Título: Harry Potter e o Sonho de Merlim

Autora: Flora Fairfield

E-mail: florafairfield@yahoo.com

Disclaimer: Eles não são meus. São da J.K. Rowling. Eu só os peguei emprestados um pouquinho. Eles não gastam com o uso, então, acho que está td bem...

Sinopse: Harry Potter no seu quinto ano em Hogwarts.

*   *   *

Capítulo 3: 'Entocado'

Harry Potter abriu os olhos devagar. Tinha adormecido de mau jeito, com seu exemplar de "Voando com os Cannons" aberto ao seu lado. Ainda estava vestido. Passara o fim do dia anterior no quarto, relendo o livro pela milésima vez. Conforme a noite foi chegando, começou a se sentir um pouco estranho. Com a escuridão, tudo sempre parece mais sombrio. Achou que não fosse conseguir dormir direito, mas para sua surpresa, adormeceu logo, sem querer, sem esperar. Foi um sono pesado e sem sonhos. Do tipo de sono que revigora uma pessoa. Quando Harry finalmente acordou, meio torto por causa da posição, o sol já ia alto. Nessa manhã, não houve os gritos de sua tia o chamando para preparar o café; não teve que agüentar Duda fazendo brincadeiras maldosas, nem o olhar reprovador de seu tio. Não... Nessa manhã, quando abriu os olhos e apurou os ouvidos, Harry ouviu o som mais doce do mundo: o som do silêncio.

Por um segundo, hesitou, imaginando se havia acontecido uma tragédia, um terremoto, qualquer coisa... só depois ele se lembrou. Os Dursley saíram. Ele estava sozinho até a hora que Rony chegaria com seu pai e, provavelmente, com os gêmeos. Harry sorriu involuntariamente. Levantou-se ainda com dificuldades para acreditar que estava sozinho. Escovou os dentes, trocou de roupa e desceu até a cozinha. Hoje ele poderia preparar a comida que quisesse.

Pegou a frigideira e começou a fritar um ovo e um pouco de bacon para comer. Na geladeira, pegou uma jarra de suco. Preparou um café da manhã realmente completo. Nem estava com muita fome, mas de alguma forma sabia que tinha que aproveitar essa oportunidade. Quando terminou, lavou a louça e guardou tudo. Por mais que odiasse os Dursley, não queria deixar tudo bagunçado. Isso poderia acabar o prejudicando quando, no fim do ano, tivesse que voltar a conviver com eles.

Uma vez que a cozinha estava como ele a encontrou, resolveu fazer um tour pela casa. Era muito estranho não ter os tios por perto; era estranho caminhar pela casa quando tudo estava calmo e silencioso, impregnado com uma certa paz. Era como se ele visse tudo pela primeira vez. Foi até o quarto do Tio Válter e da Tia Petúnia. Era um aposento grande, com uma grande cama de casal no meio. Meio sem saber por que, Harry não conseguiu entrar no quarto e bisbilhotar. Sabia que isso não era certo. O quarto de Duda, entretanto, era outra história. O aposento era grande também, mas estava entulhado de coisas, brinquedos, presentes. Duda tinha sempre tudo o que queria, seus pais não lhe negavam nada e, muitas dessas coisas, Harry também queria - ou pelo menos, achava que queria. Sempre pensou que quando tivesse a oportunidade de ficar sozinho com as coisas de seu primo, iria brincar com elas, jogar, se divertir. Quando finalmente a oportunidade veio, entretanto, Harry acabou achando-a meio decepcionante. Ele não queria de verdade o mais novo videogame, o mais novo computador de Duda, nem a bicicleta, nem os patins, nem nada. Ele não queria ser o Duda de jeito nenhum.

Por fim, acabou fazendo um pouco de pipoca e se sentando na sala, em frente à televisão. Ao menos uma vez na vida, ele poderia assistir a todos os programas que quisesse! Depois de um tempo, contudo, até isso acabou por se mostrar um pouco decepcionante. Se ele tivesse idéia de quanto lixo passava na televisão, nunca teria se sentido tão mal por não poder assistir a programa nenhum.

