O autor deste fanfic não recebe nada por publicar esta estória. Se o autor for perseguido, ele vai voltar a escrever estórias da Terra Média pois Tolkien é mais amigável a escritores de fanfic.
Hora do chá
by Misato KIKI Inverse
Cinco da tarde. Londres, às margens do rio Tâmisa. Um pequeno café.
Uma mesa. Duas pessoas.
- No que está pensando? - pergunta uma suave voz feminina.
Como resposta, o menino de óculos apenas sorri. É o bastante para ela.
Ambos fitam as seculares construções do Parlamento e da Ponte da Torre.
Sorriem juntos quando seus olhares se voltam para a Abadia de
Westminster.
- Creio que é hora de encerrarmos nosso passeio.
- Sim - ela concordou - Nosso vôo parte cedo amanhã.
Tomoeda
- Ai ai ai... que sono...
- Vamos! Você vai chegar tarde!
- Mas hoje é sábado...
- Esqueceu que Eriol e a professora Mizuki vão chegar hoje?!?
- É MESMO!!!
- Que menina...
Logo os passos de Sakura se fazem ouvir pela casa.
- Bom dia, papai! Bom dia, Touya!
- Bom dia, Sakura. Acordou cedo hoje.
- Bom dia, monstrenga. Não precisa de seu sono de beleza, não?
O diálogo de sempre. O pontapé de sempre. "Eu não sou monstrenga" de
sempre.
- Hoje eu vou buscar Eriol e a professora Mizuki no aeroporto.
- Oh, eles voltaram para o Japão? - perguntou Fujitaka sorridente.
Pelo visto ele não se lembrava de nada. Se bem que isso era esperado.
Sakura não queria que seu pai se magoasse, e certamente descobrir o
motivo porque não tinha família seria um choque enorme para ele.
- Sim. Tomoyo e Xiao-Lang também vão comigo!
- Só vocês três? - Touya perguntou com uma cara azeda - Eu vou junto.
Sakura não entendeu os motivos de Touya e foi logo ficando brava: - Eu
já tenho doze anos! Eu sei me virar sozinha!
- Narita é bem longe de Tóquio se você não pegar o Expresso - Fujitaka
falou também preocupado - Por que vocês não vão todos juntos, enquanto
preparo algo gostoso para recepcionar os seus amigos? Eles devem estar
exaustos depois de uma viagem tão longa.
Na verdade, Sakura não queria que Touya viesse junto, desde que
descobrira seus sentimentos por Xiao-Lang. Mas contrariar seu pai
também não a agradava e por isso cedeu.
"Se apenas Yukito aparecesse..." pensou ela com seus botões.
Mas Tsukishiro estava ocupado ajudando em um evento da faculdade.
Mesmo depois de descobrir sobre sua verdadeira natureza, sobre
o Mago Clow e a ligação dele com Sakura, Yukito continuava com sua
vida normal.[1]
E Touya não dava mostras de que iria ajudar o Yukito.
"ai ai ai..."
DING-DONG!!
- A campainha! Deve ser a Tomoyo! - gritou Sakura.
- Bom dia, querida Sakura! - cumprimentou sua melhor amiga com o sorriso
de sempre.
- Bom dia, Tomoyo! Er... hã... o que é isso aí?
A surpresa de Sakura tinha fundamento. As guarda-costas de Tomoyo faziam
reverência e davam passagem para que os Kinomoto entrassem no carro das
empresas Daidouji.
- Minha mãe me disse para ir de carro até lá, mas a convenci que é melhor
nos deixar em uma estação de trem. A zona de Shinjuku e o centro de Tóquio
sempre estão congestionadas.
- Mas n-não precisa! Tem uma est-tação a-aqui pertinho - gaguejou Sakura sem graça.
- Conhecemos as redondezas. - retrucou uma das guarda-costas - Levaremos
a senhorita e seus amigos para uma estação onde seja mais prática e rápida
a baldeação para o Expresso. Aqui estão as passagens.
- Er... é que meu irmão vai ia levar a gente e...
- Essa contingência foi prevista - interrompeu a guarda-costas revelando
mais um passe de trem.
- Ai ai ai...
Por maior que fosse o desconforto de Sakura (tou morrendo de vergonha!),
pelo menos uma vez na vida ela pode dar o troco para o Touya. Ele tava
ainda mais vermelho que ela. Tanto que ele não disse uma palavra quando
Xiao-Lang entrou (vermelho) no carro e permaneceu assim até chegarem
na estação.
- Tenham cuidado - pediram as guarda-costas ao se despedir deles.
- Foi emocionante! - suspirou Tomoyo com um olhar sonhador em seu
semblante.
- O que foi emocionante? - perguntou Xiao-Lang tentando voltar
ao normal.
- Finalmente pude passear de carro com a Sakura. É como um sonho
que se realiza!
Sakura ficou ainda mais sem graça, mas como sabemos os sonhos de
Tomoyo são muito esquisitos para que possamos compreendê-los...
