Capítulo 5 – Sono compartilhado
Katniss fez menção de ir à sua casa para tomar banho e trocar de roupa e sugeri que ela tomasse banho aqui e emprestasse um pijama meu. Estava com medo de a deixar ir e ela não ter coragem de voltar. Acho que ela estava pensando o mesmo pois minha sugestão foi acatada com alívio.
Ela subiu e tomou banho no meu banheiro, sem fingir que dormiria no outro quarto. Subi logo que ouvi o chuveiro desligar, tirei a camiseta e deitei na cama, esperando por ela. Para logo em seguida colocar novamente a camiseta, e a tirar mais uma vez, inseguro. Estava para colocar a peça mais uma vez quando ela saiu do banheiro, já vestida com uma camiseta minha, enorme, e nenhuma calça.
-A calça ficou caindo, desculpe – ela estava insegura, como eu.
- Você está tão magrinha...
- Como você – ela me cortou.
Era verdade, pensei. Mas eu tinha um plano, iria conversar com Thom sobre ele amanhã e logo começaria a encher aqueles ossinhos.
Me encostei na grade fria da cabeceira da cama e deixei escapar um gemido de dor. Katniss me olhou e procurou o foco da dor com os olhos, logo encontrando a razão nos meus ombros vermelhos e descascando.
- Vou a floresta amanhã e trarei babosa, poderemos confeccionar um gel para sua queimadura.
- Não precisa se incomo-
-Não é incomodo nenhum Peeta – ela me cortou seca, atravessando quarto. Apagou a luz e se deitou ao meu lado
-É isso que a gente faz, cuida um do outro. Real? – perguntei, vendo sua silhueta entrando debaixo do lençol.
- Real – disse ela, se virando de lado
Me acomodei para dormir também. Com dificuldade, ergui a barra da calça até a coxa e tirei a prótese, encostando-a na cama e soltando um suspiro de alívio.
- O que houve com sua perna? - Ela perguntou, atenta – você não a tirava pra dormir antes.
- Aquela era uma prótese fixa. Era ligada cirurgicamente à minha perna – disse, entrando debaixo do lençol e percebendo o calor que emanava de seu corpo – mas durante a revolução eu forcei demais a perna e logo depois eu – me revolvi, sem graça, não era confortável pra mim falar daquele assunto, mas continuei porque ela teria que saber uma hora ou outra – eu entrei em surto quando você matou a Coin – falei de uma vez.
Katniss se sentou e fez um esgar com as mãos, tensa, continuava, porém, calada.
- E tentei tirar a perna, sozinho no quarto depois. Bom, foi o que me disseram. Não me lembro de nada disso. Só sei que quando me acharam eu já tinha feito um buraco irreparável da perna e danificado de modo permanente a prótese, que teve que ser trocada. Deixaram esta, que é móvel, pois chegaram à conclusão que minha perna ainda poderá se desenvolver e sarar de vez. Eu não tive escolha nenhuma no processo – falei, quase sem voz – esse joelho não obedece bem, trava nas horas mais inconvenientes e – meus olhos se abriram de susto com a luz que foi ligada sem aviso.
- E você passou o dia inteiro em pé hoje – ela parecia zangada – vamos, deixe-me dar uma olhada.
Sem nem tentar fazê-la mudar de ideia, sentei e tirei a calça. Seria impossível erguer a barra até a coxa. Se Katniss ficou envergonhada de me ver de roupa intima, não disse nada. Somente se abaixou e olhou o coto de forma objetiva, passando os dedos pelas cicatrizes altas. Toda a minha pele se arrepiou e contive um palavrão, prendendo bem os lábios.
- A pele está bem vermelha Peeta, mas não há sinal de infecção. Amanhã irei procurar Mae Be, ela nos fornecia mel e tenho esperança de que ela tenha um pouco de própolis. – Katniss ergueu o olhar e estreitou os olhos – seu rosto está todo vermelho – ela espalmou a mão na minha testa, me tocando novamente – não há febre, pode ser apenas o sol. – Levantou-se e atravessou o quarto novamente, apagou a luz e mais uma vez se deitou, dessa vez colando seu corpo ao meu.
Eu não havia colocado a calça novamente.
Começou uma doce tortura. Suas coxas queimavam as minhas coxas e eu tentava jogar a pelve para trás, para esconder meu estado. Seus cabelos cheirando a mato faziam cocegas em meu nariz. O sono era impossível, mas eu não ousava me mexer. Ela também não estava dormindo. Sua respiração soava entrecortada e difícil.
- Não consegue dormir? – perguntei, rouco
- Não – ela falou, se mexendo mais para trás e colando ainda mais seu corpo no meu. – Acho que quando dormíamos juntos no trem havia muito medo e talvez uma falta de maturidade, da minha parte, que me permitia ignorar isso – ela falou, jogando a mão para trás e acariciando meu corpo.
- Katniss... – Supliquei.
Meu corpo latejava, cada pedacinho dele. A lua abrilhantava pouco do quarto, criando um lusca fusco confuso. Eu me virei, olhando para cima, tentando ignorar a sensação macia da sua bunda na minha virilha, em vão.
Ela se virou rapidamente, ficando de frente para mim. Erguendo o rosto, ela me deu um beijo no maxilar e se deitou no meu peito, passando a perna por cima da minha e colando seu braço em meu peito.
Outra noite insone. Uma noite em chamas.
{...}
Estávamos nos beijando. Minha mão passeava sem vergonha pelo corpo dela, que gemia meu nome. Sentia suas unhas no meu couro cabeludo e seu sexo apertava o meu. Tinha que segurar o êxtase, mas não iria aguentar muito tempo, quando ela se ergueu sobre mim, seus pequenos seios se balançando ao alcance de meus lábios, não me contive e abocanhei um deles, chupando forte e ela gemeu alto meu nome:
- Peeta.
Ela estava assustada. Enlacei uma mão em seus cabelos e a puxei para mim.
- Peeta, acorde.
Abri os olhos de uma vez, assustado.
- Você estava gemendo. Estava tendo um pesadelo?
Virei rapidamente. Quase tive um sonho molhado, algo que não tinha desde meus 13 anos, ali na cama com ela.
- Sim – menti enquanto alcançava a calça – obrigada por me acordar. – Tateei a mão perto da cama até sentir a bengala e me apoiei, levantando-me rapidamente. - Banheiro – disse, enquanto tentava guardar na mente detalhes do sonho.
Cheguei no banheiro e liguei o chuveiro, sem me importar com o que ela iria pensar. Envolvi meu pênis com a mão e o chacoalhei depressa, sentindo nos lábios ainda aquele seio macio, e alcancei o clímax num átimo. Tomei banho rapidamente numa água bem gelada, para coibir novos sonhos. Teria que fazer isso todos os dias se fossemos dormir juntos de agora em diante.
Ela ainda estava acordada quando voltei pra cama, parecia preocupada.
- Eu também tenho que tomar banho depois dos pesadelos -disse, sonolenta – eles também me deixam toda suada.
Pensei em seu corpo suado e o martírio recomeçou.
