Capítulo Vinte e Três

ANTES DO BAILE

 - Você compreende agora, Gina? – Arabella Figg olhou séria para a mais nova dos Weasleys, mas apesar da rigidez, seu olhar também carregava muita solidariedade e simpatia. – Eu queria que você ouvisse a minha história, para que a sua não tome o mesmo rumo. A feitiçaria deve ser uma dádiva, e não uma maldição...

Harry olhou para Gina, que estava de cabeça abaixada, e suspeitou que a menina estava assim porque não queria que nem a Sra. Figg nem o Dumbledore a vissem com lágrimas nos olhos. Os quatro estavam em reunião naquela tarde de sábado – horas antes do baile – para falarem sobre a profecia, e os futuros treinamentos pelos quais Gina teria que passar, para que lidasse melhor com seus novos poderes.

 - Pelo menos devemos agradecer pelas pequenas vantagens que nos surgiram. – Dumbledore sorriu e olhou animado para Harry e Gina. – Encontramos a feiticeira em tempo de poder prepará-la para eventuais dificuldades, deciframos toda a profecia, e temos do nosso lado a amizade... – Dumbledore respirou fundo depois de uma pequena pausa. – É esperançoso saber que há laços de amizade entre vocês dois, Harry e Gina. Isso além de facilitar o nosso trabalho, fornece-nos uma grande vantagem com relação a Voldemort. Ele sabe o que o amor é capaz de fazer, graças a sua mãe e seu sacrifício, Harry. Mas a amizade ele não conhece... para ele, só a traição conta, e talvez esteja aí a nossa esperança de provar-lhe o contrário.

Harry permanecera em silêncio durante quase toda aquela reunião. Gina também contribuíra com muito pouco: Arabella Figg e Alvo Dumbledore é que tinham muito a dizer e explicar. Era difícil Harry e Gina terem chances de escapar de seus amigos para conversarem seriamente com o Diretor e a 6ª Feiticeira, e por isso que essa tarde de sábado fora escolhida. Estavam todos alvoroçados e excitados com o baile que aconteceria naquela noite. O Dia das Bruxas só seria na terça-feira, mas os professores decidiram que o baile deveria ser no sábado que antecedia o feriado. Muitos alunos reclamaram e disseram que era porque no sábado não tinha aula e, dessa maneira, eles não poderiam perder um dia de aula. Mas Harry suspeitava que o verdadeiro motivo da mudança de data, fora o fato de que dia 31 de Outubro era o Samhaim, ou o dia "entre-mundos" como era mais conhecido. Harry acreditava que Dumbledore preferiu ser mais cauteloso esse ano com suas festividades, já que o Voldemort estava à espreita mais uma vez. O Samhaim era o dia mais "poderoso" do ano, o que propiciaria um grande ataque de Voldemort se ele tal quisesse. E não seria nada fácil intervir e proteger as vítimas de um ocasional ataque se vários membros da Ordem da Fênix estivessem vigiando adolescentes em um baile de Dia das Bruxas.

 - E por falar em amigos, Harry... – Dumbledore quebrou o silêncio que se estabelecera naquela sala. – O Hagrid está voltando. – Dumbledore sorriu ao ver Harry encarar essa notícia como uma ótima notícia.

 - Desculpa interromper, mas o tempo está passando, e a gente ainda tem que definir alguns detalhes... – Arabella acrescentou, mais uma vez, com uma expressão séria.

 - Sim, minha querida amiga... – Dumbledore concordou. – O tempo urge!

 - Certo. – Arabella sorriu. – Gina, então você já sabe que vai ter sessões de treinamento comigo. O horário vai ser acertado de acordo com as suas aulas e treinos -- não queremos que ninguém suspeite de nada.

Gina balançou a cabeça em concordância, e Dumbledore voltou-se para a menina também.

 - Só que dessa vez, Srta. Weasley, essas sessões serão exclusivamente entre você e a Arabella. – Dumbledore sorriu. – Nada de Harry para interromper...