- Vamos, nosso trem parte logo. - Touya disse recuperando-se da
humilhação (pelo menos o moleque não me viu entrar no carro).
- Está bem - concordou Xiao-Lang (quem foi que nomeou ele
como líder?)
- Essa viagem vai ser tão linda! - suspirou Tomoyo aprontando a
câmara.
- Esperem por mim! - gritou Sakura correndo atrás.
A viagem transcorria tranqüila para todos. Tomoyo se encarregava de
"distrair" Touya para todos os efeitos ("Veja se aproveita" disse ela
dando uma piscadinha para a querida amiga).
Mas Xiao-Lang parecia diferente hoje. Preocupado.
- Algo errado, Xiao-Lang? - ela perguntou.
Como se fosse pego fazendo algo que não devia, Xiao-Lang corou. Mesmo
depois de tudo que houve entre eles, aquele olhar inocente e preocupado
de Sakura balançava seu coração. Mas logo ele recobrou suas faculdades
mentais. Afinal não mais vivia em sobressalto: ele tinha certeza de seus
sentimentos e os de Sakura.
- Você não acha estranho? - ele perguntou olhando pela janela. Estavam
saindo de Tóquio e a enorme ponte que circunda a cidade entrou no campo
de visão dos passageiros do trem.
- O quê? - perguntou ela imaginando se havia algo na ponte, esticando-se
para ver a paisagem.
- Que Hiragizawa retorne ao Japão - Xiao-Lang explicou tentando conter
as batidas de seu coração com ela assim tão perto dele - Afinal os
negócios dele terminaram, não é?
Ela voltou para seu assento pensativa. Ele odiava essa expressão
de preocupação. Não devia ter dito isso.
Sakura, como que adivinhando os pensamentos do jovem Li, sorriu: - Tudo
bem, Xiao-Lang. O que quer que seja, Eriol vai nos contar quando for
a hora. Tudo vai dar certo, você vai ver.
"Sim... tudo vai dar certo. Enquanto eu tiver o seu sorriso, tudo está
certo pra mim, Sakura" pensou Li fitando-a ternamente.
Por favor peguem suas bagagens...
- Não mudou nada por aqui não é mesmo?
Sim, nada mudara mas tudo estava diferente.
Eriol sorriu quando passaram pela alfândega. Claro que ele tinha
coisas "a declarar". Mas Ruby Moon e Spinel Sun não são o tipo de
coisas que podem ser tão facilmente descritas... tanto quanto Yue e
Kerberos.
Kaho Mizuki sorriu também. Sim, se eles quisessem podiam passar
com todo o tesouro nacional da Inglaterra para o Japão e ninguém
saberia. E claro, isso seria algo muito chato e sem graça de se
fazer na vida com os poderes deles.
- E mesmo assim temos um problema enorme pela frente - disse Eriol
sorrindo para ela.
Passageiros vindos de Londres...
- Lá vem eles! - Sakura gritou ao ver a figura querida de seus amigos.
Eles também acenaram de volta sorrindo.
- Sakura como você cresceu! - Eriol cumprimentou a menina - Li você também
cresceu bastante. Como vai Tomoyo?
Enquanto as crianças conversavam, um outro diálogo (se é que se pode chamar
aquilo de diálogo) se desenrolava.
Touya fitou Kaho por um momento confuso. Viu os dois de mãos dadas e
ficou imaginando se ela estava tomando conta do menino, se era tia, tutora,
sei lá dele... (não que ele se importasse)
Foi quando a luz da revelação o atingiu.
- É-é e-ele q-que... v-você?
Kaho olhou com aquele olhar de "Não entendi. Algum problema? Ah! Finalmente
entendeu!" e sorriu para ele assentindo: - Hum-hum!
- Eu preciso de um chá - Touya falou procurando o café do aeroporto.
- Trouxemos algum da Inglaterra - Kaho comentou distraída, mas na verdade
se divertindo muito.
Comentários do autor:
Na verdade sou autora. Mas como estou na pele de Eriol, vocês vão me
desculpar por me referir a mim mesma no masculino. É mais fácil
escrever quando me imagino homem.
Faz tempo que pensava em escrever algo sobre Eriol, Kaho e todos os
personagens coadjuvantes de CCSakura. Foi uma promessa que fiz para
Ina-chan (e vejo que agora vou ter o trabalho de traduzir para o inglês
para que ela possa me entender).
No momento esgotei minha inspiração. Começos são sempre a parte mais
complicada de se escrever: você precisa fazer algo que prenda a atenção
do leitor, que surpreenda o leitor e que estimule o leitor a continuar
a ler. Espero que este primeiro capítulo cumpra tal propósito. Veremos.
Enquanto isso, vou me voltar a outros contos que deixei inacabados.
Sou um escritor meio de lua, já que não pretendia escrever nada de
Card Captor Sakura, mas algo sobre Barbarvore...
Até uma próxima ocasião.
KIKItsune
[1] Na verdade não sei se ele sabe de tudo isso. É um dos contos que me veio à mente agora enquanto escrevo o conto de Eriol.
