Título: Harry Potter e o Sonho de Merlim

Autora: Flora Fairfield

E-mail: florafairfield@yahoo.com

Disclaimer: Eles não são meus de forma alguma. São da J.K. Rowling. Eu apenas os peguei emprestados um pouquinho para me divertir. Prometo devolvê-los intactos (na medida do possível...).

N/A: É, finalmente Harry ganha uma festa de aniversário... Já não era sem tempo, não? Bom, eu sei que até agora está faltando um pequeno detalhe nessa fic: uma trama... enfim, sejam pacientes que eu prometo que a gente chega lá...

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Capítulo 4: Festa de Aniversário

Normalmente, as férias de verão nos Dursley costumavam se arrastar tediosas, monótonas, aborrecidas. Na Toca, entretanto, o tempo passava tão rápido que mal era possível contar os dias. Se estivesse com os tios, Harry sem dúvida seria grato por isso, mas, estando com os Weasley, ele só podia lamentar. Passara as duas últimas semanas jogando snap explosivo, quadribol e xadrez de bruxo, comendo mais do que já tinha comido em toda a sua vida e conversando com Fred, Jorge, Rony e Gina. A menina até que já estava melhor agora. Não ficava mais tão envergonhada.

Percy mal ficava em casa. Nem mesmo para se gabar. Parecia sempre extremamente cansado. O Sr. Weasley, por sua vez, chegava em cada todo dia com uma expressão séria, preocupada. Harry tentava não prestar atenção nisso. Não queria que nada estragasse as férias maravilhosas que estava tendo.

Pouco depois que ele chegou na Toca, a Sra. Weasley mencionou o assunto da festa de aniversário. Ela não acreditava que o menino nunca havia tido uma na vida. Por isso, naquele ano, já que ele estava na Toca, ela planejava uma pequena comemoração. A data não poderia passar em branco. Eles compraram balões de encher que o Sr. Weasley enfeitou para mudarem de cor e se moverem sozinhos pela casa, chapéus que gritavam "Feliz Aniversário" quando menos se esperava, compraram doces e a Sra. Weasley fez um grande bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro que deixou Harry com água na boca.

Assim, quando acordou no dia 31 de julho, o dia do seu décimo quinto aniversário, Harry Potter estava feliz. Ele abriu os olhos e procurou Rony no quarto. A cama do amigo estava vazia, mas uma coruja observava Harry do peitoral da janela com olhos indagadores. Supondo que estivesse recebendo algum cartão de aniversário, ele se levantou, pôs os olhos e foi até o animal. Realmente, a carta era para ele. A coruja, uma vez feita a entrega, saiu voando rápido pelo céu.

- Ah! Você recebeu um cartão de aniversário! - exclamou Rony entrando no quarto já vestido - A propósito, parabéns!

- Obrigada - respondeu o outro, sorrindo - É da Mione.

- Ah! A Sra. Krum mandou lembranças? - perguntou Rony num tom de voz mordaz. Por duas semanas inteiras, ele ficara sem falar o nome da Mione. Sempre que Harry falava sobre ela, o amigo resmungava e mudava de assunto - Então, o que ela quer? Resolver ficar na Bulgária de vez ou ainda se lembra dos amigos?

- Ela diz: - falou Harry, ignorando os comentários maldosos - "Parabéns, Harry! Feliz aniversário! Estou morrendo de saudades! Chego hoje à tarde e trago uma surpresa. A gente se vê. Felicidades! Beijo, Mione."

- É. Pelo menos de você ela se lembrou - e, sem dar tempo para Harry responder - Vamos. Mamãe quer que a gente tome café logo para ela ficar com a cozinha livre.

Depois de comerem e serem expulsos da cozinha, Harry e os quatro Weasley - dessa vez até Gina se juntou ao grupo - foram jogar um pouco de quadribol. Voltaram na hora do almoço e tiveram que comer espalhados pela sala - a cozinha ainda estava interditada. O Sr. Weasley chegou logo depois e eles começaram a decorar a casa, dispondo os balões pelo teto e trazendo os chapéus, mais os pratos, copos e talheres da cozinha - que estava com um cheiro maravilhoso - e escolhendo músicas para o microfone mágico - que era como Harry chamava o aparelho que cantava música sozinho (era só dizer escolher quais) e ainda animava a festa com comentários espirituosos - tocar. Tudo estava extremamente colorido e Potter não cabia em si de felicidade.

