Harry ficou parado, sem saber o que fazer. Os olhos de Lucky, verdes como esmeraldas, revelavam uma maldade que parecia familiar, porém há muito tempo escondida no lindo semblante da moça. No entanto, agora nem parecia ser ela a encará-lo, o rosto desfigurado pelo ódio.
Então, Simas puxou o braço do amigo e disse:
- Isto é o que eu queria te mostrar. Encontrei no quarto dela.
Harry fitou estarrecido as duas lentes de contato, de coloração castanho-escura, que jaziam na mão de Simas. Ele ficou olhando as lentes até ser interrompido pela voz de Lucky:
- Onde está meu tesouro?
- O tesouro não é seu! - gritou Harry, segurando o baú com mais força. - O tesouro é do herdeiro de Salazar Slytherin!
Os olhos verdes de Lucky faiscaram.
- Exatamente - disse ela, com um sorriso enviesado. - iEu/i sou a última herdeira de Slytherin.
- Mentira! - revidou Harry. - O último herdeiro é Lord Voldemort!
- Não mais.
Harry ficou sem resposta. Anita Honey estava parada à porta, logo atrás de Lucky, que demorou a perceber de onde estava vindo a voz.
- Tom Servolo Riddle - continuou a moça, entrando na masmorra. - era um rapaz sedutor. Ele teve muitas namoradas e, sem saber, engravidou uma delas.
Harry apertou os lábios. Estava começando a compreender.
- Seu nome - prosseguiu Anita. - era Petúnia Evans.
Lucky sorriu novamente, sabendo que Harry havia entendido tudo. Ela era filha de Petúnia, e portanto prima do garoto.
- Você... - gaguejou ele. - Você é minha prima!
- Isso mesmo - disse Lucky. - O único problema é que Petúnia sabia que Riddle era um bruxo. Achando que eu tinha poderes mágicos, ela me abandonou num orfanato, logo após o nascimento.
- Ei! - interveio Simas. - Mas você é trouxa!
- Não exatamente - disse Lucky. - Eu sou um aborto.
Harry ficou boquiaberto com a revelação. Lucky era um aborto, assim como Argo Filch.
- Bem, me dê o tesouro.
- Não! - gritou Harry, agarrando o baú.
Lucky franziu a testa.
- Por que não?
- Se você tem direito ao tesouro, por que Dumbledore não lhe deu?
- Porque ele não sabe que eu sou parente de Slytherin. Agora me dê, vamos.
- Não entregue, Harry - disse Simas. Harry olhou para ele.
- Como?
- Não entregue o tesouro a ela. Acabei de notar algo de muito peculiar nessa Lucky.
- O quê? - perguntou Harry, curioso. O rosto de Lucky novamente se desfigurou.
- Se minha teoria estiver certa - respondeu Simas. - Não haverá tesouro algum aí. Abra o baú, Harry.
Harry tocou a tranca do baú com a varinha e disse:
- iAlorromora/i!
Com um estalo, o baú se abriu. Dentro dele, havia várias pedras, certamente recolhidas no jardim do castelo.
- Não! - gritou Lucky, em desespero. Simas olhou para ela, sorrindo, e disse:
- Exatamente como eu imaginei.
Nesse momento, ouviram-se vozes vindas lá de fora:
- Harry! Simas!
Eram Hermione e Rony. Os dois entraram na masmorra, esbaforidos.
- Vocês demoraram, estávamos preocupados.
Simas olhou para a parede, de costas para os que estavam na masmorra, e falou:
- Os olhos.
- O quê? - perguntaram Harry e Anita ao mesmo tempo.
- O segredo está nos olhos. Será que vocês não vêem? É a chave do mistério!
- Não entendi - disse Hermione.
- Harry - disse Simas. - Lucky não é o bruxo camaleônico.
- Como não? Você deu a entender que era!
- Porque era nisso que eu queria que você acreditasse - retrucou o amigo, ainda virado para a parede. - Seria péssimo para os meus planos que você soubesse a verdade.
- Aonde você está querendo chegar? - perguntou Hermione, intrigada.
Simas se virou para ela e disse, andando em volta da sala:
- Estou querendo chegar a um ponto no jardim do castelo, já na entrada da Floresta Proibida. Numa noite, justamente no jantar de honra à chegada de Lucky, eu ouvi um diálogo ali.
