Nota da autora: Escrevi esta história como presente de aniversário para a Kuchiki Rin! Espero que gostem e que possam comentar, está bem SessRin :)
Ao amanhecer
One-shot
Para Kuchiki Rin
Sesshoumaru acordou muito antes do amanhecer.
Não que dormisse com frequência e sofresse com falta de sono. Simplesmente não sentia a mesma necessidade que a esposa tinha de descansar.
Com ela, apenas fechava os olhos por algum tempo para acompanhá-la durante a noite. Rin, que havia passado quatorze anos dormindo direto, agora dormia apenas o necessário.
Na noite anterior, as filhas vieram visitá-los para avisar que iriam viajar para o Norte a trabalho, tranquilizando a mãe pelos dias que ficariam sumidas. Trajavam também os novos kimonos – a mais velha com um tecido parecido com a roupa do avô Inu no Taisho e a mais nova com a mesma estampa do laço do obi dele.
Seria agora daquela maneira dali por diante.
Não havia a menor necessidade de as duas fazerem aquilo. Dinheiro não era o problema. Lugar para ficar também não. Nem dívida, como a sobrinha Moroha tinha até o pescoço – ou melhor dizendo, até o focinho.
Mas ele entendia. Percebeu o quanto elas queriam continuar com a independência e treinando para serem mais fortes.
— Hmm... – a esposa murmurou durante o sono. Parecia que eram sonhos realmente bons, sem qualquer interferência de criaturas que controlavam os sonhos ou de outros inimigos.
Mudando de posição, curvou-se sobre o corpo de Rin e observou a feição tranquila. Envolvida pelo mokomoko na altura da cintura, não sentia frio e nem calor, muito menos dormia com qualquer roupa senão a que o youkai havia mandado Jaken buscar em outras terras e que tivessem altíssima qualidade.
Ouviu um barulho do lado de fora da mansão e sentiu o cheiro da comida ser preparada. Era Jaken já organizando as coisas para o café da manhã dela.
Algum tempo depois, ouviu a ponta do Bastão de Duas Cabeças batendo no chão – um sinal de que estava tudo pronto.
Era hora de acordá-la.
— Rin. – ele falou num tom muito menos imperativo que o geralmente usado, mas que teve o mesmo efeito que queria: a esposa começou a se remexer no futon.
— Hmmm... – ela abriu os olhos.
Ao reconhecer onde estava, deu um sorriso.
— Bom dia, Sesshoumaru-sama.
Por um momento, ficaram em silêncio, apenas trocando os olhos, como se a única comunicação necessária fosse daquela maneira.
— Vamos.
Com mais um sorriso, ela sentou-se no futon e esticou os braços para o alto para espreguiçar-se, olhando para a porta deslizante de papel de seda e bambu semiaberta do quarto principal. Estava um bonito dia lá fora.
E veria mais depois de comer.
Sesshoumaru estava de braços cruzados olhando para o céu relativamente distante de onde estava a esposa e o pequeno servo.
— O que ele está procurando agora, Jaken-sama? – Rin perguntou. Sentada em seiza diante de uma pequena mesa com a refeição posta do lado de fora da mansão, segurava uma tigela de porcelana com arroz e olhava curiosamente para o esposo.
— Não sei. – ele falou extremamente sério olhando para o amo.
— Como assim, você também não sabe? – ela franziu a testa – Você sempre sabe mais do que eu.
— Hunf. – o outro resmungou num tom de obviedade sem tirar os olhos do grande youkai – Você também sabe.
— Claro que sei, mas acabei de acordar.
— Ele não me falou nada porque ficou a noite toda com você, ué.
A humana deu de ombros e voltou a comer o arroz, os legumes cozidos e tomou misoshiro. Era tão bom voltar a comer refeições quentes e boas... Só gostaria que mais duas pessoas estivessem ali.
Assim que colocou a tigela de sopa de misô na mesa, unindo as mãos para agradecer, ela ouviu a voz de Sesshoumaru soar como se estivesse apenas aguardando que ela finalizasse a refeição:
— Vamos, Rin.
A esposa piscou e trocou um olhar curioso com Jaken.
— Ah, eu amo esse lugar! – Rin olhou para o vasto campo com anêmonas brancas, uma das flores favoritas dela. Lembrava-se de ter muitas delas no dia do casamento.
Ajoelhou-se e começou a colher algumas. Era uma boa época do ano e talvez encontrasse mais outros campos com flores diferentes em outros passeios.
Próximo, o esposo continuava olhando para os céus e Jaken apenas acompanhava o grupo. Aparentemente haviam voltado à sincronia anterior, quando eram apenas eles e sem as crianças. Ele mesmo teve que se desdobrar para cuidar tanto de Rin, quanto das gêmeas e dos interesses de amo, parecia agora um momento de paz.
A humana já tinha colhido o suficiente para fazer um buquê quando Sesshoumaru a chamou:
— Rin.
Voltando o rosto para ele, percebeu que ele ainda olhava para os céus.
— Aquelas são...! – ela levantou-se e largou as flores no chão, abrindo um largo sorriso.
Nos céus, as filhas andavam com Kirara em direção ao norte, onde participariam de algumas aventuras.
Então foi para vê-las que Sesshoumaru a trouxe para o campo... Ele a acordou e esperou terminar de comer para levá-la a um lugar que gostava tanto para ver as filhas.
Ergueu a mão e começou a acenar:
— TOWAAA! SETSUNAAA!
— Ahhh, é nossa mãe! – escutou a filha mais nova falar.
— E o nosso pai está com ela! – a mais nova apontou.
Ainda acenando, ela desejou:
— Até mais! Tomem cuidado, ne!
As filhas responderam:
— Estamos indo agora! – Setsuna falou.
— Quando voltarmos, quero ouvir mais histórias suas, pai! – Towa gritou logo em seguida.
Rin acenou até que as duas desaparecessem do campo de visão e ouvir a voz do esposo:
— Vamos, Rin.
— Sim! – ela concordou, esquecendo já as flores e tudo para seguir o youkai. Ver as filhas saírem para trabalhar já era a alegria do dia proporcionada pelo esposo.
Queria muito que elas voltassem bem para casa. Depois de todos os anos separadas, era bom vê-las tão independentes e fortes.
— Ah, Sesshoumaru-sama está feliz! – Jaken comentou ao interpretar as feições do amo.
Mal percebeu quando o grande youkai passou por cima do pequeno e foi embora como se nem estivesse mais ali.
— Você nunca muda, né, Jaken-sama? – escutou Rin perguntar antes de vê-la afastar-se para seguir Sesshoumaru.
Tratou de colocar-se em pé e correr atrás dos dois, gritando:
— Sesshoumaru-sama, espere por mim, por favor!
Ao aproximar-se, ouviu os planos de Rin:
— Acho que dá tempo de comprar mais um kimono para elas, né?
Não houve resposta, mas o silêncio significava sim.
— E de arrumar o quarto delas em casa para não ficarem só na casa de Kaede-sama.
Novamente veio o silêncio de consentimento. Tudo seria providenciado. Seria bom as filhas terem um espaço na casa para ficarem com a mãe quando ele não estivesse por perto.
A mão dela tocou a dele e aproximou-se mais ainda dele, fechando os olhos.
— Obrigada, Sesshoumaru-sama. – ela sorriu.
O leve aperto da mão dele foi uma resposta.