Por volta das três da tarde, eles começaram a se arrumar. Levou uma eternidade para que todos estivessem de banho tomado, vestidos e perfumados. Gina em particular levou duas eternidades... Quando Jorge olhou pela janela e disse que um carro estava chegando - já deviam ser umas seis horas - Harry soube quem era. Só uma pessoa chegaria na Toca num carro completamente trouxa, dirigido por seus pais.

- Mione! - exclamaram Rony e Harry quando a viram. A menina estava toda arrumada, com um vestidinho preto elegante e os cabelos surpreendentemente lisos. Ela veio em direção a eles com um sorriso no rosto e um embrulho nas mãos. Os meninos também sorriram ao vê-la. Ela os abraçou - os dois ao mesmo tempo - e depois deu um beijo na bochecha de Harry enquanto lhe desejava feliz aniversário e lhe entregava o presente.

- Olhem só quem eu trouxe comigo! - ela exclamou. Foi então que eles perceberam o garoto que vinha logo atrás dela.

- Krum! - falaram Fred e Jorge juntos.

- Uau, Mione! - disse Gina.

Vítor se aproximou e cumprimentou todos. Os pais de Hermione vieram desejar os parabéns a Harry e se despedir. Apesar da insistência dos Weasley, eles não poderiam ficar.

- Vamos, crianças, vamos entrando - disse a Sra. Weasley enquanto o Dr. Weasley fazia o malão de Mione levitar até o quarto de Gina.

Aos poucos, mais gente foi chegando. Neville veio com a sua avó. Eles chegaram pela lareira e, para Harry, foi uma felicidade rever tantos amigos. Dino, Simas e Lino Jordan - o amigo dos gêmeos - também vieram. Até mesmo Olívio Wood apareceu. Olívio, que estava agora jogando quadribol profissionalmente, ficou o tempo inteiro brincando com o Harry, dizendo que com certeza ele seria o novo capitão do time de quadribol da Grifinória e que tinha que ganhar novamente a taça esse ano. Potter não tinha certeza se acreditava nisso, mas como seria bom se fosse verdade!... Até mesmo Percy saiu mais cedo do trabalho e ficou atazanando todo mundo na festa, se gabando da importância do seu cargo, das perspectivas do seu futuro, enfim, era o bom e velho Percy de sempre. Felizmente, sua namorada, Penélope Clearwater, chegou logo e fez ele calar a boca... Gui e Carlinhos quiseram vir também, mas não puderam por causa dos respectivos empregos.

A comida da Sra. Weasley estava maravilhosa como sempre e todos estavam se divertindo, dançando, jogando snap explosivo ou simplesmente conversando. Gina ficou um bom tempo falando com Neville. Harry não sabia que os dois eram tão amigos. Os gêmeos, por sua vez, colocaram um pouco de creme de canário nos doces da sua mãe e logo estavam levando todos à loucura. O primeiro a ficar com penas foi Krum. Todos riram e ele acabou levando na brincadeira. Harry não pôde deixar de notar que foi a única hora da festa em que Rony realmente pareceu se divertir. O amigo estava quieto e carrancudo. Tinha ficado assim desde que vira Krum chegando. Parecia que, para ele, a noite tinha terminado ali.

Ignorando completamente o comportamento de Rony, Vítor passou a festa inteira atrás da Mione. Tudo bem que ela parecia muito mais interessada em conversar com os amigos da Grifinória do que com ele, mas Krum aparentemente não ligava. Continuou atrás dela do mesmo jeito.

Por volta da meia-noite, a Sra. Weasley fez o bolo de chocolate levitar até a sala e eles cantaram parabéns. Nunca na sua vida Harry estivera tão feliz. Tinha quinze anos e estava comemorando cercado pelos amigos e pessoas que ele mais amava no mundo.

