Aquele dia estava muito agradável em Nova Namekusei, o calor do sol
estava bastante confortável. Um jovem namek chamado Kargo voava rasante
brincando com a relva enquanto a brisa fresca acariciava sua pele verde.
Kargo parou perto de uma nascente para matar a sede, ajoelhou a colocou
as mãos na água. Enquanto bebia acabou se lembrando de Dende, um de seus
irmãos que agora morava na Terra, ele era Kami-sama e tinha o grande dever
de cuidar daquele planeta tão grande. Lembrou-se de quando eram crianças
e brincavam juntos, ele, agora adolescente, sentiu saudades daquele tempo.
Já ia se levantando quando sentiu algo espetando seu ombro, antes de poder
ver o que era perdeu os sentidos e caiu, não viu mais nada.
Kargo abria os olhos à medida que ia recobrando a consciência, não
fazia idéia do que havia acontecido. Viu-se num lugar estranho, em cima
de uma cama dura que mais parecia uma plataforma no canto de um pequeno
e escuro quarto cinza, além disso havia apenas uma porta fechada com uma
pequena janela gradeada por onde entrava uma tênue luz. A parede oposta
à porta também tinha uma pequena janela gradeada bem no alto, estava escuro
do lado de fora e o tempo parecia fechado. O jovem namek, sentindo-se fraco,
tentou encolher as pernas e percebeu que algo prendia seu tornozelo esquerdo,
era uma corrente não muito pesada mas apertada. Começou a sentir sua perna
sendo ferida. Não era só aquilo, alguma coisa pesava em seu pescoço, seu
cachecol não estava mais lá e sim uma estranha coleira. A coleira parecia
comum mas as duas pontas eram interligadas na frente por um pequeno aparato
que lembrava uma pedra roxa e piscava toda vez que ele tentava reunir forças.
Examinou o estranho objeto sem entender, resolveu continuar deitado até
suas forças voltarem, deduziu ter sido drogado mas para que? Das suas roupas
só restava a calça, estava sem sapatos também. Continuou ali tentando se
manter calmo, na verdade estava fraco até para se desesperar.
Esperou até o dia clarear, a fraqueza persistia... a porta se abriu,
era um garoto de pele avermelhada e cabelos longos e claros, parecia ter
sua idade e também usava uma coleira igual. O rapaz se aproximou sorrindo,
tinha marcas de correntes nos braços e pernas e usava uma túnica branca.
"Olá! Meu nome é Siji. Vou te apresentar o lugar." Kargo ficou calado enquanto
Siji soltava suas correntes e o ajudava a levantar, levantou com dificuldades
e tonto. "Você logo se acostumará à coleira de contenção, no início é assim
mesmo. A propósito, qual seu nome?" Siji tentava ser amigável pois sabia
exatamente o que se passava com seu novo companheiro. O jovem namek esfregou
os olhos e agitou a cabeça tentando se recompor "Meu nome é Kargo... que
lugar é esse?" Siji sorriu e segurou a mão de Kargo "Aqui é o planeta Naimount.
Agora vem comigo." Siji conduziu Kargo para fora do quarto, era um longo
corredor cheio de portas e mal iluminado que terminava numa escada de subida,
havia um tapete vermelho no chão, até que o ambiente era limpo e conservado.
Subiram as escadas, havia outro corredor no andar de cima, mais amplo e
enfeitado, havia menos portas e as existentes eram grandes e aparentemente
resistentes. Siji levou Kargo até um grande salão bastante iluminado, cheio
de flores e obras de arte. Num elevado havia um trono vazio entre cortinas
com um guarda de cada lado. Mais afastado, quase no canto, estava um homem
de pele dourada e longos cabelos brancos, parecia jovem, ele pintava um
quadro. O jovem de pele avermelhada levou o namek até ele e fez reverência
"Lord Golden, aqui está o garoto namek." Lord Golden examinou Kargo de
cima a baixo e pôde notar seu desconforto por estar ali. "Ele não parece
ter muita força física... Faça ele vestir algo melhor, Siji. Vamos ver
o que ele pode fazer por aqui." Siji obedeceu, levou Kargo à um quarto
onde havia muitas roupas e sapatos e também algumas almofadas grandes pelo
chão. Siji começou a procurar algo que servisse em Kargo, não foi difícil
encontrar uma toga branca com detalhes dourados. Kargo teve de tomar um
banho antes de vestir aquela roupa que o fez sentir estranho, era bem diferente
de roupas nameks.
