Card Captor Sakura é marca registrada da CLAMP.

O autor deste fanfic não recebe nada por publicar esta estória.
Se o autor for perseguido, ele vai voltar a escrever estórias da Terra Média pois Tolkien é
mais amigável a escritores de fanfic.


/O reencontro - II/
*by Misato KIKI Inverse*

- Tenha calma, Ruby Moon.

O pedido era o mais estranho possível vindo de Eriol. O jovem, porém, não podia atendê-lo. Algo o
incomodava profundamente e quando isso acontecia ele tornava-se impossível.

Eriol compreendia os sentimentos dele. No fundo, Ruby Moon e Yue nutriam por ele um sentimento de
profunda afeição, e cada um a seu jeito não gostava da idéia de dividir as atenções com outra
pessoa. Mas ao contrário de Yue, Ruby Moon não tinha pudores para demonstrar seus sentimentos.

A perseguição a Touya era a prova cabal da atração de ambos por pessoas que lembravam Eriol ou Lead
Clow. Porém Eriol bem sabia que tal afeição era igual a que o filho nutre por seu pai ou mãe. E que
normalmente leva às pessoas normais a se sentirem atraídas por pessoas que lembrem seus pais.

Ruby Moon estava irritado por um simples motivo. O reencontro de Fujitaka com Eriol era o primeiro
passo na direção do casamento entre Eriol e Kaho. Logo ele não teria Eriol apenas para si. E tudo
isso depois de perder Touya para Yue!

De forma inconsciente, Ruby Moon reverteu para sua forma Nakuru e começou a morder seus dedos, roendo
suas unhas. Sinal claro de que apesar de mais forte que Yue, ainda faltava muito para que ele tivesse
a maturidade e controle atual do seu predecessor.

- Venha cá, Nakuru.

O rapaz obedeceu sem perceber, sentando-se na braçadeira da poltrona de Eriol. O menino sorriu e
seu braço estendeu-se numa carícia na cabeça de Nakuru.

- O que lhe incomoda?

Nakuru olhou para os lados, como se não quisesse responder por birra. Sem desviar o olhar de uma
estátua (na qual não tinha na verdade o menor interesse) ele respondeu: - Não sei.

Eriol sorriu resolvendo mudar o assunto: - Já andou por Tomoeda? Se matriculou no colégio?

- Pra quê? - retrucou Nakuru ainda irritado.

- Bem... pra começar para parar de sentir pena de si mesmo, Nakuru - Eriol respondeu gentilmente.

- Pena? Pena?!? - Nakuru disse quase gritando.

Eriol continuava a sorrir. Em toda sua vida sabia que era a melhor forma de vencer uma batalha era
manter a calma e enfrentar o problema real. Simplesmente esperou que Nakuru se cansasse de bufar.

- Bem... talvez seja mesmo auto-piedade - murmurou Nakuru frustrado - Mas isso é culpa sua! Foi
você quem me fez assim!

Eriol ficou quieto, mas lançou um olhar curioso e intrigado para Nakuru, que continuou: - Sim,
desde que me 'nasci' sou assim. Essa minha personalidade foi você quem fez.

Foi quando Eriol perguntou: - Assim como de Spinel, Kerberus e Yue? E as cartas mágicas que
Clow criou?

Nakuru ia responder algo mas a resposta não veio. Pensou por um momento antes de falar novamente: - Mas
se foi você... porque todos nós não temos a mesma personalidade? Porque somos tão diferentes?

Eriol novamente manteve-se em silêncio. Nakuru estava quase lá... talvez ele descobrisse o que
Yue ainda insistia em não enxergar.

- Não temos personalidades falsas - Nakuru murmurou - O que eu sou... o que eu sinto... não é em
nada parecido com você. E todas as cartas... elas mantém-se fiéis à natureza de seus nomes e
elementos.

- Eu posso controlar suas memórias, como fiz com Yue e Kerberos - Eriol comentou despreocupado.

- Não ia adiantar! - Nakuru protestou - Isso não muda o que somos, eu ia continuar sendo Ruby
Moon e Suppy ia continuar sendo Suppy.

- Memórias não fazem uma vida? - retrucou Eriol.

- Mas não mudam personalidades. O que aconteceu comigo e com Suppy foi igual, temos o mesmo tempo
de vida e as mesmas lembranças. Mas eu continuo sendo eu, e Suppy sendo Suppy.

Eriol esperou pacientemente que Nakuru terminasse seu raciocínio: - E Nakuru/Ruby Moon não gosta
de ficar sentindo pena de si mesmo. É isso! Vou procurar alguém tão legal quanto Touya! Ele vai
se arrepender de não ter me escolhido!

