A resposta para o futuro está no passado.
Capítulo 22
Disclaimer: Todos os personagens pertencem à JK Rowling, exceto aqueles que você não reconhecer.
N/A: IMPORTANTE!!! Nesse capítulo, eu começarei a usar bastante o tempo dos pais de Harry e por isso vou avisa-los: Eu não consigo entender, até hoje, o porquê da tradutora Lia Wyler mudar o nome do pai do Harry de James (como é na versão inglesa) para Tiago. Por isso, nessa fic, estarei usando James para o pai de Harry. Vocês foram avisados. Espero que gostem!
*~*~*
Logo no dia seguinte, Gina já recebeu o diário da Profa. Figg. Porém, como ainda se sentia mal por estar mexendo na intimidade de alguém, ficou enrolando para começar. Quando já não tinha mais jeito, ela resolveu que era hora de abri-lo.
Colocou o diário sobre sua cama. Não havia ninguém no dormitório, pois todos estavam em Hogsmeade. Gina sabia que Harry não iria, e, sendo aconselhada a não ir também (já que ninguém na Ordem tinha tanta certeza que Voldemort ainda desconhecia a identidade da nova Protegida), ela resolveu aproveitar o tempo para começar a fazer o que já devia ter feito há muito tempo.
Porém, apesar de haver passado a noite inteira tentando se convencer, agora, com o diário na sua frente, sentiu toda a sua coragem sumir.
Olhou melhor para o diário: era um livro como outro qualquer, com a capa de couro, bem grosso, as páginas já começando a ficar amareladas. Na capa, o nome da dona: Lílian Evans, escrito em tinta verde, que Gina logo imaginou ser por causa dos olhos dela.
Finalmente, pedindo perdão mentalmente à dona do diário, ela passou o dedo sobre o cadeado dourado, esperando pacientemente que ele se abrisse por si só.
Cada diário bruxo tinha sua própria maneira de se proteger dos intrometidos: alguns era uma senha, outros ficavam invisíveis quando alguém estranho chegava perto...
O de Lílian reconhecia as intenções da pessoa que colocasse o dedo sobre o cadeado dourado: se as pessoa estivesse querendo somente ler o diário para invadir sua privacidade ou fazer brincadeirinhas sobre isso, o diário não se abria e até dava um beliscão no intruso. Foi uma maneira que a Lílian encontrou para deixar que suas amigas também lessem seu diário.
Gina ouviu um click. O cadeado abriu-se e ela pode levantar a capa do diário. Logo na página de rosto, uma dedicatória:
"Para Lílian, por todas as vezes que me deu um ombro para chorar, um sorriso quando eu me sentia a última das bruxas, e me disse que tudo ia dar certo quando eu já não via solução. De sua amiga, Arabella Figg."
Gina sorriu. Arabella havia lhe dito que o diário havia sido um presente que ela dera para Lílian no segundo Natal que elas passaram em Hogwarts. E que o diário havia acompanhado Lílian até o seu último ano em Hogwarts.
Virando a página, Gina notou que suas mãos tremiam. Em parte porque ainda havia uma vozinha no fundo da sua cabeça que a recriminava por estar mexendo em um diário que não era seu. E também porque ela não sabia exatamente como isso iria lhe ajudar.
Quando Lucy havia lhe dito, pareceu simples. Porém, agora que virava a próxima página e começava a enxergar, pela primeira vez, a letra miúda de Lílian, começava a se perguntar o que ela estava esperando.
Respirando fundo, olhando para os lados como para se certificar de que não havia mais ninguém no quarto, começou a ler:
"25 de dezembro de 1971
Boa noite. Hoje é Natal (como se pode perceber pela data), e foi hoje que eu ganhei esse diário da Arabella. Eu achei muito legal, já que nunca tive um diário. Eu até ganhei alguns dos meus pais, quando fazia aniversário, mas eu nunca usei. Também, como é que eu ia usar, sabendo que a Petúnia iria revirar o meu quarto só para ter o prazer de ler o que eu tava escrevendo?
Sinceramente, não sei porque a Petúnia gosta tanto de implicar comigo. Tudo bem, eu sei que todos os irmãos brigam de vez em quando, mas mesmo assim, há períodos de paz, não? Lá em casa, isso nunca aconteceu.
