Capítulo 5: O dia das Greengrass


Astoria ficou escondida no meu dormitório a noite inteira. A garota acabou pegando no sono enquanto eu tentava convencê-la que sua cor rosada não estava tão ruim assim. No fim ela dormiu abraçada comigo a noite inteira, eu pensei em acordá-la para ela ir para seu dormitório, mas não tive coragem. De qualquer forma, acordei primeiro e a primeira visão do meu dia foi minha irmãzinha dormindo. Sua pele ainda estava rosada, um pouco melhor que ontem, mas ainda notoriamente rosa. Eu dei uma pequena risada enquanto a observava. Que tipo de projeto é esse que a fez testa o protético em si mesmo? Depois eu tenho que conversar com ela para tentar pelo menos supervisionar ou até mesmo ajudá-la se possível, talvez assim eu consiga evitar que ele teste em si mesmo as poções. Imagino que Flitwick e Snape não aprovariam um projeto que possa ser de alguma forma perigoso, principalmente para duas alunas tão novas, mas nunca se sabe.

Eu a acordei carinhosamente, mesmo com dó, ela ainda tem aula daqui a pouco assim como eu. Ela demorou para finalmente abrir seus olhos que estavam um pouco inchados devido ao quanto que chorou ontem.

— Bom dia, pronta para mais um dia de aula?

Ela bufou a ouvir minha voz e voltou a fechar seus olhos tentando me ignorar e forçando uma risada minha.

— Vamos Ast, você irá chegar atrasada.

— Eu não vou a aula hoje Daph, estou ridícula!

Eu neguei com a cabeça fazendo um pequeno cafune em seu cabelo.

— Eu não me importo se você perder um ou dois dias de aula, não fara diferença nenhuma para minha irmã brilhante! Só não quero você reclamando que sua vida acabou porque perdeu meio dúzia de aulas, ok?

Ela bufou enquanto finalmente voltava a abrir seus olhos e se sentava na cama.

— Ta, eu vou pensar. Droga por que você me conhece tão bem?

Eu dei uma forte risada enquanto me sentava ao seu lado e observava que somente Tracey ainda não se levantou.

— Talvez porque sou sua irmã mais velha. Te conhecer e encher seu saco é quase minha obrigação.

A garota bufou e se levantou lentamente se esticando.

— Eu vou me arrumar! Obrigado por me acalmar ontem e deixar eu dormir aqui.

— Você não precisa agradecer, sabe que estarei aqui sempre que você precisar.

Astoria não respondeu, somente sorriu antes de se virar e deixar meu dormitório. "Espero que ela fique bem" foi com pensamento que me levantei e comecei meu dia. Tomei meu banho e me troquei, quando sair do banheiro cumprimentei Tracey que estava furioso porque eu estava demorando e ela estava atrasada. Peguei meu material necessário para o dia e desci as escadas até o salão comunal e sem nem ver quem estava por ali, já seguir a passos largos para a masmorra.

Eu deveria ir tomar café, mas aproveitando que minha primeira aula seria na masmorra, eu ignorei esse fato e seguir direito para a sala de Snape que estava completamente vazia quando cheguei. Me instalei no fundo da sala, deixando meu caldeirão pronto e os ingredientes que possuía organizados. Então me sentei, coloquei um grande pergaminho em cima da mesa para anotações e comecei a ler um livro de Transfiguração. O silencio da masmorra me ajudava muito a me concentrar, afinal o único som que eu podia ouvir eram alguns alunos que as vezes passavam próximo da sala. O cheiro de molhado geralmente incomodava as pessoas, mas eu estou mais do que acostumada, pois esse cheiro não se aplicava somente a essa sala, mas praticamente toda masmorra. Claro que no salão comunal não acontecia, mas tirando lá, esse cheiro era constante! Fazendo qualquer Sonserino nem reparar após um tempo.

Eu costumo ter sérios problemas com concentração, não conseguindo focar se tiver algo a para me interromper. Por isso estou sempre buscando lugares vazios e silenciosos, somente nesses lugares consigo estudar em paz.