Gina ficou visivelmente corada, mas sorria quando concordava com o Diretor.

 - Eu acredito que já esteja ficando realmente tarde, e seria melhor se vocês fossem se preparar para o baile. Os pares de vocês, com certeza, devem estar se perguntando onde vocês estão...

Dumbledore sorria abertamente quando dizia aquilo, e seus olhos brilhavam com muito humor. Harry suspeitava que o Diretor soubesse de algo que só ele ficaria sabendo. Harry olhou para Gina, que sorria para ele. Ela ainda estava um tanto corada, mas provavelmente achava aquela cena tão engraçada quanto o Dumbledore.

 - Na verdade... – Harry começou meio sem jeito. – a gente vai junto, então não tem ninguém pra ficar preocupado...

 - Ah! Vocês vão juntos?! Que maravilha então! – Dumbledore abriu ainda mais o sorriso, e Harry não pôde deixar de pensar que o tom de voz que o Diretor usara, fora um tanto sarcástico: como se ele já soubesse muito bem que os dois iriam juntos. – Bom, mas acredito que seus amigos, então, estejam curiosos sobre a sua localização. E sendo assim, é melhor vocês irem. Rumores fantásticos começam assim, e fofoca não é algo com o que vocês devem lidar agora...

Harry e Gina entreolharam-se com expressões de confusão e, assim que se levantaram para se retirarem, ouviram o Dumbledore rir e comentar com a Sra. Figg: "essas crianças de hoje... nada como a adolescência para me fazer rir um pouco...". Mais uma vez, Harry e Gina não entenderam nada, e acharam melhor deixar estar. Estava para nascer alguém que entendesse as excentricidades de Alvo Dumbledore.

Em pouco tempo, os dois amigos estavam de volta na Sala Comunal da Grifinória, que estava barulhenta e cheia de pessoas passando de um lado para o outro. Os dois entraram o mais discretamente possível, e se direcionaram ao sofá onde Rony e Hermione estavam sentados.

 - Gina! – Hermione tomou conhecimento da chegada dos dois. – Até que enfim! Já estou te esperando há um tempo pra a gente se arrumar...

Hermione levantou-se e, sem nem deixar a menina responder, ela pegou a mão da Gina e a arrastou escadas acima. Harry e Rony sorriram ao ver Hermione tão entusiasmada com algo que não fosse tarefa ou aulas extras.

Harry sentou-se no chão de frente para o Rony, enquanto o amigo perguntava onde ele a Gina estiveram boa parte daquela tarde. Balançando os ombros e com um ar de pouca importância, ele disse que os dois estiveram conversando. Não era nenhuma mentira, e o Rony não achou que havia nada de demais naquilo.

Os dois permaneceram conversando por um bom tempo, até que a Sala Comunal estivesse bem mais silenciosa do que quando Harry chegara a ela. Curioso, ele olhou em volta, e entendeu o porquê da diminuição do barulho. Estavam agora na Sala Comunal apenas alguns alunos do primeiro ao terceiro ano e, dos mais velhos, apenas os meninos estavam presentes. Aparentemente, todas as meninas tinham subido para se arrumar, e a barulheira tinha provavelmente se mudado para os dormitórios femininos. Foi até porque o barulho diminui, que quase todos na Sala Comunal notaram quando um pacote marrom desceu as escadas sozinho – com certeza enfeitiçado – e se direcionou para o sofá onde o Rony estava sentado. Sem cerimônia nenhuma, ele caiu no chão, bem à frente do Rony. Harry olhou o pacote tão confuso quanto o seu amigo. Acima do papel de embrulho marrom havia um bilhete que dizia simplesmente "Rony". Os dois amigos entreolharam-se e, com uma sobrancelha erguida, Rony procedeu à abertura do pacote.

