A Seção Reservada da biblioteca de Hogwarts era o lugar onde ficavam guardados os livros mais sérios de bruxaria, aos quais os alunos não tinham acesso a não ser que conseguissem a autorização assinada de algum professor.
- Como você pretende pegá-lo? - perguntou Harry a Simas, curioso. Imaginou que o colega talvez tivesse algum plano.
- Boa pergunta - respondeu ele. - Fiquei sem coragem de pedir a autorização para McGonagall ou para Roberts.
- Por que você foi falar com eles? Eles sabiam alguma coisa?
- Hum... mais ou menos. Eu perguntei à McGonagall. Ela deu uma olhada no livro e disse que realmente pode haver uma dimensão paralela, e que não há nenhum princípio na física da bruxaria que impeça isso.
- E o Roberts?
- Eu já imaginava que a dimensão paralela fosse algum tipo de reflexo da nossa, então perguntei a ele se há possibilidade de duas criaturas, habitando dois mundos diferentes e tendo exatamente a mesma aparência, podem ter personalidades opostas.
- E aí?
- Ele respondeu que isso não só é possível, como também é o mais provável de acontecer, porque é iimpossível/i haver dois seres exatamente iguais.
Harry estava fascinado pelas coisas que Simas dizia, mas não queria que isso transparecesse, então levantou novamente o problema:
- E como você vai pegar o livro? Já decidiu?
- Não - respondeu o garoto, frustrado.
Harry não queria se envolver naquela história, mas não resistiu:
- Eu sei um jeito.
Simas levantou as sobrancelhas.
- Sabe?
- Qual é a próxima aula?
- Herbologia, mas...
- Me dê o nome do livro.
- iMundos e Fundos/i, de Anna Fagundes e Luís Mauro Martino. Mas o que você vai...
- Vamos para a aula, Simas. Já estamos atrasados.
As aulas de Herbologia do quinto ano eram ministradas na estufa número quatro, fora do castelo. Harry e Simas foram correndo até lá, pois haviam passado dez minutos conversando.
Ao chegar, entraram. A professora Sprout olhou feio para eles.
- Desculpe, professora - disse Harry. Algumas meninas abafaram risadinhas.
Harry foi se sentar com Rony e Hermione, que haviam guardado um lugar para ele. Simas se sentou com Dino Thomas e Neville Longbottom.
- Como eu estava explicando antes da interrupção do sr. Potter e do sr. Finnigan - mais risadinhas quando a prof. Sprout falou de Simas. -, entender Herbologia este ano não será fácil. Vocês terão que anotar atentamente o que eu disser, porque nos testes de fim de ano teremos uma atividade muito especial na estufa.
Ela continuou falando enquanto Harry pensava no que Simas havia dito. Será que havia realmente um outro mundo? Ou será que o misterioso garoto irlandês estava de gozação com sua cara? Harry havia aprendido a não confiar nas pessoas pela experiência de seu pai, que havia sido traído por um de seus melhores amigos, Pedro Pettigrew.
Porém, quando Simas lançou a ele um olhar e sorriu, Harry sentiu que estava feita sua decisão: mesmo que sofresse, mesmo que fosse traído, mesmo que Rony e Hermione - mais prudentes - fossem recriminá-lo eternamente por isso, ia confiar em Simas.
Depois que o sino tocou, Harry, Rony e Mione se levantaram e limparam das vestes a pouca terra que caíra. Mesmo não tendo mexido em nenhuma planta misteriosa, Harry sentia que aquela aula valera a pena. Harry estava tirando do sapato uma raiz de mandrágora que havia se prendido lá, quando Simas passou por ele.
- Espero que você consiga pegar o livro. Vai ser muito importante pra nós - disse o garoto, olhando para Harry. E saiu.
Harry olhou para a porta, a tempo de ver Simas sair. Ficou naquela posição, se equilibrando num dos pés, mas completamente esquecido da raiz de mandrágora.
iEle havia dito "nós"?/i
- Por favor, Hermione.
- Mas, Harry, é difícil fazer isso!
- Mas a gente consegue!
Hermione suspirou. Detestava quando alguém se aproveitava do fato de ela ser uma boa aluna para conseguir privilégios.
- Está bem.
