Título da Fanfic: Harry Potter e O Sonho de Merlim

Autora: Flora Fairfield

E-mail: florafairfield@yahoo.com

Disclaimer: Eles são da Rowling. Eu só os peguei emprestados. Eu espero que ela não seja egoísta e não se importe de compartilhar seus brinquedos com nós, pobres mortais, né?!

Gênero: Drama, Aventura, Comédia, Romance... De tudo um pouco...

Sinopse: Harry Potter está no seu quinto ano em Hogwarts. Ele está crescendo, aprendendo, se divertindo e se preocupando. Lorde Voldemort está de volta. E agora? Qual será o novo plano dele para retomar o poder?... Um mundo cheio de aventuras e perigos aguarda nosso herói neste ano que se inicia!

N/A: Bom, finalmente, aí está o capítulo 8. Eu queria fazer um capítulo com mais suspense. O problema é que o Draco e a Hermione ficaram brigando o tempo inteiro na minha cabeça e não me deixaram pensar direito... eles não queriam sentir medo, eles queriam ficar discutindo!... aí, o capítulo acabou ficando engraçado, o que não é ruim, claro! Espero que agrade!

N/A 2 - a missão: Agradecimentos especiais para a minha beta-leitora e amiga Carla, companheira nas caças a fics (especialmente D/G) e na paixão por Harry Potter, Senhor dos Anéis e afins... brigadim, Carlinha!!!!!

*   *   * Capítulo 8: Mione & Draco

Hermione procurou avaliar rapidamente a situação. Eles estavam imobilizados no meio da Floresta Proibida, dentro da carruagem e alguém, que ela suspeitava ser o Rabicho, estava andando sobre o teto do compartimento. Com um estalo, ela sentiu o peso da pessoa que estava sobre eles se deslocar para o assento vazio do condutor. E, depois, com mais um estalo e um baque surdo, para o chão. Hermione sentiu seu coração disparar. Não iria demorar muito agora. Ao seu redor, os outros três estavam silenciosos, com os olhos arregalados como ela, os corações também disparados Eles se entreolharam assustados. O silêncio era palpável. Ela pôs a mão no bolso e retirou a varinha, se preparando. Se ela morresse, pelo menos ia lutar antes. Vendo isso, Crabbe, Goyle e Malfoy imitaram o gesto, também prontos. Por um instante, que pareceu levar uma eternidade, nada aconteceu. A floresta continuava a envolvê-los de forma silenciosa e o único som que se ouvia era o da respiração das quatro crianças dentro da carruagem. Imóveis, eles esperavam que algo acontecesse. Algo que quebrasse aquela atmosfera carregada de medo.

Um leve rangido fez todos pularem em seus lugares, procurando encostarem o máximo possível em seus assentos. A porta da carruagem estava se abrindo lentamente. Hermione apertou ainda mais a varinha em sua mão, sem saber o que viria pela porta. Seu rosto estava pálido e ela suava frio. Fitava a porta com os olhos bem abertos, sem piscar. Esperava vislumbrar o rosto do Rabicho apontando na abertura a qualquer momento, mas não foi isso que ela viu. Um segundo depois, a porta da carruagem estava escancarada, mas apenas o verde das árvores se insinuava na escuridão. A noite permanecia silenciosa, numa falsa aparência de tranqüilidade. Uma brisa fria penetrou na carruagem, fazendo os quatro tremerem ainda mais. Eles se entreolhavam, assustados, sem saber o que fazer. Esperavam que algo acontecesse, que alguém aparecesse, mas não havia nada. Apenas o silêncio.

Após alguns minutos de indecisão, Malfoy finalmente abriu a boca e disse, num sussurro:

- Crabbe, você está mais perto da porta. Você sai primeiro.

- Mas Draco... - começou o garoto tremendo.

