Boa noite a todosss! Estou de volta das cinzas, trazendo uma fanfic nova!

"ours" é uma continuação da fanfic "this time is ours", postada previamente para o POSO. Sempre tive vontade de escrevê-la, e ultimamente simplesmente resolvi me divertir.

Dito isso, alguns pontos:

- Não terei regularidade de postagem como em outras fanfics;

- O modelo de ensino médico nos EUA é diferente no Brasil. Não conheço a fundo a realidade americana, então focarei em como funciona no nosso país. As diferenças para seriados médicos dos EUA será por isso;

- Essa fanfic não tem nenhuma pretensão de substituir qualquer tipo de atenção à saúde, portanto não deve servir para tal. Se algo nessa história lhe parecer familiar, procure atenção profissional;

- Esse prólogo já foi postado completamente como a fanfic "this time is ours";

- Dúvidas, críticas, elogios e sugestões são sempre bem vindos!


prólogo - this time is ours

Respirei fundo quando finalmente me sentei na cadeira da primeira palestra. Minha respiração ainda estava ofegante de ter tido que correr do quarto do hotel para a fila de credenciais, e dali até a sala de conferência. Eu tropecei três vezes no caminho – mas pelo menos só caí no chão em uma delas.

Eu perdi a abertura do congresso que foi feita pelo atual chefe de cirurgia do John Hopkins, Dr. Cullen, o que era terrível porque eu (assim como qualquer pessoa que aspirava carreira na área de cirurgia) queria fazer minha residência no hospital dele.

Quando finalmente consegui recuperar o fôlego, já tinha 10 minutos de palestra e uma página inteira de anotação. Era minha primeira vez num Congresso desse tamanho, e era ainda mais importante por ser justamente organizado pela John Hopkins.

Sem falar, claro, na apresentação que eu faria.

Desde que eu entrei num grupo de pesquisa na New York University, tinha focado em conseguir transformar meus estudos em algo que pudesse ser publicado. Há alguns meses eu finalmente alcancei minha meta, e agora era hora de mostrar os resultados publicamente.

Duas outras colegas tinham vindo também, Jessica e Angela, mas, ao contrário de mim, elas não tiveram problemas com o carro, provavelmente porque elas não tinham um carro com mais de quarenta anos de uso.

Meu velho Chevy quebrou no caminho de Nova York para Baltimore, fazendo com que eu tivesse que pedir socorro para o único mecânico que eu conhecia – e, infelizmente, meu ex-namorado. Jacob apareceu rápido e só me atrasei uma hora, mas o lado negativo foi ter que dever alguma coisa a ele depois.

Assim que houve uma pausa, verifiquei mais uma vez a programação para conferir quais palestras eu não poderia perder.

"Bella! O que houve?" Jess me perguntou assim que nos encontramos.

"Alguma coisa com o motor. Não sei exatamente, só sei que preciso levar o carro numa oficina de verdade assim que eu voltar," expliquei dando de ombros. Angela franziu o cenho.

"Como você consertou o carro?" Ela perguntou. Angie era mais quieta que Jess, mas ela sempre percebia mais coisas. Ela sabia exatamente o que tinha acontecido, e um olhar meu foi suficiente para ela sacar o que tinha acontecido. "Mas ele só… consertou o carro, certo?"

"Ele quem?" Jess perguntou de imediato, deixando de olhar para um grupo que incluía alguns homens bonitos.

"Jacob," respondi com um suspiro, "ele que foi me ajudar com o carro."

"Ugh, isso é… estranho," Jess opinou.

"Um pouco, mas eu precisava da ajuda. Eu estava a alguns minutos de abandonar o carro e chamar um táxi. Quão incrível foi a abertura?"

"Muito," Angie contou, fazendo uma careta. Jess abriu um grande sorriso.

"Não apenas incrível, mas esse tal de Dr. Cullen é simplesmente um gato. Bella, você deveria ter visto! Ele parecia absurdamente novo pra ser o chefe do serviço de cirurgia do John Hopkins."

"Eu ouvi dizer isso," comentei, me divertindo com a animação de Jess. "Mas, aparentemente, não apenas é chefe do Hopkins, como é casado com filhos."

"Ah, isso eu sei. Nós vimos o filho mais novo dele pelo congresso. Não sei como, mas ele consegue ser mais gato que o pai!"

"Você deveria investir, Jess," sugeri. Ela ergueu as sobrancelhas em animação.

"Não se preocupe com isso, Bella. Já tenho tudo planejado. Vai ter uma festa um dia desses, só para estudantes. Edward não vai saber o que o atingiu."

Jess me parecia fútil às vezes, mas eu sempre me divertia com ela. Nós três continuamos para a próxima palestra, conversando do jeito que fazíamos na faculdade.

"A conversa é que esse filho mais novo é um sério candidato a ganhar o prêmio de melhor pesquisa para estudantes," Angie me informou. Ela sabia que eu aspirava muito o mesmo prêmio porque o primeiro colocado ganhava livros médicos até o fim da faculdade e da residência.

"Eu gosto de concorrência," repliquei, erguendo uma sobrancelha.

"Dessa concorrência vai gostar mais ainda, garanto," Jess prometeu. Rimos mais uma vez enquanto percorríamos o espaço do congresso, parando por vezes para ver algum pôster interessante. Víamos alguns colegas, outras vezes professores.

Também era bom para conhecermos pessoas novas; entre as palestras, ou quem se sentava ao nosso lado. Consegui falar com dois cirurgiões do Hopkins e até mesmo chamar um deles para assistir a apresentação da minha pesquisa.