Nakuru saiu cantarolando feliz, quase esquecido de que o motivo real de sua depressão era Eriol.
Só quando chegou na porta ele voltou-se para a figura sorridente do menino: - Mas porque?...

Eriol fez um gesto com a mão, como se dissesse para Nakuru sair e se divertir. Nakuru deu de ombros,
sorriu e saiu da sala.

Sozinho naquela sala enorme, Eriol falou para si mesmo: - Posso ser seu mestre e senhor, Nakuru. Mas
isso não significa que eu possua sua vida e alma, meu filho. Espero que Yue perceba isso um dia...




"Eu 'adoro' quando isso acontece..."

Foi o que Touya pensou, quando Nakuru trombou neles na porta da mansão.

- Touya! - gritou extasiado Nakuru - Yukito, Sakura! Vocês... hã?...

A pergunta se dirigia a um sorridente senhor de óculos... que lembrava muito Eriol: - Hã...
Senhor Kinomoto?

- Muito prazer! - cumprimentou ele.

- O prazer é meu - cumprimentou Nakuru de volta um pouco vermelho - Eriol está aguardando vocês.
Última porta do corredor principal. Tenho de ir andando, desculpem a grosseria, desculpe por
não mostrar o caminho, tchau!

E dizendo isso saiu zunindo pela rua.

Por um momento os três jovens ficaram sem reação. Nunca viram Nakuru agir dessa forma tão doida.
Tudo bem que Nakuru fosse meio doido, mas nunca viram ficar...

- É impressão minha ou ele estava sem graça? - Touya perguntou perplexo.

Yukito e Sakura meneavam a cabeça confirmando. Somente Fujitaka Kinomoto sorria compreensivo: -
Deve estar preocupado com alguma coisa...




Tudo bem... arrumei as coisas com Ruby Moon. Yue está bem arranjado. Eu já não tenho mais todo o
poder de Clow. Tudo deu certo.

Então porque sinto meu coração palpitar em meu peito?

Eles chegaram. Vi o carro estacionar. Ouvi (um pouco divertido) a confusão que Nakuru aprontou
trombando com Touya (sempre ele, mesmo quando é por acidente). Nakuru deve ter dado as coordenadas
para chegar aqui.

Por que não fui recebê-los? Isso é muito rude e grosseiro de minha parte.

Porque estou com medo. Medo de enfrentar meu próprio irmão.

Foi diferente da primeira vez. Ele não sabia quem eu era. Ele não me julgaria, não me condenaria
por tê-lo abandonado. Mas agora não...

Agora ele sabe. Agora ele teve tempo de pensar e de lembrar. Lembrar o que é estar sozinho. Lembrar
o que é não ter ninguém.

Ele vai me aceitar? Ele vai me rejeitar?

É tão importante para mim - quanto é para ele - ter alguém. Como Clow não pudemos ter ninguém seja
de forma romântica ou fraternal. Os pais de Clow não ousariam conceber um irmão, temerosos com o
poder e com a competição que surgiria entre nós (nós? Nunca houve nós então...).

Esse sentimento nos perseguiu depois de nossa reencarnação. Ele na solidão de ser órfão. Eu com a
maldição e o peso da responsabilidade dos poderes de Clow.

Ele mais do que todos pode entender o que sinto. Ele mais do que todos pode me renegar exatamente
por causa dos mesmos sentimentos.

Eu quero ter uma família. Quero Sakura, Xiao-Lang, Touya e meu irmão comigo. Quero me importar com
as pessoas, quero oferecer a elas meu apoio. Quero sentir-me aceito pelo que sou, sem medos e
desconfianças.

Medos e desconfianças... O jovem Li também entende isso sendo o último da sua dinastia. O jovem lobo
mostrava antes suas garras já imaginando algum tipo de ataque quando se encontraram pela primeira vez.
Isso só acontece quando o filhote é constantemente ameaçado.

É pedir muito? Sim, é... é muito pouco e na verdade tudo o que importa na vida de qualquer pessoa.
E por isso difícil de dar.

Eles estão aqui...



Sakura bateu a porta, e logo ouviu a voz familiar de Eriol: - Entre!

Percebeu nervosismo na voz dele. Ela também estava nervosa, assim como Touya.

Mas e seu pai?

Olhou de relance para ele, que devolveu o olhar com um sorriso. Ela percebeu então que estava tudo
bem.

- Somos nós - ela apresentou-se tímida pela porta. Sorrindo gentilmente.

O sorriso dela fez com que o coração de Eriol parasse por um momento. Havia algo nela que o acalmava.
Algo bondoso e gentil.

