Capítulo Onze

AMIGOS

  - O que você pensa que está fazendo???

Voldemort gritava com tanta raiva, que até os outros Comensais da Morte para os quais a pergunta não fora direcionada abaixaram a cabeça e tremiam de nervosismo, e com certeza medo também.

 - Você tá achando que isso é algum tipo de brincadeira? Eu não tenho tempo para gastar com perdedores! Do meu lado, eu só quero vencedores. Eu não aceito "eu fracassei" como resposta!

Voldemort olhou para toda a legião de Comensais que o cercava.

 - Eu quero que vocês prestem muita atenção no que eu estou prestes a fazer. Eu quero que o McHammer sirva de exemplo para o próximo de vocês que resolva aparecer na minha frente dizendo: "eu fracassei!".

Todos os olhos estavam naquela cena, e ninguém nem se atrevia a piscar. Nenhum deles queria ser o responsável pela ira do Lord das Trevas, que naquele ponto estava com olhos tão vermelhos que pareciam estar em brasa.

Sem desviar o olhar do homem que estava ajoelhado no chão à sua frente, Voldemort vagarosamente esticou o braço e apontou sua varinha na direção de McHammer.

 - A partir de hoje, você nem ninguém vai esquecer da profecia. Ai daquele que fizer pouco caso dela. Que ele tenha o mesmo destino que o seu. Crucio!

McHammer se contorcia em dor, e gritava tão alto, que parecia que as paredes tremiam com cada gemido de dor que o homem deixava escapar na frente de seu lorde.

 - Seu fraco! Voldemort gritou mais alto que ele. Se não tivesse gritado e mostrado o mínimo de força, teria chances de sobreviver. Mas você desperdiçou sua única chance! Avada Kedavra!

Na mesma hora, uma luz verde intensa saiu da ponta da varinha de Voldemort, e se espalhou pela sala inteira quando atingiu McHammer e refletiu em todas as direções possíveis, produzindo sombras esverdeadas. Todos estavam em silêncio, segurando o fôlego, esperando que seu Lord falasse primeiro. Ninguém se atreveria nem a respirar mais alto que o necessário.

 - Nagini? Sua refeição está servida!

Ninguém sabia ao certo o que Voldemort dissera, até que a própria Nagini apareceu, arrastando-se pelo chão, exibindo todo aquele seu colossal tamanho. Abriu a boca mostrando seus afiados dentes e sibilou de volta para Voldemort. O medo dos comensais era palpável no ar, e o Lord das Trevas reconheceu que seu recado tinha sido dado.

 - Vão embora, todos vocês! E lembrem-se de McHammer quando voltarem aqui com informações. O Dumbledore não pode achá-la antes de mim. Entendido?

Sem nenhuma palavra, todos os Comensais da Morte reunidos deixaram seu mestre, com certeza, com mais medo dele do que quando ali chegaram.

 - Eu consigo sentir o medo deles! Nagini sibilou para Voldemort. Você acha sábio que os seus serviçais o temam tanto?

Voldemort passou a mão na cabeça da cobra e com um sorriso respondeu:

 - Minha querida Nagini... se não fosse por medo, nenhum deles estaria aqui. Eles só me seguem porque têm medo. E quanto maior o medo... maior a fidelidade.

Nagini arrastou-se até o corpo de McHammer e abriu a boca, mostrando mais uma vez suas presas. Com um último comentário de "você é quem sabe!", Nagini afundou os dentes no corpo e começou a devorá-lo como uma besta que é, e de fundo só se ouvia a risada fria de Voldemort.

Harry acordou assustado e com a respiração acelerada. Sentou-se, olhou em volta, e quando finalmente certificou-se de que estava em seu dormitório na Torre da Grifinória, ele levantou-se. Apressado, direcionou-se ao seu baú e, dele, tirou uma pena e um pergaminho. Tinha que escrever tudo naquele instante, enquanto ainda lembrava de todos os detalhes. Com um sussurro de "Lumus!", – não queria acordar os outros – Harry molhou a pena no tinteiro e escreveu tudo nos mínimos detalhes. Queria ter certeza de que não esqueceria de nada.