- Agora! - exclamou Malfoy usando a voz mais autoritária que conseguiu diante das circunstâncias. Hermione sabia que aquilo não era uma boa idéia. Aquilo com certeza era uma armadilha. Crabbe não deveria sair sozinho. Ela não conseguiu, contudo, colocar em palavras os protestos que sua mente gritava. Antes que ela pudesse fazer qualquer coisa, o garoto já estava com a cabeça do lado de fora. Ele olhou para ambos os lados, suas mãos apoiadas na carruagem, tremendo. Com certeza, a expressão em seu rosto devia ser do mais puro medo. Ele colocou um pé para fora, no degrau, e em seguida o outro no chão. Por um segundo, ninguém se mexeu, esperando que de alguma forma, algo acontecesse. Nada, entretanto, aconteceu.

- Não tem ninguém aqui - disse Crabbe finalmente, se afastando um pouco da carruagem. Ao ouvir isso, Goyle se precipitou para fora também, rapidamente.

- Não pode ser - ele falou - Nós ouvimos o barulho. Tem que ter alguém aqui! - ele completou, olhando ao redor, curioso.

Dentro da carruagem, Hermione e Malfoy continuavam imóveis, se entreolhando. Mione podia ver nos olhos dele que ele sabia, da mesma forma que ela, que havia algo errado. Nenhum dos dois fez menção de sair da carruagem. Ao contrário, Hermione procurou involuntariamente se encostar o máximo possível no lado oposto da carruagem, perto da janela.

- Vocês dois não vão sair daí de dentro não? - perguntou Goyle.

- Num instante - respondeu Malfoy, desviando os olhos para a porta, como que considerando as opções - O que você acha, Granger? - ele perguntou um segundo depois, virando-se para ela de novo.

Hermione começou a balançar a cabeça e abriu a boca para responder, mas ela nunca chegou a começar a frase. Da janela aberta, uma mão apareceu, agarrando-a e cobrindo a sua boca antes que ela pudesse gritar de surpresa. A mão a puxou vigorosamente para trás, pela janela, para fora da carruagem. Draco deixou escapar uma pequena exclamação de espanto e, antes que pudesse fazer qualquer coisa, a garota já estava do lado de fora. Sem saber o que fazer, sem pensar corretamente, ele se precipitou pela porta, a tempo apenas de ver Crabbe e Goyle fugindo para a floresta. Ele ia fazer o mesmo. Estava pronto para começar a correr, quando sentiu alguma coisa fria como metal agarrando o seu braço. Ele se virou rapidamente e, por causa do movimento brusco, perdeu o equilíbrio e caiu, tropeçando numa raiz de árvore. Sua varinha escapou da sua mão e rolou uma pequena distância. Olhando para cima, indefeso, ele encarou uma figura vestida de preto, encapuzada. Um comensal da morte.

Quando Hermione sentiu a mão se fechando sobre sua boca, o seu coração disparou. Com a surpresa, ela quase deixou escapar a varinha. Quase. Ela sentiu-se ser puxada fortemente para o lado de fora. Suas costas arrastaram na parte de baixo da abertura da janela, sua cabeça bateu na parte de cima. Sua mão livre fechou-se sobre o braço do seu agressor, lutando para se soltar, enquanto a outra segurava a varinha o mais firme possível. Ela tentou se debater. Tentou escapar. Mas foi inútil. O homem que a estava puxando era obviamente muito mais forte do que ela e, em poucos segundos, ela estava do lado de fora.

Ainda se debatendo, ela sentiu seus pés tocarem no chão com violência. Uma das mãos do agressor ainda se encontrava sobre sua boca e Hermione lutava desesperadamente para respirar; a outra mão fechara-se sobre a sua cintura, segurando-a firmemente. "Pense!" sussurrou ela mentalmente para si mesma "Raciocine!". A única parte do seu corpo que permanecia relativamente livre eram as pernas. O homem começou a arrastá-la para trás, o que não era muito fácil com ela ainda se debatendo. Hermione podia sentir a respiração do agressor no seu pescoço. "Ele não é muito alto" pensou ela. "Ele não é muito alto!", Hermione repetiu mentalmente, uma idéia se formando em sua cabeça. Juntando todo o autocontrole que lhe restava antes que ele pudesse arrastá-la mais, Hermione dobrou seu joelho direito para trás com força, com toda a força que ela tinha, procurando lançar o seu pé o mais alto possível entre as pernas do agressor. Imediatamente, as mãos dele a soltaram, enquanto o homem caía no chão se contorcendo. Ela sabia que tinha atingido uma parte delicada da anatomia dele. Tremendo, Mione apontou sua varinha para o agressor e murmurou: "Estupefaça". O homem caído na sua frente, agora desmaiado, estava todo vestido de preto, usando uma máscara. Ele era um comensal da morte.

