Em um mundo onde as crianças vão dormir com histórias de terror e canções que escondem lições de vida. Onde antes mesmo de aprender a falar, as crianças são ensinadas sobre quem não cruzar o caminho, são acostumadas a passar fome, encorajadas abertamente a mentir. E, sobretudo, ensinadas a fugir em vez de lutar, pois, em um mundo onde a covardia reina, aquele que detêm a coragem não é nada se não um tolo.

Um lugar onde até mesmo os homens mais gentis e puros de coração desejam abertamente a morte de seus inimigos.

Foi aí que nosso infeliz protagonista: Shinghe, apenas mais um garotinho em meio a tantos outros, nasceu.

Agora veja bem, Shinghe de especial nada tinha, o que ele tinha era uma, desde muito jovem, grande sabedoria com a vida. Isso se deve aos pais de Shinghe, Maniyou e Bellapphine -"Eles estão realmente mortos não estão?"

"Eu- sim, sim Shinghe, eles são, me desculpe, eu não queria... você sabe que eu não queria."

"Chega Vestto! Eu não quero ouvir mais nenhuma de suas besteiras, eu já tive o suficiente de você."

"..."

"Está tudo bem Shin, eu entendo, eu irei embora agora para que você não precise ouvir falar de mim, nunca mais."-, o ensinaram desde muito jovem todos os truques e macetes que a vida possuía. Não só isso como também todos os altos e baixos da mesma, e como ele poderia ser decepcionado várias e várias vezes, até mesmo traído, por pessoas que ele nunca esperaria que o fizesse. Afinal não era sobre isso que era a traição? Você nunca esperava, pois, ela nunca veio de uminimigoconhecido, mas sim de um parente, aliado, família - seja de sangue ou não -, amigos.

Às vezes, Shinghe pensa na vida, e em seus numerosos segredos e mistérios. Ele pensa em enigmas deixados para trás por um povo que viveu milhares e milhares de anos atrás, em fantasmas - o sobrenatural era realmente real? Alguns pensavam que não, outros, sim, já Shinghe não tinha tanta certeza, havia sinais afinal. - nas diferentes culturas e nas diferentes pessoas que a cultivavam.

"Mas…" Shinghe pensou, ele não fazia parte de nenhuma delas. Porque tudo que havia em sua cultura era o roubo, a mentira e amorte. De homens gentis furiosos a famílias inteiras lutando para sobreviver, de garotinhos como ele -crianças- passando fome, a dor e o desespero de que você só podia impulsionar seu corpo por tanto tempo - não dá mais,vocênão aguenta mais,você está cansado... -, a desesperança de aquilo nunca vai acabar nunca passar e seu sofrimento é dolorosamente eterno.

Então ele decidiu que também não queria fazer parte de sua cultura, ele, Shinghe, tanto um homem quanto uma criança -"crianças não existem nessa sociedade, traiçoeira, mas não menos verdadeira, sua mente sussurra"-, iria escapar.

E que jeito melhor de escapar de um mundo que não te quer do que amarrar uma corda em um galho em uma árvore -"coloque-a em volta de seu pescoço, sua mente, sempre tão agradável, murmura novamente"-, e subir em um banco?

"Não se esqueça de chutá-lo para longe, sua mente o lembra gentilmente."

E não pela primeira vez, mas o que ele espera que seja a última, ele escuta.

Então eleempurra, e o banco vira.

Sufocando -matando- todas as esperanças que ele poderia ter de alguém se importar o suficiente para para-lo - salvá-lo, impedir que ele se torne apenas mais um número para as estáticas.

Uma pena que não foi isso que aconteceu... o mundo o quer morto... e ele quer isso agora.

Então que assim seja.