Quando finalmente terminou, juntou suas coisas de volta no baú, e deitou-se. Depois de muito tempo se revirando de um lado para o outro, chegou à conclusão de que demoraria até que o sono voltasse. Mais uma vez, Harry levantou-se, mas dessa vez, foi para sair do quarto. Sabia que não era permitido alunos perambulando em horário que era para estarem na cama, então por isso, levou consigo sua Capa de Invisibilidade.

Ao descer as escadas e chegar à Sala Comunal, Harry reparou que mais alguém perdera o sono e tivera a mesma idéia que a dele. Em frente à lareira, alguém estava sentado, distraído, olhando para algo que de longe parecia um livro. Harry não queria interferir, mas ficara curioso. Aproximando-se, ele percebeu que o livro era um álbum de fotografias, e que a pessoa era Gina Weasley.

Gina olhou em volta quando ele chegou perto, e Harry parou onde estava.

 - Quem está aí?

Harry, envergonhado, retirou a capa de cima de si mesmo, e disse:

 - Sou eu.

Gina olhava boquiaberta e de olhos arregalados para ele. Só aí, Harry lembrou-se de que ela não sabia da Capa que ele herdara de seu pai. Harry sorriu meio sem graça e sentou-se ao lado dela.

 - É uma Capa de Invisibilidade. – ele dizia enquanto oferecia a mesma para Gina.

A menina pegou a Capa em suas mãos, e analisava o tecido prateado, cheia de curiosidade em seus olhos.

 - Onde você conseguiu isso?

 Harry olhava para a Gina enquanto ela distraía-se com a Capa. Ela estava tão diferente com o cabelo solto. E com a luz que vinha da lareira, os tons de vermelho eram em maior número ainda. Ela lembrava Harry de alguém, mas no momento, ele não conseguia decifrar quem.

 - Era do meu pai. – Harry respondeu, voltando ao assunto.

Gina sorriu, entregou a Capa de volta para o Harry e perguntou:

 - Perdeu o sono?

 - Mais ou menos. E você?

Gina franziu as sobrancelhas, mas logo disfarçou e respondeu.

 - É... pesad--, quero dizer, eu tava sem sono, então eu resolvi descer e ver algumas fotografias. – Gina disse, enquanto oferecia-lhe o álbum.

Harry posicionou o álbum em seu colo e começou a folhear as páginas. Eram fotos de vários membros da família Weasley, em várias etapas diferentes. Harry riu de algumas delas, principalmente se os gêmeos é que estavam nelas. Em outras fotos, Harry percebeu que Rony sempre segurava a mão de Gina, ou então estava com o braço em volta dos ombros dela, de uma forma ou de outra, eles estavam sempre juntos.

 - Você e o Rony eram bem unidos, né?

Gina, com um suspiro triste, sorriu e respondeu:

 - É... A gente fazia tudo junto. A minha mãe me disse que o Rony tinha muito ciúme de mim quando ele já entendia um pouco mais que eu. Então, ela disse que eu era a irmã dele. Só dele, e que ele tinha que me proteger, porque eu era a única irmã mais nova que ele tinha. Parece que deu certo, porque depois disso, ele sempre tomou o maior cuidado comigo, principalmente me protegendo dos gêmeos quando eles tinham alguma nova experiência. Minha mãe disse que era a coisa mais linda, ver ele cuidando de mim. – Gina deu uma pausa e sorriu. - E como eu adorava o Rony, eu não me importava nem um pouco com isso. Ele era tudo pra mim.

Harry olhou para Gina, e percebeu que seu olhar agora era de tristeza e nostalgia. Lembrou-se de como o Rony a tratara há algumas horas e entendeu porque Gina não conseguia dormir. Devia estar chateada.

 - E o que mudou? Por que vocês não são mais tão amigos?

Gina abaixou o tom de voz, e com um sorriso triste, explicou:

 - Ele veio pra Hogwarts, a gente ficou um ano separado, ele conheceu gente nova, novos amigos... e eu acabei ficando pra trás... a irmãzinha dele não era mais tão interessante quanto um castelo inteiro de aventuras...