Dr. Molina, um dos nossos professores de cirurgia em NYU, nos ajudou nessas apresentações.

"Por mim, Bella, você ficava com a gente," ele me disse sorrindo, "mas nunca vou deixar de lhe ajudar. Venha, eu e Dra. Cope fomos da mesma faculdade."

Além de Dra Cope, também conheci Dr. Aro Volturi. Foi ele quem eu convenci a ir me assistir, e era uma coisa boa porque ele era amigo pessoal de Dr. Cullen, portanto poderia ajudar com uma palavra positiva na hora de escolherem os novos residentes.

Estávamos saindo da última palestra quando Jess me cutucou e começou a rir.

"Olha, ali! Aquele é Edward Cullen! Eu não estava exagerando!"

E, Deus, ela não estava exagerando mesmo.

Edward Cullen era alto. Não gigante, nada disso, porém mais alto do que eu. Ele não parecia ser exatamente forte, mas dava para perceber por sua camisa social bem ajustada que não lhe faltavam músculos. O cabelo era ruivo, mas era um tom mais fechado, meio acobreado; notava-se que ele tentara arrumar os fios para a ocasião, mas seu provável sucesso inicial tinha diminuído ao decorrer do dia.

Mesmo só observando seu perfil, era possível perceber que sua mandíbula era pronunciada, e o lado dele que estava virado para a gente mostrava um pequeno sorriso.

De repente, ele se virou para nossa direção e imediatamente escondi meu rosto (agora corado) com meu cabelo – eu sabia que ele tinha me pego no flagra olhando para ele porque eu consegui ver seus olhos me encarando de volta.

Os olhos de Edward Cullen eram insanamente verdes. Não conseguia achar uma comparação exata do tom, porque tinha vários tons misturados. Como podia ter tanta cor em um espaço tão pequeno eu não fazia a menor ideia.

"Viu? Eu estava certa, não estava?" Jessica instigou novamente.

"Hm, sim. Ele realmente é bonito," concordei, ainda sem querer olhar para cima de novo.

"Preciso achar um jeito de convidá-lo pra festa," Jess continuou.

Angela nos puxou para continuarmos nosso caminho para o nosso quarto; não era fácil achar um quarto triplo no mesmo hotel em que o congresso ocorreria, mas eu fui uma das primeiras a fazer uma reserva, logo que foi anunciado o local. Era um quarto amplo, com três camas de casal e até uma mesa com quatro lugares.

O hotel era grande, e a maioria dos congressistas estava hospedada nele. Tinha alguns espaços para eventos, a maioria transformada para as apresentações orais e palestras, enquanto os pôsteres eram expostos em corredores maiores e áreas que não haviam sido transformadas nas salas.

"Jess…" chamei, franzindo o cenho, "onde vai ser essa festa que você mencionou?"

"Oh, ainda não tem lugar. Mas não se preocupe, eu lhe aviso."

"Contanto que não seja amanhã, por mim tudo bem."

Jess assentiu distraidamente e se jogou na cama. Eu fui tomar banho imediatamente, e quando saí, já estava de pijama.

"Estávamos pensando em sair pra jantar, Bella," Angie falou. "Quer que a gente traga alguma coisa pra você ou vai pedir serviço de quarto mesmo?"

"Por que Bella não vai com a gente?" Jessica perguntou, ajustando o batom no espelho.

"A apresentação dela é depois de amanhã," Angie explicou por mim, enquanto eu pegava meu computador. "Ela vai revisar e dar uma treinada pra ver se o tempo está batendo."

"E checar se tem algum erro de ortografia," completei. "O último caso que apresentei na discussão de Dr. Molina ainda me dá pesadelos."

Angela e Jessica riram quando me viram estremecer e perguntaram de novo se eu não iria querer que elas trouxessem alguma coisa. Garanti que o serviço de quarto era suficiente e observei as duas saindo (Jessica perguntando se elas encontrariam Edward Cullen no caminho) enquanto esperava meu computador ligar.

Como meu carro, meu computador era muito antigo. Enquanto eu esperava por algum sinal de vida, pensei em Edward Cullen. Jess realmente não estivera exagerando quando falara da beleza dele. Eu só podia torcer para que seu trabalho não chamasse tanta atenção quanto seu rosto.

Nesse momento meu celular tocou e a tela mostrou o nome de Jacob.

"Oi, Jake," cumprimentei.

"Hey, Bells. Conseguiu chegar a tempo?"

"Perdi a abertura mas peguei todas as palestras que queria. Muito obrigada de novo. Eu não sei o que eu teria feito sem sua ajuda."

"Não foi nada, relaxa. Como tá o congresso?"

"Bom. Melhor do que eu esperava, na verdade. E eu já tinha expectativas altas."

"Isso é ótimo de ouvir, Bella. E sua apresentação? É amanhã, certo?"

"Depois de amanhã," não importava quantas vezes eu falasse desse trabalho, um calafrio sempre percorria minha espinha. "Logo pela manhã."

"E quando vão anunciar que você ganhou?"

Sorri. Jake e eu nos tornamos amigos desde que eu me mudei para a pequena Forks para morar com meu pai. Eu passava mais finais de semana em La Push do que em casa, e fomos juntos para Nova York: eu fui para NYU e Jake foi trabalhar numa grande rede de oficinas de carro.

