Autora: Flora Fairfield
E-mail: florafairfield@yahoo.com
Disclaimer: Eles não são meus. Como se vocês já não soubessem!...
* * *
Capítulo 5: 'Mas que droga!'O dia seguinte não começou, na opinião de Harry, com o pé direito. Logo cedo, Rony o acordou com uma cara péssima. O amigo não parecia ter dormido muito e continuava mau-humorado. Procurando não tocar no assunto da discussão da noite anterior, eles desceram para o café. Fred e Jorge já estavam à mesa, bem dispostos como sempre e a Sra. Weasley estava sentada com eles, conversando sobre a festa ¾ todos tinham se divertido tanto que ela nem mesmo puxou as orelhas dos dois por causa do creme de canário.
- Bom dia! - eles disseram quando viram Rony e Harry entrando.
- E aí, Roniquinho, está mais calminho hoje, está? - perguntou Fred maldosamente.
- É, o que deu em você ontem à noite, hein, pestinha? - perguntou também Jorge.
- Nada - respondeu Rony secamente, lançando aos gêmeos um olhar mortal.
- Ai! 'Tô morrendo de medo dela! - exclamou Fred.
- Aconteceu alguma coisa que eu não sei, meninos? - perguntou a Sra. Weasley enquanto entregava a Harry uma grande caneca de leite com chocolate.
- Não! - disse Rony.
- É, mãe - completou Jorge - o Rony só ficou de cara emburrada a festa inteira. Nada anormal.
- Meninos, meninos... - começou ela em tom de censura, mas antes que pudesse completar a frase, Gina entrou na cozinha. Ela também não estava com uma cara muito boa. Harry não sabia por que, já que a garota não tinha presenciado a briga nem nada, mas, quando ela lançou um olhar de ódio para Rony, ele entendeu. Com certeza, Mione tinha contado para ela. Provavelmente as duas ficaram remoendo a história a noite inteira. "Se bem que" pensou Harry "às vezes Mione não tinha nem a intenção de contar, mas do jeito que ela estava, seria meio difícil esconder as lágrimas..."
- Mãe - disse Gina antes mesmo de dar bom dia para todo mundo - a Mione não está se sentindo muito bem. Eu acho que ela não vai descer para tomar café.
Harry teve a nítida impressão de ter sentido Rony estremecer ao seu lado quando ouviu isso, mas não... devia ser só imaginação dele...
- Mas o que ela tem, querida?
- Não sei. Acho melhor a senhora ir perguntar a ela - respondeu Gina lançando outro olhar fuzilante para Rony, que abaixou a cabeça.
- Sim, diga a ela que eu já estou indo.
- 'Tá, mamãe.
- Meninos - disse a Sra. Weasley, se voltando para os quatro depois que Gina saiu - terminem seu café. Se vocês quiserem, podem ir jogar quadribol logo depois. Não precisam se preocupar com a louça, ok? - e ela também saiu da cozinha em direção às escadas.
- 'Tá bom! Desembuchem! - falou Fred.
- Isso mesmo... podem ir falando - completou Jorge.
- Desembuchar o quê? - perguntou Rony se fazendo de desentendido.
- Não adianta nem vir com essa cara de santinho...
- Acha que a gente não percebeu como a Gina estava olhando pra vocês...
- Não, peraí, Jorge... ela não estava olhando feio para o Harry...
- ...só para o Rony!
- Isso mesmo! Anda, Rony, o que você tem a ver com esse mal-estar da Hermione, hein, maninho?
- Nada!
- Nada, é?
- Nada! - repetiu ele com raiva - E se vocês não acreditam, então vocês podem ir t... - e Rony disse algo que faria sua mãe ficar de cabelos em pé... - entenderam, bem?
- 'Tá nervosinho, é?
- Acho que a gente está pisando nos calos dele, hein, Jorge...
- Isso mesmo, Fred!
- Calem a boca!
- Vamos embora, Fred.
- É, vamos! O Roniquinho está muito nervosinho hoje... - respondeu Fred já se levantando.
- Vê se toma um banho frio pra acalmar, tá, Rony - gritou ainda Jorge do quintal, antes que os gêmeos sumissem de vista.
Apenas Harry e Rony ficaram sentados, em silêncio. Harry mal tinha dito duas palavras à mesa - se chegou a tanto - e estava com medo de falar alguma coisa agora que os dois estavam sozinhos. Olhou para o amigo. Ele continuava com raiva. Continuava com a mesma expressão implacável. Deus! Como Rony era teimoso! Harry sabia que não era o melhor momento para falar isso, mas uma voz dentro da sua cabeça estava dizendo - ou melhor, gritando - que ele não podia ficar quieto.
