A notícia da morte de Dennis correu como uma labareda sobre um chão forrado de palha. Em menos de três horas, quase todos os habitantes de Hogwarts sabiam do que acontecera com o pequeno segundanista.
Colin Creevey estava inconsolável.
- Meu irmão... dizia, entre soluços. - Meu único irmão...
Os pais dos garotos, imediatamente avisados, colocaram o próprio sofrimento em segundo lugar para primeiro se preocupar com Colin. Na mesma hora se propuseram a buscá-lo na escola, para que ficasse uns dias em casa, mas Dumbledore os preveniu de que isso poderia ser muito prejudicial para o desenvolvimento acadêmico de Colin.
- Se ele ficar alguns dias em casa, uma semana que seja - disse. -, ele ficará totalmente fora do ritmo da escola, e então sua readaptação será muito mais difícil.
Os pais de Colin hesitaram. Então, para tranqüilizá-los, Dumbledore finalizou com a seguinte proposta:
- Não se preocupem. Deixem o pequeno Colin aqui, que eu conheço a pessoa ideal para levantar seu astral.
- Quem? - perguntou a Sra. Creevey, enxugando as lágrimas com o lenço.
- Ora, quem mais? - perguntou Dumbledore enigmaticamente, com um sorriso tranqüilizador. - Não conheço para a tarefa ninguém melhor que Harry Potter.
- Como?! - gritou Harry na aula de Transfiguração, ao saber da morte de Dennis. - Ele não pode ter morrido!
- Não pode, mas morreu - disse Simas. - Eu juro que é isso mesmo, estão todos comentando. Se você não tivesse ficado com o nariz enfiado nesse diário nas últimas duas aulas, com certeza teria ouvido também.
- E pensar que - falou Harry, alheio ao que Simas dizia. - eu estava com ele, ajudando-o a estudar História da Magia, não há duas horas...
- Agora já foi - disse Simas, tentando consolá-lo. - Não é culpa sua. E tudo indica que quem matou o Dennis foi a mesma pessoa que assassinou o Filch.
- Com certeza foi - disse Hermione atrás de Simas, assustando-o. - Se bem que, agora que eu e o Rony já lemos e relemos o diário do Slytherin, não consigo ver nenhuma ligação entre o Dennis Creevey e o tesouro.
- Não há ligação - disse Harry. - O assassino está escolhendo aleatoriamente suas vítimas. Nós nos concentramos num período um mês depois da morte de Filch, e por isso ele se adiantou.
- Posso começar a aula? - perguntou uma voz ríspida à frente da sala. Era a profª. McGonagall. - Ou os senhores têm algo mais a conversar?
No intervalo das aulas da tarde, Harry foi novamente chamado ao escritório do diretor.
- Sr. Dumbledore... - disse ele ao entrar.
- Olá, Harry. Entre e sente-se, por favor.
Harry fez o que Dumbledore pedia e disse:
- Eu gostaria de saber por que o senhor não chamou o Rony e a Mione também.
Dumbledore deu um sorriso amigável e falou:
- Eu não quis chamá-los, Harry, porque o assunto que vamos conversar compete apenas a você e a Colin Creevey.
- Colin?
- Isso mesmo - respondeu o diretor. - Sabe, Harry, os pais de Colin estiveram aqui comigo. Eles estavam querendo levá-lo para casa por alguns dias, para se recuperar do choque.
- E ele foi?
- Não. Eu não concordei com a idéia. Disse a eles que mesmo uma semana de aulas, se fosse perdida, poderia prejudicar bastante os estudos do garoto.
- E então?
- Então eu propus a eles uma outra alternativa - disse Dumbledore. - Eu disse a eles que conhecia uma pessoa que poderia, de boa vontade, ajudar Colin. É claro que me referia a você, Harry. Pensei que, uma vez que está isento dos testes deste ano, você não faria objeção.
- Sem dúvida que não - disse Harry, sorrindo. Um Colin sozinho e deprimido não poderia ser algo muito ruim com que lidar.
