C a p í t u l o T r ê s
Agora sim Harry se sentia encrencado. O que iria dizer para Dumbledore o que estava fazendo naquele terraço, praticamente sem calças? A cada coisa horrível que pensava ser sua punição, Harry se afundava na cadeira da sala da professora McGonagal. Snape estava em pé, de costas olhando alguns livros em uma prateleira.
A porta se abriu com um rangido e a professora entrou com um roupão lilás e com um coque feito as pressas. Olhou séria para Snape depois lançou um olhar de repressão para Harry, que ficou ainda mais cabisbaixo (se é que era possível).
- Então... - disse a professora sentando em sua cadeira e fazendo um gesto para que Snape sentasse - O que temos aqui? Sr. Potter, o que o senhor estava fazendo no jardim da Professora Sprout? O senhor por acaso sabe que aquele jardim é proibido para estudantes? Aquele jardim é um projeto da Profa. Sprout e do Prof. Snape!
- Sinto muito, Prof. McGonagal. - disse Harry com muita sinceridade, ele não sabia nada sobre aquele jardim.
A professora ficou em silêncio olhando para Harry que não a encarava, depois suspirou e se dirigiu ao professor Snape.
- O que ele estava fazendo?
Snape pigarreou e olhou para Harry, sério .
- Eu não sei e não quero saber! - depois tirou do bolso do roupão o sinto de Harry - Eu achei isso lá no jardim.
Então Harry arregalou os olhos e olhou assustado para Snape. O professor não tinha ido até o jardim! Havia encontrado-o no meio do corredor, como ele podia estar com o seu cinto? Aquilo só podia significar uma única e assustadora coisa...
- Você... - disse Harry sem voz e pálido.
Tudo que a Profa. Mcgonagal disse, inclusive a respeito da punição, Harry não conseguiu escutar. Olhava esbabacado para Snape que por sua vez, evitava o seu olhar.
Voltou para o dormitório se arrastando com o cinto e a capa na mão, já eram quase duas da manhã, deitou-se na cama e tentou dormir sem pensar no que havia acontecido.
Mais uma vez, Harry foi acordado pelo seu amigo Ron que o sacudia na manhã de domingo. os dois desceram para o salão comunal para encontrar Hermione. Harry estava estranhamente quieto e depois de muito interrogatório dos seus dois amigos, resolveu que deveria contar o que havia acontecido, ou melhor, o que estava acontecendo.
Foram para fora do castelo e se acomodaram no gramado perto do lago. Ron e Hermione sentaram na frente de Harry e ouviram sua picante história com as bocas abertas e sem conseguir evitar que corassem até parecessem dois tomates.
- E você... - disse Hermione engolindo seco - Acha que era o... - não conseguia deixar de fazer uma careta a cada palavra - S..Snape?
- Eu não sei! - disse Harry alto com a voz chorosa, jogando o rosto contra as próprias mãos.
Ron, por sua vez, encarava o seu amigo com uma cara que nem ele mesmo poderia explicar. Seus olhos estavam meio arregalados e seu rosto tão vermelho quanto o cabelo. Hermione encarava Harry meio séria, nenhum dos dois sabia o que pensar. De repente, Harry levantou o rosto e olhou para seus amigos.
- O que vocês acham disso? Eu quero dizer... Ignorando o fato de que podia ser o Snape... - disse Harry colocando a língua pra fora num gesto de desgosto total - O que vocês acham disso tudo?
Os dois desviaram o olhar para qualquer outro lugar que não fosse onde estivesse o Harry, então Ron falou.
- Quem você achou que poderia ser na hora? Em quem você... Pensou?
Harry travou. Não tinha conseguido pensar nisso direito, estava tão preocupado em saber quem realmente era que nem pensou em especular alguma coisa. Não sabia quem daquele tamanho poderia atacá-lo daquele jeito... Em quem ele tinha pensado? Quem ele DESEJAVA que fosse? Agora ele não tinha mais tempo pra especular alguma coisa, não parava de pensar no Prof. Snape. Não conseguia tirar da sua cabeça que o provedor de todo aquele prazer que nunca havia sentido antes era o seu odioso professor de Poções. Isso fez Harry estremecer.