Por volta das quatro e meia da tarde, Harry desligou a TV e subiu para o quarto. Queria descer com o malão para a sala logo de uma vez. Ele parecia mais pesado do que nunca, então, quando finalmente chegou ao andar debaixo, já haviam se passado uns quinze minutos. Sentou-se, então, no sofá para esperar. Estava contando os segundos que, como sempre acontece quando nós estamos ansiosos esperando por algo, demoravam uma eternidade para passar. Ouviu o relógio começar a dar as cinco badaladas, indicando que já estava na hora. Os Weasley provavelmente não iam demorar. Harry afundou um pouco mais no sofá... "Cadê eles?..." pensou. Tinha medo que os Dursley voltassem e ele ainda estivesse ali. Não ia querer encarar os tios depois dessa. Quando estava começando a ficar desesperado, escutou umas batidinhas de leve na lareira.

- Harry... você está aí? - era a voz do Sr. Weasley.

- Estou aqui sim - respondeu ele, mal se contendo de felicidade.

- Então se afaste um pouco, sim, Harry? - não teria sido necessário o aviso. Harry já estava a uma distância segura da lareira.

Subitamente ele ouviu um barulho e a próxima coisa que percebeu foi o Sr. Weasley, no meio da sala, todo empoeirado e tossindo um pouco. Atrás dele, Harry viu surgir os cabelos vermelhos de Rony. Teve que conter o impulso de correr e abraçar o amigo. Estava muito mais feliz do que poderia imaginar que ficaria.

- Harry! - exclamou Rony - Olá!!

- Olá! - respondeu o outro com um sorriso que ia de orelha a orelha.

- Onde estão seus tios? - perguntou o Sr. Weasley.

- Ah! eles não quiseram ficar. Estavam com medo, eu acho. Saíram de manhã e só vão voltar mais tarde.

- Muito bem, então. O seu malão está pronto? - perguntou percorrendo a sala com os olhos até eles pousarem na mala de Harry - Sim, vejo que sim. Podemos ir agora, então?

- Onde estão Fred e Jorge? Pensei que eles viessem - comentou Harry para Rony enquanto se aproximava da lareira.

- Bom, sabe como é... Mamãe não deixou eles virem depois da confusão que eles aprontaram da última vez... - respondeu o outro - Bem, aqui está o Pó de Flu. Você vai na frente. Mamãe vai estar te esperando do outro lado.

- Okay.

Não havia como Harry se acostumar a viajar com Pó de Flu. Na opinião dele, era o pior jeito do mundo de se chegar a algum lugar. Por alguns momentos, sua cabeça rodopiou e ele sentiu vontade de vomitar. Não demorou muito, entretanto, ele chegou à Toca.

- Olá, meu querido - disse a Sra. Weasley, vindo com a grande escova para limpá-lo do pó que se acumulava em sua roupa - Como você está? - perguntou ela depois que Harry já estava apresentável.

- Estou bem. Melhor agora, na realidade - A mulher olhou para Harry com uma enorme compaixão e com um grande sorriso nos lábios.

- É bom tê-lo aqui conosco, querido.

- Oi!! - exclamaram Fred e Jorge juntos - A gente não pôde ir dessa vez - disse Fred.

- Sabe como é... - completou Jorge, enquanto a Sra. Weasley olhava para os dois com uma expressão reprovadora - Mas diga-nos...

- Como vai seu primo? - perguntou Fred.

- Normal. Ele não estava em casa.

- Ah! - exclamaram novamente os dois, parecendo um pouco desapontados - É que nós tínhamos mandado uma surpresinha para ele através do Rony - sussurrou Jorge.

- Oi, Harry - disse Gina, vinda da cozinha, com uma voz fina. A menina ainda balançava sempre que estava perto do Harry.

- Oi - ele respondeu.

- Vamos, Harry - disse Rony, que a essa altura já tinha voltado também, puxando-o pelo braço - Vamos subir.

- Podem ir, queridos, quando o jantar estiver pronto, eu chamo vocês.

- 'Tá, mãe - respondeu Rony.

- Onde está o Percy? - perguntou Harry enquanto eles subiam as escadas.