Novamente voltaram para aquele salão, agora no trono estava um homem
de meia-idade e uma mulher muito bem vestida com um longo vestido branco
e dourado ajeitava as flores, ambos tinham cabelos brancos e pele dourada.
Siji levou Kargo até o homem e fez reverência, o jovem namek ficou parado
e foi obrigado a se curvar por Siji "Lord Ore, esse é Kargo, o garoto namek."
ouvindo a conversa a mulher se aproximou e segurou o queixo de Kargo "Então
essa é a criatura assexuada? Sua pele é verde de fato... quero ficar com
ele." Lord Ore se manifestou "Não, minha esposa. Esse eu prometi a nosso
filho." a mulher largou Kargo e o deixou com uma mistura de raiva e medo,
ele não sabia o que esperar dali "Você tem mimado muito Golden, querido."
ela voltou a cuidar das flores "Siji, alimente-o e ensine como ele deve
se comportar na festa de hoje." mais uma vez Siji obedeceu, levou Kargo
até a cozinha "Diga, o que você gosta de comer?" Kargo ficou quieto por
um tempo e só respondeu por causa da insistência "Namekuseijins não comem,
mas estou com muita sede." Siji, muito surpreso, deu água para Kargo e
depois ensinou o que ele deveria fazer e como agradar para evitar ser castigado
ou pior, ir trabalhar nas minas. Por ele não ter muita força com certeza
ficaria dentro do palácio, os mais fortes trabalham em construções e os
desobedientes nas minas. O povo do planeta Naimount não tinha muita força
mas sua tecnologia era muito avançada, a prova disso eram as coleiras de
contenção que minavam os poderes de seres mais fortes, não era possível
voar nem manifestar o ki. Siji recomendou a Kargo obedecer para conseguir
alguns privilégios e roupas boas, mostrou as marcas de correntes e de chibatadas
nas costas da época que ele era rebelde. Pediu para que ele evitasse que
isso acontecesse com ele pois não seria fácil consertar principalmente
se desagradasse Lady D'Or, ela tinha muita influência, tanto que não havia
nenhuma escrava naquele palácio.
Na hora da festa o salão estava bastante enfeitado, havia mesas grandes
e compridas à sua volta, pessoas dançavam no centro a maioria de pele dourada.
Siji fez Kargo sentar junto com ele e outros escravos e pediu para que
seguisse suas orientações. Os escravos eram de várias raças, parecia que
Lady D'Or ainda não encontrara sua preferida. Eles pareceram estranhar
um pouco as características físicas nameks mas nada comentaram, era melhor
ficar em silêncio. Os convidados acharam interessante o novo escravo, alguns
até ofereceram grandes somas para comprá-lo mas Lord Golden não abriria
mão do presente que seu pai lhe deu. Kargo teve que servir às pessoas,
detestou ser tocado o tempo todo, não era possível que o achassem tão diferente
assim, não deixavam suas antenas em paz.
O baile seguiu animado fazendo um grande contraste com a expressão
de sofrimento e infelicidade dos escravos, sempre servindo de cabeça baixa
com medo de punições. Siji continuava a orientar Kargo, o escravo de pele
vermelha tinha confiança de seus donos conquistada às duras penas, desejava
passar isso para o novo escravo porque não tinha amigos por ali, uma conseqüência
da inveja, afinal os maiores privilégios eram dele. Kargo ainda não acreditava
no que estava acontecendo, cansado daquilo tudo e do assédio dos convidados
desejou estar em casa mas parecia impossível. O sofrimento não acabava
junto com a festa, na verdade ele apenas estava começando. Kargo seria
obrigado a preparar a cama de Lord Golden, eram suas ordens. Siji pediu
para acompanhá-lo e dar assistência usando a diferente cultura namek como
desculpa, o que o deixou surpreso foi que ele conseguiu, Lord Golden devia
estar de muito bom humor naquela noite depois de uma festa tão divertida.