- Quanto ao Sr. Weasley e à Srta. Granger - continuou o diretor. -, eu tenho uma informação que vai ajudar bastante na investigação de vocês. É um fator a mais.
- O quê?
- Na hora em que Dennis foi assassinado - disse Dumbledore. -, ele naturalmente não estava na aula. Deveria estar na aula do prof. Flitwick, mas não estava. Você sabe por quê?
- Não - respondeu Harry.
- Porque alguém foi à porta da sala dele e o chamou para conversar. Você sabe quem era, Harry?
- Nem imagino.
- Segundo o próprio Flitwick, quem foi à sala chamar Dennis Creevey fui eu.
- Mas...
- Isso mesmo, Harry - disse Dumbledore, com um brilho misterioso nos olhos. - Se os meus anos de experiência na magia não me iludem, estamos lidando com um poderoso bruxo camaleônico.
- Bruxo camaleônico? - perguntou Simas, quando Harry voltou à sala.
- Isso mesmo - respondeu Harry. - Um bruxo camaleônico que se transforma em quem quiser. Isso significa que não podemos confiar em ninguém.
- E como vou ter certeza de que você é você mesmo?
- Se eu fosse um bruxo camaleônico, você acha que eu lhe diria que o Dumbledore me contou aquilo?
- É... tem razão.
As aulas transcorreram sem mais incidentes até a hora do jantar, quando Harry foi junto com Rony, Hermione e Simas ao salão principal. Durante a refeição, Harry não pôde deixar de reparar na forma como Lucky cruzava as pernas para comer.
- Ela está linda hoje, não está? - comentou Harry com Simas.
- Sob a sua ótica, ela está linda todos os dias - respondeu secamente o amigo.
- Mas é mesmo - disse Harry, sorridente.
Eles terminaram o suflê de mariscos e se levantaram. Harry já estava saindo com Simas para a sala comunal da Grifinória, quando uma mão tocou suavemente seu ombro esquerdo.
- Harry - disse a voz sensual de Lucky. Era a primeira vez que ela falava com ele.
- S-sim? - atendeu o garoto, assustado.
- Eu gostaria de ter uma conversa com você. Você pode subir comigo ao meu quarto?
- Claro! Sem dúvida - respondeu Harry, querendo na verdade sair correndo dali com toda a velocidade com que pudesse mover as pernas.
Ele seguiu a moça até um corredor do segundo andar, onde havia uma porta que Harry nunca tinha visto antes. Lucky lhe contou que aquela sala normalmente ficava vazia, mas que estava sendo usada por ela enquanto ficasse em Hogwarts. Ela abriu a porta e Harry entrou.
Lucky Star sabia como decorar um quarto. As paredes da sala tinham sido todas pintadas de azul, havia uma escrivaninha no canto com alguns pergaminhos e uma pena, e em uma das paredes a moça tinha mandado instalar uma estante para colocar seus livros. Tinha também um sofá de cor creme encostado na outra parede. No meio do quarto havia uma cama redonda de uma cor violentamente escarlate, e Harry teve uma intuição de que o colchão era de água.
- Sente-se, por favor - disse Lucky, apontando o sofá para ele. Harry obedeceu e ela se sentou ao seu lado.
- Harry Potter - começou, sorrindo. - Antes de mais nada, quero que saiba que é uma honra falar com você.
- Para mim também - disse Harry, desejando ter algo mais inteligente a dizer.
- Harry... eu soube que você é um rapaz muito corajoso. Isso é verdade?
Harry engoliu em seco e respondeu:
- Bom, se é o que dizem...
Lucky riu.
- Eu soube também que você tem uma quedinha por uma garota um pouco mais velha que você - disse, dando uma piscadela para o garoto.
- Quem? Cho Chang? Eu não tenho queda nenhuma por ela! - gritou Harry.
Lucky deu uma gargalhada.
- Viu? Você até já sabia quem era! Não precisa mentir, Harry, foi ela mesma quem me disse!
Harry ficou com muita raiva, e teve vontade de estrangular Cho Chang naquele momento.
