Isabella foi finalmente tirada de sua cela, imediatamente após a visita do Rei. Ela viu novamente lugares diferentes de sua cela fria, e isso fez com que se sentisse melhor. Mas seu coração ainda acelerava toda vez que lembrava do motivo pelo qual foi tirada da cela pela primeira vez em uma semana.

Ela foi colocada em uma banheira e as criadas a banharam, assim como o Rei instruíra. Era irônico que as criadas dessem banho em uma escrava. Porém, não havia nada de surpreendente no destino de uma escrava que vai parar na cama do Rei. Ela foi banhada. E três criadas cuidaram dela. Uma delas, a mais velha, chamada Esme, era quem estava no comando.

Elas soltaram o cabelo dela e pentearam os fios emaranhados, deixando-o longo e ondulado depois. As roupas com as quais a vestiram fizeram Isabella se contrair. Não cobriam quase nada e para ela, era o mesmo que estar nua. Vestia uma saia de couro vermelho que mal cobria seus quadris e a parte de cima, também de couro vermelho, cobria apenas seus mamilos, parando logo acima de sua barriga. Depois, a envolveram com um longo manto que cobria a escassez de roupas. A perfumaram com fragrâncias também.

–Tudo pronto. – Disse Esme.

Isabella se olhou no espelho e por um breve momento, se viu como costumava ser. Princesa Isabella.

–Você pode ir para os aposentos do Rei agora. Não é recomendável deixá-lo esperando. – Esme afirmou encurvando-se.

Isabella, porém, não disse nada. Ela queria desesperadamente perguntar a essas pessoas como o povo dela estava. Ela não tinha visto ninguém de seu povo desde que a prenderam.

Eles também são escravos? Foram vendidos como escravos sexuais?

Compartilhados entre as famílias ricas e privilegiadas de Cullenshire?

Afinal, o pai dela tinha feito exatamente a mesma coisa com o povo de Cullenshire. Ela estava preocupada, mas ao mesmo tempo sabia que não tinha o direito de estar. Havia coisas mais urgentes com as quais ela deveria se preocupar. Como o fato de que o Rei de Cullenshire, que a odeia com cada fibra de seu ser, estava prestes a dormir com ela.

Ela parou em frente aos aposentos do Rei. Hesitante, olhou para a porta e bateu.

–Entre. – Veio uma resposta curta. A voz profunda do rei reverberou por ela.

Ela abriu a porta e entrou. A luz iluminava a sala, as câmaras estavam repletas de ouro. Era uma linda visão, mas a situação não estava exatamente favorecendo o senso de exploração e apreciação de Isabella.

Ela só conseguia olhar para o homem grande que ocupava um lado inteiro do quarto. Ela nunca tinha visto um homem na casa dos trinta tão extravagante como o Rei Edward. Observando-o enquanto ele mergulhava uma pena no tinteiro sobre a mesa, depois a removia e continuava a rabiscar no pergaminho à sua frente, era difícil acreditar que este homem já tinha sido um escravo. Mas era verdade. Por dez longos anos ele suportou torturas indescritíveis nas mãos do pai dela. Agora, ele estava se vingando.

Ele finalmente levantou a cabeça e olhou para Isabella. Ele continuava segurando a pena e deu uma boa olhada nela. A olhou fixamente, seus olhos percorrendo a pele dela como mãos, Isabella estremeceu. O rosto e os olhos dele permaneceram os mesmos após a inspeção. Um desprezo puro preencheu suas feições. Isabella imaginava se aquele homem sabia sorrir.

Lentamente, ele empurrou a cadeira para trás, ainda olhando para ela.

–Tire o manto. – Ele ordenou. Isabella hesitou.

Os olhos dele brilharam perigosamente. Enquanto lambia os lábio calculadamente. Isabella forçou suas mãos a se moverem. Ela removeu o manto de seu corpo deixando-a apenas com as poucas roupas que usava por baixo.

Os olhos dele sempre encarando o rosto dela.

–Vamos deixar uma coisa bem clara, Escrava. Da próxima vez que me dirigir a você, e se você não me responder direito, vou pegar um chicote e desenhar suas costas com vinte golpes. Fui claro?

Os olhos de Isabella ficaram atormentados. Mas ela os fechou imediatamente para que ele não visse o quanto ela estava afetada.

–Sim... Mestre. – Disse ela desafiadoramente. Uma palavra que deveria retratar submissão, demonstrava pura rebeldia. Se ele percebeu, não disse nada. Levantou-se e, lentamente, deu a volta na mesa. Se apoiou nela e a encarou com olhos frios.