- Você se lembra! - gritou Harry.
- Sim, eu me lembro. Porém, infelizmente, não me lembro do que disseram. Só me recordo da sensação de vazio no momento em que minha memória foi apagada. No entanto, sei que havia duas pessoas naquele jardim. Um homem e uma mulher. Obviamente, Keith Roberts e Lucky Star.
- Não diga bobagens - disse Lucky. - Eu nem sei que floresta é essa.
- Ah, sabe - retrucou Simas. - Sabe, com certeza, porque foi nela que você foi parar na primeira vez em que saiu em busca do tesouro de Salazar Slytherin.
- Não me lembro disso ter acontecido - disse Harry, olhando para Lucky.
- Naturalmente você não se lembra. Porque isso aconteceu em Hyllide.
Ao ouvir a palavra Hyllide, Anita teve um sobressalto. Harry parecia estar acordando de um longo sonho.
- Ainda não compreendo - disse.
- Pois logo compreenderá - disse Simas. - Harry, por acaso você sabe quais são os melhores portais Terra/Hyllide?
- Não - respondeu Harry.
- São espelhos - respondeu Simas, lançando a ele um olhar misterioso. - No entanto, meu caro, os espelhos comuns geralmente funcionam melhor como ijanelas/i interdimensionais.
- Então...
- Então - explicou o amigo. - aqueles olhos que você viu no espelho, e comentou com o Rony não baixo o suficiente para que eu não ouvisse, eram olhos de alguém que estava em Hyllide.
Harry abriu a boca de espanto.
- Mas... de quem?
- Harry, acho que você realmente raciocinou muito bem, ainda mais com o incentivo de ter sido contratado por Dumbledore, mas esqueceu um detalhe: Lucky Star é uma atriz. Uma grande atriz.
- E daí? - perguntou Lucky.
- Você representou bem seu papel, Lucky - disse Simas, novamente virado para a parede. - Mas se descuidou num ponto em que seu alter-ego de Hyllide foi mais cuidadoso: você se esqueceu de disfarçar os olhos com lentes de contato.
Lucky pareceu estranhar.
- Você está falando comigo?
- Não. Estou falando com iela/i! - respondeu Simas, subitamente virando-se e apontando para Anita. A moça pareceu espantada.
- Como você descobriu?
- Não foi difícil - respondeu Simas. - Você precisava de algum meio para voltar à escola. Como é um aborto e não dispõe da Poção Polissuco, precisou criar um personagem. Anita Honey não existe.
- É verdade - confirmou Anita, tirando a cabeleira falsa para revelar seus cabelos dourados. - Se eu tirar a maquiagem, vou ficar igualzinha à Lucky que vocês conhecem.
- Mas... mas... - balbuciou Harry, parecendo fora de si. - Não pode ser!
- Por que não? - perguntou Simas. - Eu vou explicar: a Lucky, ou pelo menos aquela que vocês pensam ser a Lucky, na verdade é a Lucky Star hyllidiana. Ela tomou posse de seu tesouro em Hyllide, que era seu por direito, mas queria mais. Como eu disse, Harry, as coisas não acontecem lá da mesma forma que acontecem aqui. A Lucky de Hyllide sabia que era um aborto. Sempre soube. Não me perguntem como, porque eu não saberei responder. O fato é que ela entrou em acordo com o Keith Roberts de Hyllide, e ele veio para Hogwarts lecionar Defesa Contra as Artes das Trevas.
"Depois que Roberts se instalou em Hogwarts, ainda estava faltando a segunda parte do plano. Keith providenciou para que a Lucky verdadeira viesse a Hogwarts. O que ele não soube é que, antes que ela fosse substituída pela Lucky de Hyllide, iela pegou seu tesouro/i."
- E quando ela foi substituída? - perguntou Harry.
- Na noite do jantar, as duas pessoas que estavam conversando no jardim eram o Keith e a Lucky de Hyllide. Lucky já estava em Hogwarts, faltava apenas pô-la em cena. A chance veio provavelmente depois da morte de Filch, quando a escola estava em polvorosa e ninguém estava realmente preocupado em saber dela.
- Eu me lembro - disse Anita. - que ele me pegou e me despachou para Lisboa, em Portugal. Foi lá que eu criei a Anita. Então, foi só fingir que era professora e voltar para cá. No estado de caos em que a escola estava, nem se importaram em pesquisar para saber se eu realmente existia.