Siji levou Kargo até os aposentos de Lord Golden e lhe mostrou o que
deveria ser feito todas as noites. O jovem namek notou um certo entusiasmo
em Siji, observava confuso. Notando a confusão no olhar de Kargo, Siji
sorriu "Por que me olha assim?" depois de um sobressalto Kargo gaguejou
"Desculpe... você apenas parece contente com algo..." ainda sorrindo Siji
explicou "Você não vai entender ainda mas com um tempo irá aprender. Parece
que Lord Golden se divertiu bastante e não vai descontar em você, estou
aliviado. Só procure não o deixar de mau humor." Kargo abaixou a cabeça
triste e calado, acabou por comover seu novo amigo "Puxa, eu não posso
te esconder isso... você só está aqui porque o antigo escravo de Lord Golden..."
Siji se calou, não parecia à vontade o que deixou Kargo abalado "Fale,
o que houve com ele?" Siji falou num tom baixo de voz "Ele foi morto...
isso que deu se rebelar... o próprio Lord Golden o espancou até a morte..."
ouvindo a história o namek se assustou ainda mais, percebendo isso Siji
se desculpou e tentou tranqüilizá-lo o instruindo apenas a obedecer, assim
o problema seria contornado. Não demorou muito Lord Golden entrou, pediu
para Siji ficar do lado de fora. Golden observava sua nova aquisição, Kargo
mantinha a cabeça baixa e não conseguia esconder seu medo. Golden começou
a se gabar de suas posses e de ser o único a ter um escravo daquela espécie.
O namek começou a se revoltar ouvindo tais futilidades mas permaneceu quieto
enquanto Golden acariciava seu rosto como se fosse uma pedra preciosa nas
mãos de um ganancioso. Na curiosidade de saber como seria a dor para um
ser tão diferente Golden esbofeteou seu novo escravo com força, a reação
era igual a todos mesmo reprimida pelo medo mas não deixou de ser agradável
para o jovem príncipe. Kargo colocou a mão na bochecha tentando conter
a dor, Golden riu e mandou que se retirasse, sem escolha obedeceu. Siji
esperava do lado de fora, ao ver Kargo desencostou da parede onde estava
recostado e foi falar com ele, notou que esfregava a face levemente "Tudo
bem, Kargo?" tentando disfarçar o jovem namek parou "Tá tudo bem." mesmo
sabendo que não era verdade Siji agiu como se fosse "Certo, vamos descansar
pois amanhã será um longo dia." Kargo seguiu Siji que o levou por um longo
corredor até um pequeno quarto, tinha uma cama aparentemente macia, almofadas
e um pequeno armário atrás de cortinas, a janela era pequena. Siji sentou
na cama e deu duas batidinhas nela "Pode dormir aqui, eu me viro com as
almofadas." Kargo parecia confuso "Não precisa se preocupar. Esse é seu
quarto?" Siji se levantou sorrindo "Sim, conquistado às duras penas..."
os dois se entreolharam por alguns instantes mudos até que Kargo desviou
o olhar, Siji voltou a sentar na cama "Tem certeza que não quer a cama?
Sabe... era pra eu te levar para alguma cela... mas elas são frias e escuras."
Kargo se sentou nas almofadas "Aqui está bom. Por que está me ajudando?"
Siji ficou um tempo calado olhando para o teto enquanto Kargo observava
ainda mais confuso, depois de alguns segundos o garoto de pele vermelha
olhou para o namek e sorriu "Eu não tenho amigos, só queria um..." Kargo
retribuiu o sorriso "Entendo. Então seremos amigos!" Siji se deitou "É
bom ouvir isso!" como seu novo amigo parecia cansado e com sono, Kargo
ficou em silêncio, Siji logo adormeceu.
A noite deu tempo para pensar mas Kargo não encontrou solução, realmente
o melhor a fazer por hora era seguir os conselhos de Siji. Recostou nas
almofadas e esperou o tempo passar, esperar o tempo passar foi o que o
jovem namek mais fazia naquele lugar. Fingindo se adaptar e atento às instruções
de Siji apenas para sobreviver enquanto suas esperanças de voltar para
casa sumiam, se tornou triste e deprimido e isso estranhamente parecia
agradar Lord Golden que cada vez exigia mais dele mas, para compensar,
a confiança aumentava o que lhe deu roupas melhores e um pequeno quarto.