Acho que a Petúnia nunca gostou muito de deixar de ser filha única. Ela só tinha 4 anos quando eu nasci, e antes ela era a única em casa. Meus pais a mimavam muito, faziam dela uma rainha. É que minha mãe tentou, por muito tempo, engravidar.
Meus pais queriam muito um filho, e quando souberam que minha mãe estava grávida da minha irmã, ficaram maravilhados. Eles já tinham perdido as esperanças.
Mas, se a surpresa dos meus pais foi grande quando descobriram que minha irmã estava à caminho, imagina quando ficaram sabendo que iam ter uma segunda filha? Eles não estavam nem tentando mais...
Talvez Petúnia achasse que iria ser filha única para sempre, e que eu era uma intrometida em seu reinado. Afinal, quando eu nasci, meus pais tiveram que parar de dar toda aquela atenção para ela.
Não que eles deixaram de ama-la ou nunca mais olharam para ela. Muito pelo contrário, eles se desdobraram de atenção e carinho para ela, quando perceberam que ela queria, de todas as maneiras, chamar a atenção. Mas, para Petúnia, nunca era o bastante...
E as coisas não melhoraram quando eu recebi a coruja, me dizendo que eu havia sido aceita em Hogwarts, que era uma bruxa. UMA BRUXA!!! Quem diria? Eu não tinha nem idéia, apesar de perceber que às vezes, coisas estranhas aconteciam ao meu redor.
Eu achei que meus pais iriam ficar intrigados, que iriam achar que era brincadeira, mas para minha surpresa eles disseram que já sabiam desde o dia que eu nasci, que também tinham recebido uma coruja...
E assim Petúnia teve seu motivo final para não ter que falar comigo: Dizia que eu era uma anormal, que eu iria envergonha-la na frente da turma dela... E do Cara de Porco, o namorado dela, um tal de Valter Dursley. O garoto é um prodígio da natureza: O primeiro ser humano com a ausência total de pescoço.
Nossa, como eu escrevi! E ainda por cima, contando da minha irmã. É que eu fico meio sentimental no Natal. Esse ano, não fui para casa por causa dela. Não quero agüentar a Petúnia o tempo todo me dizendo o quanto me odeia.
No fundo, eu queria que ela gostasse de mim. Que pelo menos uma vez dissesse algo como 'Você até que não é tão ruim'. Ela não precisaria me pedir desculpas nem me elogiar. Só queria saber que eu sou mais do que um estorvo, uma aberração na vida dela.
Bom, agora chega. Para um primeiro dia, eu já escrevi demais. Acho melhor ir dormir. Apesar de amanhã ser feriado, eu estou sentindo que algo vai acontecer. E quando eu tenho esse pressentimento... é difícil estar errada.
Lily"
Gina parou um pouco. Ela sabia que Harry era mal-tratado pelos Dursley, mas agora tinha certeza do porquê: A verdade era que Petúnia nunca havia conseguido aceitar a irmã. Como conseguiria aceitar o sobrinho?
Pela primeira vez, não teve raiva da Petúnia. Teve pena. Pena porque ela havia perdido a chance de conviver com uma irmã que gostava dela, apesar de tudo. Porque deixou-se levar pela inveja e não pode ver as qualidades da própria irmã.
Instintivamente, pensou nos seus seis irmãos. Ela podia até brigar com eles, afinal de contas eles não eram muito fáceis, mas nem pensava em não contar com o apoio deles. Gostava de cada um em especial, porque apesar de serem irmãos, eles eram muito diferentes.
Lembrou-se, também, de que quando era menor, pediu à mãe uma irmãzinha. Sua mãe apenas sorriu e lhe disse 'Querida, depois de você, acho que a mamãe não tem mais forças para ninguém'.
Na época ela não entendeu. Afinal de contas, no seu raciocínio infantil, ter mais uma irmãzinha não era difícil. Agora, entretanto, ela entendia. Sua mãe se acabava para poder cuidar dos sete que tinha em casa, mais um era impossível.
Ao dar uma última passada no que Lily tinha escrito no diário, uma coisa lhe chamou a atenção: Lily havia escrito que estava com um pressentimento e que não costumava estar errada. Claro, ela era uma protegida, era normal que tivesse pressentimentos. Mas o que será que havia sido? Com uma curiosidade grande, quase esquecendo-se de todos os temores que havia tido no começo, ela passou para a próxima página. E o que leu ali a deixou de boca aberta.