Gina suspirou e levou sua mão ao olho – provavelmente para enxugá-lo. Harry nunca teve muitos amigos, então o fato de que Gina estava lhe contando algo sobre a vida dela, como se eles fossem velhos amigos, lhe proporcionava um sentimento inexplicável de agradecimento. Não sabia bem por quê, mas sentia-se bem ao saber que a Gina confiava nele o suficiente para dizer o motivo de sua tristeza. Sentiu que deveria fazer o mesmo, mas não por obrigação, e sim porque queria contar à Gina o que o preocupava.

 - Desculpe. – Gina levantou a cabeça e sorriu para Harry. – Eu fiquei aqui falando dos meus problemas, e vo--

 - Não! – Harry interrompeu. – Não precisa pedir desculpas. Aliás, eu agradeço por você confiar tanto assim em mim.

Harry sorriu, e seu sorriso aumentou ainda mais quando viu que as bochechas da Gina ficaram coradas com o comentário.

 - Eu desci porque eu tive um pesadelo.

Gina olhou subitamente para ele, e Harry encontrou conflito em seus olhos. Além de surpresa, havia alegria, ansiedade, mas também um pouco de medo e apreensão. Harry ficou se perguntando por que esses dois últimos sentimentos, mas foi interrompido pela Gina.

 - Você não precisa me contar se não quiser. Eu não quero que você me conte só porque eu falei o que tava me perturbando...

Harry balançou a cabeça negando e sorriu mais uma vez.

 - Mas eu quero conversar com você...  Eu te conheço há cinco anos, e não sei praticamente nada sobre você. Eu sei que o Rony pode torcer um pouco o nariz, mas eu gostaria muito de ser seu amigo.

Harry não sabia de onde aquela sinceridade toda viera, mas naquele momento, aquilo era exatamente o que ele queria dizer, e ele não trocaria suas palavras por nada. Gina já perdeu um amigo quando o irmão veio para Hogwarts, outra quando a Melanie morreu, e depois de tudo que ela passou no seu primeiro ano... Não era pena que Harry sentia, e sim um grande respeito pela menina que estava sentada ao seu lado de frente para a lareira.

 - Obrigada, Harry. Isso realmente significa muito pra mim. – Gina esticou-se e deu-lhe um beijo na bochecha. – Boa noite.

Com isso, ela levantou-se, e com seu álbum debaixo de braço, ela direcionou-se às escadarias que a levariam ao seu dormitório. Seu passo era apressado, e ela provavelmente estava envergonhada, e juntara muita coragem para fazer o que fez.

Harry colocou a mão na bochecha que Gina beijara, e tentou entender o que tinha acontecido. Num instante, ela era apenas a irmã do Rony, no outro, ela o fazia sentir-se bem, apenas com a sua companhia.

Levantando-se também, Harry recolheu sua Capa da Invisibilidade, e voltou para o quarto. Quando se deitou em sua cama, sorriu: tinha feito mais um amigo!

Era hora do café da manhã, e o Salão Principal estava cheio. Todas as quatro mesas com alunos que faziam tanto barulho que nem pareciam que comiam, apenas falavam. Quando acordara, todas as lembranças do que tinha acontecido na noite anterior e nas primeiras horas do dia voltaram para Harry. Ele sorriu quando lembrou da sua conversa com a Gina, mas não durou, porque logo lembrou da "quase discussão" que tivera com Rony. Ele sinceramente esperava que o Rony esquecesse daquela cena, e que eles pudessem fingir que nada tinha acontecido. Sua sorte é que Rony acordou pouco depois dele, e como se desejando o mesmo que Harry, disse bom dia, e perguntou sobre as aulas do dia. Respirando aliviado, Harry e Rony – depois de se aprontarem – foram tomar o café da manhã juntos.

Hermione e Gina chegavam ao Salão Principal conversando uma com a outra, e avistando Rony e Harry, direcionaram-se até eles. Hermione sorriu e disse:

 - Que bom que vocês vieram e não ficaram me esperando! Eu fui chamar a Gina porque uma colega de quarto dela me disse que ela não queria levantar por nada, essa preguiçosa...