Porém, mesmo com todas as mudanças, as agressões continuavam as mesmas.
Mesmo sendo alguns tapas e empurrões apenas isso incomodava bastante, Kargo
não entendia o motivo porque procurava ser obediente, não teve escolha
a não ser tentar se acostumar. Sabia que mais cedo ou mais tarde Lord Golden
tentaria machucá-lo de verdade e aconteceu. Numa noite estrelada e de brisa
fresca que poderia ser perfeita para o baile que acontecia mas algo saiu
errado no seu desfecho. Lord Golden parecia se desentender com um jovem
nobre de nome Olgore, Kargo não viu o que estava acontecendo pois foi preparar
a cama dele. Kargo já se preparava para sair quando Lord Golden entrou
nos aposentos carregando um bastão de plástico, Kargo fez reverência e
começou a andar em direção à porta quando levou um golpe no ombro esquerdo
tão forte que o fez cair. "Seu inútil! Você merece uma surra!" Lord Golden
levantou seu escravo com apenas uma das mãos e se preparou para desferir
outro golpe, por reflexo Kargo arranhou o lado esquerdo do rosto de Lord
Golden com suas unhas pontudas, foi largado e caiu de joelhos. O príncipe
soltou o bastão e cobriu o rosto sentindo dor "Meu rosto! Você marcou meu
rosto!" Kargo se levantou e tentou fugir mas Lord Golden o golpeou com
a mão ensangüentada, o namek desmaiou.
As coisas estavam clareando mas ainda não estavam nítidas, Kargo acordou
algemado de frente a um poste de metal com as mãos para cima, sentia dores
pelo corpo. Olhou para o lado, Siji estava em pé e parecia preocupado "Por
que acordou agora? Você devia ter esperado ele se acalmar! Droga... agora
sou obrigado a avisá-lo." Siji saiu da pequena e escura sala, Kargo apoiou
a cabeça no poste. Ouviu passos e a risada de Lord Golden, não olhou para
ele e não pôde ver que ele carregava uma espécie de vara de metal mas ouviu
o barulho estranho que uma espécie de corda luminosa fez quando saiu da
ponta da vara. O príncipe rasgou a parte de cima da roupa do escravo namek
"Vai me pagar caro por ter estragado minha beleza!" preparou para castigá-lo
mas se conteve quando Lady D'Or entrou "Tenha calma, filho. Esse ferimento
pode muito bem ser tratado, o que vai estragar sua beleza é ficar nervoso."
o jovem não parecia querer dar ouvidos "E deixar um escravo ficar abusado?"
a rainha segurou sua mão "Deixe que eu me encarrego do castigo." não era
a intenção do príncipe "Nada disso, mãe. O escravo é meu e eu cuido dele!"
Lady D'Or sentou-se num banco "Tudo bem, mas vou ficar aqui porque quero
ver qual é a cor do sangue dele." Lord Golden começou a chicotear as costas
de Kargo demonstrando raiva e indignação, tentando ofender o garoto namek
com palavras de desprezo. A dor que aquele instrumento causava era forte,
ele queimava e cortava ao mesmo tempo, seu coração estava disparado, não
suportaria mais. Lord Golden estava tão agitado que cansou, teve que parar,
ambos estavam ofegantes. Lady D'Or se levantou "Cansado já? Nossa, a cor
do sangue dele é tão bonita!" acariciou o rosto de Kargo e saiu. Lord Golden
recolheu a corda luminosa e colocou a vara num cantou, pegou um estranho
instrumento em forma de garra, puxou o pescoço de Kargo e encostou a cabeça
dele em seu ombro "Quero que você sinta a mesma dor que eu!" rasgou a pele
verde do rosto de seu escravo com o instrumento e deixou cair no chão saindo
da sala em seguida, não parecia satisfeito pois o escravo não havia gritado
o suficiente. Kargo permaneceu durante alguns minutos que pareceram uma
eternidade enquanto o sangue escorria. Siji entrou com seu olhar de reprovação
e soltou as algemas, teve que segurar seu amigo fraco por causa da dor
"Eu avisei... por que foi fazer aquilo? Por que teve que ferir o rosto?"
