CAPÍTULO XXXVI

Quando Mathilde se retirou, Elena sugeriu que assistissem a um filme, mas Rebekah recusou, alegando que precisava de um banho e de descanso. Além disso, ela queria telefonar para o marido antes de dormir.

– Bem, somos só eu e você, querida! – Kol comentou.

– Você quer assistir a um filme? – Questionou Elena.

– Sim, mas primeiro vou tomar um banho.

– Claro, eu também.

Eles caminharam até as escadas, Kol com um braço sobre os ombros de Elena.

– No meu quarto ou no seu? – Perguntou ele, com um sorriso que Elena sabia ser o que ele usava quando queria encantar uma mulher.

– Eu deixo você escolher!

– No seu então. – Kol disse quando chegaram ao corredor onde estavam seus quartos.

Quando se deitaram na cama de Elena, meia hora depois, ela se aconchegou a Kol. Nesse momento ela se perguntou o que Rebekah diria se os visse assim. Embora Elena temesse a reação de Rebekah ao saber que ela e Kol costumavam dormir juntos, não era como se eles fizessem algo errado. Eles não faziam sexo, e mesmo que fizessem, ambos eram solteiros, portanto, livres para fazer o que quisessem. Não que Elena tivesse pensado muito sobre isso, sexo com Kol. Era inegável que ele era bonito, mas ela não sentia desejo assim por ele. Sempre que ela pensava em sexo, era Klaus quem vinha a mente dela.

– O que você pensa que Rebekah dirá se descobrir que dormimos juntos? – Elena perguntou a Kol.

– Bem, ela vai surtar. – Kol riu. – Na verdade, ela já está surtando. – Ele tinha um sorriso travesso.

– O quê, por quê?

– Ela pensa que estou apaixonado por você. Ela me puxou para uma conversa outro dia.

– Oh! – Elena sabia disso, mas não sabia os detalhes. Ela estava curiosa para saber, por isso esperou Kol continuar.

– Ela pensa que esqueci Davina muito rápido e que você é o motivo disso. – Kol encarou Elena. – E ela está certa, de certo modo.

Elena sentiu seu coração disparar, recordando a própria conversa que tivera com Rebekah.

– Estar aqui com você me fez esquecer toda a dor que Davina me causou. Eu realmente a amava, talvez ainda ame, mas o que ela fez me magoou muito. Depois de tanto tempo, eu pretendia me casar com ela e por isso foi tão doloroso ser trocado. Eu não quero pensar ou falar com ela, porque acredito que tudo que eu senti vai voltar de uma vez. Estar aqui contigo me distrai. Você é uma ótima amiga, uma maravilhosa companhia.

Elena viu a dor nos olhos de Kol e lembrou de sua própria dor.

– Eu imagino como você se sente porque já passei por algo assim. Dói bastante, mas eu posso garantir que vai passar. Ainda é recente, e não tem um tempo certo para que você supere, mas vai acontecer.

– Muito sábia! – Kol deu um beijo na cabeça de Elena – É por isso que eu gosto tanto de você. E para ser franco, não me importa o que Rebekah venha a dizer sobre nossos hábitos noturnos, não vou deixar de fazer isso se você não quiser. Da mesma forma para Nick. Você tem sido uma amiga incrível, como eu nunca tive, e eu jamais a usaria como rebote.

– Por experiência própria, rebotes não são a melhor escolha. – Elena riu – E embora seja egoísta da minha parte, eu me sinto tão bem com você que quero aproveitar todo o tempo em que estamos juntos. Não consigo imaginar o que farei quando você não estiver aqui.

– Pretendo ficar o máximo de tempo aqui. Infelizmente eu terei que ir a São Francisco em breve, sobre meu trabalho e meus estudos lá. Mas você pode vir comigo. Será por pouco tempo. – Kol sugeriu animado.

– Quanto tempo?

– Umas duas semanas, talvez.

Embora Elena se animasse com a ideia, ela sabia que Klaus não permitiria isso. Por ele, ela ficaria presa nessa casa em Nova Orleans. Uma coisa era escapar por um final de semana, já duas semanas era tempo demais. Mas ela não queria estragar sua noite pensando em Klaus.

– Rebekah também me chamou para uma conversa. – Elena contou.