Gina sorriu sem graça enquanto ela e Hermione sentavam-se. Por alguns instantes, nenhum dos quatro disse nada, eles apenas comeram em silêncio, e Harry agradeceu que ninguém lembrou da reunião que ele tivera com Dumbledore no dia anterior. Ao olhar para Gina e para o Rony, Harry pensou que, talvez, eles não tenham perguntado nada porque a Gina estava com eles e, talvez, eles pensassem que ele fosse dizer algo que a mais nova deles não pudesse ouvir. Harry sentiu-se mal de usá-la como escudo, mas naquele momento, ele pensou que a Gina estar ali seria a melhor coisa para ele. Nem o Rony, nem a Hermione perguntaria nada, e isso lhe daria tempo para pensar numa desculpa enquanto comia. Ele tinha certeza que no momento que eles se despedissem da Gina para irem para sua primeira aula do dia, ou o Rony, ou a Hermione perguntariam na mesma hora o que Harry conversara com Dumbledore. Depois de algum tempo, o silêncio foi quebrado por Rony:

 - Ô, Gina, eu sei que você não gosta muito de acordar cedo, mas isso é exagero! Você está praticamente dormindo em cima da sua comida!

 - Ãh? – Gina virou-se para o seu irmão. – É... eu tô com sono, só isso...

Gina bocejou, e Rony franziu as sobrancelhas.

 - Mas você foi dormir antes da gente, até! Não tem motivo pra isso! A não ser que... – Rony deu uma pausa, respirou fundo e continuou. – Você teve algum pesadelo ou coisa assim, Gina?

Gina olhou desconfiada para o irmão, e depois olhou para o Harry com uma expressão completamente diferente. Era como se ela estivesse pedindo que ele não falasse nada. Como se fosse para ele manter em segredo a conversa que eles tiveram na noite passada. Harry não sabia por que Gina não queria que os outros soubessem, mas lembrando-se de que ela estava chateada com o Rony quando ela descera para a Sala Comunal, Harry sorriu em compreensão, e Gina suspirou aliviada. Voltando-se mais uma vez para o irmão, Gina perguntou:

 - Por que você tá perguntando isso, Rony? – seu olhar era mais uma vez desconfiado, e agora estava bem mais acordada do que há apenas alguns segundos.

 - É... ãh... nada! Por nada! Mas você teve ou não?

Harry não entendia a atitude de Rony, mas ele com certeza estava mentindo. O próprio Harry começou a ficar curioso também. Por que, de repente, era tão importante para o Rony se a Gina tinha tido ou não pesadelo? Todo mundo tem pesadelo de vez em quando, não é motivo para grandes alardes. A não ser que o pesadelo seja como os que o Harry tem. Lembrando-se da noite passada, Harry pôs a mão no bolso para checar se o escrito do seu sonho ainda estava lá. Certificando-se de que estava, Harry voltou sua atenção para a conversa.

 - E por que você quer saber? – Rony deu com os ombros e Gina continuou. – Você mente muito mal, Rony! Se eu descobrir que o Gui tem a ver com isso, vocês--

 - O Gui? E o que que o Gui teria a ver com isso?

Rony deu uma risadinha forçada, e até o Harry, que era desligado na maioria das vezes, percebeu que seu amigo estava mentindo. Gina olhou de tal maneira para o Rony, que se seus olhos fossem metralhadoras, não sobraria muito dele para contar história.

 - Então o Gui te disse, né?! – Apressada, Gina levantou-se da mesa e pediu licença para o Harry e a Hermione. – Desculpa, mas eu não quero me atrasar para aula de Poções!

Assim que Gina afastou-se mais um pouco, Hermione olhou curiosa para Rony.

 - O que que foi isso?

Rony parecia encurralado e, sem jeito, disse:

 - Por favor, quando der, eu conto. Mas é que, por enquanto, é coisa da Gina, e eu não quero dizer nada sem ela saber.