- Rony... - disse finalmente.
- Que é??
- Eu realmente acho que você deveria pedir desculpas a Mione...
- Você disse que não ia tomar partidos!
- E eu não estou tomando, é só que eu acho que você foi longe demais...
- Ah, cala a boca, Harry! Você não sabe de nada!
- Rony!
- Ah, 'tá bom. Desculpa. Eu não devia ter falado com você assim.
- Viu? Você pediu desculpas pra mim, por que não pode subir e pedir pra Mione?
- Por que é diferente!
- Diferente como?
- Diferente, Harry, diferente!
- Mas...
- Desiste! Eu não vou pedir desculpas a Mione, entendeu?!
- Claro. Tudo bem. Como você quiser. - respondeu Harry a contragosto - Agora, eu vou dar uma subidinha pra ver como ela está, certo?
- Vai com Deus...
Harry ainda parou na porta e se virou para ver se o amigo tinha mudado de idéia sobre as desculpas... mas não. Ele continuava irredutível. "Cabeça-dura" pensou enquanto subia as escadas. "Eu definitivamente não vou conseguir agüentar esses dois brigando por mais muito tempo não... Ah, mas não vou mesmo..."
Para o desespero de Harry, entretanto, Rony e Mione não fizeram as pazes rapidamente. Pelo contrário. Os dois não discutiram mais, é verdade, e isso seria realmente muito bom, não fosse por um pequeno detalhe: eles também pararam de se falar.
Por duas semanas, Mione andou pela casa como um fantasma. Ela estava pálida e a Sra. Weasley quase teve que chamar seus pais. Ela tinha se convencido de que a menina estava doente. Mas a própria Mione, que preferiria morrer a causar tamanha preocupação para alguém, acabou tirando essa idéia da cabeça dela. A menina só melhorava um pouco quando recebia corujas do Krum. Os gêmeos não paravam de pegar no pé dela por causa disso. Não é nem necessário dizer que, sempre que uma dessas cartas chegava, Rony ficava ainda mais irritado. Harry achava que, se dependesse do amigo, todas as corujas do mundo estariam mortas e enterradas. Fred e Jorge, percebendo a irritação crescente do irmão, faziam questão de perturbá-lo ainda mais, independentemente de quantas respostas mal criadas ele fosse capaz de dar. Mione, por sua vez, não se cansava de ficar repetindo que ela e Krum eram apenas amigos.
No meio tempo, Harry era obrigado a ficar entre os dois amigos, indo de um lado para o outro, tentando fazê-los agir de forma mais racional. Obviamente, isso não funcionou. Mione dizia que voltaria a falar com Rony somente se ele pedisse desculpas - e Harry não podia negar que a apoiava um pouco nessa decisão, apesar de não manifestar esse apoio - e Rony simplesmente dizia que não ia de jeito nenhum pedir desculpas "à Sra. Krum". Ela que fosse reclamar "com o seu noivinho" e, se ele fosse homem suficiente, ele podia vir e obrigá-lo a se desculpar.
No fim, Harry acabou desistindo dos dois e começou a passar mais tempo com os gêmeos. Era divertido ficar com eles enquanto Fred e Jorge estavam bolando mil e uma idéias para a loja que queriam abrir. Como Harry era o maior investidor, eles deixavam o garoto participar das discussões e dar sugestões - desde que ele jurasse não contar nada para ninguém depois, óbvio. Hermione e Gina, por sua vez, estavam inseparáveis. Gina ainda olhava torto para o irmão e foi só por um milagre que a Sra. Weasley não percebeu nada. Harry achava que, se descobrisse, ela também ia acabar olhando torto para o filho... Enquanto isso, Rony ficava a maior parte do tempo sozinho. Ele não parecia se importar muito. Tinha mais liberdade para ficar com raiva em paz. Sempre que olhava para ele, contudo, Harry pensava em como todos poderiam estar se divertindo muito mais, em como as férias poderiam estar sendo maravilhosas se apenas seus amigos não fossem tão teimosos. Nem mesmo sobre a carta e o presente de Sirius ele conseguiu falar com os dois. Andava com o chaveiro no bolso de um lado para o outro, sem ter conseguido descobrir nada, mas achava que só iria mesmo conseguir contar para eles quando eles resolvessem crescer e parar com essas infantilidades.
Harry estava com a mente tão ocupada pela briga dos amigos que nem reparou no tempo passando. Duas semanas após o seu aniversário, ele se levantou de manhã um pouco desanimado e desceu as escadas com Rony para o café. O Sr. Weasley ainda não tinha saído de casa e a Sra. Weasley estava toda arrumada ao lado dele, ambos com uma expressão séria e preocupada, tomando café. Os outros também já tinham se levantado e estavam à mesa.
