Capítulo 6 – Desculpas

Seu leve ressonar acabou me embalando, e eu acordei em algumas horas, precisando repetir o processo, outro maldito sonho. Desistindo do sono de hoje, me levantei com cuidado para não acordá-la e fui ao banheiro fazer minha higiene diária, que aparentemente precisaria incluir masturbação de agora em diante e desci, com a perna na mão, resolvido a agradá-la.

Me apoiei no sofá e tirei novamente a calça, para que a perna pudesse ser bem presa. Preparei o fermento e o deixei tampado e descansado e fui ao refeitório conjunto. Achei que fosse encontrar a Greasy Sae ali e não me decepcionei. Regateei com ela um bom pedaço de bacon, manteiga, leite e ovos, prometendo que pagaria assim que o Leão do Norte abrisse suas portas e voltei para casa.

Fiz um bolo simples, com os ingredientes da casa e fiz uma farofinha com a farinha, manteiga, açúcar e canela que arrumei por cima da massa antes de levar ao forno. Cortei o bacon em fatias e as fritei. Usei o óleo do bacon na massa da panqueca. Fiz mais chá e esquentei o leite. Ela desceu quando o bolo saía do forno.

- Me senti culpado por não poder fazer seu pão – disse estendendo uma toalha na mesa e dispondo pratos, xicaras e talheres.

- E resolveu fazer um banquete pra se redimir – ela disse com riso nos olhos – pois bem, está perdoado, mas que seja a última vez.

- Veja – ela se ergueu enquanto via a velha Sae atravessando a rua, rumando para sua casa – Sae - ela gritou – se virou para mim e perguntou, com os ombros tímidos – ela me leva um desjejum todos os dias, acho que vai ver se não me matei durante a noite -ela fala dando de ombros.

- Ahá onde foi parar meu bacon -exclama Sae, astuta, enquanto entra em minha casa e repara em Katniss – que bom que acordou cedo hoje menina, veio filar o desjejum do Peeta? – ela se sentou defronte a Katniss, ainda em meus pijamas, sabendo muito bem que ela havia passado a noite ali.

Me viro para o fogão para esconder meu rosto afogueado.

- Bacon – Haymitch entra em seguida, sentando-se a mesa e reparando em Katniss, com um pijama muito maior que ela – você também sentiu o cheiro lá da sua casa?

Katniss fingiu que estava ocupada com a comida e não respondeu, mas seu rosto vermelho era um livro aberto.

Levo o bolo para mesa, alcanço mais utensílios para os penetras e me sento. Katniss devora a comida, sendo vigiada por uma sorridente Sae, mas guarda sua cota de bacon no guardanapo.

- Buttercup – explica, quando pega meus olhos nos dela

- Esse gato é maluco, ele voltou sozinho lá do 13? – Haymitch está assombrado

Katniss balança a cabeça.

- Ele voltou um dia depois de Peeta – ela funga, olhando para baixo – estamos nos dando bem. Ele tem me feito companhia.

Haymitch a olha, há muita dor e culpa em seu olhar.

- Olha, criança, eu devia ter ido mais vezes checar você, mas eu estava...

- Muito ocupado bebendo e sentindo pena de si mesmo – ela corta. Mas balança a cabeça, conciliadora – tudo bem Haymitch, eu nem perceberia você lá mesmo.

Sae balança a cabeça, concordando, ao mesmo tempo que olha com raiva resignada para Haymitch.

O homem estende a mão por sobre a mesa e a menina a agarra, um pedido de perdão silencioso era pedido e concedido.

Limpei a garganta. A cena me comoveu. Aproveitei que olharam pra mim e emendei.

- Você não queria se voluntariar? Thom estará lá agora. Ele ficará muito satisfeito com dois pares extras de braços.

- Dois? – Haymitch puxa sua mão e cruza os braços – o que você falou pra ele?

- Katniss não me falou nada de você – falei ríspido – como ela poderia, vocês não estavam se falando, estavam? - reparei que estava alterado e tentei me serenar. - Mas ela está fazendo um esforço, saindo de sua concha e tentando ser útil e acho que você também tiraria bom proveito disso – mais calmo, levantei e me coloquei às suas costas, pousando as mãos sobre seus ombros – você não tem sido capaz de me reconhecer nas últimas veze que fui até sua casa, estou preocupado com você.

- Cuide de sua própria vida – o homem se levantou abruptamente – essas tiras de bacon estão muito velhas para você poder achar que pode tomar decisões em meu lugar – e saiu da casa, com o rosto vermelho de raiva.

Fiquei olhando-o marchar até sua casa, com vergonha da cena quando senti uma mão na minha.

- Obrigada – Era Sae. Me deu dois tapinhas no rosto com ternura e saiu.

Katniss continuava na mesa. Ela se levantou quando me virei e começou a recolher as coisas e levar para pia. Mudo, a ajudei.

- O que você está tomando? – eu comecei a puxar assunto e logo embarcamos em uma feliz comparação de remédios e sintomas enquanto lavávamos e guardávamos tudo.

-É melhor eu me apressar, se ainda quero buscar a babosa e descobrir se Mae Be está por aqui – disse, terminando de enxaguar uma xícara. Terminando, secou as mãos nos quadris e passou as mãos pelos cabelos, se espreguiçando. Seu tronco estava arqueado pra frente, empinando seios sem sutiã embaixo de uma fina camiseta branca. Seu rosto foi jogado para trás, os olhos fechados e a boca estava curvada num leve sorriso.

A minha boca estava seca. Senti meu corpo gravitar até ela, quando percebi já estava muito perto. Levei uma mão até seu cabelo e puxei uma mexa, fazendo-a abrir os olhos e lamber os lábios, devagar

-Você ficou linda de cabelo curto, parece uma menina, disse, abobado

- Mas eu sou uma menina – ela brincou, dando um passo para frente.

Num impulso, ela ergueu sua mão até minha face, acarinhando-a. Fechei os olhos, mudo de prazer, sua mão estava fria

- Essas sardas são novas – ela passou os dedos pela ponte do meu nariz e pela minha sobrancelha, para em seguida segurar meu rosto – eu costumava conhecer cada sarda do seu rosto – ela me puxou fracamente.

Estávamos a centímetros um do outro quando ouvimos a voz de Haymitch, zangado à porta, e nos separamos de um pulo.

- Bom, vamos pra porcaria do voluntariado ou não vamos?