"26 de dezembro de 1971
Que raiva! Que raiva, que raiva, que raiva! Como é que pode? Eu ainda mato aquele Potter! Eu vou pegar ele e triturar em mil pedacinhos, depois vou joga-lo aos tubarões! Ou eu jogo ele aos tubarões depois trituro? Não sei. O que for mais doloroso!
Eu não disse que ia acontecer algo de errado? Eu sabia, aquele pressentimento não vem à toa. Mas se eu soubesse que era algo desse tipo, nem teria dado tanta importância. Deixa eu contar o que aconteceu (ou melhor, escrever. Ah, tanto faz!).
Aparentemente, esse menino, o James Potter, e seus amiguinhos, Sirius Black, Remo Lupin e Pedro Pettigrew, resolveram que seria engraçado se eles fizessem uma brincadeirinha inocente de Natal. Então, estouraram algumas bombas de bosta no nosso dormitório, uma forma alegre de nos acordar para um novo dia.
Saímos as três do dormitório (a Sabrina e a Júlia foram passar o Natal com a família), tapando o nariz, porque o cheiro é horrível. Lógico que nós já sabíamos quem eram os autores do ataque. Olhei para as outras duas: a Cristiane tava reclamando que o cheiro ia ficar no cabelo, que agora ela ia ter lavar... Ô menina vaidosa! Ela é até legal, mas a obsessão dela com a aparência me irrita!
Já quando eu olhei para a Bella, foi como se estivesse olhando num espelho. A cara dela devia estar igual a minha: os olhos meio inchados, ainda com sono, mas que brilhavam de tanta raiva. Assim, num acordo silencioso, fomos as duas praticamente marchando até a porta do dormitório dos meninos. Quando a gente chegou perto, já deu para ouvir eles gargalhavam alto.
Aí a Bella olhou para mim e disse:
'Vamos esperar, Lily. A vingança é um prato que se come frio'
Então, nós bolamos uma brincadeirinha para contra atacar amanhã de manhã. Se tudo der certo, eu conto (escrevo) depois.
Não é que eu e a Bella queremos disputar com os Marotos (como o grupinho se autodenomina) o recorde de detenções ou pontos perdidos pelas brincadeirinhas. Longe disso. A gente só decidiu entrar na dança também.
Sabe que eu até estranhei a Bella ter concordado em devolver a brincadeira? Normalmente, é ela quem sempre me diz que eu devo esquecer e não ficar tão brava com eles, que eles são moleques e que por isso amadurecem mais devagar. Acho que ser acordada às seis horas num feriado pelo cheiro de bombas de bosta foi demais até mesmo pra ela.
Também, para ela é fácil falar isso. Não é ela que o James Potter vem atormentando desde o ano passado. Claro que ele não faz comigo o que ele faz com o Severo Snape, mas também o Snape merece. Comigo, não. Ele só me enfurece até ver que eu estou muito brava. Acho que ele gosta e me ver uma fera. Tem que ser. Não há nenhuma outra razão.
Descobri que gosto de escrever nesse diário. Eu sempre tive preguiça, apesar de fazer todas as lições que os professores pedem. Também, eu não queria ser expulsa e ter que voltar a viver com a minha irmã. Se ela já me irrita por eu estar aqui, imagina o que ela falaria se eu fosse expulsa?
Vou ficando por aqui. Já escrevi demais por hoje (só para variar).
Lily"
Gina ainda não estava acreditando. Ela nunca poderia imaginar que a Lílian e o James brigassem. E pelo que ela foi vendo, ao passar rapidamente pelas próximas páginas do diário, aquela não tinha sido a única vez que a Lílian tinha ficado uma fera com o James. A única diferença era que na maioria das vezes, ela não retribuía as 'generosidades'.
Fechou o diário um pouco. Achava que já tinha tido uma surpresa e tanto para o primeiro dia. Lembrou-se, então, que o Harry também não devia ter nem idéia disso. Impaciente, guardou o diário e fechou a gaveta com mágica, para ter certeza de que ninguém iria mexer (o feitiço ela tinha aprendido com a Lucy) e foi procura-lo
.
*~*~*
Enquanto isso, a Ordem estava tendo outra reunião. A verdade é que todos estavam meio preocupados, pois nas últimas semanas os ataques haviam ocorrido com mais freqüência, e eram cada vez mais brutais.