- Os olhos que você viu no espelho - disse Simas, olhando para Harry. - eram da Lucky Star hyllidiana.
Hermione não conseguia fechar a boca de espanto.
- Parece mentira - disse.
- É - concordou Simas. - E eu sinceramente preferia que fosse. De qualquer forma, ainda não sabemos quem é o assass...
Nem bem ele terminou a frase, as tochas que iluminavam a masmorra se apagaram.
- Lucky! Simas! - gritou Harry, perdido na escuridão. Então, ele pegou a varinha e disse:
- iLumus/i.
A ponta da varinha emitiu um facho de luz, e Harry viu Simas, parecendo tão atordoado quanto ele.
- Você foi mais rápido que eu - disse o amigo.
- Onde estão os outros? - perguntou Harry.
- Nem imagino.
Harry tentou abrir a porta. Trancada.
iMiau/i.
- Madame Norra! - gritou Harry. A gata do falecido zelador Argo Filch estava parada, tranqüilamente sentada num canto da masmorra. Em sua boca estavam...
- As chaves do Filch! - exclamou Simas, correndo a tirar o molho de chaves da boca do felino.
- Como esse bicho veio parar aqui?
- Nem imagino - respondeu Simas. - Me dê a varinha. Eu ilumino o molho enquanto você tenta abrir a porta.
- Vou tentar as chaves, uma por uma - disse Harry, decidido.
- Por que antes não tenta o feitiço de abrir portas?
- Pode funcionar.
Harry pegou a varinha da mão de Simas, apontou para a porta e disse:
- iAlorromora/i!
A idéia não funcionou, o que não espantou nenhum dos dois garotos. Harry entregou a varinha a Simas, que voltou a iluminar as chaves.
Harry tentou uma grande chave dourada, e a porta não se abriu. Depois, uma pequena e prateada, que também não deu resultados. E assim sucessivamente, até só sobrar uma.
- Tem que ser esta - falou Harry, mostrando a última chave a Simas.
Ele pôs a chave na tranca e tentou abri-la.
- Hã?
Harry forçou novamente a chave na fechadura. Nada.
- O que está acontecendo, Harry? Por que não está funcionando?
Harry enxugou o suor da testa antes que caísse em seus olhos.
- Calma, Simas. Tudo vai dar certo.
Simas olhou para Harry, os olhos azuis molhados de lágrimas.
- Harry... estou com medo.
Harry se virou para ele, como se não acreditasse no que seus ouvidos estavam escutando. Simas sempre lhe parecera tão orgulhoso... e agora confessava estar com medo.
- E se nunca sairmos daqui? - continuou ele. - E se apodrecermos nesta sala? Ela é bem escondida, talvez Dumbledore nem saiba de sua existência. Há várias masmorras com esqueletos em Hogwarts, e se nos tornarmos dois deles?
- Não vamos - retrucou Harry. A idéia era realmente aterradora, mas ele tinha que manter o controle ou Simas entraria em desespero. No entanto, ele também não fazia a mínima idéia de como sairiam dali.
Então, alguém abriu a porta com a chave. Era Dumbledore.
- Sr. Dumbledore! - gritou Simas. - O senhor veio nos salvar?
- Vamos - disse Dumbledore. Harry e Simas saíram com ele.
Enquanto andavam Dumbledore disse:
- Preciso da ajuda de vocês dois. Vejam o que encontrei no corredor da masmorra.
Em suas mãos, estava um espelho de mão dourado. O espelho de Lucky.
- Como isso veio parar aqui? - perguntou o diretor.
- Não faço idéia - respondeu Simas - Lucky deve ter deixado cair.
Dumbledore, que estava segurando o espelho com a face virada para os garotos, acidentalmente deixou o objeto cair no chão, e os três se abaixaram para pegá-lo. Então, sem aviso, Dumbledore pegou as mãos de Harry e de Simas e os três tocaram juntos a face do espelho.
Harry sentiu suas pernas amolecerem, e de repente tudo ficou escuro. De olhos fechados, ele sentiu um vento muito forte bater em seu rosto. Então, abrindo os olhos, viu que estava num lugar completamente diferente, que com certeza não ficava em Hogwarts. Olhando para o lado, viu que Simas estava tão surpreso quanto ele.