- Bem - continuou a moça. - Da mesma forma que você gosta dela, Harry, muitas garotas também gostam de você.
Ela olhou bem para os olhos dele e completou:
- E uma dessas garotas sou eu.
Harry nem teve tempo de reação. Lucky o pegou pelos ombros e o beijou ardentemente.
- Eu não o vi - respondeu Simas a Hermione.
- Como não? Eu vi vocês dois saindo da mesa de jantar juntos! O Harry não é tão pequeno, não dá pra perdê-lo fácil assim!
- Eu não sei para onde ele foi - insistiu Simas. - Talvez alguém o tenha chamado.
- É, pode ser. Que grande amigo você é, deixa o Harry pra trás e nem percebe.
Simas suspirou e subiu as escadas para o dormitório. Hermione ficava insuportável quando começava a fazer seus muitos deveres de casa.
Ao chegar no quarto, encontrou Rony lendo o diário de Slytherin, que tinha pego na mochila de Harry.
- Já achou alguma coisa de útil? - perguntou Simas.
- Já... mas nada muito relevante, além do que já sabemos. O tesouro de Salazar Slytherin está reservado a seu herdeiro ou herdeira.
- O de sempre.
- É. Mesmo assim, eu queria que o Harry desse uma olhada. O que será que ele está fazendo agora?
- Temos que ir atrás dele - observou Simas. - Talvez ele esteja correndo perigo.
Harry não disse nada enquanto Lucky tirava lentamente seu robe de Hogwarts. Ela o beijou novamente e começou a tirar sua camisa.
- Não tenha medo - disse, vendo que Harry estava tenso. Ela o pôs de pé e começou a abaixar suas calças. Quando ele estava só de roupas de baixo, ela se levantou e disse:
- Agora é minha vez.
Lucky abriu o zíper do vestido e ele deslizou por seu corpo até cair no chão. Harry quase gritou ao ver que a moça não estava usando calcinha nem sutiã. Ela deu uma risadinha ao ver o espanto do garoto e, abaixando-se novamente, tirou o que lhe restava da roupa.
Então, Lucky conduziu Harry até a cama redonda (o colchão era de água mesmo) e se deixou possuir tranqüilamente, até que Harry chegou a um espasmo tenso e dolorido e caiu exausto sobre ela. Vendo que ele estava praticamente desacordado pela experiência, Lucky alcançou o robe de Harry com a mão e tirou do bolso o que lhe interessava, escondendo embaixo da cama.
Ela o beijou novamente e disse que, para uma primeira vez, não tinha sido nada mau.
- Podemos fazer isso de novo? - perguntou Harry, ainda se sentindo tonto.
- Talvez, quem sabe? Mas agora você tem que ir, antes que seus amigos xeretas venham procurá-lo e descubram tudo.
- Está bem - concordou Harry, dando-lhe um último beijo desesperado.
- Agora vá. Vá, antes que apareça alguém.
Harry vestiu suas roupas e saiu, ruborizado com o que acabara de fazer. Ele seguiu em silêncio até seu dormitório e esperou que visse o sono. Dormiu vestido, sem dar satisfações a seus amigos nem fazer a lição de casa.
O mês de outubro passou voando, e Harry mal pôde acreditar quando a folhinha do dormitório apontou 1º de novembro.
- Temos que nos cuidar - disse ele para Rony. - O assassino pode querer aprontar de novo.
- Eu acho que quem está matando o pessoal é o Keith Roberts - disse o amigo. - Está na cara dele, ele tem jeitão de assassino.
- Mas nós não podemos nos basear nisso. Eu também não vou nem um pouco com a cara dele, mas isso não é suficiente para acusá-lo.
- Que seja. Vamos descer para o café, eu estou morrendo de fome.
Eles desceram e encontraram Mione no salão comunal.
- Cadê o Simas? - perguntou ela.
- Já desceu - disse Harry.
- Então vamos descer também.
Os três passaram pelo buraco no retrato da Mulher Gorda, depois de dizer a senha ("Ne me quitte pas" - a Mulher Gorda estava insuportável desde que começara a aprender francês com o retrato de Luís XVI), e chegaram ao Salão Principal. Lucky, muito séria à mesa ao lado de Dumbledore, nem arriscou olhar para Harry.