Talvez tenha sido porque nos conhecíamos numa cidade grande e distante de casa, sem mais ninguém por perto, mas depois de alguns meses uma coisa levou à outra e começamos a namorar. Só depois de algum tempo eu percebi que a principal motivação de Jacob para ir para NY era estar perto de mim.

Mas eu percebi ano passado que eu amava Jacob como irmão, e não romanticamente. Ele não aceitou muito bem de início, mas hoje éramos bons amigos.

Segundo Jess, ele estava esperando outra chance, e eu não tinha como discordar completamente dela.

"Não é certeza que eu vá ganhar, Jake. Tem outros trabalhos bons. E… bem, o filho do chefe do hospital aqui também está competindo. Todo mundo por aqui está falando sobre como o trabalho dele é ótimo também."

"Mas o seu é melhor," ele afirmou e eu ri.

"Você nem viu o trabalho dele. Nem eu, na verdade. A apresentação dele só é amanhã."

"Não preciso ver pra saber, Bells," Jake garantiu e depois limpou a garganta. "Escuta, eu descobri um lugar que faz um peixe frito quase igual ao de Harry Clearwater. Quando você voltar, temos que ir lá."

Fiz uma careta. Para mim, não seria nenhum problema sair com Jacob. Mas como ele iria encarar…

"Jake…" hesitei.

"Sem nenhum compromisso. Eu só comi lá um dia e lembrei de Forks e de você."

"Bom, tudo bem então. Claro que vamos."

"Marcado, então. Vou deixar você revisando a apresentação. Te ligo amanhã de novo."

"Boa noite, Jake."

Quando desliguei o telefone, o computador estava pronto para ser usado. Mas ao invés de revisar minha apresentação, abri o Google e digitei rapidamente, como se estivesse cometendo um crime.

Edward Cullen.

A primeira coisa que aparecia era seu currículo vinculado a… Harvard. Ótimo. Tinha um artigo publicado junto a seu pai, e mais dois do grupo de pesquisa.

Eu sabia que o trabalho que ele iria apresentar aqui tinha sido feito também em parceria com seu pai e estudava benefícios do uso de robôs em cirurgias mais comuns – eu já tinha reservado um horário do meu dia seguinte para assistir meu principal concorrente – mas não havia nada sobre isso publicado ainda. Ou seja, essa seria a primeira vez que o trabalho seria apresentado à comunidade científica, o que aumentava ainda mais a sua importância.

E as chances dele de ganhar.

Não que eu não pudesse pagar pelos meus livros nos próximos anos, porque Charlie me ajudava muito. E tenho certeza que meu pai ajudaria mais se eu precisar, mas como ele era o xerife de polícia de uma cidade pequena, o ideal era que ele parasse de pagar minhas contas, eventualmente.

Com um suspiro, fechei o navegador (posso ou não ter achado as redes sociais de Edward Cullen, todas fechadas) e abri o Power Point.

Se eu quisesse ganhar, tinha que mostrar o meu melhor.

*.*.*

Não foi difícil convencer Jess e Angela de assistir a apresentação de Edward Cullen – Jessica aceitou simplesmente por ser Edward, e Angie concordou que seria bom olhar a concorrência, além de parecer ser um bom trabalho.

A sala de apresentação de trabalhos de estudantes era pequena e se não tivéssemos chegado antes, não teríamos conseguido entrar. Quase todo mundo que entrava cumprimentava Edward, e o sorriso que tínhamos visto apenas uma parte reaparecia em seu rosto.

Não parecia ser um sorriso de felicidade mesmo; era meio forçado, meio nervoso. O que era, claro, completamente compreensível, considerando a importância da apresentação.

Quando nós três entramos na sala, seu olhar desviou para a gente. Ele olhou para mim primeiro, depois para Jess e Angie, e depois voltou para minha direção. Eu podia jurar que o verde me acompanhou até o lugar que escolhi para sentar, mais no fundo da sala; eu não poderia afirmar já que evitei olhar para a frente para não correr o risco de ser pega encarando.

Eu estava tão focada em disfarçar que perdi a entrada de Dr. Cullen. Quando Angie me cutucou, ele já estava sentado (só pude ver a parte de trás de sua cabeça, coberta por cabelos claros), e Edward exibiu o primeiro sorriso verdadeiro do dia.

Quando todas as cadeiras estavam ocupadas, ele olhou ao redor (mais uma vez parando em mim por um segundo a mais do que o necessário) e começou a mexer no seu terno, claramente inquieto.

"Bom dia a todos," o moderador falou alguns minutos depois da sala encher, "me chamo Eleazar e é um imenso prazer ver essa sala tão cheia para ver uma apresentação de um estudante. Que isso sirva de incentivo à pesquisa e à ciência para as próximas gerações."

Bem, eu tinha 50% de certeza que a sala lotada tinha algo a ver com o pai de quem estava apresentando, mas nunca iria falar isso.

"... que promete ser um excelente trabalho, resultado de uma parceria entre o hospital John Hopkins e a faculdade de Harvard. É um prazer anunciar Edward Cullen, estudante de Harvard, para nos apresentar essa pesquisa. Edward, por favor."

Edward levantou, sorrindo, e recebeu o passador de slides de Eleazar.

E então ele começou a falar, e eu soube que eu estava perdida.

Perdida porque a pesquisa dele era impecável. Era um estudo tão bem feito que claramente se via que ele teve assistência de pesquisadores – o que é o normal e o ideal. O desenho do estudo era maravilhoso, os critérios de inclusão e exclusão claros, a randomização eficaz, os objetivos com desfechos duros para não haver chance de recusarem o resultado.