– Ela fez? – Kol estava surpreso.

– Sim. Ela me advertiu de que Klaus não gostaria se acontecesse entre nós.

– Sim, imagino que ele não iria gostar.

– Embora eu acredite que ele não se importaria, eu garanti a Rebekah que somos apenas amigos. Acredito que agora ela está mais tranquila.

– Oh querida, você está errada. Niklaus ficaria louco. Mas me diga uma coisa, você jamais pensaria em mim como algo mais do que um amigo?

Elena corou diante do olhar de Kol.

– Sim e não. Atualmente eu considero você um dos meus melhores amigos, por isso estamos aqui agora. Não pense que é qualquer um que dorme na minha cama! – Elena brincou, embora fosse verdade. – Mas a minha situação não é das melhores, e a sua também, acredito. Mas em outra vida, se nos conhecêssemos primeiro e fossemos solteiros, seria fácil me apaixonar por você. – Elena admitiu.

Kol a encarou.

– Isso foi exatamente o que eu pensei depois da conversa com Rebekah. Em outra vida, eu seria o homem mais feliz do mundo se ficasse com você. Mas agora, na realidade em que vivemos, eu sei que você está confusa sobre o meu irmão e eu ainda tenho sentimentos por Davina. Mas é fácil me apaixonar por você, querida.

Elena corou diante da intensidade do olhar de Kol.

– Se um dia for só você e o bebê, e eu esquecer Davina completamente, eu considero tentar algo além da amizade. Acredito que faríamos um casal e tanto.

Elena não sabia o que dizer. Ela tinha garantido a Rebekah que Kol era apenas seu amigo, que amizade era o único sentimento que ela nutria por ele, e ele dissera o mesmo. Mas essa sugestão de algo no futuro... Isso a confundiu. De repente, ela imaginou um futuro com Kol nele, e para sua surpresa, parecia feliz e promissor.

– Não quero que fique assustada com o que eu disse, querida, não é isso o que eu pretendo. Por enquanto, esqueça isso! Vamos viver o presente e nesse presente, somos apenas bons amigos e estamos felizes com isso. – Kol beijou a testa dela – Agora vamos ao filme.

Ainda mexida com a imagem dela, Kol e seu bebê como uma família, Elena se voltou para o televisor.

– Bem, alguma sugestão de filme? – Ela perguntou, tentando acalmar seu coração que batia acelerado.

– Não. Na verdade, eu quero assistir ao seu filme favorito, querida. Qual é?

Elena riu.

– Ah, você não vai querer, é Diário de uma paixão. Eu sempre assistia com minhas melhores amigas.

- Oh, mas agora eu sou um de seus melhores amigos, então eu preciso assistir a esse filme com você.

Elena sorriu, pegando o controle de Kol e buscando o filme. Ela tinha certeza de que ele não iria gostar, mas seria divertido vê-lo se contorcer com tanto drama.

– Não parece ser o tipo de filme que você goste. Vou avisando que tem muito drama. Espero que você não chore! – Ela cutucou.

– Oh querida, você sabe que eu só sou sensível e sentimental com você. De resto, nada me abala.

– Porque não assistimos algo de ação, é mais a sua cara? Ou quem sabe um suspense?

– Não, eu quero o seu filme favorito.

Elena suspirou, vencida.

– Não diga que eu não avisei. – Elena disse dando o play no controle remoto.

Ela já assistira o filme dezena de vezes, mas sempre se emocionava. Vez ou outra ela dava um olhar a Kol, para ver se ele não tinha adormecido, mas para a surpresa de Elena, Kol estava focado no filme e ela o viu se emocionar várias vezes. Quando terminou, ele estava com os olhos brilhantes, enquanto ela enxugava as lágrimas.

– Oh querida, não chore! – Kol a abraçou.

– Sempre acontece. Esse filme é muito emocionante, admita.

– Sim, eu admito. É um tipo de amor tão intenso, mas tão desencontrado. É angustiante que eles não tenham vivido esse amor como o esperado.

– Olha só você, um romântico! – Elena brincou.

– Você não me ouviu dizer isso. – Kol riu.

Eles conversaram um pouco mais sobre o filme, até que adormeceram tranquilamente abraçados.