Depois que todos os alunos já estavam sentados, sonolentos, Dumbledore levantou-se e disse (nesse momento Harry viu que faltava um dos professores à mesa):
- Caros alunos, tenho que dar uma notícia desagradável a vocês.
Com essas palavras, Dumbledore conseguiu a atenção de todos os alunos.
- Infelizmente - continuou. -, mais um professor foi brutalmente assassinado pelo louco que está rondando nossa escola. Ele foi encontrado morto em seu dormitório nesta manhã. Refiro-me a Keith Roberts, o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.
Harry e Rony se entreolharam.
- Droga, pensei que tinha sido o Snape - disse Rony.
- Foi mais um descuido nosso - prosseguiu o diretor. - permitir que uma situação terrível como essa tomasse lugar. Porém, eu já contratei pessoas competentes - e olhou de relance para Harry, Rony e Hermione. - para resolver este mistério. Esperemos que não haja mais mortes.
Dumbledore se sentou. Então, a professora McGonagall se levantou e disse:
- As aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas estão temporariamente suspensas, até que encontremos um professor substituto. Pedimo-lhes que não façam besteiras em seu horário livre.
O sino tocou e todos se levantaram.
- No que está pensando? - perguntou Rony a Harry, enquanto saíam do Salão.
- Esse último acontecimento derrubou todas as nossas teorias - disse Harry.
- Talvez não - disse Hermione, emparelhando-se com os dois. Então, ela passou à frente deles e disse que os encontraria na segunda aula.
- Aonde você vai? E a primeira aula? - perguntou Rony a ela.
- À biblioteca.
- Mas qual é a nossa primeira aula?
- Defesa Contra as Artes das Trevas - respondeu a garota, subindo as escadas.
Harry e Rony ficaram olhando para ela, enquanto ela subia correndo.
- O que deu nela? - perguntou Rony.
- Não sei.
Harry enfiou a mão no bolso e deixou escapar um grito.
- Onde está a minha varinha?
Colin Creevey estava inconsolável.
- Meu irmão... dizia, entre soluços. - Meu único irmão...
Os pais dos garotos, imediatamente avisados, colocaram o próprio sofrimento em segundo lugar para primeiro se preocupar com Colin. Na mesma hora se propuseram a buscá-lo na escola, para que ficasse uns dias em casa, mas Dumbledore os preveniu de que isso poderia ser muito prejudicial para o desenvolvimento acadêmico de Colin.
- Se ele ficar alguns dias em casa, uma semana que seja - disse. -, ele ficará totalmente fora do ritmo da escola, e então sua readaptação será muito mais difícil.
Os pais de Colin hesitaram. Então, para tranqüilizá-los, Dumbledore finalizou com a seguinte proposta:
- Não se preocupem. Deixem o pequeno Colin aqui, que eu conheço a pessoa ideal para levantar seu astral.
- Quem? - perguntou a Sra. Creevey, enxugando as lágrimas com o lenço.
- Ora, quem mais? - perguntou Dumbledore enigmaticamente, com um sorriso tranqüilizador. - Não conheço para a tarefa ninguém melhor que Harry Potter.
- Como?! - gritou Harry na aula de Transfiguração, ao saber da morte de Dennis. - Ele não pode ter morrido!
- Não pode, mas morreu - disse Simas. - Eu juro que é isso mesmo, estão todos comentando. Se você não tivesse ficado com o nariz enfiado nesse diário nas últimas duas aulas, com certeza teria ouvido também.
- E pensar que - falou Harry, alheio ao que Simas dizia. - eu estava com ele, ajudando-o a estudar História da Magia, não há duas horas...
- Agora já foi - disse Simas, tentando consolá-lo. - Não é culpa sua. E tudo indica que quem matou o Dennis foi a mesma pessoa que assassinou o Filch.