Em alguns, os Comensais da Morte tiveram a audácia de deixarem bilhetes para os aurores com mensagens de terror, pedindo pelo livro, ou 'muitas cabeças ainda iriam rolar'.
O pânico tomava conta dos bruxos ao redor do mundo. Alguns dos espiões da Ordem já haviam descoberto que, na verdade, o "Império das Trevas", como Voldemort começava a chamá-lo, estava muito bem organizado e que os Comensais da Morte estavam espalhados pelo mundo afora.
Apesar de toda a tranqüilidade que se passava dentro de Hogwarts, a situação era preocupante. Muitos dos bruxos voltaram para o lado das trevas, e Voldemort ia aos poucos fazendo novos adeptos.
Por já conhecerem um pouco da situação, Harry, Rony e Hermione sabiam que as coisas não eram tão simples como todos estavam pensando.
Depois de muito insistirem para que Dumbledore lhes desse qualquer função, por mais simples que fosse, pois eles não queriam ficar de braços cruzados vendo tudo acontecer, o velho professor pareceu se convencer de que, se não lhes desse alguma função, eles iriam fazer por si sós.
Logo, Hermione foi 'recrutada' para ajudar nas pesquisas de feitiços e poções mais antigas, pela sua familiaridade com a biblioteca de Hogwarts.
Rony foi mandado para ajudar a Equipe de Esquemas Táticos, já que tinha extrema facilidade em montar complicadíssimas estratégias de xadrez.
Quanto a Harry, Dumbledore pediu que ele treinasse suas habilidades como ofidioglota, pois poderiam ser importantes se uma batalha se concretizasse (a Ordem havia decidido que iriam evitar uma grande batalha a todo custo e que esse seria somente o último recurso).
Dos três, o único que não ficou muito satisfeito foi Harry, afinal iria ter que mexer com cobras, que definitivamente não era seu animal preferido.
O que quase ninguém sabia (muito menos Harry) era que seu padrinho, Sirius Black, estava em uma missão pela Ordem muito importante. Ele estava armando uma bela armadilha.
Ou melhor, uma bela ratoeira.
*~*~*
Capítulo 22
Disclaimer: Todos os personagens pertencem à JK Rowling, exceto aqueles que você não reconhecer.
N/A: IMPORTANTE!!! Nesse capítulo, eu começarei a usar bastante o tempo dos pais de Harry e por isso vou avisa-los: Eu não consigo entender, até hoje, o porquê da tradutora Lia Wyler mudar o nome do pai do Harry de James (como é na versão inglesa) para Tiago. Por isso, nessa fic, estarei usando James para o pai de Harry. Vocês foram avisados. Espero que gostem!
*~*~*
Logo no dia seguinte, Gina já recebeu o diário da Profa. Figg. Porém, como ainda se sentia mal por estar mexendo na intimidade de alguém, ficou enrolando para começar. Quando já não tinha mais jeito, ela resolveu que era hora de abri-lo.
Colocou o diário sobre sua cama. Não havia ninguém no dormitório, pois todos estavam em Hogsmeade. Gina sabia que Harry não iria, e, sendo aconselhada a não ir também (já que ninguém na Ordem tinha tanta certeza que Voldemort ainda desconhecia a identidade da nova Protegida), ela resolveu aproveitar o tempo para começar a fazer o que já devia ter feito há muito tempo.
Porém, apesar de haver passado a noite inteira tentando se convencer, agora, com o diário na sua frente, sentiu toda a sua coragem sumir.
Olhou melhor para o diário: era um livro como outro qualquer, com a capa de couro, bem grosso, as páginas já começando a ficar amareladas. Na capa, o nome da dona: Lílian Evans, escrito em tinta verde, que Gina logo imaginou ser por causa dos olhos dela.
Finalmente, pedindo perdão mentalmente à dona do diário, ela passou o dedo sobre o cadeado dourado, esperando pacientemente que ele se abrisse por si só.
Cada diário bruxo tinha sua própria maneira de se proteger dos intrometidos: alguns era uma senha, outros ficavam invisíveis quando alguém estranho chegava perto...