- Ele está trabalhando. Ainda está no mesmo departamento. Ele não acredita muito, sabe... que... que o Você-Sabe-Quem voltou. - disse Rony num sussurro.

- Não?

- Bom, eu não acho que ele pense que você é maluco ou algo do gênero... mas também não acho que ele acredite, acredite mesmo não... sabe como ele é...

- É, sei...

- Bom, cá estamos - falou Rony quando eles chegaram no quarto. Pichinho estava inquieto na sua gaiola. Quando viu Harry, então, começou a pular, tentando voar e piando alto. Fazia uma festa - Fica quieto! - disse Rony rispidamente - Coruja inútil!

Harry não pôde deixar de rir do amigo. Rony também acabou por cair na gargalhada. Ambos sabiam que, por mais que Rony reclamasse, ele realmente gostava  de Pichinho.

- Então - começou Rony quando os risos pararam - O que você achou das notícias?

- Eles estão mesmo caçando o Sirius?

- Sim. Não está igual a quando ele fugiu, né, mas eles estão atrás dele mesmo.

- Eu recebi uma carta de Dumbledore.

- Jura?

- Juro. Ele me pediu pra não escrever pro Sirius agora, pra não chamar atenção, mas disse que ele está bem. Por ora.

- É uma boa notícia.

- Sim, com certeza. Agora - começou Harry, mudando de assunto - ele não mencionou essa história de depoimento. Que história é essa, afinal?

- Você não tem idéia! - exclamou Rony fazendo uma cara de enterro - O Fudge está pegando no pé dele como nunca! Está pegando no pé de todo mundo no Ministério. Qualquer pessoa que sequer mencione "essa história maluca do Você-Sabe-Quem ter ressurgido" como ele diz - falou o garoto imitando a voz de Fudge - fica ameaçada de demissão. Está uma verdadeira caça às bruxas - e confirmou com veemência, interpretando erradamente o riso de Harry ao ouvir a expressão - É verdade!!! Você não sabe a sorte que teve de ficar no mundo dos trouxas todo esse tempo - Harry olhou para ele com um olhar de descrença, como quem diz: "Dursley" - É, talvez não tanta sorte assim - corrigiu o outro ao ver a cara do amigo - mas mesmo assim. Está horrível.

- Há alguma coisa que a gente pode fazer?

- Não sei. Papai diz que a gente não vai poder assistir à audiência. Só bruxos maiores de idade podem. Mas nós sempre podíamos arranjar um jeitinho...

- Não - respondeu Harry rápido, lembrando-se da carta de Dumbledore - Nós não vamos fazer isso. Dumbledore me pediu também na carta para não desobedecer aos seus pais e eu não pretendo.

- Você está louco, Harry?! - falou Rony enquanto olhava para o amigo como se não o conhecesse - Fala sério! Você está brincando, né?

- Não. Eu nunca falei mais sério.

- Você está ficando parecido com a Mione.

- Pois dessa vez, Rony, ela tem razão. Não é de uma brincadeira qualquer que estamos falando. É de Lorde Voldemort - um arrepio percorreu a espinha de Rony ao ouvir esse nome - e todo cuidado é pouco.

- Está certo - e depois de alguns segundos de silêncio - Dumbledore disse mais alguma coisa na carta?

- Só que eu estava seguro aqui.

- Isso é bom. Então nós não temos com o que nos preocupar - falou Rony com convicção.

- Verdade.

- Quando eu escrevi para você, mandei também uma carta para a Mione pela coruja que ela tinha me mandado, convidando ela também para vir pra cá. A resposta deve chegar logo.

- Eu também escrevi a ela dizendo que estaria aqui.Vai ser bom se ela puder vir.

- Com certeza - respondeu Rony com um tom de voz um pouco diferente do normal. Harry não pôde deixar de lembrar o comportamento estranho dos dois no ano anterior em Hogwarts. Mas achou melhor não falar nada.

- Meninos! - os dois ouviram a Sra. Weasley chamar lá debaixo - O jantar já está pronto.

- Vamos, melhor não demorarmos - disse Rony, se levantando. Harry o seguiu e logo ele estava à mesa, cercado por cabeças vermelhas, rindo e comendo; divertindo-se como sempre se divertia na Toca. O Sr. Weasley estava com eles, mas Percy ainda não tinha voltado do Ministério.