A aula de Feitiços do prof. Flitwick passara voando. Todos os alunos já haviam saído, menos Harry e Hermione. Harry havia pedido a Hermione para conseguir uma autorização de Flitwick, especificando que a garota podia pegar o iMundos e Fundos/i.
Ela chegou perto do professor e disse:
- Ai, professor, eu estou com um problema tão grande!
- Qual? - perguntou ele.
Extremamente dissimulada, Hermione fingiu chorar enquanto falava:
- Sabe o que é? É que... oh, é que eu preciso de um livro e... oh, Deus, sou tão infeliz!
- Um... livro?
- Sabe, professor, eu estou pesquisando sobre dimensões paralelas e o livro que eu quero está na Seção Reservada da biblioteca... SOU MUITO INFELIZ!
- Calma, srta. Granger. Que livro é esse?
Fungando, Hermione disse:
- É o iMundos e Fundos/i, de Anna Fagundes e Luís Mauro Martino. Como vou fazer pra conseguir, hein?
- É simples: eu posso assinar uma autorização para você. Que tal?
Hermione abriu um sorriso que encantaria até as pedras do colar da prof. Trelawney.
- O senhor faria isso por mim?
- É claro, srta. Granger. Um instante, sim?
Ele pegou um pedaço de pergaminho e uma pena, e começou a escrever um breve bilhete de autorização. Depois, assinou embaixo.
- Pronto - disse ele, entregando o pergaminho a Mione. - Basta mostrar isso à Madame Pince e terá o livro.
- Oh, professor, nem sei como agradecer!
- Espero que tenha sorte em sua pesquisa - disse Flitwick, sorrindo. Hermione pegou Harry pelo braço e saiu.
Depois que já haviam andado alguns passos, Harry disse:
- Puxa, Hermione, obrigado!
- Bom, a única aluna autorizada a pegar o livro sou eu. Vamos à biblioteca.
A biblioteca de Hogwarts era imensa, e devia ter mais de cem mil livros. Eles entraram e pararam em frente à mesa de Madame Pince, a mal-humorada bibliotecária.
- O que desejam? - perguntou ela.
- Eu queria pegar este livro - disse Mione, entregando a Madame Pince a autorização. Ela pegou o pedaço de pergaminho e analisou-o longamente. Ela adorava encontrar falsificações para mandar os alunos à diretoria, mas falhou dessa vez. Frustrada, disse:
- Um momento.
Madame Pince levantou-se e se dirigiu às profundezas da biblioteca, onde ficava a Seção Reservada. Passados uns cinco minutos, voltou com o livro. Era grande, um pouco mais grosso que o iHiperespaço/i.
- Aqui está - disse ela.
Hermione agradeceu, pegou o livro e saiu da biblioteca com Harry. Eles foram até o Salão Principal, onde os alunos estavam almoçando, e se sentaram ao lado de Rony.
- Onde vocês estavam? - perguntou ele. - Eu achei que vocês estivessem aqui quando saí da sala.
Harry olhou para Hermione, como se pedisse instruções.
- Estávamos na biblioteca - disse ela. - O Simas queria um livro que estava na Seção Reservada e eu fui pegar pra ele. O Harry me acompanhou.
A desculpa funcionou. Rony mudou de assunto e começou a conversar com Hermione sobre a aula de Sprout. Harry, que estava sem fome, se levantou e foi até Simas.
- Aqui está o livro - disse ele.
Simas pareceu não acreditar.
- Como.. como você conseguiu?
- Não agradeça a mim - disse Harry, sorrindo. - Agradeça à Mione. Ela conseguiu dobrar o Flitwick e pegar uma autorização.
Simas parecia ter recebido o melhor presente da sua vida.
- Que aula temos agora? - perguntou, olhando o livro como se fosse um pote de ouro.
- Hum... História da Magia, se não me engano.
- Ótimo. Você pode se sentar ao meu lado na aula, Harry?
- Posso, mas...
- Que bom! Lá a gente pode dar uma olhada no livro!
- Então vamos logo, antes que a gente se atrase.
Simas se levantou e eles caminharam até a sala onde tinham aulas com o Professor Binns, o único fantasma em Hogwarts que dava aulas.
A sala estava aberta mas estava vazia, pois o sino ainda não havia tocado. Harry e Simas entraram e se sentaram lado a lado.
- Vamos ver - disse Simas, apertando os olhos enquanto virava algumas páginas.