O de Lílian reconhecia as intenções da pessoa que colocasse o dedo sobre o cadeado dourado: se as pessoa estivesse querendo somente ler o diário para invadir sua privacidade ou fazer brincadeirinhas sobre isso, o diário não se abria e até dava um beliscão no intruso. Foi uma maneira que a Lílian encontrou para deixar que suas amigas também lessem seu diário.
Gina ouviu um click. O cadeado abriu-se e ela pode levantar a capa do diário. Logo na página de rosto, uma dedicatória:
"Para Lílian, por todas as vezes que me deu um ombro para chorar, um sorriso quando eu me sentia a última das bruxas, e me disse que tudo ia dar certo quando eu já não via solução. De sua amiga, Arabella Figg."
Gina sorriu. Arabella havia lhe dito que o diário havia sido um presente que ela dera para Lílian no segundo Natal que elas passaram em Hogwarts. E que o diário havia acompanhado Lílian até o seu último ano em Hogwarts.
Virando a página, Gina notou que suas mãos tremiam. Em parte porque ainda havia uma vozinha no fundo da sua cabeça que a recriminava por estar mexendo em um diário que não era seu. E também porque ela não sabia exatamente como isso iria lhe ajudar.
Quando Lucy havia lhe dito, pareceu simples. Porém, agora que virava a próxima página e começava a enxergar, pela primeira vez, a letra miúda de Lílian, começava a se perguntar o que ela estava esperando.
Respirando fundo, olhando para os lados como para se certificar de que não havia mais ninguém no quarto, começou a ler:
"25 de dezembro de 1971
Boa noite. Hoje é Natal (como se pode perceber pela data), e foi hoje que eu ganhei esse diário da Arabella. Eu achei muito legal, já que nunca tive um diário. Eu até ganhei alguns dos meus pais, quando fazia aniversário, mas eu nunca usei. Também, como é que eu ia usar, sabendo que a Petúnia iria revirar o meu quarto só para ter o prazer de ler o que eu tava escrevendo?
Sinceramente, não sei porque a Petúnia gosta tanto de implicar comigo. Tudo bem, eu sei que todos os irmãos brigam de vez em quando, mas mesmo assim, há períodos de paz, não? Lá em casa, isso nunca aconteceu.
Acho que a Petúnia nunca gostou muito de deixar de ser filha única. Ela só tinha 4 anos quando eu nasci, e antes ela era a única em casa. Meus pais a mimavam muito, faziam dela uma rainha. É que minha mãe tentou, por muito tempo, engravidar.
Meus pais queriam muito um filho, e quando souberam que minha mãe estava grávida da minha irmã, ficaram maravilhados. Eles já tinham perdido as esperanças.
Mas, se a surpresa dos meus pais foi grande quando descobriram que minha irmã estava à caminho, imagina quando ficaram sabendo que iam ter uma segunda filha? Eles não estavam nem tentando mais...
Talvez Petúnia achasse que iria ser filha única para sempre, e que eu era uma intrometida em seu reinado. Afinal, quando eu nasci, meus pais tiveram que parar de dar toda aquela atenção para ela.
Não que eles deixaram de ama-la ou nunca mais olharam para ela. Muito pelo contrário, eles se desdobraram de atenção e carinho para ela, quando perceberam que ela queria, de todas as maneiras, chamar a atenção. Mas, para Petúnia, nunca era o bastante...
E as coisas não melhoraram quando eu recebi a coruja, me dizendo que eu havia sido aceita em Hogwarts, que era uma bruxa. UMA BRUXA!!! Quem diria? Eu não tinha nem idéia, apesar de perceber que às vezes, coisas estranhas aconteciam ao meu redor.
Eu achei que meus pais iriam ficar intrigados, que iriam achar que era brincadeira, mas para minha surpresa eles disseram que já sabiam desde o dia que eu nasci, que também tinham recebido uma coruja...
E assim Petúnia teve seu motivo final para não ter que falar comigo: Dizia que eu era uma anormal, que eu iria envergonha-la na frente da turma dela... E do Cara de Porco, o namorado dela, um tal de Valter Dursley. O garoto é um prodígio da natureza: O primeiro ser humano com a ausência total de pescoço.
Nossa, como eu escrevi! E ainda por cima, contando da minha irmã. É que eu fico meio sentimental no Natal. Esse ano, não fui para casa por causa dela. Não quero agüentar a Petúnia o tempo todo me dizendo o quanto me odeia.