–Tire a roupa. – Uma palavra. Uma ordem.

Toda a rebeldia desapareceu com aquela única palavra.

–Por favor... – Ela sussurrou impulsivamente. Mas ela sabia que já tinha cometido um erro. Como uma leão, ele se aproximou dela, e ela teve que usar todas as forças para se manter firme e não se afastar dele. Ele puxou o cabelo dela com tanta força que sua cabeça foi jogada para trás e ela mordeu os lábios para não gritar de dor. Não havia nada nos olhos dele. Apenas um ódio tão puro que a fez gelar.

–Ou você tira a roupa ou eu chamo os guardas para te ajudar.

Suas mãos foram para o alto do pescoço e ela começou a desfazer os laços que prendiam a roupa. Despida completamente, ela fez com que o manto caísse ao chão.

Suas mãos tremiam, mas ela as fechou em punhos. Ela não daria a ele a satisfação de vê-la toda humilhada e submissa. Esta noite, ela perderá sua virgindade da maneira mais cruel, nas mãos do homem mais frio que ela já conhecera. Mas ela aguentaria com dignidade. Ela ergueu o queixo e esperou pela próxima ordem.

–Suba na cama. Fique de bruços. Abra as pernas.

Não havia expressão nos olhos dele. Apenas ódio. Ela subiu, ficou de bruços com o rosto na cama e abriu as pernas. Fechou os olhos e esperou pelo inevitável, seus braços tremiam levemente. Sendo otimista, tentou se concentrar no fato de que aquela era a primeira cama macia na qual ela deitava pela primeira vez em muito tempo. Ela permitiu que o prazer desse pensamento a envolvesse. Então ouviu o barulho de roupas. Não demorou muito para que ela o sentisse vindo por trás. Ele a agarrou pelos quadris, seus dedos beliscando a carne enquanto ela sentia seu pênis roçando em sua abertura. Os olhos dela se arregalaram ao sentir o pênis enorme dele.

Isabella já conhecia a anatomia masculina, afinal, ela já tinha visto muitos escravos nus, mas nunca pensou que um pudesse ser tão grande quanto o que pressionava o corpo dela em busca de alguma coisa. Ele deve ter encontrado o que estava procurando, ao grunhir em aprovação. Enquanto ele ajustava os joelhos na cama, o pequeno prazer que ela sentia desapareceu completamente quando ele começou a colocar e tirar dentro dela. Ela segurou um grito de horror enquanto as estocadas curtas que ele dava rapidamente se tornaram dolorosas, enquanto ela prendia a respiração, esperando o que estava para acontecer.

Respirando intensamente, ele a segurou pelos quadris, e tirou tudo de dentro dela, para empurrar de uma só vez com um impulso longo e forte, a penetrando completamente até o fundo.

Os olhos dela ainda ardiam em lágrimas. Por que seu pai teve que fazer tudo isso? Ela é uma princesa. Não... Ela foi uma princesa. Ela nasceu na realeza, treinada para se portar com orgulho e ser uma dama perfeita. Mas agora aquele era o seu destino. Do qual ela não podia escapar.

Ela gritou com uma dor agonizante, cerrando os dentes com tanta força que sua mandíbula ficou dormente. Ele se acalmou completamente enquanto ela soltou um gemido cheio de lágrimas que não conseguia mais conter. Doeu mais do que ela imaginava. Ele tirou e a penetrou novamente com força. Ela virou a cabeça, pressionou o rosto abaixado na cama e gritou, torcendo seu corpo trêmulo para sair daquela possessão brutal. Mas as mãos fortes deles a aprisionaram, mantendo seu corpo imóvel. Ele a cobriu com seu corpo e a penetrou continuamente, a força de suas estocadas a pressionava implacavelmente mais fundo na cama. Apenas seus gritos de dor podiam ser ouvidos na sala dourada, mas nada dele. Nem mesmo um grunhido. Embora ele a tivesse dominado ferozmente como um animal, Isabella podia jurar que ele estava se contendo. Isso a fez imaginar se ele a quebraria em duas se não estivesse.

As estocadas ferozes continuaram por algum tempo. Então, de repente, ele se afastou. Levantou-se da cama e puxou a calça. Isabella ficou deitada na cama, incapaz de mover seu corpo, chorava baixinho na cama.

–Saia do meu quarto. – Ele ordenou, indo embora sem olhar para trás para vê-la.

Ela ouviu a porta abrir e fechar atrás dele com um estrondo. Ela sabia que ele não havia terminado e se perguntava o por quê. O homem a odiava, não tinha remorso por ela. Então, por que ele não continuou invadindo o corpo dela até ficar satisfeito?