E o estudo, no final, era positivo. Um ensaio clínico randomizado com resultado positivo, provando a hipótese dele.

Eu estava perdida porque esse trabalho, não importa por quem fosse apresentado, ganharia o prêmio.

E Edward Cullen sabia apresentar. Ele não enrolava, não gaguejou nenhuma vez, era claro, explícito, enfático e didático. Ele conseguiria convencer qualquer pessoa que ele estava certo.

Eu estava perdida porque Edward Cullen, não importa o que apresentasse, ganharia o prêmio.

E completamente perdida porque eu estava hipnotizada por Edward Cullen.

Enquanto ele ouvia as críticas e discussões, eu foquei nele. No jeito que suas sobrancelhas se elevavam quando ele franzia o cenho, como seus lábios se contorciam quando ele queria esconder um sorriso ao receber um elogio, a dança (não tinha outra palavra) que sua mandíbula fazia com o masseter ao prestar atenção em algum comentário, em suas mãos ainda brincando com o terno.

E principalmente como seus olhos escapavam para mim ocasionalmente.

Eu deveria ter prestado atenção no que estavam falando para ele; usar essas dicas para minha apresentação amanhã, tentar melhorar o máximo possível, mesmo sabendo que não adiantaria de nada porque obviamente ele ganharia o prêmio.

"Bom, o tempo para comentários se encerrou," Eleazar anunciou. "Edward, preciso dizer que seu trabalho é fantástico. Minhas congratulações para você e todos que estiveram com você nesse caminho. Aguardo ansiosamente pela publicação."

Enquanto a sala foi se esvaziando, tentei não encarar muito Edward, mas foi difícil. O ponto positivo era que ele estava tão ocupado cumprimentando as pessoas que não fui descoberta olhando para ele.

Jessica claramente queria ser uma das pessoas a dizer alguma coisa ao grande talento do dia, e eu sabia que não teria como convencê-la do contrário, então apenas… fiquei conversando com Angie para não precisar falar com ele.

"Ah, Isabella Swan. Que agradável encontrá-la por aqui."

"Dr. Aro!" Cumprimentei com um sobressalto. Ele tinha o mesmo sorriso no rosto da primeira vez que nos vimos.

"Veio observar a concorrência?" Dr. Aro perguntou. Consegui perceber que ele não estava brincando totalmente.

"Foi um excelente trabalho," preferi responder. "Acho que não tem muita concorrência."

Ele ergueu as sobrancelhas.

"O seu também é um excelente trabalho, Isabella."

"Mas não é um ensaio clínico randomizado."

Dr. Aro sorriu novamente.

"Não é, de fato. Mas continuo ansioso para ver a sua apresentação amanhã."

Tive de devolver o sorriso.

"Muito obrigada. Será um prazer ter o senhor assistindo."

Ele sorriu e se virou para falar com outra pessoa. Quando olhei para frente, Jess e Angie me esperavam do lado de fora da sala; Jess estava quase pulando de tão animada.

"Edward Cullen definitivamente vai aparecer na nossa festinha!" Ela me informou. Eu tive que sorrir de volta.

"Isso é ótimo, Jess," respondi com mais energia que sentia. Ela continuou a falar, mas deixei de prestar atenção ao observar Edward Cullen saindo acompanhado de seu pai e de Dr. Aro.

Era difícil ainda manter qualquer tipo de esperança depois dessa apresentação, e eu não tinha como ignorar isso, mesmo tendo que focar no meu trabalho. Como meu horário só seria no final da manhã, eu planejava ficar até mais tarde revisando, mas o esforço agora parecia infrutífero.

"Tudo bem?" Angela perguntou quando chegamos no quarto. Jess estava no telefone havia 10 minutos, provavelmente organizando a festa. Eu não conseguia sequer pensar na possibilidade de me reunir com várias outras pessoas antes de saber que tinha 99,9% de chance de eu não ganhar o prêmio de melhor trabalho.

"Mhm," eu concordei com um aceno de cabeça e uma careta. Angie apertou minha mão em compreensão. "Angie, eu vou… comer lá embaixo, espairecer um pouco. Volto mais tarde, ok?"

"Quer que eu vá com você?" Ela se ofereceu.

"Não, prefiro ficar sozinha. Obrigada, Angie."

Ela assentiu e sorriu para mim. Peguei uma bolsa menor e coloquei minha carteira, o celular, o fone de ouvido e minha cópia batida da compilação de Jane Austen – nunca falhava em me acalmar.

O restaurante do hotel estava cheio, então o fone de ouvido foi mais do que útil. Olhando ao redor era possível reconhecer diversos rostos do congresso, todos risonhos e se divertindo. Para ser justa, a maioria provavelmente não tinha motivos para estar triste.

Quando terminei de comer, fui para a área perto da piscina, na mesa mais próxima de uma fonte de luz e abri na página marcada em Mansfield Park. Eu já estava no último capítulo, e terminei o livro rapidamente.

Resolvi continuar na sequência da edição, mas tive que pular o próximo livro ainda nas primeiras páginas: tinha esquecido que o mocinho de Razão e Sensibilidade se chamava Edward, e eu tinha vindo para cá justamente para esquecer desse nome.

Avancei, então, para Orgulho e Preconceito, o meu favorito sem nenhuma dúvida. Ele nunca falhava em me relaxar, e na verdade funcionava tão bem que quando percebi já havia passado três horas naquela mesa.