Sem pensar duas vezes, Mione virou-se para as árvores e começou a correr. Ela queria se afastar o máximo possível dali. Todo o seu corpo tremia. Ela estava aterrorizada. Só conseguia pensar em escapar, em fugir. Mal tinha dado cinco passos, contudo, e um grito a fez parar. Relutante, Hermione virou-se novamente em direção ao local onde estava a carruagem e apurou os ouvidos. Em resposta, contudo, ela só recebeu o silêncio.

Draco olhou para o alto sem saber o que fazer. O comensal da morte estava parado de pé, na sua frente. Uma das suas mãos não era humana. Draco só podia supor que fora com essa mão que o comensal segurara seu braço.

- Onde está o Potter? - perguntou ele, pegando o garoto completamente de surpresa.

- Como? - respondeu Malfoy, ainda pálido, com o coração acelerado e as mãos suando frio.

- Potter! Onde ele está? Ele deveria estar nessa carruagem! - disse novamente o comensal da morte, com impaciência.

- Ora, obviamente, houve algum engano - respondeu o garoto, recuperando um pouco da sua personalidade - Será que eu posso ir agora que você sabe que eu não sou quem você está procurando? - completou ele, fazendo menção de se levantar.

- Não se mexa! - ordenou o comensal, levantando sua varinha. Ele virou o rosto para a esquerda e só então Draco percebeu uma outra figura também encapuzada e vestida de preto. Os dois comensais da morte trocaram um olhar significativo. Mafoy sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ele sabia que boa coisa aquilo não poderia ser. Um instante depois e o outro comensal da morte virou-se em direção à floresta por onde Crabbe e Goyle tinham escapado e começou a caminhar. Por um segundo, contudo, quando ele estava se virando, seus olhos cruzaram com os de Draco. Foi por apenas um segundo e a escuridão era quase completa, mas foi suficiente. Draco reconheceria aqueles olhos cinzas em qualquer lugar do mundo.

- Bom, Sr. Malfoy - disse o comensal que possuía a mão de metal - é realmente uma pena que tudo tenha que acabar assim. O nosso mestre tinha grandes planos para você - e dito isso, ele apontou mais firmemente a varinha para o coração de Draco.

- SOCORRO!!!!! - o garoto gritou instintivamente, sem saber ao certo para quem. Não havia ninguém que pudesse ajudá-lo naquele momento.

- Quieto! - ordenou o comensal, seus olhos subitamente cheios de raiva. Draco sustentou esse olhar o máximo que pôde, também cheio de raiva e de rancor. Tudo ficou silencioso de repente. Nenhum som da floresta. Nenhum suspiro. Por fim, sem conseguir suportar mais, ele baixou os olhos. Tudo se tornou extremamente claro. Ele ia morrer.

- É realmente uma pena - murmurou de novo o comensal, mais para si mesmo do que qualquer outra coisa - Ava... - ele começou. Draco fechou os olhos - ... da... - Draco sabia o que viria em seguida.

- Estupefaça! - gritou uma voz inesperada vinda da direita antes que a maldição pudesse ser concluída. Sem entender direito o que havia acontecido, o garoto abriu os olhos surpreso, somente para ver o comensal da morte estendido no chão, inconsciente e uma Hermione ofegante correndo em sua direção.