No fundo, eu queria que ela gostasse de mim. Que pelo menos uma vez dissesse algo como 'Você até que não é tão ruim'. Ela não precisaria me pedir desculpas nem me elogiar. Só queria saber que eu sou mais do que um estorvo, uma aberração na vida dela.
Bom, agora chega. Para um primeiro dia, eu já escrevi demais. Acho melhor ir dormir. Apesar de amanhã ser feriado, eu estou sentindo que algo vai acontecer. E quando eu tenho esse pressentimento... é difícil estar errada.
Lily"
Gina parou um pouco. Ela sabia que Harry era mal-tratado pelos Dursley, mas agora tinha certeza do porquê: A verdade era que Petúnia nunca havia conseguido aceitar a irmã. Como conseguiria aceitar o sobrinho?
Pela primeira vez, não teve raiva da Petúnia. Teve pena. Pena porque ela havia perdido a chance de conviver com uma irmã que gostava dela, apesar de tudo. Porque deixou-se levar pela inveja e não pode ver as qualidades da própria irmã.
Instintivamente, pensou nos seus seis irmãos. Ela podia até brigar com eles, afinal de contas eles não eram muito fáceis, mas nem pensava em não contar com o apoio deles. Gostava de cada um em especial, porque apesar de serem irmãos, eles eram muito diferentes.
Lembrou-se, também, de que quando era menor, pediu à mãe uma irmãzinha. Sua mãe apenas sorriu e lhe disse 'Querida, depois de você, acho que a mamãe não tem mais forças para ninguém'.
Na época ela não entendeu. Afinal de contas, no seu raciocínio infantil, ter mais uma irmãzinha não era difícil. Agora, entretanto, ela entendia. Sua mãe se acabava para poder cuidar dos sete que tinha em casa, mais um era impossível.
Ao dar uma última passada no que Lily tinha escrito no diário, uma coisa lhe chamou a atenção: Lily havia escrito que estava com um pressentimento e que não costumava estar errada. Claro, ela era uma protegida, era normal que tivesse pressentimentos. Mas o que será que havia sido? Com uma curiosidade grande, quase esquecendo-se de todos os temores que havia tido no começo, ela passou para a próxima página. E o que leu ali a deixou de boca aberta.
"26 de dezembro de 1971
Que raiva! Que raiva, que raiva, que raiva! Como é que pode? Eu ainda mato aquele Potter! Eu vou pegar ele e triturar em mil pedacinhos, depois vou joga-lo aos tubarões! Ou eu jogo ele aos tubarões depois trituro? Não sei. O que for mais doloroso!
Eu não disse que ia acontecer algo de errado? Eu sabia, aquele pressentimento não vem à toa. Mas se eu soubesse que era algo desse tipo, nem teria dado tanta importância. Deixa eu contar o que aconteceu (ou melhor, escrever. Ah, tanto faz!).
Aparentemente, esse menino, o James Potter, e seus amiguinhos, Sirius Black, Remo Lupin e Pedro Pettigrew, resolveram que seria engraçado se eles fizessem uma brincadeirinha inocente de Natal. Então, estouraram algumas bombas de bosta no nosso dormitório, uma forma alegre de nos acordar para um novo dia.
Saímos as três do dormitório (a Sabrina e a Júlia foram passar o Natal com a família), tapando o nariz, porque o cheiro é horrível. Lógico que nós já sabíamos quem eram os autores do ataque. Olhei para as outras duas: a Cristiane tava reclamando que o cheiro ia ficar no cabelo, que agora ela ia ter lavar... Ô menina vaidosa! Ela é até legal, mas a obsessão dela com a aparência me irrita!
Já quando eu olhei para a Bella, foi como se estivesse olhando num espelho. A cara dela devia estar igual a minha: os olhos meio inchados, ainda com sono, mas que brilhavam de tanta raiva. Assim, num acordo silencioso, fomos as duas praticamente marchando até a porta do dormitório dos meninos. Quando a gente chegou perto, já deu para ouvir eles gargalhavam alto.
Aí a Bella olhou para mim e disse:
'Vamos esperar, Lily. A vingança é um prato que se come frio'
Então, nós bolamos uma brincadeirinha para contra atacar amanhã de manhã. Se tudo der certo, eu conto (escrevo) depois.