Com um suspiro, fechei o livro e resolvi voltar para o quarto para revisar minha apresentação. Eu sabia que não precisava, mas no final das contas, seria o momento mais importante de todo o congresso e eu iria me esforçar para valorizar meu trabalho.

Quando a porta do elevador abriu no meu andar, dava para ouvir o barulho de música distante. Franzi o cenho; ficava mais alta à medida que me aproximava do meu quarto.

Quando abri a porta, meu queixo se abriu.

Tinha uma festa no meu quarto.

Jess tinha feito a festa no nosso quarto, onde eu planejava revisar a apresentação e descansar para o dia seguinte.

Eu fechei os olhos e inspirei profundamente, tentando manter a calma. Isso não podia ser real. Não tinha como realmente estar acontecendo uma festa no meu quarto na véspera da minha apresentação.

"Hey, quer uma bebida?"

E foi nesse momento, quando uma pessoa desconhecida me ofereceu uma bebida no meu quarto, que eu decidi que iria matar Jessica.

Quando abri os olhos novamente, fui procurar a minha vítima, mas era difícil; nosso quarto era comparativamente grande, porém a quantidade de pessoas naquele momento era absurda.

Fiquei parada ponderando minhas opções. Eu podia simplesmente desistir e aproveitar a festa. Eu poderia ficar no lobby do hotel. Eu poderia ligar para Jessica e mandar ela acabar com essa… coisa. Eu poderia ligar para o hotel e fazer uma reclamação anônima. Eu poderia–

"Hey, você estava na minha apresentação hoje," uma voz atrás de mim interrompeu meus planos.

"Hm, desculpe?" Perguntei. Edward Cullen abriu um sorriso mínimo.

"Você estava na minha apresentação hoje mais cedo. Eu lembro."

Seus olhos verdes me prenderam imediatamente e tive que limpar minha garganta antes de responder. Ele estava com a mesma camisa social que usara na apresentação, só que os dois botões mais superiores estavam abertos, as mangas estavam dobradas na altura de seus cotovelos e a camisa estava para fora da calça.

Não sei como era possível, mas ele estava ainda mais bonito.

"Er, sim, eu estava."

Edward sorriu um pouco mais e seu olhar desviou para o crachá que eu ainda não havia tirado.

"Isabella Swan," ele disse, franzindo o cenho.

"Bella," corrigi automaticamente. Ele olhou pra mim de novo e a expressão de confusão deu lugar a uma de compreensão.

"Então é você que Aro me alertou sobre o trabalho!" Ele exclamou. Senti minhas bochechas corando.

"Eu… não sei do que você está falando," falei por fim.

"Dr. Aro me alertou ontem que tinha um excelente trabalho que poderia ganhar do meu no concurso. E disse seu nome. Bem, é um prazer," Edward estendeu a mão para me cumprimentar e eu apertei a sua com hesitação.

"Prazer, mas eu acho que ele estava exagerando," repliquei.

"Ele parecia bem interessado no que você tem a dizer. Que o seu trabalho era incomum, e que precisávamos de coisas novas."

Bufei. Precisamos de coisas novas como as que ele tinha apresentado.

"Não acredita em mim?" Edward desafiou, erguendo uma sobrancelha.

Eu ia responder que na verdade eu não acreditava em Dr. Aro, mas meu celular tocou na hora. Eu atendi de imediato, torcendo para ser Jessica.

"Alô?"

"Hey, Bells."

"Ah, oi, Jake."

"Que barulho é esse?" Claro que ele escutaria o inferno ao meu redor. Suspirei.

"Prefiro nem falar sobre. Tudo bem por aí?"

"Sim, tudo tranquilo. Liguei mais pra desejar boa apresentação amanhã. O primeiro lugar ganha um troféu?"

Sorri contra minha vontade.

"Não, só um certificado."

"Sério? Então eu vou fazer um troféu pra você."

Esse era Jacob. Ele conseguia me animar quase sempre, e era por isso que eu era incapaz de cortar laços definitivamente com ele – seria, talvez, mais justo.

"Bem, então faz um de segundo lugar," falei. Olhei para cima rapidamente e percebi que Edward ainda me observava.

"Quê? Você nem sabe como foi a apresentação da outra pessoa, Bells."

"Na verdade, sei. Mas tá tudo bem, Jake."

"Você não tem como saber de verdade, Bella."

Soltei outro suspiro.

"Não importa, Jake. Escuta, eu tenho que ir. Preciso achar Jess. Nos falamos depois."

"Certo. Você vai ter sempre o primeiro lugar comigo, sabe disso, né?"

Me despedi de Jacob com o mesmo sentimento de culpa de sempre e fechei os olhos.

"Namorado?"

Edward Cullen ainda estava me olhando e eu franzi o cenho.

"Não," e realmente não estava mentindo.

"Ah," ele disse simplesmente e deu mais um gole de sua bebida. "Então, Bella, onde você estuda?"

Eu continuava confusa. Por que ele estava falando comigo?

"NYU," respondi rapidamente.

"Você não parece ser de Nova York," Edward comentou.

"Não sou," confirmei. Ele sorriu e ficou esperando por alguns segundos.

"De onde você é?"

Dessa vez, não aguentei.

"Por que você está falando com a pessoa que você jura que é sua maior concorrente no concurso?"

Edward ergueu as sobrancelhas e depois exibiu um meio-sorriso que me paralisou por alguns segundos.

"Porque você parecia precisar de uma distração, e eu não consegui ignorar seu silencioso pedido de socorro."

Ele pegou uma lata de cerveja numa mesa ao seu lado e me ofereceu. Aceitei sem falar nada, sentindo os olhos verdes se conectando com os meus.