Para minha sorte o professor Snape só entrou com a mesma cara zangada de sempre faltando dez minutos para a aula ser iniciada e não parecia muito supresso com minha presença.

— Você não toma café Greengrass?

— Eu tomei no dormitório professor. — Menti descaradamente — Muito tumulto no salão principal.

Tenho certeza de que ele sabe que menti sobre a primeira afirmação, mas não pareceu se importar, somente concordando com a segunda parte dando um raro sorriso de canto de boca.

— Nesse caso, falta só dez minutos para a aula começar! Devo adverti-la que sua paz está acabando.

Eu concordei com a cabeça e o professor voltou o seu olhar normal. Eu voltei minha atenção ao livro e como Snape disse, minha paz logo acabou. Assim que a porta da sala foi aberta os vários alunos da Sonserina e da Grifinória começaram a entrar na sala e se acomodarem. Eu cumprimentei Draco com um aceno de cabeça e Darius se instalou ao meu lado com Tracey em seus calcanhares.

— Não tomou café? — perguntou o garoto que bufou assim que neguei com a cabeça — Caramba Daphne. Draco me contou que você passou mal ontem durante a tarefa porque não tinha comido direito! Não vi você no jantar de ontem e nem no café de hoje.

Eu dei uma pequena risada enquanto fechava o livro e via todos se instalando lentamente em seus lugares. Eu odiava as aulas compartilhadas com a Grifinória, eles sempre estavam com o mesmo olhar na nossa direção.

— Eu estou bem Darius! Sabe que Draco exagera demais.

— Não nesse assunto.

Eu somente neguei com a cabeça tentando mudar de assunto.

— Como se ta Tracey?

Tracey pareceu perceber que eu tentava a todo custo fugir dos questionamentos do seu namorado e sorriu.

— Estou bem Daph, só mal-humorada porque começamos hoje com os favoritos de Dumbledore.

Eu ri um pouco olhando para todos os de vermelho com certo desprezo, aí que meus olhos passaram pela nuca de um trio que me chamou atenção.

Eu estava no fundo da sala, então só conseguia ver as nucas da maioria dos alunos, mas pelos cabelos não deu para não reconhecer. Afinal um tem cabelo ruivo, a outra tem cabelo cacheados e o último tinha cabelos tão rebeldes que aposto que sequer deve tentar os pentear.

A última vez que vi Harry Potter foi ontem durante meu inexplicável ataque de pânico, depois aconteceu o que aconteceu com Astoria e isso fugiu da minha mente. Mas agora, sendo obrigado a comtemplar sua existência novamente ficou difícil afastar os questionamentos que invadiram minha mente.

O que foi aquilo afinal? Será que alguém me enfeitiçou? Não! Isso não faz sentido. Parecia algo mais interno, como se meus sentidos naturais estivessem preocupados com ele. Me pergunto se ele sentiria algo parecido por mim também.

Graças a deus meus pensamentos confusos foram interrompidos pela voz irritada do professor Snape que carregava uma cópia do profeta diário em suas mãos.

Infelizmente meus pensamentos foram interrompidos pela coisa mais baixa que já vi Snape fazendo. Ele começou a ler aquela edição do profeta diário que carregava consigo em voz alta para toda turma ouvir. Aparentemente saiu na primeira página uma matéria sobre o relacionamento romântico que o Potter tem atualmente com a Granger. Mesmo estando no fundo e só conseguindo ver suas nucas, conseguir sentir a vergonha que ambos estavam sentido daquela situação. Vários alunos da Sonserina riam alto e debochavam dos dois que somente escultaram calados. Eu sentir ódio de Snape naquele momento. Que porra de professor ele é afinal? Ele está simplesmente humilhando dois de seus alunos sem nenhum motivo aparente. Snape sempre está notoriamente perseguindo o Potter, mas agora passou bastante do limite.