Rony abaixou a cabeça e, provavelmente, pensou que a Hermione cobraria dele a resposta, dizendo que ele não deveria guardar segredos. Mas a menina surpreendeu até o Harry quando esticou seu braço e delicadamente posicionou sua mão no braço do Rony, dizendo:

 - Eu acho lindo que você respeite o segredo da sua irmã.

Rony, subitamente, levantou sua cabeça e olhou para Hermione que sorria para ele. Harry sentia-se meio desconfortável porque, naquele momento, seus dois melhores amigos provavelmente até esqueceram que ele estava ali. Um olhava para o outro como se só eles estivessem naquele Salão abarrotado de gente. Sem graça, Harry pigarreou limpando a garganta e disse:

 - Acho melhor a gente ir também. – Os dois olharam para ele, envergonhados, ambos com as bochechas rosadas. – A gente vai se atrasar para a aula de Defesa.

Com isso, os três juntaram suas coisas e caminharam em direção à Sala de Defesa Contra as Artes das Trevas. Ao chegarem, posicionaram seus livros nas carteiras, – silenciosamente agradecendo por não terem a primeira aula do dia com a Sonserina – e sentaram-se. Hermione, de repente, virou-se para o Harry afoita:

 - Harry, quase que eu esqueço! E como é que foi com o Dumbledore?

Harry olhou para os seus dois amigos que olhavam curiosos para ele e, sem querer, pensava por que a Gina não tinha as mesmas aulas que eles.

 - Bom dia, classe!

Salvo pelo gongo mais uma vez! Ou melhor, pela Sra. Figg, que acabara de entrar na sala, cheia de bom humor e ansiosa para dar a primeira aula. Na mesma hora, todas as conversas paralelas cessaram, e a Professora fez as devidas apresentações e explicou seus planos para a matéria ao decorrer do ano.

A aula foi relativamente calma e, por enquanto, de todos os professores que eles tiveram de Defesa Contra as Artes das Trevas, a Sra. Figg era provavelmente a mais "normal". As aulas do Quirrel e do Lockhart eram quase que piadas, enquanto que as do Lupin e do Moody eram mais práticas. Harry suspirou tristemente. Ninguém iria superar o Professor Lupin como favorito de muitos alunos, e ele nem podia condenar a Sra. Figg por não consegui-lo. Foi até pela aula parecer tão "normal", que alguns alunos ficaram até decepcionados quando a aula se aproximava do fim. Provavelmente esperavam mais algum louco, ou metido a super-herói para preencher o cargo.

 - E eu acho que por hoje é só. – enquanto os alunos juntavam os livros, a Sra. Figg continuou. – Não vou passar nenhuma tarefa porque é a primeira aula.

Vários alunos sorriam e começavam a festejar até que a Sra. Figg acrescentou:

 - Mas não esperem por isso para as próximas aulas. – Vários grunhidos de reclamação foram ouvidos. – Vocês vão fazer seus N.O.M.s no final do ano, e precisam estar bem treinados! Harry, uma palavra, por favor?

Rony e Hermione olharam em dúvida para ele, e Harry deu com os ombros.

 - Vão indo, eu alcanço vocês.

Harry aproximou-se da mesa da Sra. Figg e, depois que todos deixaram a sala, a professora disse num tom mais baixo:

 - Harry, Dumbledore pediu para que lhe avisasse que nesse Domingo, depois do almoço, você fosse à sala dele. Haverá uma reunião, e ele gostaria que você comparecesse.

Harry balançou a cabeça confirmando, e nem se surpreendeu tanto pelo fato de que a Sra. Figg obviamente devia fazer parte da Ordem. Pelo jeito, havia muitas coisas sobre a vizinha velhinha dos gatos de que ele não sabia. Tentando não pensar nisso, lembrou-se do papel no seu bolso.

 - Sra. Figg? Posso lhe pedir um favor? – com um sinal afirmativo de sua professora, Harry continuou. – Você poderia entregar isso ao Dumbledore? – esticou a mão para fora do bolso, entregando-lhe o pergaminho onde escrevera seu sonho. – O mais rápido que pudesse? Eu não sei se terei a chance de fazê-lo sem que meus amigos vejam.

