Card Captor Sakura é marca registrada da CLAMP.

O autor deste fanfic não recebe nada por publicar esta estória. Se o autor for perseguido, ele vai voltar
a escrever estórias da Terra Média pois Tolkien é mais amigável a escritores de fanfic.



/Salvando o dia/
*by Misato KIKI Inverse*


- Que foi isso?

Na verdade, Kaho não tinha certeza do que ouviu ou pensou ter ouvido. Parecia alguém gemendo?

Ou foi o baque surdo de algo macio caindo? ... Algo macio?!? Um corpo?

E por que ela estava correndo? E por que justo na direção da ala restrita?

- Quem?

O menino jazia no chão frio. Se era um truque para não levar bronca! Não... não parecia ser truque.

- Que diabos?!

Ela alucinava? Que sombras eram aquelas ao redor do corpo dele? Demônios?...

- Que é que estou dizendo?!

Não eram demônios, tanto quanto ela era. Mas eram perigosos para o menino pois pareciam ávidos pela
aura dele.

Ela não tinha medo. Afinal, ela vivera no templo Tsukimine toda sua infância e estava acostumada com
coisas estranhas que dariam arrepios a muitos ocidentais. Estórias de fantasmas e espectros, reverência
aos mortos e ancestrais são uma segunda natureza dela e da maioria do povo japonês. Só agora nos tempos
modernos é que as crianças tem medo de fantasmas... mas é mais por causa dos filmes ocidentais do que
por falta de convivência.[1]

Os espectros eram familiares. Deviam estar ligados ao poder da Lua como ela.

- Consegue se levantar?

Foi então que sentiu a aura do menino. Era poderosa, mais do que sentira em Touya. Mesmo enfraquecido e
pálido como estava, ela sentia o pulsar do poder dentro dele.

O que tornava mais premente tirá-lo dali. Ela era um ser humano com o poder da Lua. Mas criaturas dali
precisavam de um poder externo para se manter. Quanto mais enfraquecido o lacre, mais perigoso para
aquele que detinha o poderes mágicos do Sol como ele.



- Onde...?

- Na enfermaria do museu. Eu o trouxe pra cá.

A monitora!

Eriol tentou levantar-se de sobressalto, mas como era de se esperar ficou tonto e quase caiu. Kaho
amparou-o e colocou-o de volta no leito.

Um minuto de silêncio constrangido os envolveu.

- Pensei ter dito para não entrar na ala restrita - ela falou irritada.

Eriol sorriu: - Ah, senhorita Kaho... você sabe como nós crianças somos curiosas.

O sorriso dele a irritou. Não era o sorriso de um menino travesso, de um moleque. Esse sorriso lançava
uma irritação cujas raízes enrodilhavam-se profundamente na psique dela.

- Não me venha - ela disse entredentes - com essa! Não minta pra mim. Você sabia muito bem o que estava
fazendo, Eriol!

Por que ela segurou-o tão firmemente pelos ombros? Quando foi que colocou-o tão próximo de si?
E por que tremia tanto por tocá-lo?

"É apenas um menino!" gritou seu subconsciente.

Abruptamente ela soltou-o e virou-se como se fosse sair correndo da sala.

E sairia... se ele não a tivesse detido.

Segurando-a gentil mas firmemente, ele disse: - Me perdoe...

Que menino consegue fazer isso? Não era normal. Um menino não sabe pedir desculpas dessa forma! Um menino
levado não sabe mexer assim com as emoções de uma mulher adulta!

- Quem é você?



- Quem é você?!?

- Meu nome é Eriol...

- Não foi isso que eu perguntei! Eu perguntei quem é você realmente!

Eriol ficou por um momento sem saber o que fazer. Ele percebeu que Kaho não era uma mulher qualquer desde o
primeiro momento que a viu. Foi com muito custo que ele ocultou sua natureza dela. Agora ele estava em maus
lençóis...

- Eu...

Mas como explicar? E se ele estivesse enganado? E se ela estivesse apenas irritada por ele tê-la desobedecido?
Contar a verdade seria o mesmo que um atestado de insanidade. Seria um passo para que descobrissem
que ele não tinha pais, e mais outro para que o trancafiassem em um manicômio, ficasse sob custódia do
Estado. Claro que ele poderia fugir quando quisesse, mas não seria prático ter oficiais correndo atrás
dele.

A luz da compreensão iluminou a mente de Kaho. Em tom mais suave ela disse: - Você não é criança, é Eriol?

- Que... que quer dizer com isso? - retrucou ele com o coração um pouco disparado.

- Seu jeito de falar e de agir... um menino não é educado como você. Nem saberia como agir em situação
de estresse.

Sentando-se na cama ela fitou-o demoradamente: - Tenho certeza de que você não é o que aparenta ser.

"Eu não sou a pessoa certa pra você, Touya. Nós dois vamos ainda encontrar a pessoa mais importante do
mundo para nós antes de nos reencontrarmos de novo"

Foi o que ela disse para o ex-namorado. Ela sentia algo por esse menino. Era apenas a segunda vez que
o via, mas... mexia em suas emoções tanto quanto Touya.

Touya impressionou-a naquele dia quando viu "aquilo" e agiu daquela forma madura.

Eriol impressionava... mais ainda!

Talvez ela estivesse louca. Talvez não... só havia um jeito de tirar a prova.

"Se o curador entrar agora... vou ser despedida"

Ela aproximou-se de Eriol, tomando o rosto dele nas mãos. Era tão macio e suave, e tão frágil. Seu
respirar tão quente...

"O que é que estou fazendo?" ela gritou mentalmente dando-se conta que estava prestes a beijá-lo!

Eriol por seu lado também parecia atônito com toda aquela situação. Clow previra isso? Por que não conseguia
se lembrar?

Ela não fazer parte das previsões de Clow. Ele não ser capaz de se lembrar dela no futuro... será que
isto não era o que ele procurava?

E era tão bom sentir o toque dela. Ela parecia tão forte e segura. Mas ele podia sentir o tremor de suas
mãos, incerta tanto quanto ele do que estava fazendo.

Sentiu o breve recuar hesitante ao perceber a "loucura" que estava prestes a fazer.

E ele percebeu que seria loucura não fazer.



/Comentários do autor:/

Esperava alguns comentários a respeito do primeiro encontro de Eriol e Kaho. E somente no capítulo seguinte eu
me dignaria a explicá-lo.

Não sei se o encontro dos dois foi mostrado em CCSakura, seja em anime ou mangá. Aqui uso de minha licença poética
para dar minha versão de como se deu tal encontro.

Também vão aparecer alguns "erros". Mas tenham calma que eu vou "corrigi-los", OK?

Hm? O quê? Ah... o capítulo de hoje? Devia colocar em uma classificação diferente? Não sei. Vocês estão todos
vivos e respirando? Espero que sim. ^v^

intel+
KIKItsune



[1] Pode parecer esquisito para vocês, mas é normal você sair carregando os restos mortais de seus parentes
no Japão. Afinal cinzas são práticas de carregar. Normalmente ficam guardadas em um mosteiro-otera (não é
templo)

No dia-a-dia, os japoneses convivem bem com seus mortos. É normal nas casas de descendentes um mini-templo,
onde coloca-se fotos dos falecidos, e oferece-se a eles doces e outras coisas, repartindo com eles nossos
frutos, antes de nos servirmos.

quote de fanfiction.net:
"It's winter, a time for us all to be productive writers! ;)
Let's all use this bad weather as an excuse to write! Write! WRITE!"
Allykat D - author ID: 5065