A aula foi uma provável tortura para o Potter e para a Granger e por algum motivo também foi uma tortura para mim, quando Snape terminou de ler eu queria o enfeitiçar. Felizmente ninguém ao meu redor parecia notar. Quando a aula finalmente terminou, nunca sair tão rápido de uma sala de aula, precisava tomar um ar. Eu me acabei me colocando no lugar dos dois e imaginado aquilo acontecendo comigo. Que uma desgraçada que se diz jornalista fizesse uma matéria sobre minha vida pessoal e algum professor lesse em voz alta para me humilhar na frente dos meus colegas.

O restante das aulas foram todas uma merda, pois aquela situação com Snape ficou zanzando em minha cabeça pelo resto do dia! Me concentrar nas aulas se tornou impossível. Acabei pulando o almoço também e me contentando com um lanche que Draco me trouxe já que não me viu no almoço. O segundo horário foi tão ruim quanto o primeiro. A cena anterior não estava mais presa em minha mente, mas eu estava nervosa e não conseguia me concentrar em absolutamente nada, tornando minha presença ali meramente ilustrativa.

Eu suspirei quando finalmente a última aula terminou. Eu tinha uma pilha de deveres de casa para fazer durante o final de semana, mas aí eu faço sozinha na biblioteca! O tempo passa rápido e eu me distraio. Fui até meu dormitório com intensão de tomar um banho, ver como Astoria esta e subir com ela para jantar. Se eu não aparecer em nenhuma refeição os professores podem alertar meus pais. Eu tomei um banho quente e foi bom para relaxar meus músculos e esquecer toda a merda que tinha acontecido. Me troquei e fui até o dormitório da minha irmã para subirmos, mas estava somente a Carol lá dentro.

— Ei, Carol, você viu Astoria por aí?

Eu perguntei já que elas são melhores amigas e vivem grudadas uma na outra, mas Carol somente negou com a cabeça parecendo triste. Um pouco desconfiada eu ia embora para procurar por Astoria quando a garota me chamou fazendo eu virar a cabeça de volta.

— Senhora Greengrass, posso te contar uma coisa?

Seu tom era baixo e ela parecia com medo de falar. Temendo o pior eu me aproximei meio receosa.

— Primeiro, não me chame de senhora pelo amor de Merlin. Sou somente um ano mais velha que você! E diga, o que houve?

A garota engoliu em seco, nesse momento está mais que obvio para mim que é algo envolvendo Astoria.

— Aconteceu uma coisa chata hoje na aula de trato de criaturas magicas.

Eu me aproximei e me abaixei em sua frente dando apoio para que ela continuasse.

— Como a senhora sabe, Astoria e eu estávamos testando uma poção ontem e infelizmente ela acabou ficando rosa. Durante as aulas normais, os alunos estranharam bastante, mas ninguém falou nada demais! No máximo perguntaram o que aconteceu. Só que a penúltima aula era trato de criaturas com o pessoal da Grifinória.

Eu suspirei já imaginando para onde aquilo estava indo.

— O que houve lá?

A garota respirou fundo provavelmente pensando se devia ou não prosseguir. A essa altura ela não tem mais tanta escolha.

— Alguns alunos da Grifinória começaram a caçoar de Astoria por ela está rosa logo no início da aula. Isso era meio esperado, aconteceu em outra aula compartilhada também, os alunos da Sonserina nos ajudaram a revidar a altura e passou. Mas dessa vez foi diferente! Uma aluna da Grifinória usou um feitiço para aparecer a palavra "amaldiçoada" acima da cabeça de Astoria. Antes dela reagir aos vários alunos rindo, a palavra mudou para uma chuva molhando todo seu trabalho. Astoria saiu correndo da sala antes mesmo da gente revidar ou algo parecido. Tudo isso gerou uma briga enorme na sala entre os Grifinórios e os Sonserinos. A garota da Grifinória acabou em detenção por causa disso junto de Felipe que azarou um dos grifinórios.

Meu olho esquerdo tremia levemente devido a raiva que a história me gerou. Somente uma pergunta era necessária nesse momento.

— Onde está Astoria?

Carol abaixou um pouco mais a cabeça.

— No banheiro do primeiro andar. Está trancada lá dentro dês do ocorrido, não conseguir animá-la.