- Eu... Não sei dizer. - disse finalmente, baixando a cabeça mais uma vez.
- Como não, Harry? - Indagou Ron parecendo abismado - Vem um... uma pessoa e te... agarra em um jardim e você nem se deu ao trabalho de ver quem era?!
- Eu... Eu...! - tentou Harry desesperado - Ah, você não entenderia!
- É claro que não! Ninguém poderia entender uma loucura dessa! Harry! - disse antes de respirar fundo - Era um... cara! Um... homem!
De repente, parecia que só agora Harry tinha percebido isso. Sim, realmente era um homem, ele pode sentir quando percebeu que era tão maior que ele e que sua cintura era larga, suas mãos grandes e fortes. Se levantou rápido parecendo confuso e correu para dentro do castelo, deixando seus dois amigos confusos no gramado, gritando pelo seu nome.
Perambulou até mais ou menos a hora do almoço, não sentia fome mas vontade de correr e fugir... Então, correu até seus pés o levarem direto para o jardim. A porta estava escancarada e de lá de fora, Harry pode ouvir alguém cantarolando, uma voz fininha e baixa cantarolava uma música que ele não conhecia. Deu alguns passos pra frente e viu a Profa. Sprout com uma roupa de jardineira, um chapeuzinho branco e um avental lilás, com luvas podando uma trepadeira que dava estranhas flores de uma coloração verde claro. Com medo de levar uma bronca, Harry cumprimentou a professora sem por o pé no jardim.
- Olá Profa. Sprout! - disse acenando, fingindo um sorriso simpático.
A professora parou de cantarolar e de podar a estranha planta, acenou com a mão desocupada e o cumprimentou.
- Olá Sr. Potter. Ouvi dizer que o senhor gostou do meu jardim! - Harry olhou pra baixo. Ia se desculpar quando a professora continuou. - Venha aqui fora! Vou te falar o que eu e o Prof. Snape estamos tentando fazer aqui! Pelo menos o senhor não vai ter que ficar vindo à noite, nas escondidas!
Harry sentiu-se aliviado de não ter levado uma bronca e topou uma pequena aula de Herbologia. Ficou lá por mais ou menos uma hora, até que a Prof. Sprout lhe ofereceu suco de abóbora. Os dois sentaram-se perto das flores esverdeadas.
- Que flores são essas? - perguntou o estudante, parecendo curioso.
- Essas são o resultado de uma poção que o Prof. Snape fez. Antes elas eram azuis claros e cheiravam muito bem durante o dia e a noite, então outro dia o Prof. Snape fez elas ficarem dessa cor, esse verde claro, e ficarem cheirosas apenas durante a noite. Elas servem para fazer uma poção para adormecer muito poderosa. Ele deu um nome muito estranho a elas... Acho que deve ter algo a ver com o nome dos ingredientes, não sei...
- Qual o nome que ele deu a elas?
- Terha Rypo.
- Estranho... - comentou Harry dando um longo gole no seu copo de suco de abóbora.
Mais dez minutos se passaram e Harry começou a examinar a estranha trepadeira com um nome igualmente esquisito. Acabou descobrindo que presa ao chão, perto da origem da planta, havia uma pequena placa com o nome 'Terha Rypo' e vendo assim escrito, fez Harry lembrar de alguma coisa. Ficou examinando a placa, repetindo o nome na sua cabeça inúmeras vezes até que percebeu, num susto, que o nome da planta era na verdade o seu nome embaralhado.
- Harry Potter! - gritou o seu próprio nome com cara de puro espanto.
A professora Sprout ficou sem entender o que estava acontecendo quando o sextanista da Grifinória disparou para fora do jardim com um único e determinado objetivo: achar o mestre de Poções, Severus Snape.