Assim que Rony viu o que era, suas sobrancelhas ergueram, e seus olhos se arregalaram. Harry, curioso com a reação do amigo, resolveu dar uma espiadinha no que era também. Foi aí que ele entendeu a reação do amigo. O papel marrom escondia dos olhos uma veste a rigor com um tecido azul marinho bem escuro, que só podia ser diferenciado do preto quando a luz batia. Harry franziu as sobrancelhas pensando quem poderia ter mandado aquele presente para o Rony. Nem aniversário dele era, e a roupa não poderia ter chegado em hora melhor. Levantando a cabeça, Harry viu Fred olhando para ele e o irmão e, assim que seus olhares se encontraram, Fred deu uma piscadinha conspiratória. Sorrindo, Harry virou-se e viu Jorge descendo as escadas dos dormitórios masculinos.

Agora tudo se explicava! Harry lembrou-se do pedido que fizera aos gêmeos quando entregou os mil galeões a eles no final do último ano letivo. O prêmio do Torneio Tribruxo – que trazia tanta culpa para o Harry – tinha sido um "presente" para os gêmeos, e ele pedira aos dois que comprassem um traje a rigor para o Rony com aquele dinheiro.

 - De quem será? – Rony perguntou confuso.

 - Ora, é seu! Tinha seu nome... – Harry respondeu, dando com os ombros.

 - Tá... – Rony continuou. – Mas quem foi que mandou? Se tivesse sido a minha mãe (coisa que eu acho muito improvável) ela teria avisado... – Rony de repente ergueu a cabeça e olhou desconfiado para o amigo. – Não foi você, foi Harry?

Harry olhou para o amigo, e tentou pensar no que seria melhor falar agora. Harry sabia muito bem como o Rony era orgulhoso com que dizia a respeito de dinheiro e sua pobreza. Ele não podia dizer que tinha sido ele, mesmo que o dinheiro gasto tinha sido ganho seu. Harry fingiu tanta confusão quanto a do Rony, e dando com os ombros mais uma vez, ele disse:

 - Eu tava aqui com você... como é que eu poderia fazer um pacote voar de lá cima das escadas...?! – Rony pareceu engolir a resposta, mas ainda parecia muito confuso. – Você não sabe mesmo quem foi?

Harry continuou a fingir com um tom carregado com um tanto de cinismo, e Rony acreditou que seu amigo nada sabia sobre o misterioso presente. Harry ficava feliz que os gêmeos tinham feito o que ele pedira. Rony não dizia, mas Harry sabia que ele estava muito chateado por seus pais não poderem ter comprado roupas novas para ele. Sua mãe havia simplesmente remendado o traje a rigor do ano passado e seu uniforme. Rony crescera de mais nos últimos anos, e estava começando a ficar difícil não notar os remendo para fazer suas roupas um pouco maior. Olhando no relógio, Harry achou melhor que eles também fossem se vestir.

 - Bom, então já que você tem até roupa nova pra impressionar a Mione, estragaria a surpresa se a gente se atrasasse... ela iria ficar furiosa! – Harry sorriu para o amigo, que ficou ligeiramente corado quando ele mencionou uma surpresa para a Hermione. – Vamos que eu ainda quero tomar banho, e daqui a pouco o banheiro vai estar congestionado...

Os dois se levantaram e começaram a se direcionarem às escadas para começarem a se preparar para o baile. Em pouco tempo já estavam de volta, e esperando pela Hermione e pela Gina, que ainda não tinham aparecido.

 - Será que elas demoram ainda? – Harry perguntou, já pensando em quanto tempo ele teria que ficar esperando.

 - Não... – Rony respondeu sentando-se em um sofá para esperar seu par. – A Hermione disse que vai ter que chegar um pouco mais cedo: "assuntos de monitora"! – Rony sorriu lembrando-se do comentário da namorada. – E você sabe o quanto ela odeia atrasos...