- A senhora vai sair, mãe? - perguntou Rony ainda sonolento.
- Querido, vou. Eu não acredito que você tenha esquecido que dia é hoje.
- Que dia é hoje? - perguntou Harry também sem entender.
- É o dia do depoimento de Dumbledore no Ministério - respondeu o Sr. Weasley - Mas venham, meninos, não há motivo para se preocupar. Sentem-se e comam.
Durante o café, um silêncio estranho reinou à mesa. Todos sabiam que, ao contrário do que o Sr. Weasley dissera, havia, sim, muitos motivos para preocupação. Mesmo os gêmeos, sempre alegres e falantes, não abriram a boca exceto para mastigar. Harry olhava para a comida sem apetite. Ele não acreditava que tinha esquecido. Um acontecimento tão importante quanto esse e ele se importando com besteiras...
Antes que pudesse perceber, a Sra. Weasley já estava de pé, tirando a mesa, enquanto dava recomendações sobre como eles deviam se comportar na ausência dela.
- Eu posso ter que ficar fora o dia inteiro - ela dizia - Ninguém sabe quando esse tipo de coisa vai terminar, então estou deixando o almoço pronto, caso vocês sintam fome. Bem, comportem-se, sim? - e logo ela e o Sr. Weasley desaparataram da cozinha.
O silêncio continuou por algum tempo. Os seis ainda estavam sentados na cozinha, quietos. Finalmente, Fred olhou para eles e disse sem ânimo algum:
- E aí, alguém quer jogar uma partida de snap explosivo? - a única resposta que ele recebeu foram cinco pares de olhares mortais em sua direção - É, foi o que eu pensei.
- Não é hora para brincadeiras, Fred - disse Rony.
- Eu sei que não, é só que não vai adiantar nada nós ficarmos aqui, sentados o dia inteiro...
- E o que você sugere, Sr. Animação? - Fred ficou calado, mas foi Mione quem respondeu:
- O sofá é mais confortável.
Rony olhou para ela de um jeito esquisito, mas acabou se levantando primeiro que todo mundo e indo para a sala. Jorge e Fred não foram.
- A gente não vai agüentar ficar dentro de casa com vocês e essas caras de enterro.
- Posso ir com vocês dois? - perguntou Gina.
- Pode - Fred respondeu e os três saíram para o quintal.
Na sala, Harry sentou-se entre Mione e Rony e encostou a cabeça no sofá. De todos, ele provavelmente era o mais preocupado.
- Harry, vai ficar tudo bem... - começou Mione com pouca convicção - você sabe como o Dumbledore é respeitado... ninguém vai tirar ele de Hogwarts...
- Nem em um milhão de anos - completou Rony.
- Vocês não entendem - começou ele, mas parou antes de terminar. Estava grato que os amigos estivessem ao seu lado, que, diante de um problema maior, ambos tivessem ficado preocupados demais com ele para se lembrar de discutir, mas mesmo assim não havia nada que eles pudessem dizer para fazê-lo se sentir melhor, nada capaz de fazer o frio que ele estava sentindo na barriga ir embora. Rony e Mione não tinham encontrado Voldemort cara-a-cara, não sabiam realmente o quão longe ele estava disposto a ir. Harry não pôde evitar de sentir como se o último mês que ele passou na tranqüilidade da casa dos Weasley tivesse sido uma mentira porque, enquanto ele estava ali, se divertindo, Voldemort estava lá fora, conseguindo mais aliados.
- Me prometem uma coisa, vocês dois? - ele perguntou, finalmente, revezando o olhar entre Rony e Mione, que acenaram timidamente com a cabeça - Eu não vou pedir para vocês nunca mais brigarem, sei que seria pedir demais, mas será que dá pra você dois, mesmo quando brigarem, não pararem de se falar? Com tudo o que está acontecendo, eu não sei se vou agüentar ter que me preocupar com isso também.
Rony e Mione ainda hesitaram um pouco, mas não tinham como dizer não a um pedido desses, especialmente não na hora em que o pedido foi feito.
- Eu prometo - respondeu Mione finalmente.
- Eu também - disse Rony.
Harry respirou aliviado. Era bom ter os amigos de volta.
- Agora - começou ele - tem uma coisa que eu não contei pra vocês... - e ele tirou do bolso o chaveiro e falou para os amigos sobre a carta de Sirius. Tinha imaginado que Hermione iria ficar logo interessada em descobrir o qual era o tal feitiço e sugeriria mil livros que poderiam ajudar, mas não foi isso que aconteceu.