Kargo ficou calado enquanto era levado para seu quarto, deitou de bruços
na cama, Siji se ofereceu para cuidar dos ferimentos mas isso não seria
necessário. A pedra da coleira de Kargo começou a piscar cada vez mais,
a dor era incalculável. Siji, muito preocupado, pediu para parar em vão.
A luz ficou mais forte, mesmo com a dor Kargo conseguiu, seus ferimentos
fecharam mas o esforço foi enorme, ele apagou. Admirado, Siji o cobriu
e saiu do quarto.
No dia seguinte Kargo voltou aos trabalhos, Lord Golden quando o viu
segurou seu rosto com violência "Onde está o arranhão?" tocou o curativo
em sua própria face e esbofeteou o escravo namek "Não acredito que você
possa fazer isso!" mandou que ele saísse imediatamente, talvez por medo
de se descontrolar. Aquela situação estava cada vez mais revoltante, se
não fosse por aquela coleira ele poderia facilmente estourar a cabeça daquele
maníaco, estava cansado de ser um brinquedinho. Tudo que precisava era
uma oportunidade, continuou a ser fingir de obediente e gentil e descobriu
que Lord Golden carregava uma chave num cordão no pescoço, jamais iria
imaginar que aquele pingente de aparência inocente fosse a tão importante
chave. Siji lhe deu essa valorosa informação quando perguntou qual aparência
as chaves tinham, seu amigo nem imaginou para que queria saber porque,
para ele, aquilo não passava de mera curiosidade. Kargo tinha mais em mente
do que apenas se libertar mas deveria saber esperar mesmo com a revolta
em forma de coleira apertando seu pescoço. Continuou a tolerar os mal tratos
e o assédio das pessoas daquele planeta.
Na semana seguinte ao castigo o jovem nobre Olgore que havia se desentendido
com Lord Golden foi visitá-lo, pareciam ter feito as pazes. Kargo o achou
detestável, era muito implicante. Os dois resolveram jogar um estranho
jogo daquele planeta, Kargo foi obrigado a carregar estranhos e finos tacos
que tinham uma das extremidades torta até um campo cercado cheio de elevações
do outro lado da propriedade, observou entediado os dois acertarem pequenas
esferas com os tacos tentando fazê-las cair em pequenos buracos. Estranho,
mas parecia o jogo que o Grande Patriarca Muuri jogava com os humanos quando
estavam no planeta Terra. Jogaram durante muito tempo até que finalmente
se cansaram e resolveram voltar para dentro do palácio e descansar em um
dos salões, Kargo teve que lhes servir bebida e frutas e ouvir suas futilidades,
Olgore parecia interessado em comprá-lo mas não adiantou a grande quantia
que ofereceu, Lord Golden não queria se desfazer dele mas não porque estava
satisfeito e sim por ser o único a ter um escravo namek. Olgore demonstrava
não querer desistir de ter um também "Eles são muito arredios, Golden?"
depois de algumas risadas o príncipe resolveu responder "Não deve ser fácil
capturar um porque são muito fortes. Kargo é gentil e tranqüilo, os outros
não devem ser diferentes, garanto que se você souber domesticá-los devem
ficar mansos e submissos como ele." talvez ele não dissesse aquilo se o
arranhão tivesse deixado cicatriz no seu rosto. Aquela conversa e as risadas
deixaram o namek constrangido e só aumentavam sua revolta, dava a entender
que ele era considerado parte da decoração ou um animal de estimação.
Talvez sua chance viesse naquela noite, exausto e com algumas dores
musculares Lord Golden ordenou que Kargo lhe fizesse uma massagem. Não
poderia deixar passar, fazendo uso de pontos de pressão fez Lord Golden
adormecer profundamente podendo assim pegar a chave de seu pescoço. Demorou
um tempo para descobrir como funcionava, descobriu que era preciso duas
voltas, uma para desativar e outra para destrancar, assim podia desativar
a coleira permanecendo com ela para ninguém desconfiar. Sentiu suas forças
retornando, decidiu não se manifestar até estar totalmente recuperado.