"Forks," eu balbuciei. "Eu sou de Forks. Morei alguns anos em Phoenix com minha mãe, mas fiz o ensino médio em Forks, com meu pai."

"Tenho a impressão de que já ouvi falar dessa cidade," ele me disse, franzindo o cenho.

"É a cidade que mais chove na Península Olímpica de Washington. Não tem muito a se conhecer," ponderei, mesmo sabendo o motivo de ele talvez ter ouvido falar de minha pequena cidade.

"Seus pais são separados, então?"

Mordi o lábio inferior antes de, por algum motivo desconhecido, contar para esse completo estranho que ganharia meu sonhado prêmio a história de meus pais e como acabei voltando a morar em Forks.

"Pra ser bem honesta, eu tinha pavor a sangue no ensino médio," admiti em algum momento, "mas superei quando tive que ajudar Jake quando ele caiu de moto. Na verdade, ele foi salvo por um cirurgião que na época estava em Seattle e foi chamado por um colega pra ajudar, e foi quando me encantei pela profissão."

Eu hesitei e olhei para cima. Ele estava com uma expressão meio confusa, tentando se lembrar de algo.

"Seu pai salvou a vida de Jake e me fez mudar o curso que faria na faculdade, mesmo que eu só tenha descoberto o nome dele depois," confessei. "Acho que foi essa história que me fez passar em todas as faculdades que tentei."

"Deveria ter tentado Harvard, então," Edward brincou, "teria lhe conhecido antes."

Sorri de leve.

"Eu passei, na verdade. Mas a NYU é de graça, e meu pai é o xerife da polícia local e minha mãe muda de profissão a cada mês. A diferença entre as duas não é tão absurda no ensino, mas a financeira é gritante."

Uma feição de compreensão preencheu seu rosto nesse momento.

"E é por isso que você quer ganhar o concurso," ele concluiu corretamente.

"Um dos motivos mais óbvios, sim", confirmei. "Mas não importa mais. Na verdade, o seu trabalho acabou salvando a pele de minha amiga, que fez essa festa no nosso quarto especificamente para você vir mesmo eu tendo pedido a ela para não fazer hoje porque preciso treinar para minha apresentação amanhã. Nem que eu vire a noite treinando eu consigo ganhar."

Ele sacudiu a cabeça em negação.

"Não acho que você deveria se considerar fora da disputa dessa forma, Bella."

"Edward," pontuei como se estivesse falando com uma criança. "Você fez um ensaio clínico randomizado. Positivo. Com um desenho excelente."

"Eu não conheço seu estudo, mas Aro parecia impressionado," ele contra-argumentou. E ergueu uma sobrancelha. "Vai parecer estranho, mas… eu só vim nessa festa porque meu irmão Emmett me fez vir com ele. Estamos dividindo um quarto. Se quiser, pode ir lá treinar. Eu só peço para ver uma vez a sua apresentação."

Mordi meu lábio inferior enquanto olhava para Edward.

"Por que você faria isso?"

"Me sinto culpado porque você disse que a festa foi pra mim, porque já tenho a vantagem de conhecer a maioria dos avaliadores e porque… honestamente? Não quero me separar de você, pelo menos essa noite. Mesmo que sejamos concorrentes diretos e tudo mais."

E a parte mais estranha de todas era que eu me sentia da mesma forma.

Sem falar mais nada, garanti que estava com o carregador do computador e gesticulei para ele indicar o caminho.

O quarto dele era no mesmo andar, porém na outra extremidade. Uma das camas estava cheia de roupas em cima, e ele explicou que era a do irmão.

"Emmett faz medicina do esporte e a mulher dele é ortopedista, mas eles vieram porque minha mãe disse que ele tinha que apoiar meu pai na organização. Ela também veio, apesar de ser pediatra."

"Uma família cheia de médicos, então?" Perguntei, ligando o computador e preparada para esperar uma eternidade até que ele funcionasse.

"Sim," ele concordou. "Seria difícil não seguir nossos pais tendo convivido com eles e ouvido eles falarem com tanta paixão da profissão deles. Claro que se quiséssemos, teríamos ido por outro caminho, mas por coincidência nunca quisemos."

"Eu entendo. Seu pai me inspirou também."

Edward sorriu.

"Você não quis fazer faculdade onde seu pai trabalha?" Perguntei.

"Harvard é melhor," ele disse, dando de ombros. "Também achei que seria bom tentar me afastar da sombra dele. Não me entenda mal, sou extremamente grato por todas as oportunidades que consegui por causa dele, mas às vezes… é bom saber que conseguimos alguma coisa por nosso esforço também."

"Então não planeja fazer a residência com ele, mesmo o Hopkins sendo melhor pra cirurgia?"

"Na verdade, não."

"Isso é corajoso," considerei, "mas também um pouco ilógico. Se o Hopkins é o melhor, seu pai não deveria influenciar a sua escolha. Mas o programa de cirurgia de Harvard não é nada ruim, então também não deve fazer muita diferença. Mas eu aposto que seu pai ficaria deleitado em te ter como residente."

Ele me encarou por alguns segundos e depois exibiu seu meio-sorriso encantador.

"Talvez você tenha razão. Vai tentar o Hopkins, então?"

"Claro. É o melhor, não é?"

Edward sorriu e me ofereceu uma água, que aceitei prontamente. Talvez tivesse recusado se soubesse que ele pegou uma garrafa do frigobar do hotel ao invés de ter feito como todas as pessoas que eu conhecia e comprado uma garrafa grande de água no mercado e levado pro quarto.

