Isabella encolheu-se em sua cela. Uma cela vazia e fria.

Já fazia uma semana que ela estava ali. Ela ansiava pelo lado de fora. Algum lugar. Qualquer um que não seja aquele espaço frio.

No canto da cela havia apenas um beliche encostado na parede.

Já fazia uma semana que ela não via seu captor, ele havia caminhado até ela, olhando-a da maneira mais fria que alguém já a tinha olhado. Ao se aproximar de seu pescoço, lhe colocou uma coleira.

Ela era a escrava dele. Sua propriedade. Ele a chamou.

E nesse instante um arrepio percorreu o corpo de Isabella. Ela nunca tinha

visto alguém com um ódio tão profundo no olhar.

O Rei Edward a odiava. Demais. E Isabella sabia o motivo melhor do que ninguém.

Há uma semana, ela era a Princesa Isabella. Filha do Rei Aro de Volturi.

Era temida e respeitada.

Ninguém ousava olhar para ela duas vezes. Ninguém a encarava nos olhos.

Ninguém andava no mesmo caminho que ela, a não ser que não quisesse

à vida. O pai dela se certificava disso.

Mas seu pai estava morto e seu reino foi tomado pelo cruel Rei Edward.

Ele também a tinha tomado como sua escrava.

De repente, o som de passos e correntes se arrastando chamou a atenção de Isabella para a porta da cela. A porta se abriu e um guarda-costas entrou. Ele carregava uma bandeja de comida e nessa hora o estômago de Isabella começou a roncar, a fome a consumia enquanto lembrava que aquela era sua primeira refeição desde a manhã e já parecia estar anoitecendo.

– Aqui está sua comida, Priiiincesa. – O guarda alongava a sílaba em desgosto. Todos ali a odiavam e Isabella sabia disso.

Mesmo assim ela ergueu o queixo desafiadoramente, sem dizer nada.

– O rei estará aqui em algumas horas. Esteja pronta para recebê-lo. – Disse ele antes de sair da cela.

O medo a dominou. Ela ainda não estava pronta para enfrentar seu captor. Mas uma semana já havia se passado e Isabella sabia que isso era inevitável.

O sol estava quase se pondo quando Isabella ouviu passos. Seguido por um grito que anunciava

–O REI CHEGOU!

–Não me anuncie, Emmett. – Veio uma resposta curta que fez com que Isabella se arrepiasse. Por toda a sua vida, ao longo de seus 21 anos, ela nunca tinha ouvido uma voz tão fria.

–Me perdoe, meu rei. – Disse Emmett rapidamente.

Sons de correntes... e então, a porta se abriu com força. Apenas o rei havia entrado, pois Isabella ouviu apenas um passo, quase inaudível. A porta se fechou atrás dele. De repente, sua cela fria e tediosa não era mais tão... tediosa. Ela ergueu os olhos e o encarou demonstrando seu próprio ódio por aquela pessoa.

Ele era tão grande como um guerreiro, mas possui o porte de um rei. Isabella sabia que ele tinha trinta e cinco anos... e era cheio de si. Mesmo quando ele era escravo do pai dela, era como se uma aura real estivesse sempre presente em torno dele. Não importava o quanto ele fosse espancado... ou torturado.

Eles se encaravam, a malícia entre eles aparente. Evidente. Mas o Rei Edward não sentia apenas ódio... era repulsa. Ódio e raiva em suas formas mais puras. Não havia empatia em seu olhar. Seu rosto poderia ser muito bonito, mas uma cicatriz enorme corria sobre uma de suas bochechas, conferindo-lhe uma aparência selvagem.

Ele se aproximou, abaixando perto dela e passando a mão por seu cabelo... comprido e castanho.

De repente, ele agarrou e puxou o cabelo com força, forçando a cabeça dela para trás e obrigando-a a encarar o oceano vazio que os olhos dele representavam. A dor ardia no corpo dela.

– Quando eu entrar aqui, você vai se dirigir a mim. Não vai ficar apenas sentada como uma covarde me encarando ou eu vou te punir por isso. – Nesse momento seus olhos tinham um brilho meio louco. – Não há nada no mundo que eu gostaria mais do que te punir.

Isabella se viu assentindo com a cabeça. Sim, ela odiava aquele homem, seu captor, mas, mais do que isso, tinha profunda aversão à dor. Ela não gostava nada de dor e seria capaz de fazer qualquer coisa para evitá-la.

–Sim... Meu rei. – Ela gemeu.

Os olhos dele brilharam em desprezo. De repente, ele abaixou a mão e a colocou no seio mal coberto dela. Circulou o mamilo através da roupa e então o beliscou com tanta força que Isabella lançou um grito agudo enquanto uma onda de dor se espalhava pelo corpo.

Ele ainda apertava o mamilo dela com força enquanto a olhava nos olhos.