Harry sorriu lembrando-se das várias vezes que ele e o Rony ouviram da Hermione por chegarem atrasados. Ou então, havia outras vezes em que ela nem falava nada. Só um olhar já era o suficiente para dizer que ela estava muito brava e/ou decepcionada com os dois.

 - E por falar nela... – Harry disse, olhando a amiga descer as escadas.

Rony subitamente levantou a cabeça e, quando viu Hermione, levantou-se de pronto do sofá. Até aquele momento, Rony não havia mostrado nenhum traço de nervosismo, mas foi só a Hermione aparecer, que o Harry pôde notar que o Rony na mesma hora começou a suar frio.

Hermione descia o resto dos degraus, e Harry começou a prestar mais atenção à reação tanto do Rony quanto da Hermione. A amiga estava com uma roupa diferente da que usara no ano passado, mas seu cabelo estava com o mesmo penteado, ou algum bem parecido. Ela sorria e, quando viu Rony, seu sorriso abriu mais ainda. Logo atrás da Hermione, descia Gina, que parecia estar ligeiramente envergonhada e um tanto sem jeito. Harry não sabia dizer se Gina usava ou não a mesma roupa do ano passado, porque ele não se lembrava do que ela usara no ano anterior, mas ele sabia que a roupa lhe caía muito bem. Naquele instante, a primeira coisa que o Harry reparou sobre a Gina, é que ela estava diferente. Seu cabelo estava solto, – provavelmente coisa da Hermione, Harry pensou com um sorriso. – e formava cachos que caíam sobre os seus ombros e suas costas. Cada detalhe dela era diferente, mas Harry, com mais um sorriso, chegou à conclusão de que se ela tinha mudado, tinha sido definitivamente para a melhor. Harry lembrou-se do choque que teve no ano passado ao ver a Hermione tão diferente. Mas com a melhor amiga, ele não se sentiu da maneira que se sentia agora: ao olhar para Gina – que era o seu par – Harry de repente sentiu-se diminuído. Ele olhou para a amiga que estava tão bonita, e chamaria tanta atenção, e ele sentiu que talvez ele não fosse a melhor pessoa para acompanhá-la. Talvez seria melhor se ela fosse acompanhada por alguém que realmente gostaria de ir àquele baile. Alguém que se arrumasse bem para aquilo, assim como a Gina obviamente tinha feito.

 - Hermione... – Rony sussurrou maravilhado quando as duas amigas se aproximaram deles. – Você tá... linda!

Hermione ficou muito corada, mas não foi só ela. Rony também deve ter se dado conta de que tinha dito aquilo em público e logo estava tão vermelho ou mais que ela. Gina virou os olhos para o irmão e, com um sorriso, disse:

 - Patético!

Rony ficou ainda mais sem graça, mas Gina sorriu e deu uma piscadinha para a Hermione, querendo dizer que ela só fizera aquele comentário para provocar o irmão. Hermione sorriu de volta e voltou-se para Harry e Gina.

 - Eu vou ter que ir mais cedo, porque os monitores têm que se reunir brevemente antes do começo da festa... mas se vocês quiserem, vocês podem ir mais tarde...

Harry e Gina entreolharam-se e com um sinal afirmativo de sua cabeça, Gina respondeu:

 - Tá tudo bem, Mione... a gente não se importa de chegar um pouquinho mais cedo... – Gina sorriu. – Quem sabe assim a gente não chama muita atenção...

Hermione sorriu de volta e disse em um tom de voz exasperado.

 - Você tem que parar com isso, Gina! Você está linda! Você tem que chamar atenção. Mesmo que você não queira... – Hermione abriu ainda mais o sorriso e, com uma breve olhada para o Rony, ela voltou-se para o Harry. – Ela não está linda, Harry??

Harry olhou para a Gina, que agora estava ainda mais envergonhada, e com um sorriso caloroso, ele balançou a cabeça em concordância.

 - Tá sim... – Harry disse tão baixinho, que até pensou que não tinha dito em voz alta.