- Com certeza foi - disse Hermione atrás de Simas, assustando-o. - Se bem que, agora que eu e o Rony já lemos e relemos o diário do Slytherin, não consigo ver nenhuma ligação entre o Dennis Creevey e o tesouro.
- Não há ligação - disse Harry. - O assassino está escolhendo aleatoriamente suas vítimas. Nós nos concentramos num período um mês depois da morte de Filch, e por isso ele se adiantou.
- Posso começar a aula? - perguntou uma voz ríspida à frente da sala. Era a profª. McGonagall. - Ou os senhores têm algo mais a conversar?
No intervalo das aulas da tarde, Harry foi novamente chamado ao escritório do diretor.
- Sr. Dumbledore... - disse ele ao entrar.
- Olá, Harry. Entre e sente-se, por favor.
Harry fez o que Dumbledore pedia e disse:
- Eu gostaria de saber por que o senhor não chamou o Rony e a Mione também.
Dumbledore deu um sorriso amigável e falou:
- Eu não quis chamá-los, Harry, porque o assunto que vamos conversar compete apenas a você e a Colin Creevey.
- Colin?
- Isso mesmo - respondeu o diretor. - Sabe, Harry, os pais de Colin estiveram aqui comigo. Eles estavam querendo levá-lo para casa por alguns dias, para se recuperar do choque.
- E ele foi?
- Não. Eu não concordei com a idéia. Disse a eles que mesmo uma semana de aulas, se fosse perdida, poderia prejudicar bastante os estudos do garoto.
- E então?
- Então eu propus a eles uma outra alternativa - disse Dumbledore. - Eu disse a eles que conhecia uma pessoa que poderia, de boa vontade, ajudar Colin. É claro que me referia a você, Harry. Pensei que, uma vez que está isento dos testes deste ano, você não faria objeção.
- Sem dúvida que não - disse Harry, sorrindo. Um Colin sozinho e deprimido não poderia ser algo muito ruim com que lidar.
- Quanto ao Sr. Weasley e à Srta. Granger - continuou o diretor. -, eu tenho uma informação que vai ajudar bastante na investigação de vocês. É um fator a mais.
- O quê?
- Na hora em que Dennis foi assassinado - disse Dumbledore. -, ele naturalmente não estava na aula. Deveria estar na aula do prof. Flitwick, mas não estava. Você sabe por quê?
- Não - respondeu Harry.
- Porque alguém foi à porta da sala dele e o chamou para conversar. Você sabe quem era, Harry?
- Nem imagino.
- Segundo o próprio Flitwick, quem foi à sala chamar Dennis Creevey fui eu.
- Mas...
- Isso mesmo, Harry - disse Dumbledore, com um brilho misterioso nos olhos. - Se os meus anos de experiência na magia não me iludem, estamos lidando com um poderoso bruxo camaleônico.
- Bruxo camaleônico? - perguntou Simas, quando Harry voltou à sala.
- Isso mesmo - respondeu Harry. - Um bruxo camaleônico que se transforma em quem quiser. Isso significa que não podemos confiar em ninguém.
- E como vou ter certeza de que você é você mesmo?
- Se eu fosse um bruxo camaleônico, você acha que eu lhe diria que o Dumbledore me contou aquilo?
- É... tem razão.
As aulas transcorreram sem mais incidentes até a hora do jantar, quando Harry foi junto com Rony, Hermione e Simas ao salão principal. Durante a refeição, Harry não pôde deixar de reparar na forma como Lucky cruzava as pernas para comer.
- Ela está linda hoje, não está? - comentou Harry com Simas.
- Sob a sua ótica, ela está linda todos os dias - respondeu secamente o amigo.
- Mas é mesmo - disse Harry, sorridente.
Eles terminaram o suflê de mariscos e se levantaram. Harry já estava saindo com Simas para a sala comunal da Grifinória, quando uma mão tocou suavemente seu ombro esquerdo.
- Harry - disse a voz sensual de Lucky. Era a primeira vez que ela falava com ele.
- S-sim? - atendeu o garoto, assustado.
- Eu gostaria de ter uma conversa com você. Você pode subir comigo ao meu quarto?