- Só está faltando o Sirius - pensou. Mas logo afastou esse pensamento de sua mente. Não era hora de tristeza.

Depois que eles cortaram o bolo, todos sentaram pela sala para conversar. Krum teve que ir embora cedo. Só esperou pelos parabéns e foi logo se metendo na lareira - não sem antes se despedir de todo mundo e dar um beijo no rosto de Mione. Harry pensou que, uma vez que Vítor tivesse ido embora, Rony ficaria melhor. Mas não foi isso que aconteceu. Pelo contrário. Enquanto todos conversavam alegremente, Rony continuou rabugento. Os gêmeos pegaram tanto no pé dele por causa do mau humor despropositado que ele acabou se irritando ainda mais - se é que isso é possível - e subiu para o seu quarto.

Não demorou muito e os outros também começaram a ir embora. Harry não queria que isso acontecesse. Ele queria que aquele dia durasse para sempre, mas infelizmente o tempo parecia voar. Que coisa chata é o tempo! Quando nós queremos que ele passe rápido, ele demora e quando queremos que ele demore, ele voa!

Quando todos os convidados já tinham ido e estavam apenas Harry, Hermione e os Weasley na sala, cansados demais para falar, a Sra. Weasley veio da cozinha, dizendo a Harry que havia uma coruja para ele no quintal.

- Alguém viu o Rony? - ela perguntou também.

- Eu acho que ele subiu. Eu vou chamá-lo para a senhora - Harry ouviu Mione oferecer antes de entrar na cozinha.

Pela janela, viu que a coruja que o aguardava era a mesma imponente coruja castanha que Dumbledore usara para lhe mandar a carta duas semanas antes. Dessa vez, entretanto, além de uma carta, a coruja carregava um pequeno embrulho.

O menino abriu primeiro o envelope. Dentro havia um pedaço de pergaminho e outro envelope.

"Caro Harry" dizia o pergaminho "Meus cumprimentos pelo seu aniversário. Em anexo, vai uma carta de seu padrinho. Atenciosamente, Alvo Dumbledore."

Harry mal pôde acreditar! Sabia que Sirius não tinha esquecido, mas achou que ele não poderia escrever por causa do perigo em que estava. Deveria ter imaginado que o padrinho daria um jeito. Isso era exatamente o que faltava para fazer do seu dia um dia perfeito! Ele abriu o envelope com avidez e começou a ler a carta:

"Querido Harry,

sinto muito não ter podido escrever muito para você neste verão. Sei que isso é injusto porque eu posso conseguir notícias suas através de Dumbledore, mas você não tem como saber como eu estou, mas é necessário. Você não deve se preocupar comigo. Eu estou bem. Estou a salvo e o Ministério não vai me encontrar. Fique tranqüilo em relação a isso.

Bom, como é seu aniversário hoje, eu não poderia deixar de te mandar um presente. Abra o embrulho. É algo que foi de seu pai. Ele está enfeitiçado, mas acho melhor deixar você descobrir o feitiço sozinho. Conhecendo você e seus amigos, sei que provavelmente não vai demorar muito.

Harry, tome cuidado. Sei que você já deve estar cansado de ouvir isso de todo mundo o tempo todo, mas há muitas coisas acontecendo, coisas das quais você não tem idéia... Não se preocupe demais. Apenas se preocupe o suficiente para tomar cuidado, ok?

Aproveite bem as férias!

Feliz Aniversário!

                                                                      Seu padrinho,

                                                                            Sirius."

Harry releu a carta três vezes antes de colocá-la de volta no envelope. Ele queria tanto poder escrever de volta para Black! Queria poder dizer para ele não se preocupar, que tudo estava bem, que todo o cuidado necessário seria tomado... mas infelizmente não era possível. Harry estava mais do que feliz em pelo menos receber o cartão.

