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::quarta parte:: Algum tempo após receber o telefonema assustado da irmã, Buffy chegou com Giles no hospital. Enquanto seu ex-Sentinela se dirigiu para a recepção, para conseguir notícias sobre o estado de Spike, Dawn viu a irmã e se aproximou imediatamente: _ Spike tentou matar Xander? Spike está em Sunnydale?! – Buffy já foi logo perguntando, assustada. _ Não, Buffy, presta atenção. Spike estava na cripta quando eu cheguei. Nós conversamos, ele me fez prometer que eu não contaria nada... – Dawn tentava explicar, muito nervosa. _ Oh, então você ia esconder de mim? – Buffy a interrompeu, ofendida porque a irmã ia guardar um segredo dela. _ Não! Ou melhor, ia... mas isso não é importante. – a menina fez um gesto de impaciência - Vai querer ouvir ou não? _ Continue. Eu estou ouvindo. – Buffy cruzou os braços. _ Spike e Xander lutaram, Xander enfiou uma estaca nele e ele começou a sangrar, mas não morreu. _ E então vocês trouxeram um vampiro para o hospital. Vocês trouxeram um *vampiro* para o hospital?! – Buffy não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Spike de volta, sua irmã escondendo coisas dela de novo, Xander tentando matar Spike. _ Spike não é mais um vampiro, Buffy, será que você não entendeu ainda? eu senti o pulso dele, sabe, depois do Xander ter ido todo psycho para cima dele. Estava muito fraco, mas ainda estava... pulsando. - a jovem concluiu. _ Hu?! – o rosto de Buffy expressava toda sua incredulidade com o que acabara de ouvir a irmã dizer e olhou à volta - Onde está Xander? Ele está bem? _ Você não acha que está perguntando o estado da pessoa errada? - Dawn disse sarcástica e levantou uma sobrancelha para a irmã. Ao ver Xander vindo da direção do lavatório, com a camisa molhada, mas ainda com manchas de sangue, Buffy decidiu ignorar o comportamento hostil da irmã. Dawn revirou os olhos e se afastou, indo sentar-se. _ Hey. Você está bem? - disse preocupada, assim que ele chegou mais perto. _ Você sabe que ele está de volta, não sabe? - Xander ignorou a pergunta dela. _ Eu sei. Dawn acabou de me contar. O que diabos aconteceu, Xander? - Buffy não sabia mais no que acreditar. _ Nós tivemos uma conversa, eu tentei estaqueá-lo, mas, fora dos planos, ele não virou pó. - ele explicou com uma nota de amargura em sua voz e continuou - Por quê você nunca contou que o chip dele parou de funcionar, Buffy? _ Eu... eu não sei, Xander. - ela suspirou - Foi um ano difícil, achei que vocês iriam fazer perguntas que eu não ia saber responder, já que o chip só não funcionava mais em mim. Mas Tara me disse que não havia nada de errado. _ E é por isso que você começou a dormir com ele? Por quê ele podia te machucar? - o rapaz insistiu. _ Xander, eu já lhe disse uma vez, eu não vou conversar sobre minha vida sexual e nem sobre o fato de eu ter ido para a cama com um morto. Especialmente não com você! - ela alteou a voz e uma enfermeira que estava passando olhou curiosa para os dois. Xander riu desconfortável: _ Ela está falando metaforicamente, é claro - pegou no braço de Buffy e saiu andando com ela para continuar, sério novamente - Eu não quero saber do que você andou fazendo com ele, Buffy, de verdade. Mas o chip não parou de funcionar só com você. Durante nossa conversinha, ele deixou isso bem claro. _ Você acha... você acha que ele mentiu para mim? - Buffy perguntou espantada. Nunca passara por sua cabeça que ele pudesse ferir outros. Mas se pudesse, será que o vampiro contaria justamente para ela? como fora ingênua... _ Você acha que ele não mentiu? - ele devolveu a pergunta, como se lesse seus pensamentos. _ Eu não sei... eu acho... - ela não conseguia esconder sua confusão - Será que ele contou alguma coisa para Dawn? - Buffy afastou-se de Xander e foi sentar-se próxima à irmã: _ Spike... o que Spike contou para você? _ *Agora* você quer saber dele? - Dawn comentou irônica. _ Dawn... - Buffy insistiu. _ Que seja - a menina contraiu os cantos da boca, em