Ela não conseguia encontrar uma resposta para isso, mas esse era o menor de seus problemas. Sozinha, ela começou a soluçar em voz alta. Pela primeira vez desde que seu reino fora emboscado, seu pai morto e ela levada como escrava, sentiu dor. Uma dor crua e real. Sua garganta era dilacerada por soluços de cortar o coração. Ela sempre sonhou com flores. Seu marido e ela fazendo amor sob o luar. Ela perdendo a virgindade com ele enquanto seu corpo era amado com tanta ternura. O que aconteceu está longe de ser o que ela imaginou. A realidade doía como uma faca enterrada no coração. Pai, por que você fez isso comigo?

Ela não sabia qual dor era maior. A que vinha de seu corpo, ou a de seu coração. A do corpo era física. O que ele fez a deixou machucada. Mas a do coração... Sabia que de agora em diante, aquela seria a sua vida. Ela se levantou, feliz por ele não estar por perto. Não sabia o que faria se ele a visse cambaleando para tentar sair e chorando a plenos pulmões. O sangue manchava suas coxas, ainda pingando de sua feminilidade destroçada. Ela conseguiu chegar à sua cela fria e o guarda a abriu. Entrou no confinamento vazio, caminhou em direção ao beliche velho sem colchão e se deitou, ficando encolhida nele. Ela fungou várias vezes, tentando conter as lágrimas. Ela não queria chorar mais. Não queria parecer quebrada... Eu vou sobreviver! Pensou ferozmente.

Sobrevivência. Ela iria sobreviver a este lugar. Ela poderia ser a escrava dele lá fora. Mas por dentro, ela ainda era a princesa Isabella para si mesma. Ele não irá quebrá-la! Ela jamais permitiria.

Naquele momento, a cela se abriu e Esme entrou. A velha mulher lhe sorriu educadamente.

–O Rei disse para vir buscar você.

Como? Novamente?

–O-o quê?

–Ele disse para tirar você daqui e... –

Nesse momento Isabella perdeu completamente a razão.

–O que ele quer me chamando de novo!?– Isabella se enfureceu, atirando-se para fora da cama.

–Ele deseja...-– começou Esme.

–Por mim, ele pode ir para o inferno! Fique longe de mim! Saia daqui!

A princesa dentro dela gritou, além de qualquer racionalidade. Esme franziu os lábios em desgosto, mas não se moveu. Ao invés disso, um vislumbre de pena brilhou em seus olhos.

–Você precisa abandonar essa atitude se quiser sobreviver como escrava. Foi o que todos nós fizemos quando tentamos sobreviver ao seu pai. E foi assim que conseguimos.

–O seu rei é um monstro. – Isabella chorou.

Esme balançou a cabeça com firmeza.

–O Rei Edward está longe de ser isso. Você não tem ideia do que ele passou. Você nem imagina!

Os olhos de Esme encontraram os dela.

–Ele está realmente se controlando com você.

Isabella caçoou.

–Como você pode dizer uma coisa dessas! Você não tem ideia do que aquele monstro fez co..

–Ele está se segurando, porque se ele realmente quer se vingar de tudo que seu pai fez, começaria queimando suas partes intimas. – Disse ela bruscamente.

–O-o quê?– Isabella não tinha certeza se tinha ouvido bem.

–Esqueça. – Ela se virou –Se você deixar essa raiva de lado, poderá me ouvir. O rei disse para levá-la até seus aposentos.

Isabella piscou duas vezes, imaginando se tinha algo errado com seus ouvidos.

–O quê?

–Siga-me. – Esme começou a se afastar.

O que está acontecendo?

Isabella se levantou e a seguiu. A velha mulher a acompanhou até o outro lado do grande palácio a uma sala. O quarto era pequeno, mas bonito e arrumado.

–O que estou fazendo aqui?– Ela perguntou à velha.

–Este é o seu novo quarto.

–M-meu?– Ela olhava ao redor, imaginando o que eles estariam tramando.

–Limpe-se e vá para a cama. O Rei irá chamá-la pela manhã.

Então, Esme virou-se e partiu. Isabella, muito cansada e emocionalmente esgotada para começar a pensar sobre tudo o que tinha acabado de passar, apenas se deitou na cama e se deixou desmaiar. Fugir da realidade era sempre uma boa escolha. Mas, o que a velha quis dizer com ele está se controlando? E o que diabos ela quis dizer sobre "queimar as partes íntimas" dela?