Dumbledore estava à frente dos dois, sorrindo misteriosamente.
- Você nos enganou! - protestou Harry.
Dumbledore não disse nada. Em vez disso, sua barba foi diminuindo, assim como seu nariz, e sua pele foi ficando muito menos enrugada. Os óculos desapareceram, e então Harry finalmente o reconheceu: era Keith Roberts.
- Meu Deus! - gritou Harry. - Você está vivo!
- Exatamente - disse Roberts. - Muito mais do que você imagina.
Harry e Simas abriram a boca, atônitos.
- Não sabia que você era assim tão ingênuo, Harry Potter - continuou o professor. - Pensei que fosse mais esperto. Agora é tarde demais.
- Onde nós estamos? - perguntou Simas.
- Hyllide - respondeu Keith. - Num lugar equivalente ao deserto do Saara, na Terra.
Harry estava espantado demais para dizer alguma coisa. Então, Simas perguntou:
- Foram você e a Lucky que mataram todas aquelas pessoas?
- Fui só eu - respondeu o professor, como se fosse um grande mérito ter feito tudo sozinho. -Matei cinco pessoas.
- Quatro - discordou Harry. - Filch, Dennis, Trelawney e Malfoy.
O professor sorriu com crueldade.
- Cinco, Harry Potter. Não se esqueça de que havia um Keith Roberts na Terra, que poderia atrapalhar meus planos.
Harry e Simas não acreditaram na maldade de Roberts. Matar seu próprio reflexo!
- Bem, a descoberta da verdadeira Lucky atrapalhou meus planos. Afinal, eu deveria matar doze pessoas e ficar com o tesouro todo para mim. Pelo jeito, só vou matar mais duas. Vocês dois.
- Mas a Lucky não é sua cúmplice? - perguntou Simas, para ganhar tempo.
- Era. O acordo era: eu facilitaria a entrada dela em Hogwarts, e nós dividiríamos o tesouro de Slytherin. Mas eu não quero dividir. Sou mais esperto que ela. Talvez eu a mate também, se for necessário.
- Então por que assassinou tanta gente? - indagou Simas, indignado. - Por que pediu o tesouro a Dumbledore, se só Lucky tinha acesso a ele?
- Porque eu achei que Dumbledore estivesse de posse do tesouro. Infelizmente, não estava.
- Vocês usavam o espelho para vir para cá? - perguntou Harry.
- Lucky usava. Eu tenho um miniportal também, num dos meus livros, mas preferi usar o dela. Afinal, será ótimo se ela for incriminada pelo desaparecimento de vocês, não acham?
Ele ergueu a varinha e disse:
- Bem, meninos, agora é hora de ir. Preciso cuidar do meu tesouro, e não posso deixar que vocês me atrapalhem.
Harry tentou pegar a sua varinha, mas ela não estava em seu bolso. Simas estava paralisado de pavor, e só então Harry se lembrou de que sua varinha ficara com ele, quando o amigo a usara para iluminar o molho de chaves.
- iAvada Kedavra/i!
Não houve tempo para compreender. Tudo o que Harry viu, no lugar onde estava, foi Roberts arregalar horrivelmente os olhos e cair duro pra frente. E, atrás dele, Harry viu Lucky Star. Com uma varinha mágica na mão.
- Então é assim que funciona? - indagou ela, observando a varinha com curiosidade. - Interessante.
- Lucky! - gritou Harry.
- Oh - disse Lucky, que só então parecia ver Harry e Simas ali. - Como vão, garotos?
Ela se aproximou deles, dizendo:
- Vim para cá usando o miniportal de Keith, e matei aquele canalha a varinha de Simas. Não foi difícil. Você também me ajudou bastante, Harry. Peguei sua varinha duas vezes, uma quando nós nos deitamos juntos e outra um mês depois. Tão fácil, e foi muito útil para procurar o tesouro de Slytherin. Só não sabia que aquela boazinha idiota já tinha pego.
Lucky suspirou longamente.
- Bem, meninos, parece que já sabem da verdade. Acho que terei de eliminá-los, para depois cuidar daquela vadia. Afinal, com certeza foi Keith que se transformou em alguma coisa para apagar as tochas, e nada vai me ligar à morte de vocês dois.
Harry começou a suar frio. Num relance, ele viu que os olhos de Lucky estavam marejados de lágrimas, e pôde ler em seus lábios um murmúrio ("Me desculpe").