- Vamos, Malfoy - ela disse rapidamente - Nós não temos muito tempo - completou, enquanto estendia a mão para ajudá-lo a se levantar. Draco olhou para a mão estendida com desprezo e tentou se erguer sozinho. Não era, contudo, tão fácil quanto parecia. Quando ele tropeçara e caíra, tinha torcido o pé. Até então, com a ameaça de morte iminente, ele ainda não tinha começado a sentir a dor. Assim que se viu temporariamente seguro, entretanto, seu pé começara a latejar. Notando a dificuldade, Hermione se curvou e agarrou um dos braços dele com sua mão, puxando-o para cima - Nós não temos tempo para isso, sabia? Sem orgulho bobo ou nós dois morremos, entendeu? - ela falou, enquanto passava um braço pelas costas dele de forma que Malfoy pudesse andar se apoiando nela e o arrastava para longe da carruagem.

- Espere! - ele exclamou, lembrando-se subitamente - A minha varinha! Ela caiu. Nós temos que voltar...

- Não temos não! Eu tenho certeza que você tem dinheiro mais que suficiente para comprar outra depois! - respondeu Hermione sem parar de arrastá-lo - Nós não temos tempo! - ela completou e qualquer protesto que Malfoy pudesse ter foi imediatamente silenciado pelo clarão de um relâmpago. Poucos segundos depois, a chuva começou a cair sobre a floresta.

Harry e Rony seguiram a Professora McGonagall com os corações apertados. Minerva, por sua vez, parecia tão imersa nas suas próprias preocupações que sequer notou os dois pares de pernas logo atrás dela. Ela abriu rapidamente a porta da sala onde Hagrid acabara de entrar com os alunos do primeiro ano. Antes que a Professora McGonagall pudesse dizer qualquer coisa, contudo, Hagrid se aproximou dela.

- Professora! - ele exclamou - Aqui estão os novos alunos. Eles são todos seus agora.

- Sim, Hagrid, eu sei, mas há um assunto urgente que necessita da nossa atenção - ela respondeu em voz baixa - Uma das carruagens se perdeu.

- Nossa! Mas isso já não acontecia há tanto tempo! Pode deixar que eu vou procurá-la. Provavelmente deve ter se perdido em alguma trilha que vai de volta para Hogsmeade - e, notando a expressão no rosto da professora - Há algum motivo particular para preocupação?

- Bem, a carruagem estava ocupada pela Srta. Granger e pelos Srs. Malfoy, Crabbe e Goyle, mas ela deveria estar sendo ocupada pelo Sr. Potter. Com a volta de Você-Sabe-Quem, isso é sempre motivo de preocupação - respondeu a mulher numa voz que deixava transparecer todo o seu temor.

- O quê??? - interrompeu Harry em voz alta - A senhora acha que Voldemort teve alguma coisa a ver com isso???

Na sala, todos o encararam boquiabertos. Ele tinha dito o nome impronunciável. Os alunos do primeiro ano ficaram ainda mais pálidos e nervosos do que o normal.

- Sr. Potter, Sr. Weasley - disse a professora após se acalmar - o que os senhores estão fazendo aqui? Expliquem-se!

- Nós estávamos preocupados com a Mione - foi o Rony quem respondeu.

- Sim, nós também. Os senhores, contudo, não deveriam estar aqui. Eu quero que vocês voltem para junto dos outros alunos e esperem. Assim que nós tivermos notícias, vocês serão avisados. Entendido?

- Mas, professora...

- Sem mas, Sr. Potter. Eu sei que a Srta. Granger é amiga dos senhores, mas eu não vou permitir que vocês façam nenhuma estupidez antes mesmo das aulas começarem! - e, dirigindo-se ao Hagrid - Por favor, cuide para que os dois não se metam em confusão, sim, Hagrid? E depois, vá falar com o Dumbledore. Ele provavelmente vai querer que você organize uma busca. Não se preocupe que eu cuido dos alunos novos.

- Sim, professora. Vamos, meninos, venham comigo.