reprovação - Ele não me contou nada, a não ser que estava indo embora. Deve ter acontecido alguma coisa na viagem que ele fez para a África... – Dawn tentou explicar. _ África, você diz? - era Giles que havia se aproximado sem que as duas irmãs percebessem e ouvira o final da conversa. _ É, ou Londres. Ele esteve em Londres também... mas ele não me contou o que foi fazer lá – Dawn assentiu. _ O que o médico disse, Giles? – Buffy perguntou quando percebeu que ele estava de volta. _ A operação acabou, ele está fora de perigo. Na verdade, Spike deveria ter morrido imediatamente por causa do ferimento, mas os médicos estão confusos com a rapidez com que ele está se recuperando. _ É claro, porque ele é um vam-pi-ro. Xander não deve ter acertado o coração. – Buffy comentou em tom de ironia, pois não estava convencida. _ Isso não está totalmente correto, Buffy. O médico também disse que suas funções vitais estão estabilizadas. _ Vampiros não possuem sinais vitais, Buffy! Não é mesmo? – Dawn olhou de um para o outro, em expectativa. _ Não, não possuem. – Giles concordou gravemente e logo se lembrou de algo – Existe, sim, um ritual que faz com um vampiro fique invulnerável contra estacas. Isso acontece com a retirada de seu coração de uma forma especial, mas depois de um curto período o vampiro simplesmente se desvanece no ar. Não parece ser o caso aqui. _ Mas se fosse tão simples assim... se só bastasse uma rápida visita à África e conversar com a pessoa, quer dizer, demônio certo ou o que quer que seja, qualquer vampiro poderia tentar voltar a ser humano! – ela objetou prontamente. _ Sim, talvez fosse. O problema é que os vampiros consideram a si próprios como uma evolução da raça humana. Para eles, voltar a ser humano de novo, com todas as limitações que a raça humana possui; mortalidade, consciência, seria uma involução semelhante à de você resolver algum dia fazer o caminho oposto de volta às árvores. Você conhece algum vampiro que faria essa escolha conscientemente, Buffy? _ Entendo. Faz sentido. – ela concordou, mas estava mais confusa ainda. Se Spike realmente resolvera que ser vampiro não era mais o que queria, o que poderia ter ocasionado essa mudança, essa involução, como Giles explicara? _ Giles, leve a Dawn para casa, por favor. Eu vou ficar aqui para tentar descobrir o que está acontecendo. _ Eu sabia que não ia durar muito a sua conversa de querer "me mostrar o mundo:" e não tentar mais me proteger... – Dawn ainda tentou chantageá-la. _ Minha querida, faça isso por mim. Por favor, sim? - Buffy olhou para ela e pediu - Willow está em casa com Anya, mas eu confio muito mais em você para cuidar dela. E depois, Xander deve estar muito confuso com o que aconteceu, seja gentil com ele. Eu fico aqui e prometo que apareço com novidades, assim que eu conseguir alguma. _ Eu não acredito. Ser gentil com o Xander? Buffy, ele tentou matar o Spike, como você pode pensar que... - a expressão da garota era de pura incredulidade. _ Ele não sabia, Dawn. - Buffy suspirou. _ Não sabia o quê? Não sabia que o Spike era humano agora, então tudo bem matá-lo? - Dawn olhava para a irmã mais velha como se pensasse que ela tivesse subitamente enlouquecido. Buffy não sabia o que dizer. Sim, era por isso. Ao mesmo tempo, não era isso, ela não queria que Spike morresse. _ Olha... - começou, mas logo se interrompeu, olhando para Giles, que parecia estar sentindo-se desconfortável com a discussão das duas - Giles, será que você podia... Eu juro que não vai demorar. _ Oh, por Deus, Buffy, claro, claro - ele se mostrou muito aliviado por poder ir embora - Eu espero no carro. - afastou-se e Xander o seguiu. _ Obrigada - ela sorriu para ele e se virou para a irmã, tentando segurar suas mãos, mas Dawn as retirou e olhou para o outro lado. - Dawn... Dawn, você pensa que eu sou uma assassina? - armou-se de toda a paciência possível. _ O que? É claro que não! - voltou a encará-la, surpresa. Definitivamente Dawn agora achava que a irmã estava