- O que exatamente você está procurando? - perguntou Harry.
- Seria ótimo se eu soubesse - respondeu o garoto, sorrindo. - Mas não imagino que existam muitos mundos paralelos por aí. Ah, achei!
Ele mostrou a Harry a página que tinha encontrado. Havia um grande título, escrito com letras douradas: HYLLIDE.
- O que é Hyllide? - perguntou Harry.
- É o nome do mundo que estamos procurando. Na verdade, eu me enganei a respeito de uma coisa que disse a você.
- O quê?
- Hyllide não fica numa dimensão paralela. Eu dei uma olhada no iHiperespaço/i enquanto almoçava, e descobri que universos paralelos e dimensões paralelas não são a mesma coisa.
- Explique.
- Sucintamente, é assim: existem dez dimensões, sendo que nós habitamos a terceira. Nós só podemos alcançar, ainda assim com muito trabalho, a dimensão que está imediatamente abaixo de nós e a que está imediatamente acima. Portanto, a segunda e a quarta.
- Prossiga.
- É MUITO difícil imaginar a quarta dimensão. Mas imaginar da quinta à décima é impossível.
- Impossível?
- Sim. Extrapola a capacidade da mente humana.
- Nossa.
- Já universos paralelos são outros universos, ligados ao nosso por buracos de minhoca ou, na linguagem popular, buracos negros. Esses universos estão na mesma dimensão que o nosso, e portanto têm as mesmas leis físicas. As dimensões paralelas têm ioutras/i leis físicas. Entendeu?
- A-acho que sim - respondeu Harry, confuso.
- Ótimo. Já é um começo. Hyllide fica num universo paralelo ao nosso, mas não é um universo paralelo comum. Ele é o ireflexo/i do nosso.
- Então tudo lá é igual a aqui?
- Idêntico. Com a diferença que as personalidades das pessoas de lá são opostas às daqui.
- E lá acontecem as mesmas coisas que acontecem aqui?
- NÃO. Isso é importante. Uma pessoa de lá pode, por exemplo, já ter morrido aqui e não lá, e vice-versa. Cada um lá tem a própria história. Só existe uma exceção.
- Qual?
- Por relações diferentes de causa e efeito, uma pessoa que nasce aqui sempre nasce lá também.
Harry olhou seu relógio e viu que já havia passado da hora da aula, e o sino já tocara. Os alunos e o professor estavam dez minutos atrasados.
- O que será que aconteceu? - perguntou Simas.
Nisso, Rony apareceu na porta, ofegante. Parecia ter corrido um quilômetro.
- Ah, vocês estão aí! Corram, venham comigo até o Salão Principal.
Sem maiores explicações, Harry e Simas seguiram Rony até o salão, cujo teto, que normalmente imitava o céu lá fora, estava mostrando uma noite com estrelas brilhantes, mesmo sendo dia. Havia uma cortina púrpura fechada à francesa ao lado da mesa dos professores, sobre a qual estava sendo projetado o símbolo das artes cênicas: duas máscaras, sendo que uma sorria e outra chorava.
Harry e Simas haviam saído antes do fim do almoço, então não ouviram o Prof. Dumbledore cancelar a primeira aula da tarde. Todos os alunos estavam sentados à mesa, que já não tinha mais pratos. Dumbledore estava no seu lugar à mesa dos professores, esperando que os alunos ficassem quietos. Quando isso finalmente aconteceu, ele pigarreou e disse:
- Agora que os senhores estão mais calmos, eu posso dizer por que estamos aqui. Como todos sabemos, uma visita muito especial chegaria a Hogwarts na semana que vem. Mas houve uma mudança nos planos.
Algumas pessoas cochicharam. Mesmo assim, Dumbledore limpou a garganta e continuou:
- Muito amavelmente, nossa convidada, priorizando sua visita a Hogwarts, cancelou todos os seus compromissos para esta semana, o que fez com que sua chegada tivesse lugar antes do previsto.
Novos cochichos, e novo pigarro de Dumbledore. Os alunos se calaram novamente e ele prosseguiu com seu discurso:
- Eu imagino que os senhores, uma vez que são todos muito inteligentes, já perceberam o que eu estou querendo dizer. Por isso, quero que recebam com aplausos e respeito a atriz mais talentosa da atualidade...