Harry e Rony seguiram Hagrid silenciosamente até o corredor. Uma vez longe do olhar severo da Professora McGonagall, entretanto, os dois começaram a falar ao mesmo tempo.

- Acalmem-se, acalmem-se - Hagrid falou, esperando que os dois se calassem - Agora, eu sei que vocês estão preocupados, mas provavelmente não aconteceu nada de errado.

- Mas e se...

- Rony, fique calmo. Se tiver acontecido alguma coisa, não há ninguém melhor do que Alvo Dumbledore para lidar com isso, não é mesmo?

Os dois garotos não puderam deixar de concordar.

- Muito bem, então - continuou Hagrid - Deixem que ele cuide de tudo e não se envolvam nessa história!

- Hagrid, é da Mione que nós estamos falando! A gente não pode simplesmente não fazer nada!

- Eu sei, Harry, mas quer você queira ou não, com Você-Sabe-Quem solto Deus sabe onde, nós temos que ser cuidadosos. A sua segurança é prioridade. E eu não vou deixar você sair por aí se arriscando!

- Mas Hagrid...

- Sem mas! - o homem exclamou com uma expressão séria, enquanto eles entravam novamente no saguão onde os alunos ainda estavam, já ficando impacientes - A situação não é para brincadeiras e é por isso que eu vou fazer algo que vocês não vão gostar nem um pouco, meninos, mas é para o seu próprio bem e é o único jeito de garantir que vocês não vão desobedecer às ordens que receberam - os dois garotos se entreolharam sem entender exatamente o que aquilo significava até que ouviram Hagrid se dirigindo a uma figura vestida de preto que, obviamente havia retornado após falar com o diretor só para ver se encontrava motivos para começar a tirar pontos da Grifinória mais cedo.

- Professor Snape! - Hagrid disse se aproximando. O professor de poções se virou com a usual expressão de desdém na cara.

- O diretor quer vê-lo, Hagrid - ele disse à seco.

- Sim, eu sei. A Professora McGonagall já me explicou a situação. Ela pediu que eu cuidasse desses dois - ele falou, apontando Harry e Rony com a cabeça - para que eles não se metam em confusão. Será que você poderia manter um olho neles por mim? - diante disso, o rosto de Snape se contorceu num sorriso de antecipação.

- Será um prazer - ele disse lentamente, como que saboreando cada palavra e olhando para os garotos, que pareciam aterrorizados com a idéia de tê-lo como 'protetor'. "Como Hagrid pôde fazer isso com a gente?", era a pergunta na mente dos dois - Será realmente um prazer - garantiu de novo Snape reforçando seu sorriso.

Nesse momento, o clarão de um relâmpago brilhou através das portas entreabertas do castelo. Um arrepio percorreu a espinha de Harry. Pouco depois, a chuva começou a cair em Hogwarts.  "Mione está perdida" Harry não pôde deixar de pensar "Snape tem uma autorização formal para pegar no meu pé e está chovendo como se o mundo fosse acabar essa noite. Não, este ano realmente não está começando nada bem...".

- Granger, será que você poderia pelo menos usar a sua varinha para secar as minhas roupas já que você não me deixou pegar a minha??? - perguntou Draco irritado.

- Se você quiser ir atrás dela, Malfoy, eu não vou impedir. Pode ir! Quem sabe os comensais da morte lá fora não te ajudam a encontrá-la? Você deve conhecê-los desde que era criança, não? - respondeu Mione, o sangue começando a ferver em suas veias. Eles haviam encontrado uma pequena gruta na floresta após trinta minutos de caminhada debaixo de chuva. Trinta minutos sozinha com Malfoy resmungando sobre a varinha perdida e a perna machucada era mais do que qualquer pessoa em sã consciência poderia suportar. Hermione tinha usado um simples feitiço para secar suas roupas assim que eles entraram no abrigo e estava se preparando para usar o mesmo feitiço no garoto quando ele começou a resmungar de novo. Mione teve que usar todo o seu autocontrole para não azará-lo ali mesmo e tirá-lo do caminho. Por fim, chegou à conclusão de que um tempinho nas roupas molhadas faria bem ao caráter do Malfoy.