- Claro! Sem dúvida - respondeu Harry, querendo na verdade sair correndo dali com toda a velocidade com que pudesse mover as pernas.
Ele seguiu a moça até um corredor do segundo andar, onde havia uma porta que Harry nunca tinha visto antes. Lucky lhe contou que aquela sala normalmente ficava vazia, mas que estava sendo usada por ela enquanto ficasse em Hogwarts. Ela abriu a porta e Harry entrou.
Lucky Star sabia como decorar um quarto. As paredes da sala tinham sido todas pintadas de azul, havia uma escrivaninha no canto com alguns pergaminhos e uma pena, e em uma das paredes a moça tinha mandado instalar uma estante para colocar seus livros. Tinha também um sofá de cor creme encostado na outra parede. No meio do quarto havia uma cama redonda de uma cor violentamente escarlate, e Harry teve uma intuição de que o colchão era de água.
- Sente-se, por favor - disse Lucky, apontando o sofá para ele. Harry obedeceu e ela se sentou ao seu lado.
- Harry Potter - começou, sorrindo. - Antes de mais nada, quero que saiba que é uma honra falar com você.
- Para mim também - disse Harry, desejando ter algo mais inteligente a dizer.
- Harry... eu soube que você é um rapaz muito corajoso. Isso é verdade?
Harry engoliu em seco e respondeu:
- Bom, se é o que dizem...
Lucky riu.
- Eu soube também que você tem uma quedinha por uma garota um pouco mais velha que você - disse, dando uma piscadela para o garoto.
- Quem? Cho Chang? Eu não tenho queda nenhuma por ela! - gritou Harry.
Lucky deu uma gargalhada.
- Viu? Você até já sabia quem era! Não precisa mentir, Harry, foi ela mesma quem me disse!
Harry ficou com muita raiva, e teve vontade de estrangular Cho Chang naquele momento.
- Bem - continuou a moça. - Da mesma forma que você gosta dela, Harry, muitas garotas também gostam de você.
Ela olhou bem para os olhos dele e completou:
- E uma dessas garotas sou eu.
Harry nem teve tempo de reação. Lucky o pegou pelos ombros e o beijou ardentemente.
- Eu não o vi - respondeu Simas a Hermione.
- Como não? Eu vi vocês dois saindo da mesa de jantar juntos! O Harry não é tão pequeno, não dá pra perdê-lo fácil assim!
- Eu não sei para onde ele foi - insistiu Simas. - Talvez alguém o tenha chamado.
- É, pode ser. Que grande amigo você é, deixa o Harry pra trás e nem percebe.
Simas suspirou e subiu as escadas para o dormitório. Hermione ficava insuportável quando começava a fazer seus muitos deveres de casa.
Ao chegar no quarto, encontrou Rony lendo o diário de Slytherin, que tinha pego na mochila de Harry.
- Já achou alguma coisa de útil? - perguntou Simas.
- Já... mas nada muito relevante, além do que já sabemos. O tesouro de Salazar Slytherin está reservado a seu herdeiro ou herdeira.
- O de sempre.
- É. Mesmo assim, eu queria que o Harry desse uma olhada. O que será que ele está fazendo agora?
- Temos que ir atrás dele - observou Simas. - Talvez ele esteja correndo perigo.
Harry não disse nada enquanto Lucky tirava lentamente seu robe de Hogwarts. Ela o beijou novamente e começou a tirar sua camisa.
- Não tenha medo - disse, vendo que Harry estava tenso. Ela o pôs de pé e começou a abaixar suas calças. Quando ele estava só de roupas de baixo, ela se levantou e disse:
- Agora é minha vez.
Lucky abriu o zíper do vestido e ele deslizou por seu corpo até cair no chão. Harry quase gritou ao ver que a moça não estava usando calcinha nem sutiã. Ela deu uma risadinha ao ver o espanto do garoto e, abaixando-se novamente, tirou o que lhe restava da roupa.
