Buffy e os Scoobies se encheram de todos os pensamentos positivos e memórias felizes em relação a Willow de que poderiam se lembrar. Spike tentou lembrar de quando quase a mordeu e descobriu que estava com o chip em sua cabeça, mas Giles o convenceu que aquela memória era feliz para ele, mas não para Willow e, por isso, não adiantaria muito.
– Precisa ser uma memória que realmente aconteceu? Ultimamente eu não tenho tido muitos momentos felizes e se eu não posso pensar em quando eu era feliz de verdade... – o vampiro perguntou, ligeiramente embaraçado por sua própria confissão.
Buffy olhou irônica para ele, levantando uma sobrancelha e cruzando os braços.
– Eu não quis dizer isso. – Spike percebeu o olhar de Buffy e imaginou o que ela estaria pensando – Que inferno, eu só estou tentando ajudar aqui! – explodiu, colocando-se na defensiva e se afastou do grupo.
– Spike não consegue pensar numa lembrança feliz... – Xander cantarolou em tom de falsete, para provocar o vampiro.
– Não está ajudando Xander. Além disso, está levando a minha lembrança feliz para longe com essa musiquinha irritante – Giles disse sério, olhando significativamente para o rapaz, para fazê-lo se calar.
– Yeah, a minha também! – Dawn reforçou e Anya revirou os olhos para o namorado.
...
– Então, se eu prometer que serei uma boa menina, você vai me deixar ir embora... É isso? – Willow respondeu, ironicamente.
– Willow... você sabe que eu estou falando a verdade... Olhe para dentro de si mesma... – Chantal tentou convencê-la mais uma vez, percebendo o tom hostil que a jovem bruxa estava usando.
– Olha, eu estou ficando cansada disso. Muito cansada. – Willow suspirou. Aquilo era simplesmente irritante, aquela mulher que ela nunca vira antes estava agora lhe passando sermões, enquanto a prendia naquele lugar terrível e ainda dizia que aquele lugar era ela. Aquilo não podia ser ela! Ela era uma bruxa poderosa, conseguia lutar contra deuses, podia reviver os mortos, podia fazer tudo o que quisesse. Ela era luz, não escuridão. O que podia haver de errado naquilo?!
– É melhor você me dizer quem é você. Agora! – a ruiva completou em tom abertamente agressivo e outro raio cortou o céu.
...
Todos viram o raio riscando o céu e o tempo começou a fechar rapidamente, ameaçando o início de uma tempestade. Como se isso não fosse o bastante, a parte ainda preservada do jardim onde estavam começou a diminuir perigosamente: flores começaram a murchar, animais se deitaram no chão e simplesmente não levantaram mais. A grama começou a morrer.
Tara olhou ao redor e depois propôs, apreensiva, para os amigos:
– Uh... p-pessoal, eu acho melhor a gente se mexer e e-encontrar logo a Willow ou vamos ficar presos aqui.... – gaguejou nervosa.
Mal havia acabado de falar, uma árvore quase caiu em cima de Spike, mas Buffy conseguiu pular sobre ele a tempo, empurrando-o para longe do perigo.
A Caçadora ainda ficou sem reação sobre o vampiro por alguns perplexos segundos, olhando para dentro dos olhos azuis dele e sentindo-se presa ali como se não pudesse nunca mais escapar, até que percebeu os olhares curiosos dos amigos sobre si. Olhando para o outro lado, confusa, levantou-se e ofereceu a mão para ele se apoiar e levantar-se também, mas sem encará-lo novamente.
– Me parece que Spike acabou de encontrar sua lembrança feliz... – Xander comentou cáustico e levou, de Dawn, uma cotovelada nas costelas.
...
Chantal percebeu que os sentimentos de raiva de Willow haviam começado a destruir o jardim novamente e temeu pela segurança dos amigos de Willow que, pressentia, já haviam arranjado um modo de entrar. Olhou tristemente para ela. Sabia que a jovem ainda não havia compreendido e balançou a cabeça com pesar. Estava sendo mais difícil do que imaginara a princípio:
– Você não consegue mesmo olhar para dentro de si e achar a resposta? Está tão cheia de orgulho, de vaidade, intoxicada pelos seus feitos que deveriam ser altruístas, mas não são, que não consegue mais nem se reconhecer... Eu sou você e se você continuar o que está fazendo, você vai se destruir. – Fez uma pequena pausa e se revelou de uma vez, uma cópia exata da Willow do presente, só que um pouco mais velha. – Vai me destruir.
– O quê?! Você não está esperando mesmo que eu vá acreditar nisso, está? – a jovem ainda duvidava das intenções de Chantal. Afinal, ela mentira antes, deveria acreditar que estava falando a verdade agora?
– Tara... – "Chantal" sorriu tristemente quando mencionou o nome, como se sentisse alguma coisa que não gostaria de revelar ao seu eu mais jovem – Tara a ama tanto, está tão preocupada com você... seus amigos não dizem nada, mas basta olhar para eles, para perceber o medo dentro deles também.
– Tara? Isso é obra de Tara?! Ela me enfeitiçou? – a expressão de Willow era de pura incredulidade. Como Tara podia ter feito uma coisa dessas?
– De uma certa forma, sim... – "Chantal" ponderou um pouco e depois começou a explicar – Ela fez um pequeno feitiço para que você conseguisse perceber o que está errado em seu comportamento ultimamente, antes que você apagasse da lembrança dela a última discussão de vocês e acabou me arrastando, sem querer, para cá. Mas você mesma criou esse jardim e agora está rapidamente destruindo o que criou. Eu apenas a trouxe para cá para ver isso, antes que você o destrua inteiramente.
...
– Ok, todo mundo com sua lembrança feliz – Buffy fez uma pequena pausa expressiva – Spike com a sua "lembrança" inventada... Vamos atravessar.
Atravessaram rapidamente a divisão entre os dois lados do jardim dentro da mente de Willow e estacaram, atônitos: Willow estava no centro da clareira. Duas Willows, na verdade...