- Eu até iria, Granger, - respondeu ele finalmente - mas, caso você não tenha percebido, ELES ESTAVAM TENTANDO ME MATAR!!!!!

- E como eu poderia esquecer, Malfoy??? Afinal, eu só SALVEI A SUA MALDITA VIDA!!!

- E você vai se arrepender disso pelo resto da sua, não vai?

- Conhecendo você, provavelmente sim! Mas sendo da Grifinória, te deixar morrer não era exatamente uma opção. Quisera eu ser da Sonserina, só por alguns momentos, como os seus amiguinhos que desapareceram mais rápido do que você pode dizer 'perigo', aí sim, eu poderia ter ido embora sem culpa, não é mesmo? Eu devia mesmo ter te deixado lá. Deus sabe que se fosse o contrário, você não hesitaria em salvar a própria pele nem que fosse às custas da minha.

- Como você falou, Granger: da mesma forma que você é da Grifinória e, portanto, não tinha escolha, eu sou da Sonserina e, portanto, não tenho escolha, certo? - Draco falou sem esconder o tom sarcástico e feroz nas suas palavras - Eu sou da Sonserina, portanto sou automaticamente capaz de deixar alguém nas mãos de um comensal da morte para morrer daquele jeito. É isso o que você está dizendo? - Hermione olhou para ele silenciosamente por um momento. Será que ele estava querendo dizer que não seria capaz de fazer algo do gênero?

- Eu realmente não te entendo - disse ela por fim, desistindo.

- Esqueça. Nem tente - e após uma pausa - De qualquer forma, você provavelmente tem razão. Eu não hesitaria em me salvar mesmo se isso custasse a sua vida.

- Agora sim - respondeu Hermione, o sarcasmo dessa vez evidente na sua voz - Esse é o Draco Malfoy que eu conheço - e, levantando a sua varinha, ela murmurou um feitiço e, num segundo, ele estava tão seco como se nunca tivesse pegado chuva alguma.

- Muito bem, Granger, esse é a boa aluninha da Grifinória que eu conheço. Agora, será que você poderia fazer algo sobre a minha perna?

- Ah, não! Você não vai começar a resmungar sobre isso de novo, vai?

- Não, imagina! Eu só estou com a maldita PERNA QUEBRADA! Dê se por satisfeita que eu não estou berrando de dor!

- Você bem que poderia estar é desmaiado de dor!

- Nossa, Granger! Tem certeza que o chapéu colocou você na casa certa??? Esse comentário não me parece muito grifinório de você, não, sabia?

- CALA A BOCA, MALFOY! - Hermione finalmente explodiu - Você está me levando à loucura!!!

- Sempre um prazer, Granger, sempre um prazer... - falou Draco com um sorriso vitorioso nos lábios. Mione teve vontade de esganá-lo. Ela fechou os olhos por um momento, para se controlar e repetiu para si mesma que não iria deixá-lo irritá-la daquela forma. Quando finalmente se sentiu controlada, abriu os olhos e deu de cara com o garoto a observando, ainda com o sorriso vitorioso no rosto.

- Terminou de me xingar mentalmente? - ele perguntou.

- Mal comecei - e, antes que ele pudesse dizer qualquer coisa - Agora, deixe-me dar uma olhada na sua perna. Nós nem sabemos se ela está mesmo quebrada - completou ela, sentando-se no chão perto dele.

- Ah, acredite, ela está quebrada - afirmou Draco.

- Como você pode ter certeza?

- Sou eu quem está sentindo a dor, não é mesmo, Inteligência Rara?

- Cala a boca, Malfoy!

- Nossa! Que resposta elaborada! Você pode fazer melhor do que isso, Granger.

- Eu estou falando sério. Lembre-se de quem é a única pessoa que pode fazer mágica aqui?!