Sra. Figg consentiu e sorriu. Harry, aliviado de que tinha agora uma coisa a menos para mentir para seus amigos, voltou-se mais uma vez para a professora:

 - É só isso? – O sinal tocava enquanto perguntava.

 - Não, eu ainda lhe devo algumas respostas. – Harry ergueu as sobrancelhas, e a Sra. Figg sorriu. – Mas não agora! Vá que o sinal bateu. A gente conversa outra hora, e eu prometo responder às perguntas que eu tenho certeza que você tem para fazer para mim.

Harry balançava a cabeça incrédulo enquanto saía da sala. Como é que a Sra. Figg sabia que era exatamente naquilo que ele estava pensando? Acreditando ser apenas uma feliz coincidência, Harry direcionou-se para a sua próxima aula.

Depois do término da última aula do dia, Harry, Rony e Hermione estavam na Sala Comunal à procura de Gina. Hermione sugerira a Rony que ele chamasse a irmã para ir com eles fazer uma visita ao Hagrid, antes da hora da janta. Rony parecia com um pé atrás, mas depois de um pouco de insistência da Hermione, ele logo aceitou com um sorriso. Harry olhava para os dois contendo a risada. Quem diria que esses dois que sempre brigam tanto acabariam gostando um do outro? Ele prometera a Rony não se interferir, – e nem tinha intenção de fazê-lo – mas é que, ao passo que esses dois iam, Harry tinha lá suas dúvidas se algum dia eles reconheceriam e admitiriam o que sentem um pelo outro.

Rony avistara sua irmã conversando com Colin Creevey, e a chamou para perto. Enquanto Gina pediu licença e aproximou-se deles, Harry franziu a testa. Não sabia que Gina era amiga de Colin.

 - Que foi? – Seu tom era imparcial.

 - Sabe que que é? Eu, a Mione e o Harry vamos até a cabana do Hagrid, e a gente queria saber se você queria ir junto...

Rony estava com a mão na nuca, e parecia meio nervoso. Gina sorriu e disse:

 - Eu ainda tô brava com você, mas a gente conversa mais tarde. Espera um pouco, que eu vou avisar o Colin que eu vou com vocês e já volto.

Com o rabo de cavalo balançando de um lado para o outro, Gina voltou ao amigo e explicou brevemente porque sairia. Com um sorriso, Colin balançou a cabeça e disse alguma coisa que Harry não entendera porque estava um pouco longe dos dois. Gina voltou, e os quatro foram visitar o gigante amigo.

 - Gina! Que saudade! Você não tinha vindo me visitar ainda!

Gina ficava meio sem graça com o apertado abraço de Rúbeo, e Harry olhava a cena curioso. Rony interferiu:

 - Ei! Por que só ela que tem esse tipo de recepção?

Hagrid soltou Gina e sorriu para os outros três.

 - Entrem, entrem!

 - Eu entro, Hagrid. Se você me ajudar!

Canino estava com a sua cabeça enorme pedindo carinho, e seu rabo abanando para a Gina, como se fosse um filhote. Hagrid riu.

 - Ele também sentiu sua falta!

Puxando Canino pela coleira, Hagrid deixou a Gina entrar, e seguiu a menina, fechando a porta de sua cabana. Na mesma hora que ele soltou Canino, o cachorro foi de rabo abanando em direção à menina que tinha se sentado do lado do Harry depois que Rony e Hermione sentaram-se juntos.

 - Pelo jeito, você vem bastante aqui, né?! – Harry disse sorrindo para a Gina.

 - A pequena Gina vem sempre aqui! – Hagrid respondeu por ela. – O Canino adora ela! Mas me dizem, vocês querem um chá? Bolo?

Os quatro entreolharam-se e Gina respondeu:

 - Só chá, Hagrid. Já é quase janta, e a gente não quer estragar o apetite, né?! – Ela disse, olhando para os outros que balançaram suas cabeças concordando na mesma hora. Todos eles conheciam bem os bolinhos do Hagrid, e sabiam que era melhor evitá-los.

 - Muito bem, então! O que contam de novo? – perguntou, enquanto punha a chaleira para ferver água.

Continua no Capítulo Doze...