–Eu não sou seu rei e jamais serei. Eu sou o rei do meu povo e você não faz parte dele. Você é minha escrava, Isabella. Minha propriedade.

Isabella acenou com a cabeça rapidamente, desejando que ele soltasse seu seio machucado. Mas ao invés disso, ele apertou com ainda mais força, tanto que os olhos dela lacrimejaram.

–Você vai se dirigir a mim como seu mestre, e irá me servir. Assim como meus servos... só que mais.

Seus lábios se curvaram em um sorriso selvagem, repleto de ódio.

–Certamente, você sabe como uma escrava serve seu mestre. Afinal, seu pai te ensinou bem, não foi?

–Sim! Sim! – Ela gritou, fechando os punhos. –Por favor, me...solte!

Ele a beliscou... com força.

–Sim... o quê?

–Sim...M-Mestre. – Lágrimas de raiva transbordaram dos olhos dela. Isabella odiava essa palavra mais do que qualquer outra coisa, pois sabia o quanto era degradante.

Ele a soltou quase imediatamente e se afastou. Seu rosto desprovido de qualquer emoção. De pé, rasgou a blusa dela em pedaços, a deixando com os seios nus e expostos para seus olhos frios e insensíveis.

Isabella sentia a garganta fechar segurando lágrimas de humilhação. Ela agarrou sua saia desgastada, esforçando-se para não ceder ao desejo de se cobrir dele. Mas os olhos dele não mudaram em nada quando viu o corpo dela. Nenhum

sinal de desejo ou luxúria. Nada.

Ao invés disso, ele apalpou um dos seios, aquele que já estava com o mamilo machucado e dolorido, e começou a acariciá-lo.

–Levante-se.

Ela ficou de pé com as pernas trêmulas, encarando o chão com os olhos embaçados.

–Emmett! – Ele gritou.

Ela congelou e tentou se livrar dele para cobrir sua nudez, mas a mão que segurava seu peito começou a apertá-la, fazendo com que ela parasse, a menos que quisesse arriscar sentir mais dor.

–Vossa Majestade?– O homem grande entrou, olhando diretamente para seu rei.

– Dê uma boa olhada nesta escrava, Emmett. Você gosta do que vê?

Os olhos de Emmett percorriam todo o corpo dela, e Isabella desejava que o chão se abrisse para cobri-la. Mas ela ficou parada, desafiadoramente, encarando Emmett de frente.

A luxúria preenchia os olhos de Emmett enquanto ele a olhava com desejo.

–Posso tocar?– Ele perguntou ansiosamente.

–Outra hora. Saia.

Emmett olhou para o rei novamente, e Isabella percebeu que havia alguma coisa no olhar daquele homem quando ele encarava seu rei. Não era ódio... não, definitivamente não era ódio. Mas ela ainda não conseguia entender aquele olhar. Emmett saiu da cela.

–Guardas! – Ele chamou e não precisou levantar a voz.

Dois guardas apareceram.

–Sim, Vossa Majestade.

Seus olhos frios ainda fixos nela.

–Diga aos serviçais para darem banho na minha escrava assim que eu terminar aqui, limpem-na e a deixem em meus aposentos em três horas.

–Sim, Vossa Majestade.

Os guardas estavam relutantes em sair olhando-a nua.

Isabella, por sua vez, se concentrava no rei, com raiva e ódio em seus olhos marejados. E desafio em sua postura. Ele finalmente soltou o seio dela.

–Eu vou te machucar tanto que você vai começar a viver desejando a dor. Farei você passar por tudo o que você e seu pai fizeram comigo e com meu povo, e ainda mais. Vou compartilhar você com quantos eu quiser e vou treiná-la para se tornar a mais obediente das vagabundas.

O medo era quase visível na língua de Isabella, mas ela não permitiu que isso transparecesse em sua boca. Ela sabia que tudo isso aconteceria antes mesmo dele chegar.

Os lábios dele se contraíram, destacando a bochecha marcada.

–Eu vou quebrar você, Isabella.

–Você jamais irá me dominar, seu monstro! – As palavras explodiram dos lábios de Isabella.

Os olhos dela se arregalaram ao perceber que havia respondido para ele. Escravos não respondem aos seus mestres, ou haveria punição. E ele demonstrou isso. Agarrou a corrente da coleira e puxou com força, fazendo Isabella gritar. Os olhos dele brilharam. Ele ergueu o queixo dela, segurando com força.

– Amo ver esse fogo no olhar, porque irei adorar apagá-lo de vez. Você não faz ideia do que tenho reservado para você, ou talvez saiba... Afinal, você já treinou escravos.

Meu pai treinou escravos! Ela quase gritou com ele.

Um ódio puro escorria dos olhos frios dele.

– Seu treinamento começa hoje à noite. Você ficará na minha cama.

Ele se levantou e saiu da sala como um enorme e letal leão da montanha.