louca. Aquilo não havia sequer passado por sua cabeça. _ Mas eu mato vampiros como o Spike todas as noites... _ Mas não *como* o Spike! Você estaria fazendo um escândalo agora, se fosse o Angel. - Dawn provocou a irmã. _ Isso não é justo e você sabe. - Buffy apertou os lábios. _ Por quê não é justo? Porque ele tem uma alma e Spike não? Pois eu aposto que ele tem uma agora também. - a menina levantou a sobrancelha. _ Não. Não é justo porque nós não estamos falando de Angel e sim de Spike. - Buffy balançou a cabeça. _ Oh... isso é tão por causa da alma. Só você não admite! _ Você sabe que quando Xander tentou estaquear o Spike, ele só fez isso para me... - corrigiu-se rapidamente - nos proteger. _ Não é por isso. Ele fez porque ele odeia o Spike. Ponto final. - a menina teimou. _ Não é assim tão simples, meu bem... _ Na verdade, é sim. Como você pode gostar dele se ele não tem uma alma, não é? Como você pode gostar de mim, se nem tem certeza se eu tenho uma... - Dawn olhou para a irmã mais velha, magoada. _ Oh, eu amo você, querida. E é claro que você tem uma alma. - Buffy respondeu surpresa pelo que acabara de ouvir irmã. É claro que Dawn tinha uma alma. E se não tivesse, que diferença poderia fazer? _ Você não sabe se eu tenho uma alma, os monges não podiam fazer uma prá mim e você sabe. Porque então faz tanta diferença se o Spike tem ou não tem? _ Porque ele é um vampiro, Dawn! Um vampiro e ele é mau! - Buffy respondeu exasperada. Sabia que Spike havia sido um bom amigo para a irmã no passado, mas estava na hora da menina tirar as lentes cor-de-rosa e olhar para Spike pelo que ele era. No entanto, esse era um conselho fácil de dizer e difícil de seguir mesmo para ela própria. Dawn levantou-se: _ Não, ele não é não! - afastou-se da irmã. _ Dawn, por favor, se acalme... - Buffy tentou acalmá-la e levantou-se também. Dawn ignorou a irmã e seguiu para a saída do prédio. _ Eu ligo assim que souber de alguma coisa. Está bem? - Buffy ainda andou um pouco ao lado da irmã, mas ela virou para o lado como uma forma de mostrar que não queria mais conversar. Buffy resolveu desistir. Esperou que ela deixasse o hospital e voltou a se sentar. Foi então que a lembrança dos estranhos sonhos que tivera por toda a semana voltou à sua mente. E já não pareciam mais tão idiotas, afinal. [...] _ Amy... – Lilith chamou dentro da cabeça da jovem. _ Sim? – Amy acordou imediatamente e sentou-se na cama. _ Está na hora, Amy. Está na hora de me libertar. E eu prometo que você, minha filha, terá um lugar muito especial na nova ordem que eu vou estabelecer. – o demônio sussurrou sedutora. _ Mas eu ainda não tive tempo de acumular nenhum poder... – a garota tentou objetar. _ Não importa, faça o que eu estou mandando. – Lilith respondeu, impaciente – A Caçadora não está protegendo a Chave agora. É o momento certo. _ Chave? Que chave? – Amy estava confusa. _ A Chave. A Chave que a Caçadora recebeu a missão de proteger. – Lilith respondeu projetando a imagem de Dawn na cabeça da jovem. _ Oh... – ela entendeu logo – a irmã mais nova de Buffy... sempre desconfiei que havia alguma coisa com aquela menina... Mas... mas a Willow, ela pode tentar me impedir... – o temor se insinuou na voz de Amy. Ela já não parecia mais tão convencida como antes. _ Willow está tão envolvida em sua própria auto-piedade, que não vai impedir nada. Traga a Chave para mim. - ordenou. [...] Spike acordou na cama do hospital e olhou surpreso para os lados, mas logo se lembrou do que acontecera e onde devia estar. Foi quando viu Buffy ressonando, sentada numa cadeira ao seu lado. Com dificuldade e ainda sentindo muita dor, ele se ergueu um pouco e aproximou a mão para tocar o rosto da ex-namorada com a intenção de acordá-la. Foi quando ela de repente abriu os olhos, segurou sua mão no meio do caminho e olhou furiosa para ele. _ Se tocar em mim, eu juro que o mato. – disse com a voz sibilando de raiva, enquanto examinava os dedos dele procurando alguma coisa; a evidência que Dawn