Finalmente meu computador deu sinal de vida e fui abrir o slide com a minha apresentação. Edward sentou na cama enquanto eu ocupei a cadeira. Ele tinha um caderninho e uma caneta em mãos.

"Posso tomar notas de coisas para lhe ajudar, se quiser," ele explicou. Assenti timidamente.

Respirei fundo, estranhamente nervosa de estar apresentando para meu maior concorrente, mas ao mesmo tempo confiante no meu trabalho. Iniciei o cronômetro e comecei a falar, sem interrupções. Edward olhava atentamente, com o cenho franzido de um jeito que me fazia querer colocar meus polegares em sua testa e tirar a ruga que modificava seu rosto.

"Bella, isso está… incrível," ele disse quando terminei. "Fazer seguimento e ver o impacto de cirurgias de trauma na qualidade de vida dos pacientes e seus familiares é uma ideia maravilhosa. Não é nada parecido com o que vemos geralmente."

Senti meu rosto esquentando enquanto ele elogiava.

"E você ainda criou e validou uma escala, então você tem um estudo quantitativo, não apenas qualitativo. Isso dá muita força ao seu trabalho, mesmo sendo retrospectivo."

"Já estamos submetendo ao comitê de ética pra fazermos prospectivo. Começar a entrevista com os acompanhantes e pacientes quando o paciente dá entrada no hospital, pra saber como é a vida antes do acidente, e daí acompanhar por mais tempo, usando a mesma escala."

Edward sorriu.

"É incrível, Bella. As vezes a gente se esquece do quanto a parte social impacta. E seu trabalho ainda teve um resultado estatisticamente significante quando compara a recuperação de pacientes com uma boa rede de apoio e paciente sem essa rede."

Me permiti um pequeno sorriso.

"Você definitivamente está no páreo."

Sacudi a cabeça em negação.

"Você vai ver. Ou melhor, nós vamos ver."

Olhei para ele, levemente alarmada.

"Você vai?"

Ele ergueu uma sobrancelha.

"Você foi na minha, não é mesmo? Também quero avaliar a concorrência," Edward comentou dando de ombros. O efeito blasé e desinteressado foi arruinado pelo seu meio-sorriso.

"Não tem concorrência," eu insisti.

Ele sacudiu a cabeça enquanto ria.

"Isso é o que veremos."

Eu revirei meus olhos, mas observei seu caderninho com interesse.

"Posso ver o que você escreveu aí ou vai entregar para os meus avaliadores amanhã?"

Ele sorriu e deu dois tapinhas ao seu lado na cama. Com uma sobrancelha erguida, sentei no local e fingi não sentir me arrepiar quando nossos braços entraram em contato.

Eu definitivamente não esperava que Edward fosse desistir de sua noite na festa para ajudar a pessoa que ele considerava sua maior concorrência para o prêmio. Tudo bem que ele não precisava do prêmio financeiro, mas o prestígio acadêmico ainda seria fundamental.

As anotações dele eram realmente valiosas. Era perceptível o quanto ele sabia sobre apresentações formais. Quando mencionei, ele explicou que Dr. Cullen sempre incentivou o aspecto pesquisador durante o curso.

Apresentei mais algumas vezes, e, antes que eu me desse conta, já passava da meia-noite.

"Eu não percebi o tempo correr," comentei. "Suas dicas foram preciosas, Edward. Obrigada."

"Foi um prazer lhe ajudar, Bella," ele respondeu, mantendo meu olhar. "Eu estaria mentindo se eu não admitisse que parte da minha motivação foi ficar mais tempo em sua presença."

Senti meu rosto queimando.

"Você já mencionou isso," lhe lembrei. Seu sorriso torto retornou e meu coração galopou em resposta.

"Eu sei. Mas quero deixar isso bem claro."

Nesse momento, a tensão entre nós dois era quase palpável no ar; eu estava irremediavelmente presa em seus olhos verdes. Não soube dizer quanto tempo exatamente se passou enquanto eu me apoiava na mesa ao lado do meu computador e Edward a menos de um metro de distância sentado na cama.

Ele só desviou seu olhar quando mordi meu lábio inferior e ele seguiu o movimento com atenção, mas voltou a me encarar após engolir em seco.

A união elétrica se partiu com o barulho de uma porta batendo no corredor. Edward olhou para o caderno em suas mãos e eu fechei os olhos, tentando me convencer que seria mais seguro enfrentar a festa…

"Aqui," Edward disse, se levantando e me oferecendo o papel em que tinha feito anotações. "Não acho que precise mais disso, mas…"

Estendi minha mão em reflexo para pegar, contudo nossos dedos se tocaram antes de eu entrar em contato com o papel. A folha caiu no chão quando Edward deu preferência a segurar minha mão e, lentamente, me puxou para perto dele.

Eu não ofereci absolutamente nenhuma resistência.

"Não sei se isso é a melhor ideia," murmurei quando seu nariz roçou em minha orelha.

"Talvez realmente não seja," Edward concordou, sua voz estranhamente aveludada e rouca ao mesmo tempo fazendo meu corpo estremecer. "Talvez você devesse voltar para seu quarto e descansar."

"Talvez," repliquei, pondo minhas mãos em seus ombros, "mas está tendo uma festa no meu quarto. Não vou conseguir descansar de qualquer jeito."

Ele suspirou no meu pescoço e fortaleci meu aperto em Edward.