Agora iria procurar Siji, queria libertá-lo para agradecer a ajuda dele
e para ter uma força a mais na hora de fugir dali. Escondeu a chave e ao
sair do quarto encontrou Siji no corredor, não seria preciso procurar,
aproximou-se do amigo e lhe mostrou a chave sorrindo "Veja o que eu peguei.
Vou desativar sua coleira também." começou a levar a chave para perto do
pescoço de Siji que segurou sua mão tentando impedir "Você enlouqueceu?
Eu não quero!" Siji não conseguiu segurar Kargo por muito tempo. O namek,
que já havia recuperado um pouco da força, segurou seu pulso com a outra
mão e apertou fazendo ceder, sem escolha permitiu que sua coleira fosse
desativada. O jovem de pele avermelhada não queria se conformar "Por que
fez isso? Eu não quero..." Kargo, que estava de costas, escondeu a chave
na roupa e se virou novamente para Siji segurando seu queixo com violência
"Idiota! Quer continuar sendo o animalzinho deles?" Siji gemeu com a dor,
Kargo se congelou impressionado diante dos próprios atos largando seu amigo,
não parecia acreditar no que tinha feito "Desculpe, por favor..." voltou
para o quarto e não viu as lágrimas nos olhos de Siji. Kargo recolocou
a chave no pescoço de Lord Golden e o despertou, o príncipe não percebeu
o que havia acontecido, pensou que havia adormecido devido ao cansaço,
mandou o escravo sair para poder repousar. Kargo deixou o quarto e reencontrou
Siji que havia permanecido ali, parecia triste, o namek colocou a mão em
seu ombro "Não fique assim, nós vamos embora daqui assim que tivermos condições."
Siji ficou em silêncio e seguiu para seu quarto, Kargo foi atrás dele.
Pediu desculpas mais uma vez e notou que não era mesmo a vontade de Siji,
sem saber o porquê e nem se mostrando interessado em saber tentou confortar
o amigo, deduziu ser medo de algo sair errado a causa de tudo. Acariciou
a pele vermelha de seu rosto sorrindo "Vamos voltar a ser livres, juntos
podemos sair daqui." o humor de Siji não mudou, respondeu sacudindo a cabeça,
Kargo pediu mais uma vez "Você não parece me entender, preciso da sua ajuda.
Me avise assim que recobrar suas forças." retirou-se seguindo para seu
quarto deixando Siji confuso, Kargo continuou sem saber o motivo da resistência,
talvez aquela espécie não apreciasse tanto a liberdade.
No fim do segundo dia Kargo se sentia totalmente recuperado, pensou
em procurar Siji para ver como ele estava, já fazia algumas horas que não
o via, um outro escravo disse tê-lo visto no lado de fora. Andava pelo
jardim ao pôr do sol procurando o amigo quando ouviu uma voz familiar o
chamando da direção do castelo, virou-se para olhar. Lord Golden estava
logo atrás dele segurando uma vara de metal com uma corda luminosa na extremidade,
Kargo julgou ser o instrumento usado para castigá-lo por causa do barulho
que o objeto fazia "O que faz aqui, namek?" Kargo não respondeu, apenas
olhou para outra direção. Lord Golden agitou a vara e acertou o escravo
namek no rosto e riu "Você está muito abusado! Trate de voltar pra dentro
antes que eu resolva te machucar de verdade." Kargo o olhou com ódio e
mostrando os caninos pontudos num rosnado, isso chegou a assustar o príncipe
mas ele confiava na coleira e avançou pronto para usar novamente o chicote
luminoso mas o teve arrancado da mão numa velocidade surpreendente, não
conseguiu entender o que estava acontecendo. Kargo destruiu o chicote e
segurou Lord Golden pela gola "Devia ter mais cuidado! Roubei sua chave
enquanto dormia e desativei essa porcaria no meu pescoço! Agora posso te
matar com um só golpe." jogou o príncipe no chão e o viu implorar pela
própria vida, estendeu o braço deixando a palma da mão voltada para Lord
Golden "Como devo fazer? Devo ser rápido ou torturar você para me pagar
o que fez?" mesmo estando com raiva Kargo é namek, não iria conseguir tirar
uma vida. Com ódio da própria piedade disparou um raio destroçando o ombro
esquerdo do príncipe, o segurou pela gola outra vez e, lembrando do seu
zelo pela beleza, arranhou seu rosto mais uma vez. Soltou sua roupa e o
deixou cair no chão, parecia quase não suportar a dor. Kargo jogou a coleira,
se virou e continuou a procurar por Siji, afastou-se um pouco e o viu sentado
num banco perto de uma fonte, sentou-se a seu lado e percebeu a tristeza
dele "Fazia tanto tempo que não em sentia tão forte..." Siji enxugou as
lágrimas e se levantou "Mas eu não sou egoísta, sei o quanto você quer
voltar para seu planeta." Kargo se levantou em seguida e Siji pôde ver
as marcas de sangue em suas roupas "Espero que você não tenha matado ninguém."