Então, Lucky conduziu Harry até a cama redonda (o colchão era de água mesmo) e se deixou possuir tranqüilamente, até que Harry chegou a um espasmo tenso e dolorido e caiu exausto sobre ela. Vendo que ele estava praticamente desacordado pela experiência, Lucky alcançou o robe de Harry com a mão e tirou do bolso o que lhe interessava, escondendo embaixo da cama.
Ela o beijou novamente e disse que, para uma primeira vez, não tinha sido nada mau.
- Podemos fazer isso de novo? - perguntou Harry, ainda se sentindo tonto.
- Talvez, quem sabe? Mas agora você tem que ir, antes que seus amigos xeretas venham procurá-lo e descubram tudo.
- Está bem - concordou Harry, dando-lhe um último beijo desesperado.
- Agora vá. Vá, antes que apareça alguém.
Harry vestiu suas roupas e saiu, ruborizado com o que acabara de fazer. Ele seguiu em silêncio até seu dormitório e esperou que visse o sono. Dormiu vestido, sem dar satisfações a seus amigos nem fazer a lição de casa.
O mês de outubro passou voando, e Harry mal pôde acreditar quando a folhinha do dormitório apontou 1º de novembro.
- Temos que nos cuidar - disse ele para Rony. - O assassino pode querer aprontar de novo.
- Eu acho que quem está matando o pessoal é o Keith Roberts - disse o amigo. - Está na cara dele, ele tem jeitão de assassino.
- Mas nós não podemos nos basear nisso. Eu também não vou nem um pouco com a cara dele, mas isso não é suficiente para acusá-lo.
- Que seja. Vamos descer para o café, eu estou morrendo de fome.
Eles desceram e encontraram Mione no salão comunal.
- Cadê o Simas? - perguntou ela.
- Já desceu - disse Harry.
- Então vamos descer também.
Os três passaram pelo buraco no retrato da Mulher Gorda, depois de dizer a senha ("Ne me quitte pas" - a Mulher Gorda estava insuportável desde que começara a aprender francês com o retrato de Luís XVI), e chegaram ao Salão Principal. Lucky, muito séria à mesa ao lado de Dumbledore, nem arriscou olhar para Harry.
Depois que todos os alunos já estavam sentados, sonolentos, Dumbledore levantou-se e disse (nesse momento Harry viu que faltava um dos professores à mesa):
- Caros alunos, tenho que dar uma notícia desagradável a vocês.
Com essas palavras, Dumbledore conseguiu a atenção de todos os alunos.
- Infelizmente - continuou. -, mais um professor foi brutalmente assassinado pelo louco que está rondando nossa escola. Ele foi encontrado morto em seu dormitório nesta manhã. Refiro-me a Keith Roberts, o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.
Harry e Rony se entreolharam.
- Droga, pensei que tinha sido o Snape - disse Rony.
- Foi mais um descuido nosso - prosseguiu o diretor. - permitir que uma situação terrível como essa tomasse lugar. Porém, eu já contratei pessoas competentes - e olhou de relance para Harry, Rony e Hermione. - para resolver este mistério. Esperemos que não haja mais mortes.
Dumbledore se sentou. Então, a professora McGonagall se levantou e disse:
- As aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas estão temporariamente suspensas, até que encontremos um professor substituto. Pedimo-lhes que não façam besteiras em seu horário livre.
O sino tocou e todos se levantaram.
- No que está pensando? - perguntou Rony a Harry, enquanto saíam do Salão.
- Esse último acontecimento derrubou todas as nossas teorias - disse Harry.
- Talvez não - disse Hermione, emparelhando-se com os dois. Então, ela passou à frente deles e disse que os encontraria na segunda aula.
- Aonde você vai? E a primeira aula? - perguntou Rony a ela.
- À biblioteca.
- Mas qual é a nossa primeira aula?
- Defesa Contra as Artes das Trevas - respondeu a garota, subindo as escadas.
Harry e Rony ficaram olhando para ela, enquanto ela subia correndo.
- O que deu nela? - perguntou Rony.
- Não sei.
Harry enfiou a mão no bolso e deixou escapar um grito.
- Onde está a minha varinha?