- iCrucio/i!
Numa fração de segundo, Lucky se virou para a direção de onde viera a voz, e chegou a ver Simas com a varinha de Harry apontada para ela, antes que todo o seu corpo fosse tomado por uma dor horrenda, seus olhos se revirassem e ela sentisse que suas veias estavam pegando fogo.
- NÃÃÃÃÃÃO! - gritou.
- Vamos - disse Simas, puxando Harry pela manga das vestes. O garoto pôs-se a correr e, ao passar por Lucky - que ainda estava se contorcendo em desespero -, pegou a varinha de Simas da mão dela. Ainda correndo, os dois destrocaram as varinhas.
Harry olhou para a trás, e o que viu fez com que seu estômago se revirasse e sua espinha gelasse. Lucky havia se transformado em algo completamente diferente de um ser humano: sua pele ficou verde e escamosa, seus olhos ficaram iguais aos de um gato, o cabelo perdeu a coloração e os dentes se tornaram presas. O monstro começou a correr atrás de Harry e Simas, que aumentaram a velocidade.
- É isso que acontece com os hyllidianos, quando são derrotados - disse Simas, já sem fôlego.
- É? - perguntou Harry, olhando para trás novamente. Quando se virou para a frente, viu que estavam se aproximando de uma grande fenda na terra. Ele e Simas pularam, Harry parou e olhou para trás.
Ele tinha que fazer aquilo. Não era sua vontade, não queria, mas precisava ser feito.
- Harry - chamou Simas, parando também, bem mais à frente.
Harry não olhou para trás. Se visse Simas, provavelmente perderia a concentração no seu objetivo. O monstro estava cada vez mais perto, mais perto... pulou.
Então, tudo pareceu parar.
- iLumus/i!
A ponta da varinha de Harry se iluminou instantaneamente, tão de surpresa que ofuscou os olhos de Lucky. Ela errou a direção do salto e aterrissou muito na ponta do precipício, do lado onde Harry estava. Com um último olhar para o garoto, o monstro perdeu o equilíbrio e caiu na fenda.

- Onde estou?
Tudo estava aos poucos entrando em foco: Dumbledore, Simas, Rony, Hermione, Colin Creevey... Lucky Star.
Harry deu um salto para trás, na cama da ala hospitalar.
- Calma, Harry - disse ela. - Sou eu. Já tirei o disfarce da Anita.
- Quando Anita me avisou que vocês haviam ficado presos na masmorra - disse Dumbledore - e que Lucky também havia desaparecido, tomei providências imediatas. Foi um sufoco providenciar um miniportal para Hyllide em um tempo tão curto.
- Sorte que os gêmeos Weasley conseguem tudo - disse Madame Pomfrey, vindo com um copo de água para Harry.
- Nós dois fomos trazidos desacordados para a Terra - disse Simas. - Eu acordei agora há pouco também.
Harry sorriu.
- Ah, Harry... - lembrou-se Simas, baixando os olhos. - A Lucky caiu na fenda...
- Eu sei - disse Harry. - Ela era realmente diabólica.
- O que importa é que agora tudo está resolvido - disse Lucky.
- É - concordou Dumbledore. - Mas o ano ainda não acabou.

Com a ajuda de Rony e Hermione, não foi nem um pouco difícil para Simas passar de ano com boas notas. Harry, isento que estava dos testes, ajudou Colin a estudar, tentando consolá-lo na medida do possível, mas sem perder uma única aula da professora Lucky. Hagrid mandou de presente a Harry uma lata de biscoitos por ele mesmo preparados, que foram guardados com carinho pelo amigo, mas nem sequer tocados.

- Acabou - disse Hermione, no trem de volta.
- Acabou! - exclamou Rony.
- Acabou? - perguntou Simas, olhando para Harry.
Harry estava olhando pela janela, pensativo. Então, olhou para Simas e respondeu, sorrindo:
- Acabou.
Harry voltou a olhar pela janela, enquanto os amigos comemoravam, comentavam os acontecimentos daquele ano e comiam os doces que tinham comprado da bruxa que passava com o carrinho de guloseimas pelo trem. Não contaria a ninguém, mas estava muito orgulhoso de si mesmo. E certamente estava mais tranqüilo em relação a Voldemort, porque finalmente havia visto a verdadeira face do mal.