Finalmente, voltou sua atenção para o embrulho, Era pequeno e Harry não teve dificuldades em desamarrá-lo. Quando viu o que era não pôde deixar de ficar um pouco surpreso. Sirius havia lhe mandado um chaveiro. Não um chaveiro comum, é claro, mas um chaveiro enfeitiçado. Harry olhou para o chaveiro de prata, com um leão dourado em relevo no meio e a palavra GRIFINÓRIA em vermelho embaixo e tentou imaginar qual seria o feitiço. Sacudiu um pouco o presente no ar e falou uma ou outra palavra que talvez pudesse produzir algum efeito, mas não conseguiu nada. Lembrou-se então, é claro, de ir procurar Hermione. Ela com certeza saberia o que fazer. Harry voltou, então para a casa e, vendo que ela não tinha voltado para a sala, onde Jorge, Fred e Gina permaneciam quase que adormecidos nos sofás, começou a subir as escadas.

O que ouviu quando chegou perto da porta fechada do quarto de Rony não foi completamente inesperado. Ela sabia que ia acontecer cedo ou tarde pelo jeito que os dois amigos andavam impossíveis ultimamente.

- Você não tem nenhum respeito pelo Harry!!! - ouviu a voz de Rony gritando lá de dentro. Respirou fundo e abriu a porta, entrando a tempo de ouvir a resposta indignada de Mione.

- Eu não estou ouvindo o Harry reclamar!

- Só porque ele é educado demais - os dois continuavam como se Harry não estivesse presente - Você é que não tem educação.

- Como você se atreve?!

- É mesmo! Onde já se viu! Trazer aquele... aquele sujeitinho sem ser convidado para a festa! Seus pais não te ensinaram nada não, é?

- Rony! Você é a pessoa mais injusta que eu conheço! Não é porque você está com ciúmes que você tem o direito de ser tão irracional!

- Ciúmes??? Eu? De você? Fala sério, Mione! Eu só estou falando isso por causa do Harry. É com ele que eu me importo - berrou Rony - O dia que eu sentir ciúmes de você, eu vou ter que ser internado! Vou estar com alguma loucura incurável! Ninguém sente ciúmes de  você! Ninguém!!!

Até mesmo Harry, que não era especialista em garotas, sabia que dessa vez o amigo tinha ido longe demais.

- Está bem - respondeu Mione com os olhos cheios de lágrimas - Se é assim que você pensa... - e virou-se para sair do quarto.

- O quê???? - disse Rony para Harry quando eles ficaram sozinhos - Não me olha com essa cara - e após uma pausa - Vai! Vai atrás dela! É o que você quer, não é?

Sem responder, Harry também saiu do quarto e foi realmente atrás de Mione. Encontrou-a já à porta do quarto de Gina.

- Desculpe, Harry, desculpe - disse ela entre soluços - Eu nunca tive a intenção de estragar sua festa...

- Mas você não estragou nada... - a menina, contudo, já tinha batido a porta do quarto e, com seus soluços altos, provavelmente não conseguiu ouvir a resposta.

Harry voltou, então, para o quarto de Rony. Seu amigo continuava furioso.

- O quê??? - ele disse novamente - Já falei para você não me olhar com essa cara!

- Rony, você não deveria ter falado com ela daquele jeito - disse o outro calmamente.

- Isso! Vai! Defende ela, defende!!!

- Não! Eu não vou defender ninguém! - replicou Harry se irritando um pouco - Nem você, nem ela. E quer saber de uma coisa? Não vou mesmo me meter nessa história. Você e a Hermione que se entendam.

-Eu? Me entender com aquela... aquela...

- Rony!

- Com a Mione? Sem chances! - falou virando-se e batendo a porta do quarto com força.

Harry ficou sozinho, parado ao lado da cama. Deu um longo suspiro e pegou o chaveiro no bolso. Perguntaria para a Hermione sobre o feitiço outra hora. De qualquer jeito, com ou sem briga entre seus dois melhores amigos, ele não pôde deixar de concluir que o dia havia sido um dos melhores da sua vida. Afinal de contas, ele tinha jogado quadribol, comemorado seu aniversário, recebido um presente do seu padrinho que pertencera ao seu pai e... bom... quanto ao Rony e à Mione... eventualmente eles iam acabar descobrindo porque brigavam tanto...