"Você pode ficar aqui," ele sugeriu, "só tem uma cama mas…"

"Acho que conseguimos um jeito de dividir…"

Eu mal tinha terminado de complementar e seus lábios buscaram os meus, famintos, e me deixei ser encontrada com facilidade.

Levei alguns segundos para perceber suas mãos segurando meu rosto, de tão envolvida que estava em sua boca, mas quando notei, era impossível esquecer. Suas palmas não estavam quentes, mas deixavam um rastro aquecido por onde passavam; do meu rosto ao meu pescoço, uma de suas mãos se enrolando em meu cabelo enquanto a outra se ajustava em minha cintura.

Nós só paramos de nos beijar quando Edward perdeu a paciência e tirou minha blusa. Nesse momento, nos encaramos novamente; sua pupila tinha tomado praticamente todo o verde.

"Isso é loucura," consegui sussurrar. Edward sorriu, tão desacreditado quanto eu.

"Definitivamente."

"Nós estamos competindo-" eu comecei, mas Edward sacudiu a cabeça em negação.

"Esquece isso. Hoje é… hoje vai ser apenas sobre nós dois. Nossa noite," ele falou, voltando a segurar meu rosto. "Não importa o que vai acontecer amanhã. Nem sabemos se vamos nos ver depois que o congresso acabar. Mas podemos ter isso, essa noite, para nós dois."

Eu não tive certeza de que ele tinha feito muito sentido, mas acho que em certo nível, sua lógica me atingiu porque no segundo seguinte eu estava atacando a camisa de Edward – talvez eu tenha arrancado alguns botões – e o direcionando para a cama.

O toque de Edward era eletrizante, e eu não conseguia me acostumar a ele completamente. Agora que minha blusa havia sido descartada, não havia tanta barreira entre nossas peles, o que definitivamente era uma coisa boa principalmente quando eu deitava em cima de Edward e aproveitava o contato.

Eventualmente Edward tirou meu sutiã e o arremessou para longe, imediatamente invertendo nossas posições e aproveitando a maior quantidade de pele exposta, não apenas com suas mãos agora – como era possível que por onde passavam seus lábios deixavam a pele ainda mais aquecida do que suas mãos?

E talvez, racionalmente (que eu não estava naquela hora), não havia muito sentido o que ele falara, mas meu corpo parecia concordar que a noite era nossa quando ele se livrou da minha calça e da dele logo em seguida. Não importava o que aconteceria na manhã seguinte quando ele me levava ao paraíso com sua boca, nem se iríamos nos ver novamente no futuro quando ele sussurrava meu nome enquanto me adentrava.

Quando nos deitamos, Edward, olhando no fundo dos meus olhos castanhos, confessou que queria ser capaz de parar o tempo, parar o giro do mundo, para ficarmos presos naquele momento.

Eu sorri e concordei, mas lhe disse para gravar bem a imagem e a sensação de nós dois deitados e paralisados.

Edward assentiu e me puxou mais para perto, e gravei a imagem e a sensação de estar em seus braços, sentindo meu corpo se mexer junto com a respiração dele, de suas mãos fazendo desenhos aleatórios em meu tronco, de ouvir sua voz aveludada parar de sussurrar em meu ouvido para que ele depositasse um beijo em minha testa.

*.*.*

"Bella! Onde você estava?"

A voz de Angie foi a primeira coisa que ouvi quando cheguei na sala da minha apresentação. Ela e Jess estavam na porta, olhando nervosamente de um lado para o outro.

"Bem, com a festa no nosso quarto ontem, eu tive que achar outro lugar para dormir, não tive?" Repliquei, erguendo uma sobrancelha enquanto entrávamos na sala. Angela teve a decência de parecer culpada, mas Jessica apenas sorriu.

"A festa foi um sucesso," ela disse animadamente.

"Eu percebi," comentei, "eu cheguei no nosso quarto, preparada para dar uma última revisada e dormir bem para hoje, mas encontrei o que estava acontecendo."

"Onde você dormiu?" Angie perguntou, ainda preocupada.

"Um dos convidados da festa se compadeceu e me cedeu o quarto que estava," e não estava mentindo, apenas não disse que ele tinha ficado no quarto comigo.

"Ainda bem que alguém lhe ajudou," Angela disse. "Bella, me desculpe. Eu deveria ter impedido, mas fui ligar pra Ben e quando voltei…"

Eu sorri para ela; eu já desconfiava que aquilo tinha sido organizado por Jessica.

"Apesar de ter sido um sucesso, Edward Cullen ficou pouco tempo," Jessica continuou a falar. Fingi estar procurando alguma coisa na minha bolsa para não esboçar nenhuma reação.

Angela começou a falar com Jessica sobre como aquilo não era o mais importante no momento. Elas pegaram minha bolsa, me desejaram boa sorte e fui para a frente da sala.

Cumprimentei a banca e fui conferir meus slides para confirmar se estava tudo em ordem. O horário da apresentação se aproximava e vieram me explicar sobre o passador de slides, o cronômetro, o tempo…

Quando me virei para a plateia, encontrei aqueles olhos verdes me encarando. Lembrei da nossa noite e, quando ele sorriu para mim, sabia que daria o meu melhor.

Quando, no dia seguinte, ele foi anunciado como vencedor do concurso e depois de abraçar seu pai, Edward olhou diretamente pra mim, sorri de volta para ele, sabendo que ele tinha merecido, e que havia coisas mais importantes do que um concurso no mundo.

Mesmo que delas só restassem memórias.