As cortinas se abriram e Harry viu a silhueta de uma mulher de corpo perfeito.
- ...Lucky Star!
- Como você pretende pegá-lo? - perguntou Harry a Simas, curioso. Imaginou que o colega talvez tivesse algum plano.
- Boa pergunta - respondeu ele. - Fiquei sem coragem de pedir a autorização para McGonagall ou para Roberts.
- Por que você foi falar com eles? Eles sabiam alguma coisa?
- Hum... mais ou menos. Eu perguntei à McGonagall. Ela deu uma olhada no livro e disse que realmente pode haver uma dimensão paralela, e que não há nenhum princípio na física da bruxaria que impeça isso.
- E o Roberts?
- Eu já imaginava que a dimensão paralela fosse algum tipo de reflexo da nossa, então perguntei a ele se há possibilidade de duas criaturas, habitando dois mundos diferentes e tendo exatamente a mesma aparência, podem ter personalidades opostas.
- E aí?
- Ele respondeu que isso não só é possível, como também é o mais provável de acontecer, porque é iimpossível/i haver dois seres exatamente iguais.
Harry estava fascinado pelas coisas que Simas dizia, mas não queria que isso transparecesse, então levantou novamente o problema:
- E como você vai pegar o livro? Já decidiu?
- Não - respondeu o garoto, frustrado.
Harry não queria se envolver naquela história, mas não resistiu:
- Eu sei um jeito.
Simas levantou as sobrancelhas.
- Sabe?
- Qual é a próxima aula?
- Herbologia, mas...
- Me dê o nome do livro.
- iMundos e Fundos/i, de Anna Fagundes e Luís Mauro Martino. Mas o que você vai...
- Vamos para a aula, Simas. Já estamos atrasados.
As aulas de Herbologia do quinto ano eram ministradas na estufa número quatro, fora do castelo. Harry e Simas foram correndo até lá, pois haviam passado dez minutos conversando.
Ao chegar, entraram. A professora Sprout olhou feio para eles.
- Desculpe, professora - disse Harry. Algumas meninas abafaram risadinhas.
Harry foi se sentar com Rony e Hermione, que haviam guardado um lugar para ele. Simas se sentou com Dino Thomas e Neville Longbottom.
- Como eu estava explicando antes da interrupção do sr. Potter e do sr. Finnigan - mais risadinhas quando a prof. Sprout falou de Simas. -, entender Herbologia este ano não será fácil. Vocês terão que anotar atentamente o que eu disser, porque nos testes de fim de ano teremos uma atividade muito especial na estufa.
Ela continuou falando enquanto Harry pensava no que Simas havia dito. Será que havia realmente um outro mundo? Ou será que o misterioso garoto irlandês estava de gozação com sua cara? Harry havia aprendido a não confiar nas pessoas pela experiência de seu pai, que havia sido traído por um de seus melhores amigos, Pedro Pettigrew.
Porém, quando Simas lançou a ele um olhar e sorriu, Harry sentiu que estava feita sua decisão: mesmo que sofresse, mesmo que fosse traído, mesmo que Rony e Hermione - mais prudentes - fossem recriminá-lo eternamente por isso, ia confiar em Simas.
Depois que o sino tocou, Harry, Rony e Mione se levantaram e limparam das vestes a pouca terra que caíra. Mesmo não tendo mexido em nenhuma planta misteriosa, Harry sentia que aquela aula valera a pena. Harry estava tirando do sapato uma raiz de mandrágora que havia se prendido lá, quando Simas passou por ele.
- Espero que você consiga pegar o livro. Vai ser muito importante pra nós - disse o garoto, olhando para Harry. E saiu.
Harry olhou para a porta, a tempo de ver Simas sair. Ficou naquela posição, se equilibrando num dos pés, mas completamente esquecido da raiz de mandrágora.
iEle havia dito "nós"?/i
- Por favor, Hermione.
- Mas, Harry, é difícil fazer isso!
- Mas a gente consegue!
Hermione suspirou. Detestava quando alguém se aproveitava do fato de ela ser uma boa aluna para conseguir privilégios.
- Está bem.
A aula de Feitiços do prof. Flitwick passara voando. Todos os alunos já haviam saído, menos Harry e Hermione. Harry havia pedido a Hermione para conseguir uma autorização de Flitwick, especificando que a garota podia pegar o iMundos e Fundos/i.