- É, a gente acha que ele pensa que aquilo lá é a casa dele agora - disse Jorge.

- Pena que no fim ele sempre se lembre de que é aqui que ele mora e acabe voltando... - completou Fred.

- Meninos! Não impliquem com seu irmão! - disse a Sra. Weasley.

- Mas ele nem está aqui - resmungou Fred.

- Isso é terrivelmente injusto! - retrucou Jorge.

- Não importa. Ele está trabalhando... Quisera eu que vocês dois tivessem o juízo do seu irmão...

- Deus me livre!

- Cruz credo!

- Harry - chamou o Sr. Weasley, ignorando a discussão - eu não pude deixar de reparar depois que você e o Rony foram embora... aquela caixa retangular em cima da... como é mesmo que os trouxas chamam... televisão... o que era aquilo?

- Era um videocassete. Ele serve para...

- Ah, eu não acredito, Arthur! - interrompeu a senhora Weasley - Você aproveitou que não tinha ninguém em casa para ficar bisbilhotando? Por isso que você demorou, não é mesmo?

- Ah que isso, Molly, imagine!... ora...

- Olha o exemplo que você dá para os seus filhos. Não me admira o Fred e o Jorge terem ficado do jeito que são!

- Francamente, Molly!

- O que há de errado conosco?

- Está bem, está bem. Eu não falo mais nada.

- Depois a gente conversa sobre isso, 'tá Harry? - sussurrou o Sr. Weasley.

- Claro - respondeu o garoto. Era muito bom saber que tudo na Toca continuava do mesmo jeito. Fred e Jorge faziam suas brincadeiras, a Sra. Weasley brigava, mas era adorável, o Sr. Weasley ainda se interessava pelas coisas dos trouxas... A Gina era a única que ficava quieta. Sempre que tinha de falar alguma coisa - mesmo que fosse "Por favor, Harry, pode passar as batatas" - ela ficava com as orelhas vermelhas, vermelhas. Mas isso era o normal. Harry já estava acostumado.

O resto do jantar transcorreu muito bem. Todos estavam mais do que satisfeitos quando a Sra. Weasley começou a tirar a mesa. Fred e Jorge convidaram Rony e Harry para jogar uma partida de snap explosivo. Eles acabaram jogando até depois da meia-noite. Só pararam porque a Sra. Weasley acabou mandando todos para a cama. Percy ainda não tinha chegado do Ministério. As coisas não deviam mesmo estar bem por lá.

Quando Harry colocou a cabeça no travesseiro, adormeceu quase que instantaneamente. Era muito bom estar no quarto todo decorado de laranja do Rony. Era muito bom estar num lugar onde ele era amado e querido. Era muito bom se sentir amado e querido. Se estivesse em Hogwarts, ele não poderia estar mais feliz.

Na manhã seguinte, Harry acordou para o que prometia ser um dia maravilhoso com o escarcéu de Pichinho na gaiola. Rony estava ao seu lado, esfregando os olhos.

- Desculpe - ele disse - Esse inútil me acorda assim todas as manhãs. Acho que ele deve ter sido um galo na última encarnação.

- Não tem problema. É sem dúvida melhor do que acordar com os gritos da Tia Petúnia - Os dois riram um pouco quando Harry começou a imitar a voz dela. Depois, a mãe de Rony apareceu mandando os dois irem escovar os dentes e trocarem de roupa. Na mesa do café, finalmente Harry encontrou Percy. Este o cumprimentou alegremente apesar da cara cansada. Os dois mal trocaram duas palavras, contudo, porque Percy tinha que ir trabalhar.

- Bom dia - disseram os gêmeos quando desceram - A gente 'tava esperando o Sr. Perfeição ir embora antes de descer.

 - Ele não pára de pegar no pé da gente...

- É, quer saber o que a gente vai fazer quando acabarmos a escola...

- Obviamente, ele não sabe...

- Não sabe o quê? - intrometeu-se Rony.

- Que você é o irmão mais burro do mundo - respondeu Fred.

- Que a gente vai se candidatar ao cargo de Ministro da Magia... - respondeu Jorge.