 - Patético! – Rony disse com um tom de voz sarcástico, e com um sorriso que ia de orelha a orelha.

Harry e Gina ambos reagiram. Gina deu um tapa no braço esquerdo do irmão, e Harry, não tão delicado quanto a amiga, fez o mesmo no braço direito.

 - Ai! – Rony disse indignado, e esfregando os braços com suas mãos. – O quê que é isso? Vocês ensaiaram por acaso?

Harry e Gina entreolharam-se, e toda a vergonha passou naquele instante. Os dois começaram a rir, e até Hermione segurava a risada enquanto beijava o rosto do Rony, em uma tentativa de consolar o namorado.

 - É, né?! É sempre assim! – Rony disse em um tom exageradamente dramatizado. – Ninguém se importa com o Rony aqui! Vamos todos bater no Rony!

Harry e Gina riram mais ainda, mas a Hermione, com um sorriso, virou-se para ele e com um tom de voz sugestivo, ela perguntou:

 - Isso é um convite?

Harry e Gina olharam para ela de sobrancelhas erguidas, mas não deixaram de sorrir. Rony, por sua vez, abriu um sorriso enorme, e com o mesmo tom de voz da Hermione, ele respondeu:

 - Se você prometer bater com carinho...

 - Rony!

O tom de voz da Hermione era de indignação, mas ela sorria, e Harry e Gina mais uma vez caíram na gargalhada. Se havia um relacionamento que sempre faria o Harry rir, era o do Rony com a Hermione. A amiga balançou a cabeça ligeiramente abaixada de um lado para o outro, e disse:

 - É melhor a gente ir, vai... Senão a gente não chega lá hoje!

Os quatro amigos saíram pelo buraco do retrato, e foram ao Salão Principal – onde a festa aconteceria. Ao chegarem lá, encontraram uma pessoa com quem ultimamente não haviam conversado muito – e ninguém achava ruim que a situação permanecesse daquela maneira. A única que ainda tinha algum contato com ele, era a Hermione, porque os dois eram monitores. Mas nessas ocasiões, sua arrogância era diminuída, devido ao fato de que ele estava sem seus comparsas. Mas dessa vez ele não estava só.

 - Ora, ora... vejam quem está aqui!

 - Cala a boca, Malfoy. – Rony ordenou. – Ninguém tem saco pra te agüentar não!

Era como se Draco Malfoy nem tivesse escutado o que o Rony dissera. Com o seu usual tom de voz sarcástico, ele disse depois de passar os olhos por cada um dos quatro.

 - O pobretão Weasley, e sua namorada sangue-ruim que ninguém quis! O casal perfeito! – Crabbe e Goyle, que estavam atrás do Draco, riram do comentário do amigo. – E logo ao lado, a maior surpresa de todas! Harry Potter está de namorada nova! Chamem o "Profeta Diário"! Uma matéria precisa ser escrita sobre isso!

Draco levantou um lado apenas de seus lábios, formando um meio sorriso que era ainda mais irritante do que se ele estivesse rindo. Crabbe e Goyle continuaram rindo atrás dele, o que só fez aumentar o sorriso do Draco. Rony estava pronto para se atirar em cima do filhinho-de-papai, e transfigurar o rosto dele, até que aquele sorriso irritante saísse de seu rosto definitivamente. Mas Hermione o segurou – provavelmente o fazendo lembrar do motivo de sua última detenção. Quem reagiu primeiro, antes mesmo do Harry, foi a Gina.

  - Vê se cresce, Malfoy! Será que a sua vida é tão patética a ponto de sua única diversão ser encher a paciência dos outros?! Se toca!

Gina falou com seu tom de voz alterado e, provavelmente, faltava pouco para ela também explodir. Malfoy, ao invés de se ofender, sorriu ainda mais.

 - Não quer você me tocar? Eu garanto que ia crescer rapidinho!