estivera errada e Spike voltara exatamente como antes: uma maldita coisa sem alma. Spike primeiro a olhou confuso, mas logo percebeu o que ele estava procurando: _ Nenhuma Gema de Amarra, meu bem. Peaches ainda deve tê-la com ele. _ Não. Angel a destruiu. Para que vampiros idiotas não passassem a ter idéias... – ela balançou a cabeça em negativa e soltou a mão dele abruptamente. _ Muito nobre da parte dele – Spike comentou, um leve tom de ironia em sua voz. _ O que você está querendo fazer? Quer me deixar brava, é isso? – ela se levantou, furiosa. – Mal acordou e já está conseguindo isso. _ Você não faz idéia do quanto fica linda, assim brava... – ele sorriu, levemente malicioso. _ Corta essa. Eu só estou aqui para saber que diabos está acontecendo. – ela respondeu, tentando controlar a irritação em sua voz. _ Me desculpe, mas é verdade... e eu estou com sede – ele procurou dissimular a saudade que sentira e a felicidade por encontrá-la ali, esperando ele acordar. Mesmo que ela estivesse tratando-o como lixo, como fizera tantas vezes antes. _ E você estava querendo beber de mim? Estava tentando beber de mim? – ela não conseguia acreditar o quão baixo ele podia chegar. _ Não... – ele hesitou, desconfortável - eu não bebo mais sangue. Já faz algum tempo que eu não bebo mais sangue. Eu gostaria de um copo d'água. – ele fez um gesto com a cabeça, em direção à jarra que estava em cima de um móvel atrás dela. _ Você mentiu para mim sobre o chip - ela lembrou-se do Xander havia contado. _ Nunca menti, meu bem. O chip simplesmente não estava mais funcionando apenas com você - Spike respondeu. - Fiz um... pequeno teste e descobri isso. _ Você me diria se ele tivesse parado de funcionar com qualquer um? - Buffy perguntou, sem conseguir conter-se. _ Você acha que eu diria? - ele respondeu irônico e ela quase riu, porque sabia que ele, se fosse esperto, não diria nada a ela - Mas não. Como eu disse, somente em você. E agora, como eu imagino que seu amigo deve ter lhe contado, não há mais chip. _ Certo - ela respondeu, pensando nas implicações daquilo. Não havendo mais chip, ele podia fazer o que quisesse, atacar quem quisesse. Ainda assim, não fizera nada contra Xander. Por quê? Ela levantou-se e resolveu atender ao pedido dele. Afinal ele estava ferido e, sabe-se lá como, não explodira numa nuvem de cinzas depois de ter sido estaqueado. Dando as costas para ele, pegou a jarra e um copo no aparador: _ Como, Spike? – começou a perguntar, mas mudou de idéia – Não, espere, eu acho que sei como. O que eu quero saber é por que. – completou, entornando o líquido no recipiente. Buffy voltou com o copo e estendeu para ele, esperando a explicação. Spike tomou tudo de um gole só e respondeu, devolvendo o copo para ela: _ Você não sabe o porquê? Maldito demônio, prometeu minha alma de volta, mas deu um pouco a mais. Um brinde com a compra, ou algo assim. – ele disse, amargo. _ Então você é humano agora e não queria ser humano... – Buffy comentou, ainda de pé, a voz gelada. Estava certa, afinal. Por que chegara a considerar a possibilidade dele querer voltar a ser um humano novamente? Vampiros desprezam os humanos. Se acham superiores, não é? Colocou o copo de volta no aparador e voltou a sentar-se. _ Mais ou menos humano, sim. – ele considerou – Um demônio, uma alma humana. Uma maldita festa dentro de mim. Pode chamar seus amigos, sempre cabe mais um dentro do Spike. – concordou, ainda no mesmo tom ressentido. _ Um corpo humano... um corpo humano *vivo* e que você nunca desejou de volta. – ela disse pensativa, olhando para os monitores que ainda estiveram ligados ao ex-vampiro, monitorando as batidas de seu coração, suas novas funções vitais – Mas isso não responde porque você quis sua alma de volta... Foi para mim? _ O quê? - ele olhou para ela, sem entender. _ A alma. Foi prá mim? - ela repetiu. _ Bem, eu sempre pensei que você tivesse uma alma, meu bem. Não era essa toda a história? Spike, vampiro malvado sem alma? - ele trançou as mãos