- Harry, o que você acha que o Sirius quis dizer quando falou que há muitas coisas que você não sabe acontecendo? - ela perguntou.
- Eu não sei, Mione - ele deu os ombros.
- Às vezes - disse Rony - ele estava se referindo às perseguições do Fudge no Ministério...
- Que perseguições? - perguntaram os outros dois.
- Harry, eu já te contei! O Fudge vai atrás de qualquer pessoa que diga que o Você-Sabe-Quem voltou...
- É mesmo - lembrou-se o amigo - Será que eles estão escondendo alguma coisa da gente?
- Provavelmente - respondeu Mione.
- Mas isso seria tolice! - exclamou Rony indignado - Como se a gente já não tivesse enfrentado muito mais do que todos os garotos da nossa idade...
- Não é a mesma coisa, Rony! Dessa vez, é pra valer!
- Então quer dizer que não era pra valer quando você foi transformada em pedra, Hermione?
- Não, Rony, a Mione tem razão - interrompeu Harry antes que os dois inventassem mais algum motivo para brigar - Dessa vez, é sério mesmo. E eles não devem estar querendo que a gente se meta em confusão.
- Isso é besteira. A gente sempre acaba se metendo assim mesmo...
- Rony! - exclamou Hermione horrorizada. E, voltando-se para Harry também - Vocês não estão planejando fazer nada estúpido dessa vez, não, estão?
- Não, Mione. Eu, pelo menos, posso te prometer que tenho toda a intenção do mundo de tomar cuidado - afirmou Harry.
- É, mas e se a confusão vier atrás da gente assim mesmo? - perguntou Rony.
- Então, a gente fala com o Dumbledore ou com o Sirius ou com seus pais ou com quem quer que seja, mas nós não vamos fazer nada estúpido esse ano, certo? - disse Hermione.
Harry e Rony se entreolharam descrentes.
- Por favor... - pediu ela.
- 'Tá bom, Mione. A gente promete que vai tentar, certo, Rony?
- Certo - respondeu o outro com pouca convicção. Tinha muitas dúvidas sobre o que acabara de prometer, mas achou melhor não contrariar os amigos. De um jeito ou de outro, com ou sem promessa, ele sabia que, na hora H, nenhum dos dois hesitaria em agir.
O resto do dia transcorreu monotonamente. O tempo demorava uma eternidade para passar. Harry, Rony e Hermione ficaram na sala, sem quase sair. Nenhum deles sentiu fome. Nem mesmo Fred, Jorge e Gina quiseram comer quando chegou a hora do almoço. No início da tarde, os três voltaram para dentro e sentaram um pouco na sala com os outros, mas os gêmeos logo ficaram entediados e saíram novamente. Eles não conseguiam ficar muito tempo parados. Conforme as horas iam passando, todos ficavam mais impacientes, sem saber quando aquilo ia terminar. Por volta das cinco da tarde, Rony levantou-se e começou a andar de um lado para o outro. Isso quase levou Harry à loucura. Ele pediu, implorou para o amigo sentar e ficar quieto, mas Rony simplesmente não conseguiu mais ficar parado. Por fim, Harry resolveu sair para o quintal, respirar um pouco. Quando ele saiu, Rony deixou-se cair no sofá ao lado de Hermione com um suspiro.
- Deus! Ser criança é uma droga! - exclamou o garoto.
- Nem me fale - respondeu Mione.
Rony olhou para ela surpreso. De todos, Mione era a última pessoa que ele esperaria ouvir concordando com esse pensamento. No mínimo, a garota deveria ter dito que "isso não tem nada a ver" ou "nós temos uma hora para sermos crianças e uma para crescermos". Mas não.
- O quê? - perguntou ela diante dos olhos arregalados do outro - Eu não tenho o direito de reclamar também?
- Não falei nada - ele respondeu rapidamente.
O Sr. e a Sra. Weasley ainda demoraram mais três horas para chegar. Quando eles entraram na sala, tiveram seis pares de olhos indagadores e inquietos - os gêmeos e Harry tinham voltado assim que escurecera - grudados neles instantaneamente.
- Acalmem-se, meninos, acalmem-se - disse a Sra. Weasley com uma voz preocupada.
- Mas o que foi que eles disseram? - perguntou Harry ansioso.
- Querido, eles não tiraram Dumbledore da direção, mas foi por pouco.
Harry não pôde deixar de sentir como se um grande peso fosse tirado de seus ombros.
- Em compensação - completou o Sr. Weasley - eles vão mandar observadores para a escola.
Harry sentiu o peso voltar.