- A propósito, obrigada mais uma vez, Harry - disse Fred.

- Obrigada pelo quê? - perguntou Rony.

- Por nada - dessa vez foi Potter que respondeu. O outro ia retrucar alguma coisa, mas foi interrompido pelo "Bom dia" tímido da Gina que acabara de entrar na cozinha.

A menina se sentou entre os gêmeos e comeu em silêncio, desviando do olhar de Harry. Os irmãos já estavam tão acostumados com esse comportamento estranho da irmã que já nem falavam nada.

- E aí, que tal uma partidinha de quadribol depois do café?

- Demais! Vocês nem imaginam como eu estou com saudades da minha firebolt!

- A gente pode se revesar! Vai ser super legal! - disse Rony animado.

- Claro! - responderam os outros quase que ao mesmo tempo.

- Harry, querido - a Sra. Weasley chamou do quintal -, a sua coruja está aqui.

- Nossa! A Mione foi rápida dessa vez - comentou ele enquanto se levantava para pegar a carta. Dois minutos depois e estava de volta, abrindo o envelope.

- Ué! Cadê todo mundo? - perguntou ao ver que só Rony continuava na cozinha.

- Fred e Jorge já foram na frente se aquecer e Gina voltou para o quarto. E aí, o que a Mione diz?

- Bom, vejamos... ela diz:

"Caro Harry,

você já deve estar na casa do Rony agora. Eu recebi a coruja dele e a sua no mesmo dia. Acho muito bom que Dumbledore tenha deixado você ir para aí tão cedo. Você deve estar muito feliz.

Diga ao Rony para agradecer aos pais dele por me convidarem para ir ficar com vocês. Eu não vou poder ir agora, porque meus pais e eu estamos indo para a Bulgária. Vítor me convidou para visitá-lo (lembra-se?), e como meus pais não queriam que eu fosse sozinha, vamos nós três. Mas não se preocupe. Vou estar de volta para a sua festa de aniversário e depois disso, vou poder ficar aí com vocês até o início das aulas. Não é maravilhoso?

Tenho que ir agora. Ainda não terminei de arrumar minha mala. Agente se vê!

                                                           Beijos,

                                                                 Mione."

- Ela vai para onde? - perguntou Rony, ficando vermelho.

- Para a Bulgária - respondeu o outro um tanto quanto temeroso.

- Ah! Vai visitar o Krum, né?

- É, parece que sim... Então, vamos pegar a minha firebolt?...

- Vai na frente. Eu já estou indo.

- Okay - respondeu Harry - Você está bem, Rony?

- Eu? Claro! Não se preocupe! Já estou indo.

Harry saiu da sala indeciso. Ele não sabia se eram os dedos da mão de Rony tão fechados que, se ele tivesse unhas compridas, provavelmente estaria com as mãos todas machucadas agora ou se foi o "Traidora!" que ele pensou ouvir enquanto saía da casa, mas de alguma forma, não achava que o amigo estivesse bem. Novamente, entretanto, resolveu  não falar nada. Estava feliz demais na Toca para arranjar confusão com seu melhor amigo.

Subiu as escadas, pegou a firebolt no malão e, na volta, chamou Rony, que o seguiu ainda com uma cara nada boa. Harry continuava preocupado com ele quando subiu na vassoura para voar, mas, quando começou a sentir o vento batendo no seu rosto, esqueceu de todo o resto. Ali, no ar, ele estava mais em casa do que nunca. Ali era o seu habitat natural.

Pelo resto da manhã, os quatro se revezaram na vassoura, jogaram, brincaram, riram. Até mesmo Rony parecia melhor. Quando a Sra. Weasley os chamou para o almoço, eles foram meio relutantes e combinaram de continuar à tarde. Todos estavam felizes e a vida na Toca era tranqüila - exceto pelas eventuais travessuras dos gêmeos - e agradável.

Harry estava bem. Os Weasley estavam bem. E, do lado de fora da casa, um sol forte e cristalino brilhava fazendo tudo parecer mais fácil. Fazendo todos os problemas parecerem insignificantes. Enfim, fazendo a vida parecer maravilhosa!