Kargo rasgou a camisa "Não... eu só estava me defendendo, ele está vivo."
Siji segurou sua mão e pediu para acompanhá-lo, andaram de mãos dadas em
meio às árvores por um bom tempo até escurecer, Kargo estranho sua atitude
mas não disse nada porque não parecia nada bem. Chegaram a um lugar que
parecia um túnel de esgoto ou algo parecido, pararam de andar e Siji soltou
sua mão "Vou ajudar você a ir embora, é o mínimo que posso fazer pra agradecer."
Kargo inclinou a cabeça sem entender "Mas o que você quer agradecer?" Siji
sorriu e lhe beijou a face "Você me deu algo muito valioso que eu precisava,
amizade." Kargo se sentiu feliz ouvindo isso, enxugou as lágrimas teimosas
que rolaram pelo rosto do amigo sorrindo para confortá-lo. Siji conduziu
Kargo pelo túnel, era escuro, úmido e sujo, mas não importava. No final
havia um hangar mais iluminado e uma pequena nave com espaço para umas
3 pessoas, Siji fez a porta abrir com um comando de voz "Veja, descobri
essa belezinha aqui por acaso." os dois entraram na nave, Siji instruiu
Kargo como operar o computador, ele parecia entender bastante. Depois de
tudo pronto e checar o combustível Siji olhou triste para Kargo "Bom...
é aqui que nos despedimos." O jovem namek desviou o olhar "Você não virá?"
Siji sacudiu a cabeça negativamente e reativou a coleira "Não tenho pra
onde ir... aqui tenho mais do que tive na minha vida toda." Kargo lhe segurou
os ombros gentilmente "E sua liberdade? Você será castigado se ficar aqui
por me ajudar a fugir." Siji abraçou Kargo "Não me importo, estou aqui
faz muito tempo e sei que esse é meu lugar." os dois se entreolharam, o
jovem namek não conseguia entender o porquê dessa atitude "Mas e minha
amizade?" Siji sorriu em meio as lágrimas "É meu maior tesouro, por isso
não me importo em arriscar minha vida pra te ajudar. Me deixa ir agora,
é o melhor pra todos nós. Se eu ficar aqui posso tentar fazer eles te esquecerem."
Kargo entendeu a intenção de Siji e se emocionou "Tudo bem, eu prometo
que nunca vou te esquecer." Siji se afastou um pouco, enxugou as lágrimas,
segurou as mãos de Kargo e beijou seus lábios, mesmo achando estranha aquela
manifestação o namek permitiu. A sensação era agradável e ele sentiu muito
afeto, não era algo que estava acostumado, por isso não sabia que não era
tão normal. Siji virou e caminhou em direção à porta deixando Kargo com
as lembranças "Eu juro que ficarei forte e um dia virei te tirar daqui!"
o jovem de pele vermelha olhou para trás e sorriu agradecendo, saiu e a
porta se fechou. Kargo esperou até que Siji estivesse num lugar seguro
e ativou a nave, não conseguia parar de pensar no amigo e no seu juramento.
A saída da atmosfera foi tranqüila mas ele não iria para Namekusei, programou
o curso para a Terra, lá seria um bom lugar para treinar e um dia voltar
para salvar Siji. Ele jurou.