Ela chegou perto do professor e disse:
- Ai, professor, eu estou com um problema tão grande!
- Qual? - perguntou ele.
Extremamente dissimulada, Hermione fingiu chorar enquanto falava:
- Sabe o que é? É que... oh, é que eu preciso de um livro e... oh, Deus, sou tão infeliz!
- Um... livro?
- Sabe, professor, eu estou pesquisando sobre dimensões paralelas e o livro que eu quero está na Seção Reservada da biblioteca... SOU MUITO INFELIZ!
- Calma, srta. Granger. Que livro é esse?
Fungando, Hermione disse:
- É o iMundos e Fundos/i, de Anna Fagundes e Luís Mauro Martino. Como vou fazer pra conseguir, hein?
- É simples: eu posso assinar uma autorização para você. Que tal?
Hermione abriu um sorriso que encantaria até as pedras do colar da prof. Trelawney.
- O senhor faria isso por mim?
- É claro, srta. Granger. Um instante, sim?
Ele pegou um pedaço de pergaminho e uma pena, e começou a escrever um breve bilhete de autorização. Depois, assinou embaixo.
- Pronto - disse ele, entregando o pergaminho a Mione. - Basta mostrar isso à Madame Pince e terá o livro.
- Oh, professor, nem sei como agradecer!
- Espero que tenha sorte em sua pesquisa - disse Flitwick, sorrindo. Hermione pegou Harry pelo braço e saiu.
Depois que já haviam andado alguns passos, Harry disse:
- Puxa, Hermione, obrigado!
- Bom, a única aluna autorizada a pegar o livro sou eu. Vamos à biblioteca.
A biblioteca de Hogwarts era imensa, e devia ter mais de cem mil livros. Eles entraram e pararam em frente à mesa de Madame Pince, a mal-humorada bibliotecária.
- O que desejam? - perguntou ela.
- Eu queria pegar este livro - disse Mione, entregando a Madame Pince a autorização. Ela pegou o pedaço de pergaminho e analisou-o longamente. Ela adorava encontrar falsificações para mandar os alunos à diretoria, mas falhou dessa vez. Frustrada, disse:
- Um momento.
Madame Pince levantou-se e se dirigiu às profundezas da biblioteca, onde ficava a Seção Reservada. Passados uns cinco minutos, voltou com o livro. Era grande, um pouco mais grosso que o iHiperespaço/i.
- Aqui está - disse ela.
Hermione agradeceu, pegou o livro e saiu da biblioteca com Harry. Eles foram até o Salão Principal, onde os alunos estavam almoçando, e se sentaram ao lado de Rony.
- Onde vocês estavam? - perguntou ele. - Eu achei que vocês estivessem aqui quando saí da sala.
Harry olhou para Hermione, como se pedisse instruções.
- Estávamos na biblioteca - disse ela. - O Simas queria um livro que estava na Seção Reservada e eu fui pegar pra ele. O Harry me acompanhou.
A desculpa funcionou. Rony mudou de assunto e começou a conversar com Hermione sobre a aula de Sprout. Harry, que estava sem fome, se levantou e foi até Simas.
- Aqui está o livro - disse ele.
Simas pareceu não acreditar.
- Como.. como você conseguiu?
- Não agradeça a mim - disse Harry, sorrindo. - Agradeça à Mione. Ela conseguiu dobrar o Flitwick e pegar uma autorização.
Simas parecia ter recebido o melhor presente da sua vida.
- Que aula temos agora? - perguntou, olhando o livro como se fosse um pote de ouro.
- Hum... História da Magia, se não me engano.
- Ótimo. Você pode se sentar ao meu lado na aula, Harry?
- Posso, mas...
- Que bom! Lá a gente pode dar uma olhada no livro!
- Então vamos logo, antes que a gente se atrase.
Simas se levantou e eles caminharam até a sala onde tinham aulas com o Professor Binns, o único fantasma em Hogwarts que dava aulas.
A sala estava aberta mas estava vazia, pois o sino ainda não havia tocado. Harry e Simas entraram e se sentaram lado a lado.
- Vamos ver - disse Simas, apertando os olhos enquanto virava algumas páginas.
- O que exatamente você está procurando? - perguntou Harry.