- Observadores? - perguntou.
- Sim. Durante o ano inteiro, vai haver pelo menos uma pessoa designada pela comissão na escola para supervisionar e avaliar a conduta pessoal de Dumbledore bem como sua maneira de dirigir Hogwarts.
- Mas que droga! - Mione exclamou - Isso é horrível.
O Sr. Weasley deixou-se cair no sofá desanimado.
- Vocês não têm idéia de como foi péssimo lá hoje, das coisas absurdas que eles disseram...
- Mas pelo menos - disse Jorge tentando animar a sala - eles não tiraram Dumbledore da direção de Hogwarts. Isso é bom, não é?
- Sinceramente, Jorge, eu não sei. Eles foram longe demais. E conseguiram assegurar a presença de alguém de confiança deles na escola o ano todo. Escutem bem, crianças, eu quero que vocês tomem muito cuidado depois que as aulas começarem. Não façam brincadeiras fora de hora e não se metam em confusões. O clima em Hogwarts não vai estar nada bom esse ano.
- Que saco! O Draco vai estar impossível - murmurou Rony.
- Não se meta com ele - disse firmemente o Sr. Weasley - Eu não quero saber de você brigando com o Draco, aceitando as provocações dele, entendeu, Rony? Como eu disse, as coisas não estão nada boas. Não é hora de nenhum de vocês agir como criança. Eu sei que vocês são jovens, mas vocês precisam entender a gravidade da situação. Nós estamos fazendo o melhor possível e vamos continuar, mas os problemas estão apenas começando. Vocês me ouviram bem?
- Claro que eles ouviram, Arthur. Agora, se você já terminou de assustar as crianças - disse a Sra. Weasley num tom de reprovação - eu vou servir o jantar, sim? Venham vocês, meninos.
Durante o jantar, não houve brincadeiras dos gêmeos, nem perguntas interessadas do Sr. Weasley sobre aparelhos trouxas, nem conversas animadas. Todos comeram porque estavam com fome, falaram o mínimo possível e, depois, se levantaram e foram deitar cedo. Demoraram, entretanto, para conseguir dormir.
Harry ficou deitado por horas, fitando o teto. Ele sabia que Rony também estava acordado, mas não tinha ânimo para conversar. Quando finalmente consegui adormecer, contudo, o sono veio agitado, confuso, perturbador. Aos poucos, Harry começou a ouvir uma voz vinda da escuridão ao seu redor. Era uma voz tenebrosa, conhecida, temida. Ela murmurava:
"Eles já terminaram, Rabicho?... Bom, muito bom...Novamente, teremos alguém em Hogwarts... Não, isso não será problema, Rabicho... Não se preocupe... agora eu tenho exatamente o que eu preciso... sim, porque ele... ele, Rabicho, está em Hogwarts..."
Devagar, uma imagem começou a se formar na mente de Harry. A imagem de dois homens. Harry não sabia onde eles estavam, mas sabia quem eles eram. Sabia bem demais. Conforme as pessoas iam ficando mais claras no sonho, suas fisionomias melhor definidas, ficava cada vez mais difícil para Harry ver o resto da cena. Antes que tudo se tornasse nítido, antes que ele pudesse sequer perceber, Harry estava gritando. Sua cabeça estava em chamas. Ele levou a mão à testa. Sua cicatriz estava queimando. Ele gritava cada vez mais alto.
- Harry! Harry! - ouviu uma voz ao longe - Acorde!!! - ele estava sendo sacudido. Mas estava tão difícil acordar... Era como se algo o estivesse mantendo preso...
- Harry! - ele ouviu novamente. E de novo. E de novo. Sentiu-se sacudir com mais violência. Finalmente, fazendo um grande esforço de concentração, ele conseguiu abrir os olhos. Sua cabeça latejava. Ele suava. Tremia. Os sete Weasley e Hermione estavam ao seu redor, encarando-o com olhos arregalados.
- A minha cicatriz... - ele murmurou por fim com uma voz hesitante - ela estava doendo... Ele... ele estava no meu sonho...
Um arrepio percorreu o quarto. Não era necessário dizer quem estava no sonho de Harry. Todos sabiam. Todos souberam no instante que ouviram o primeiro grito.
- Meu Deus - murmurou Hermione.
- Meu Deus - concordou Harry com um olhar desesperado.
Os outros ficaram calados, assustados demais para dizer qualquer coisa, preocupados demais para conseguir articular sequer uma frase. O silêncio era mortal.
* * *
N/A: Desculpem pelo final! Eu adoro deixar as coisas assim... afinal, eu sou uma fã de Arquivo-X, né?!