atrás da cabeça e engoliu a pontada de dor na ferida. _ Eu quero dizer... - ela rolou os olhos para ele. _ Eu sei o que você quer dizer. Não, não foi para você, foi por mim. _ Por quê? - Buffy não conseguia acreditar que não era o motivo dele pedir sua alma de volta. _ De todas as pessoas, você é a única que pode saber... _ Sim, eu sei. – ela concordou tristemente – Porque eu lhe disse que nunca poderia amar alguém sem alma. E agora que você tem uma alma, acha que... _ Então você não sabe. Eu... - ele começou. _ Você não pode pensar que teria o direito de voltar para a minha vida depois do que fez comigo! O que você estava pensando? Que chegaria dizendo "hey, Buffy, olha o que eu consegui" e então eu poderia esquecer tudo e pular nos seus braços, como se nada tivesse acontecido? – ela cortou o que ele estava dizendo, impaciente. _ Sempre sobre você, não é? – ele sorriu sem vontade - Eu já lhe disse que você é parte do motivo, não ele todo. De qualquer forma, que importa o motivo de eu querer a maldita alma? Xander, você está com ele agora, não é? _ Xander... Xander é meu amigo. Isso não muda absolutamente nada, mas ele é apenas isso: meu amigo. – ela respondeu. _ Não precisa mentir para mim, amor. Eu vi quando ele a beijou. _ Você viu... quando ele me beijou. – ela ponderou as palavras dele – E quando exatamente foi isso? – ela franziu a testa, sem saber do que ele estava falando. Spike suspirou e contraiu ligeiramente os lábios, porque não era o tipo de coisa que gostaria de confessar; que fora até a casa dela para espiá-la: _ Ontem à noite. Eu me aproximei de sua casa e você estava lá, nos braços daquele idiota. – ele confessou, sem conter o tom de despeito. _ Você estava espionando a minha casa, me seguindo? – ela quase gritou, indignada. _ Pareceu uma boa idéia na hora... _ Será que você nunca muda? Será que você nunca vai mudar? _ No caso de não ter percebido, eu mudei bastante – ele olhou à volta, para o próprio corpo e depois encontrou o olhar dela. _ É, eu sei. E em caso de você não ter percebido, nossos lábios ficaram a essa distância – ela aproximou o rosto do dele, para demonstrar – Nenhum beijo do tipo de beijo de verdade. E o que diabos aconteceu com a sua visão noturna? _ Ainda adaptando. – ele respondeu, sentindo o hálito dela soprar em seus lábios e sua própria garganta secar, por causa disso. Tendo-a assim tão próxima, quase a puxou contra si, mas logo ela também percebeu o que acabara de fazer e se afastou rapidamente. _ Então, ele e Anya... – ele procurou uma forma de mudar de assunto e lembrou-se das coisas realmente maldosas que dissera para Xander horas antes, apenas movido por ciúmes e não se sentiu muito bem com aquilo. _ Depois que ele a deixou no casamento, Anya voltou a seus tempos de demônio da vingança de novo... não, demônio da justiça – ela se corrigiu, lembrando do que Giles dissera. _ Você acha que... você acha que o que eu fiz – ele limpou a garganta e olhou para ela embaraçado – o que nós fizemos... Anya e eu... teve alguma coisa a ver com isso também? Que ela não tenha, uh... gostado de algo que eu... Buffy levantou uma sobrancelha para ele e o interrompeu: _ Quando vocês fizeram, o que quer que fizeram, ela já era um demônio da vingança. Sua performance deve ter agradado, não se preocupe – completou, sarcástica. _ Então você e Xander... – ele tentou novamente. _ Apenas amigos. Ele está lá em casa para poder ajudar a cuidar da Willow. – ela respondeu. E estava sendo sincera. Apesar de ter ouvido a mesma explicação da irmã dela algumas horas antes, desta vez Spike acreditou e isso fez com que acabasse se traindo. Um lampejo de esperança passou rapidamente por seus olhos, apenas o tempo suficiente para que Buffy percebesse o que ele estava pensando e por isso ela continuou, endurecendo a voz: _ Mas eu nunca. Eu nunca vou amar você. – mas de alguma forma, a afirmação não saiu tão firme como acontecera meses antes, quando ele tentara forçá-la e, vendo-se rejeitado, deixara a cidade. |
