero que tenham gostado, deixem-me saber nos comentários.