- Este é meu pai, Fujitaka Kinomoto, Eriol - ela apresentou com uma sensação de dejà-vu.

"Então este é meu irmão"

O mesmo pensamento passou pela mente dos dois. Por um momento a antiga insegurança, os antigos temores
voltaram à mente deles.

Seus olhos estavam fixos um no outro. O mesmo olhar cristalino e gentil, o mesmo medo, a mesma angústia...
O mesmo desejo de ser parte de uma família. E perceberam algo também ao mesmo tempo e sorriram.

- Muito prazer! - ambos cumprimentaram-se.



- É impressão minha ou perdi alguma coisa? - Touya interrompeu confuso.

- Não - retrucou Yukito - Eu sei como eles se sentem...

Sakura olhou para seu maninho e para Yukito sem entender. Para ela, as coisas eram simples: ela se
importava e amava essas pessoas. Ela sentia-se bem com elas. Ela queria o bem delas.

Se algo aconteceu - e eles perderam - não importava. Ela via que no fim, estava tudo bem.

- Com licença? - Kaho interrompeu entrando na sala - Alguém aceitaria um chá ou refresco?




Os jovens foram conversar com Kaho no jardim. Sakura estava muito contente em rever sua professora,
e apreciava ficar com ela junto de Xiao-Lang, Yukito e Touya. Um monte de gente que ela gostava
juntos no mesmo lugar. Qualquer menina ficaria morrendo de felicidade.

- Sakura parece estar se divertindo muito - comentou Fujitaka distraído.

- Sim - respondeu Eriol.

Eles ficaram a admirar a paisagem bucólica, a felicidade inocente das crianças. Até que Fujitaka
percebeu o olhar preocupado de Touya.

- Touya parece preocupado - Eriol notou.

- Sim... mas ele supera. Ele não pode cuidar do mundo sozinho - Fujitaka respondeu - E ele precisa
parar de se preocupar tanto comigo...

Um silêncio constrangedor baixou na sala. Foi Fujitaka quem o quebrou: - Sabe... é estranho pensar
que tenho um irmão.

- Sim... acho que posso entender - respondeu Eriol lembrando de sua vida como Clow - parece até que
sou um invasor de sua vida.

Fujitaka considerou aquilo por um momento, um pouco surpreso. Mas sorrindo ele fitou a lareira: -
Talvez eu me sinta um pouco assim, admito. Mas também estou aliviado.

Eriol estranhou: - Aliviado?

- Sim - Fujitaka continuou - Aliviado... é uma sombra, um peso que vai parar de me assombrar.

- Ah, entendo... a dúvida... - Eriol retrucou pensativo.

- Não! quero dizer... - Fujitaka completou um pouco nervoso.

Novamente o silêncio. A falta de palavras. A insegurança de escolher as palavras certas. De não dizer
coisas de que se arrependeriam depois.

- Desculpe, mas... - disse Fujitaka mudando de assunto - minha filha disse que você vai se casar.

- É verdade - Eriol confirmou apontando para Kaho - Ela é minha noiva.

Fujitaka olhou pela janela a figura de Kaho deixando Touya sem graça na frente de Sakura: - Ela parece
ser muito gentil.

- Posso... - Fujitaka perguntou meio sem jeito - posso dar um abraço de parabéns?

Era algo que Eriol não esperava. Mas que era perfeitamente compreensível considerando toda a situação
incomum em que se achavam.

- Claro!



- Só tem um problema... er... 'mano' - Fujitaka comentou depois quando voltaram a admirar o grupo de
jovens.





Comentários do autor:

Pra variar não planejei absolutamente nada deste capítulo. Escrevi porque vi que meu conto
tava atrasado e porque estou meio obssecada demais por Hugo Weaving e Alan Rickman estes dias
("Behold, I am Metatron the Voice of the One True God!" que homem, meu Deus!)

Ruby Moon tava me enchendo... então resolvi colocá-lo em situação embaraçosa. Agora ele fica
quieto um pouco.

Será que vou conseguir terminar em quinze capítulos??? Depois ver ler "The Official Fanfiction
University of Middle-earth" (story Id: 644826) com mais de 57 capítulos perdi as esperanças...

Bem, pra compensar tentei fazer o capítulo mais longo (talvez assim termine mais rápido) e
adiantei um pouco as coisas interessantes. Esperança é a última que morre porque afunda
junto com o navio...

intel+
Ruby... ups! KIKItsune

[1] Cronologia-mangá a classe de Touya nunca foi na mansão de Eriol rodar aquele filme.