Não é que eu e a Bella queremos disputar com os Marotos (como o grupinho se autodenomina) o recorde de detenções ou pontos perdidos pelas brincadeirinhas. Longe disso. A gente só decidiu entrar na dança também.
Sabe que eu até estranhei a Bella ter concordado em devolver a brincadeira? Normalmente, é ela quem sempre me diz que eu devo esquecer e não ficar tão brava com eles, que eles são moleques e que por isso amadurecem mais devagar. Acho que ser acordada às seis horas num feriado pelo cheiro de bombas de bosta foi demais até mesmo pra ela.
Também, para ela é fácil falar isso. Não é ela que o James Potter vem atormentando desde o ano passado. Claro que ele não faz comigo o que ele faz com o Severo Snape, mas também o Snape merece. Comigo, não. Ele só me enfurece até ver que eu estou muito brava. Acho que ele gosta e me ver uma fera. Tem que ser. Não há nenhuma outra razão.
Descobri que gosto de escrever nesse diário. Eu sempre tive preguiça, apesar de fazer todas as lições que os professores pedem. Também, eu não queria ser expulsa e ter que voltar a viver com a minha irmã. Se ela já me irrita por eu estar aqui, imagina o que ela falaria se eu fosse expulsa?
Vou ficando por aqui. Já escrevi demais por hoje (só para variar).
Lily"
Gina ainda não estava acreditando. Ela nunca poderia imaginar que a Lílian e o James brigassem. E pelo que ela foi vendo, ao passar rapidamente pelas próximas páginas do diário, aquela não tinha sido a única vez que a Lílian tinha ficado uma fera com o James. A única diferença era que na maioria das vezes, ela não retribuía as 'generosidades'.
Fechou o diário um pouco. Achava que já tinha tido uma surpresa e tanto para o primeiro dia. Lembrou-se, então, que o Harry também não devia ter nem idéia disso. Impaciente, guardou o diário e fechou a gaveta com mágica, para ter certeza de que ninguém iria mexer (o feitiço ela tinha aprendido com a Lucy) e foi procura-lo
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*~*~*
Enquanto isso, a Ordem estava tendo outra reunião. A verdade é que todos estavam meio preocupados, pois nas últimas semanas os ataques haviam ocorrido com mais freqüência, e eram cada vez mais brutais.
Em alguns, os Comensais da Morte tiveram a audácia de deixarem bilhetes para os aurores com mensagens de terror, pedindo pelo livro, ou 'muitas cabeças ainda iriam rolar'.
O pânico tomava conta dos bruxos ao redor do mundo. Alguns dos espiões da Ordem já haviam descoberto que, na verdade, o "Império das Trevas", como Voldemort começava a chamá-lo, estava muito bem organizado e que os Comensais da Morte estavam espalhados pelo mundo afora.
Apesar de toda a tranqüilidade que se passava dentro de Hogwarts, a situação era preocupante. Muitos dos bruxos voltaram para o lado das trevas, e Voldemort ia aos poucos fazendo novos adeptos.
Por já conhecerem um pouco da situação, Harry, Rony e Hermione sabiam que as coisas não eram tão simples como todos estavam pensando.
Depois de muito insistirem para que Dumbledore lhes desse qualquer função, por mais simples que fosse, pois eles não queriam ficar de braços cruzados vendo tudo acontecer, o velho professor pareceu se convencer de que, se não lhes desse alguma função, eles iriam fazer por si sós.
Logo, Hermione foi 'recrutada' para ajudar nas pesquisas de feitiços e poções mais antigas, pela sua familiaridade com a biblioteca de Hogwarts.
Rony foi mandado para ajudar a Equipe de Esquemas Táticos, já que tinha extrema facilidade em montar complicadíssimas estratégias de xadrez.
Quanto a Harry, Dumbledore pediu que ele treinasse suas habilidades como ofidioglota, pois poderiam ser importantes se uma batalha se concretizasse (a Ordem havia decidido que iriam evitar uma grande batalha a todo custo e que esse seria somente o último recurso).
Dos três, o único que não ficou muito satisfeito foi Harry, afinal iria ter que mexer com cobras, que definitivamente não era seu animal preferido.
O que quase ninguém sabia (muito menos Harry) era que seu padrinho, Sirius Black, estava em uma missão pela Ordem muito importante. Ele estava armando uma bela armadilha.
Ou melhor, uma bela ratoeira.
*~*~*
