CAPÍTULO I

Pansy Parkinson tentou, mais uma vez, prender os cabelos castanhos em um coque, de forma a discipliná-los e destacar seu belo rosto. Segurava os cabelos no alto da cabeça quando ouviu a campainha tocar.

A apreensão sombreou seu olhar e Pansy deu um longo suspiro, forçando-se a aparentar calma enquanto se dirigia até a porta de entrada do seu pequeno apartamento.

Respirando fundo, ela abriu a porta de supetão e encarou o homem diante dela. O sorriso forçado que Pansy trazia nos lábios se apagou e foi substituído por uma linha pro funda entre as sobrancelhas bem delineadas. Devia haver algum engano. Não era, de jeito algum, o que ela esperava.

O homem a sua frente parecia surpreso e desapontado, e isso fez com que ela recuasse e procurasse manter-se firme em pé.

- Parkinson? – Perguntou ele com desdém.

- Potter! – Ela tentou dizer parecendo desgostosa.

Pansy percebeu, zangada, que o homem a sua frente tinha agora uma expressão divertida enquanto olhava para o vestido que ela usava, verde longo e brilhante de cetim, colado ao corpo. Tentando ignorá-lo, ela perguntou:

- O que faz aqui? – Ela temia a resposta.

Harry encarou-a e o divertimento desapareceu de seus olhos.

- Vim fazer companhia a amiga de uma amiga. Talvez ela esteja aí dentro, você poderia chamá-la?

Pansy irritou-se. Mataria Luna.

- Este é meu apartamento Potter, não há mais ninguém aqui.

Pansy viu a expressão chocada na cara dele e por um instante pensou em rir.

- Luna não faria isso. Vocês nem são amigas! – Harry parecia absolutamente certo de que isso era impossível.

- Não que eu te deva satisfações Potter, mas Luna Lovegood é minha amiga.

- Como isso é possível? – Ele parecia chocado.

- Nos aproximamos durante a guerra, enquanto trabalhávamos ajudando os feridos. Somos amigas desde então. – Ela contou.

- Então é você que eu devo acompanhar? Aonde iremos? – Ele pareceu decepcionado.

- Nem em sonhos Potter! Eu prefiro ir só.

Pansy deu as costas a Harry e entrou em seu apartamento. Harry seguiu-a, fechando a porta atrás de si.

- Então não terei que acompanhá-la? – Harry observava tudo ao redor, sentindo-se intimidado por estar na casa de uma serpente.

- Claro que não! Não sei o que Luna estava pensando, mas isso é absurdo.

- Ótimo! – Harry agora pareceu aliviado.

Pansy virou-se para ele e encarou-o, franzindo o cenho.

- Por que Luna o mandaria para ser meu acompanhante?

- Não tenho a menor ideia.

- Você não tem uma namorada?

- Não que seja de sua conta, mas eu e Ginny não estamos mais juntos. Ela tem outra pessoa agora.

- Eu li algo a respeito. Nem bem tinha um mês do fim da relação de vocês, ela já estava com outro, um jogador da mesma equipe, correto?

- Sim.

- Lamento Potter.

Harry não respondeu. Duvidava que ela lamentasse de fato. Pansy percebeu que ele tinha agora uma expressão triste, como se fosse doloroso falar da Weasley fêmea. Pansy compreendeu o que ele sentia, pois sentiu-se assim em relação a Draco.

- Draco fez o mesmo comigo. Hoje ele se casa com Astoria, a irmã da minha melhor amiga. É ao casamento dele que estou indo. – Ela se viu contando.

- Entendo. Li algo a respeito no Profeta Diário e acredito que você não quer ir sozinha. – Ele a olhou com compreensão.

- Não. – Pansy admitiu.

Por um momento eles se encararam e Pansy percebeu o quão verdes eram os olhos de Harry. Ele parecia ser um homem diferente agora, parecia mais homem, mais sério, os traços mais firmes, mais másculo.

Harry viu-a como se nunca a tivesse visto antes. Pansy tinha os olhos castanhos claros e grandes em um rosto oval, os lábios bem desenhados e carnudos que pediam para serem beijados.

Uma coruja bateu na janela, quebrando o momento. Pansy dirigiu-se até ela para pegar a carta que ela trazia. Harry observou-a andar em direção a janela, o corpo bem feito emoldurado naquele vestido. Pansy tinha um corpo perfeito, não magra como Ginny e Hermione, mas cheia de curvas nos lugares certos.

- É de Luna. – Pansy anunciou – Pede-nos que a desculpemos a trama e que saiamos juntos. Diz que temos mais coisas em comum do que podemos enxergar e que estaremos auxiliando um ao outro se formos juntos hoje a esse casamento.

Pansy retornou para junto a Harry, parando a um metro dele. Harry a encarou.

- Sei que vou me arrepender disso, mas se você não se importar Potter, gostaria que me acompanhasse ao casamento de Draco.

- Harry, chama-me Harry.

- Harry – Pansy disse quase num sussurro.

- Vou chamá-la de Pansy – Harry disse de volta.

- Certo.

Eles ficaram calados por um momento, como que avaliando o que tinham acabado de combinar.

- Você sabe que todos comentarão, não sabe? Tenho certeza de que chamaremos mais atenção que o maravilhoso casal em seu grande dia. - Ela disse irônica.

- Não me importo. Estou acostumado com as pessoas falando de minha vida.

- Claro! – Pansy recordou que Harry era notícia diária nos jornais.

- Você se importa?

- Na verdade não – Ela respondeu após uma pausa. – Também tive minha cota de reportagens, nada boas, devo acrescentar. Creio que uma a mais, uma a menos não fará diferença.

- Bem, quando estiver pronta, podemos ir.

- Sim. Só um minuto!

Desistindo de prender os cabelos manualmente, Pansy usou magia. Pegou sua bolsa prateada e calçou os saltos, igualmente prateados. Caminhou em direção a Harry, que estendeu-lhe a mão.

- Iremos como um casal, certo? – Harry perguntou.

- Creio que sim. – Ela afirmou fazendo uma careta.

- Então espero que não me azare quando eu me aproximar de você.

- Sou uma slytherin Potter, sei desempenhar bem um papel.

- Então não se esqueça de me chamar de Harry.

- Não esquecerei. Ou será que devia chamá-lo de benzinho? – Pansy brincou.

- Acho bom, talvez eu devesse chamá-la de minha serpentinha.

- Você não ousaria!

- Claro que não benzinho! – Disse Harry sorrindo.

- Acho que seremos bombardeados de perguntas, talvez devêssemos criar uma história para como nossos encontros começaram. – Pansy o encarou com expectativa.

- Sim, concordo. Podemos dizer que estamos juntos a mais de um mês, depois de um encontro casual no beco diagonal, e que nos encontramos sempre no seu ou no meu apartamento. Que cozinhamos um para e outro e etc.

- Isso é muito romântico Harry. Não é algo que eu faria.

- Mas eu faria se tivesse oportunidade.

- Em todo caso é uma história válida, acho que vão acreditar. Precisamos avisar Luna para que ela não solte a verdade.

- Falaremos com ela no casamento. Ela vai estar lá, não?

- Sim, como imprensa.

- Nesse caso, podemos ir.

- Não acredito mesmo que vamos fazer isso! – Disse Pansy recuando um instante.

- Vai ser divertido Parkinson!

- Eu espero que não seja um completo desastre, Potter.

Eles se deram as mãos e aparataram.