- Seria ótimo se eu soubesse - respondeu o garoto, sorrindo. - Mas não imagino que existam muitos mundos paralelos por aí. Ah, achei!
Ele mostrou a Harry a página que tinha encontrado. Havia um grande título, escrito com letras douradas: HYLLIDE.
- O que é Hyllide? - perguntou Harry.
- É o nome do mundo que estamos procurando. Na verdade, eu me enganei a respeito de uma coisa que disse a você.
- O quê?
- Hyllide não fica numa dimensão paralela. Eu dei uma olhada no iHiperespaço/i enquanto almoçava, e descobri que universos paralelos e dimensões paralelas não são a mesma coisa.
- Explique.
- Sucintamente, é assim: existem dez dimensões, sendo que nós habitamos a terceira. Nós só podemos alcançar, ainda assim com muito trabalho, a dimensão que está imediatamente abaixo de nós e a que está imediatamente acima. Portanto, a segunda e a quarta.
- Prossiga.
- É MUITO difícil imaginar a quarta dimensão. Mas imaginar da quinta à décima é impossível.
- Impossível?
- Sim. Extrapola a capacidade da mente humana.
- Nossa.
- Já universos paralelos são outros universos, ligados ao nosso por buracos de minhoca ou, na linguagem popular, buracos negros. Esses universos estão na mesma dimensão que o nosso, e portanto têm as mesmas leis físicas. As dimensões paralelas têm ioutras/i leis físicas. Entendeu?
- A-acho que sim - respondeu Harry, confuso.
- Ótimo. Já é um começo. Hyllide fica num universo paralelo ao nosso, mas não é um universo paralelo comum. Ele é o ireflexo/i do nosso.
- Então tudo lá é igual a aqui?
- Idêntico. Com a diferença que as personalidades das pessoas de lá são opostas às daqui.
- E lá acontecem as mesmas coisas que acontecem aqui?
- NÃO. Isso é importante. Uma pessoa de lá pode, por exemplo, já ter morrido aqui e não lá, e vice-versa. Cada um lá tem a própria história. Só existe uma exceção.
- Qual?
- Por relações diferentes de causa e efeito, uma pessoa que nasce aqui sempre nasce lá também.
Harry olhou seu relógio e viu que já havia passado da hora da aula, e o sino já tocara. Os alunos e o professor estavam dez minutos atrasados.
- O que será que aconteceu? - perguntou Simas.
Nisso, Rony apareceu na porta, ofegante. Parecia ter corrido um quilômetro.
- Ah, vocês estão aí! Corram, venham comigo até o Salão Principal.
Sem maiores explicações, Harry e Simas seguiram Rony até o salão, cujo teto, que normalmente imitava o céu lá fora, estava mostrando uma noite com estrelas brilhantes, mesmo sendo dia. Havia uma cortina púrpura fechada à francesa ao lado da mesa dos professores, sobre a qual estava sendo projetado o símbolo das artes cênicas: duas máscaras, sendo que uma sorria e outra chorava.
Harry e Simas haviam saído antes do fim do almoço, então não ouviram o Prof. Dumbledore cancelar a primeira aula da tarde. Todos os alunos estavam sentados à mesa, que já não tinha mais pratos. Dumbledore estava no seu lugar à mesa dos professores, esperando que os alunos ficassem quietos. Quando isso finalmente aconteceu, ele pigarreou e disse:
- Agora que os senhores estão mais calmos, eu posso dizer por que estamos aqui. Como todos sabemos, uma visita muito especial chegaria a Hogwarts na semana que vem. Mas houve uma mudança nos planos.
Algumas pessoas cochicharam. Mesmo assim, Dumbledore limpou a garganta e continuou:
- Muito amavelmente, nossa convidada, priorizando sua visita a Hogwarts, cancelou todos os seus compromissos para esta semana, o que fez com que sua chegada tivesse lugar antes do previsto.
Novos cochichos, e novo pigarro de Dumbledore. Os alunos se calaram novamente e ele prosseguiu com seu discurso:
- Eu imagino que os senhores, uma vez que são todos muito inteligentes, já perceberam o que eu estou querendo dizer. Por isso, quero que recebam com aplausos e respeito a atriz mais talentosa da atualidade...
As cortinas se abriram e Harry viu a silhueta de uma mulher de corpo perfeito.
- ...Lucky Star!