- 'Tá bom, 'tá bom. Mas vê se não demora. Quanto menos tempo você tiver as suas mãos em mim, melhor.

Hermione lançou para ele um olhar mortal, ao qual Draco respondeu sorrindo inocentemente. "Pelo menos, ele não abriu a boca", Mione pensou, enquanto examinava a perna ferida.

- Você tem razão, Malfoy. Realmente, eu acho que um osso está quebrado perto do seu pé.

- Jura, Sabichona? Me diz algo que eu ainda não saiba?! A questão é: o que você vai fazer a respeito???

- Eu vou imobilizar sua perna, ora! O que você acha que eu vou fazer?

- Porque você não conserta o osso? Você é ou não é a melhor aluna da escola?

- Sou - ela respondeu corando ligeiramente - Mas Medicina Mágica não é uma das disciplinas que eu estudo. Remendar ossos é tarefa difícil, mas se você faz questão que eu tente... - ela disse com a melhor expressão angelical que conseguiu colocar no rosto.

- Não! Não será necessário. Apenas imobiliza essa porcaria e me deixe em paz. Eu não estou de bom humor hoje.

- Jura? Eu não tinha percebido ainda... - ela respondeu enquanto murmurava um feitiço para imobilizar a perna dele.

- Perdoe-me, Granger - Draco disse, fazendo o possível para esconder a dor que estava sentindo - se o meu estado de espírito te incomoda, mas quase ser morto por comensais da morte não é a idéia que eu tenho de um início de ano calmo e tranqüilo!

- E você acha que é a minha, Malfoy? Você acha que eu estou muito feliz por estar presa com você numa gruta no meio da Floresta Proibida, numa noite de tempestade, com os amiguinhos do seu pai aí fora, prontos para nos matar na primeira chance que eles tiverem??? Eu acho que não!

Por um segundo, Draco não respondeu. Ela não sabia. Como ela poderia saber? Como ela poderia imaginar que o próprio pai dele estava na floresta também, provavelmente ainda procurando por eles? "Não, na mente inocente dela, pais não deixam os seus filhos para morrer", ele pensou. Não que a conduta de seu pai o surpreendesse. Bem, talvez um pouco. Mesmo Malfoy não tinha imaginado que Lúcio seria capaz de ir tão longe. Draco considerou por um instante contar para ela, mas descartou logo a idéia. Seria melhor escolher o caminho mais seguro: irritá-la. Assim, pelo menos, ela não sentiria pena dele. Draco não queria a pena de ninguém.

- É claro que não - ele respondeu por fim - Você daria tudo para que fosse o Weasley no meu lugar, não é mesmo, Granger???

- Ah, seu... - ela começou, se levantando.

- Agora, me diga uma coisa - ele interrompeu, vendo que estava conseguindo o que queria - quem, além de você, iria se apaixonar pelo imbecil do Weasley quando o todo-perfeito Harry Potter está apenas ao alcance da mão, hein?! E  você ainda se acha inteligente! Sincerament... aaaaiiiiiiii!!!! - ele berrou, parando a frase no meio, quando Hermione acertou um chute nem um pouco delicado na perna quebrada - Isso dói!!!!

- Era essa a intenção. E preste bem atenção, Malfoy, se você abrir a boca mais uma vez, eu juro que você não vai sair inteiro dessa gruta, entendeu bem? E não, você não precisa responder! Apenas fique quieto!!! - ela disse numa voz perigosamente controlada. Se fosse Weasley ou Potter, Malfoy provavelmente teria continuado. Os dois no máximo conseguiriam deixá-lo de nariz quebrado. Ele considerava Hermione, contudo, mais perigosa. Especialmente, quando ela estava armada e ele não. Por isso, Draco fez o que ela disse, com uma expressão extremamente entediada, enquanto Mione sentou-se o mais longe possível dele na gruta. Ela pensou em acender uma fogueira - afinal, fogos portáteis eram uma das suas especialidades - mas ficou com medo de atrair a atenção do que quer que estivesse na floresta. Por fim, resolveu por ficar em silêncio, imersa nos seus próprios pensamentos, nos seus próprios medos. Pouco tempo depois, entretanto, talvez por causa do cansaço, talvez por causa do próprio medo, ou do silêncio opressor que caiu sobre os dois, ela adormeceu.