Draco ergueu uma sobrancelha sugestivamente, e olhou Gina de cima a baixo com um olhar apreciativo. Tudo que ela pôde fazer foi olhar enojada para ele. Harry nunca se sentiu tão bravo com o Malfoy quanto naquele momento.

 - Seu filho da--

 - Que que tá acontecendo aqui?

Harry estava pronto para xingar o Malfoy e partir pra cima dele, sem se importar nem um pouco com Crabbe e Goyle, quando uma voz grossa e alta o interrompeu. Harry, furioso, olhou para trás para ver quem era, e sentiu um alívio enorme quando reconheceu Rúbeo Hagrid com uma expressão demasiada séria.

 - Nada... Professor! – Malfoy respondeu dando ênfase em "professor", com certeza como uma forma de insulto. – A gente só estava... conversando!

 - Eu não acredito nem por um minuto, Malfoy! É melhor você ir antes que eu também perca a minha paciência.

Malfoy olhou com desdém para os quatro, e mais ainda para o Hagrid. Se havia uma coisa que irritava em Draco Malfoy, era o fato de que ele conseguia transformar qualquer fato em uma coisa sem importância se assim lhe conviesse. Ele e seus dois "capangas" se retiraram, deixando para trás quatro alunos que, por um momento, até esqueceram da existência intragável de Draco Malfoy para dar as boas-vindas a um grande amigo.

 - Hagrid! Que saudades! – Gina sorriu, e o abraçou.

 - Mas como você está linda, pequena! – Gina corou, e Hagrid sorriu. – Aliás, todos vocês estão muito bem!

 - Onde você estava, Hagrid? – Hermione perguntou curiosa. – Não que a Professora Grubbly-Prank não seja boa, não é isso... Mas é que igual a você, não tem ninguém!

Hagrid ficou muito emocionado com o comentário da Hermione, e puxou a menina em um abraço forte, que a pegou completamente desprevenida.

 - Eu fui fazer uns trabalhinhos para o Dumbledore. – Hagrid ficou sério. – Mas é segredo absoluto, e eu não posso falar pra vocês!

 - Nossa! – Hermione, de repente, lembrou-se de algo importante. – A reunião! Eu preciso ir, não posso chegar atrasada... até o Malfoy já deve estar lá!

E, com isso, a menina deixou os amigos apressada.

 - E por falar em Malfoy... – Hagrid começou. – O que estava acontecendo quando eu cheguei aqui? Mais um pouco e o Harry tinha partido pra cima dele...

Os três amigos que ficaram conversando com o Hagrid entreolharam-se e, com um suspiro cansado, Harry respondeu:

 - Nada de anormal, levando em consideração que a gente está falando do Malfoy... – Harry parecia enojado só de falar o nome dele. – Ele falou umas besteiras, e eu quase perdi a cabeça...

 - Mas ele sempre fala besteiras... – Hagrid interferiu. – O que aconteceu de tão grave dessa vez que você quase põe em jogo a festa de hoje?

Harry abaixou a cabeça em derrota. Nem ele mesmo sabia por que ele perdera a cabeça daquela maneira...

 - É que dessa vez ele foi longe demais! – Rony respondeu irado. – Ele falou da Gina! Mas... mas foi pior!

Hagrid olhou curioso do Rony para a Gina. A menina abaixou a cabeça envergonhada, e não conseguia olhar para nenhum dos três por nada... Hagrid decidiu que seria melhor nem perguntar.

 - Bom... então vamos deixar isso pra lá! – Hagrid sorriu. – Vamos falar de coisas mais felizes! Agora eu quero que vocês me contem o que tem acontecido com vocês enquanto eu estive ausente!

Todos se sentiram aliviados com a mudança de assunto e, em pouco tempo, estavam conversando sobre assuntos diversos, esperando que o resto do pessoal chegasse, e que o baile começasse.

Capítulo Vinte e Quatro...