- Granger! - uma voz distante a estava chamando - Granger!!! - a voz repetiu um pouco mais alta. Ela não queria acordar. Seus sonhos estavam tão acolhedores - Granger!!!!! Se você não acordar agora, eu vou te deixar para os COMENSAIS DA MORTE!!!!!!!!!!!!

- O QUÊ????? - ela acordou num salto.

- Nossa, Granger, será que dá pra você falar mais alto? Eu acho que Você-Sabe-Quem no seu esconderijo secreto ainda não ouviu!

- O que está acontecendo? - ela sussurrou, olhando pela abertura da gruta e notando que a chuva já tinha parado e que o céu estava começando a clarear.

- Eu ouvi barulho de gente se aproximando.

- São eles? - ela perguntou sem esconder o medo na sua voz.

- Eu acho que não. Acho que é o nosso resgate.

- Como você sabe?

- O barulho que eu ouvi foram os latidos daquele cachorro estúpido do Hagrid.

- Canino! - ela exclamou com um sorriso.

- Sim, por acaso ele tem outro? Agora, se você não se importa, será que dava pra gente facilitar a vida deles e ir andando?

- Sim, vamos - ela respondeu, sem deixar que os comentários dele estragassem o seu bom humor.

- E, Granger, só uma coisinha...

- Não se preocupe, Malfoy - ela interrompeu enquanto se levantava e estendia a mão para ajudá-lo - Eu não tenho a mínima intenção de espalhar pela escola que eu salvei a sua vida. Eu não quero ser linchada.

Malfoy se ergueu em silêncio, usando a parede como apoio ao invés de aceitar a ajuda de Mione. Ele tinha pretendido - contra todos os seus princípios - agradecê-la, mas ela tinha lembrado um ponto interessante. Seria ruim o suficiente as pessoas soubessem que ele devia sua vida a uma sangue-ruim como ela. Se ele ainda tivesse agradecido depois, aí sim, ele estaria perdido!

- Vamos logo! - ela o apressou, saindo na frente para o ar frio da noite, sem esperá-lo. Se ele não queria a ajuda dela, então ela não ia insistir. Afinal de contas, ele era um Malfoy e, portanto, não valia a pena.

Draco a seguiu com dificuldade, a vontade de agradecê-la definitivamente esquecida. Do lado de fora, o céu já se tingia de um tom de azul mais claro. Era evidente que o amanhecer viria logo. Ele ouviu de novo os latidos do cachorro de Hagrid, dessa vez ainda mais perto. Contra todos os seus instintos, não pôde deixar de se sentir aliviado. Ele era um Malfoy e, como tal, não deveria estar feliz em ver um bobalhão daqueles. Não deveria, mas estava. Quando finalmente ele conseguiu vislumbrar a silhueta quase gigante do Hagrid contra a luz do sol que começava a surgir, e viu o cachorro dele correr na direção da Granger e pular em cima dela, a derrubando no chão, ele se deixou apoiar numa árvore por um momento e suspirou cansado. A noite podia até ter terminado ali, mas ele sabia que, com tudo o que acontecera, com todos os pensamentos que agora dançavam em sua mente, o seu pesadelo estava apenas começando.

N/A 3 – O retorno final: Bom, e aí, gostaram??? Espero q sim!!!! Cenas do próximo capítulo: será que o Harry e o Rony sobreviveram ao Snape? Como é que os comensais da morte sabiam em qual carruagem o Harry devia estar? Gina faz uma aparição. Os gêmeos também. E o que, afinal, Merlim tem a ver com essa história??? (não, a última pergunta não vai ser completamente respondida ainda, mas pelo menos algumas dicas vão ser dadas...).