Era tudo que eu precisava. Sussurrei um obrigado para Carol e sai do dormitório quase correndo. Minha vontade era de amaldiçoar a primeira pessoa que eu encontrasse com o uniforme da Grifinória, mas tenho que segurar o ódio que parecia me preencher naquele momento. Astoria é mais importante.

Seguir a passos largos direto para o primeiro andar, indo na contramão de praticamente todos os alunos que desciam para jantar. Alcancei o banheiro feminino e ele estava deserto como esperado, tirando um box que estava trancado. Eu me sentei com as costas encostada no box trancado e bati levemente na porta para ouvir a voz chorosa e furiosa de minha irmã.

— Vai embora, não quero falar com ninguém.

— Não vou embora Ast.

Eu conseguir ouvir minha irmã engolindo em seco assim que percebeu que era eu que estava do outro lado da porta. Demorou pelo menos uns 15 segundo para ela voltar a falar.

— Daph, me deixa sozinha, não quero conversar agora.

Eu neguei com a cabeça embora ela não possa ver.

— Sabe que não vou fazer isso! Por que não abre a porta e me deixa te ajudar?

A resposta dela veio de imediato junto de um doloroso soluço.

— E como você poderia me ajudar? Sou amaldiçoado e agora todos na escola sabem disso.

— Não Ast, eles sabem que você tomou uma poção que te deixou rosa. O resto é só uma piada de mal gosto inventada por uma Grifinória nojenta.

— Você sabe que isso é mentira! Sabe que todos os próximos de mim sabem do meu problema e por isso tentam me proteger como se seu fosse de vidro, até mesmo você faz isso Daph. Gina Weasley deve ter ouvido em algum lugar e usou o momento perfeito para espalhar isso.

Eu neguei com a cabeça com meus olhos já cheios de lagrimas.

— Você é inteligente! Não tem nenhuma possibilidade da Weasley saber algo sobre você especificamente. Quem diabos contaria pra ela? O problema da nossa família está nos livros de história, ela somente leu isso em algum livro e se aproveitou que você estava rosa para fazer uma piada de mal gosto. Ninguém sabe nada da nossa vida pessoal e eu não te trato como se fosse de vidro.

A garota choramingou lá dentro do box fazendo meu coração doer.

— Trata sim Daph! E eu te agradeço por isso, é maravilhoso que você se preocupa comigo... Só queria que isso não fosse necessário.

eu neguei com a cabeça tocando na porta novamente.

— Só me deixa entrar Ast.

— Não Daph, eu preciso desse tempo aqui. Prometo que vou ficar bem.

— Eu não vou sair daqui.

A garota lá dentro deu uma pequena risada.

— Eu sei que não.

— Então me deixa entrar.

Astoria não me respondeu de imediato o que me trouxe uma pequena esperança de que ela abriria a porta e me deixaria entrar. Ao invés disso soltou a última frase que eu queria ouvir após os longos segundos de silencio

— Eu vou mandar uma carta para o papai e para a mamãe, quero estudar em casa como foi aconselhado.

Eu congelei com a frase dita por minha irmã. Eu me virei e encarei a porta fechada com meus olhos cheios de lagrimas.

— Você ta falando sério?

— Estou sim. Eu não conseguir me defender nem de Gina Weasley! Estou envergonhando nossa família e essa nunca foi minha intenção quando insistir que conseguiria vim a Hogwarts.

— Nunca mais repita isso! Você jamais iria nos envergonhar, principalmente por algo feito por outra pessoa. Ast, você já tem uma tese. É disparada a melhor aluna da sua turma! Às vezes me ajuda com matéria do meu ano. É a pessoa mais brilhante que conheço. Embora o diagnóstico, sua saúde está estável a anos. Não existe nenhum motivo para você abandonar o colégio, principalmente por causa de alguém tão insignificante quanto Gina Weasley.

Ela suspirou antes soluçar, deve estar chorando novamente assim como eu.

— Você sabe que se o castelo inteiro souber que sou amaldiçoada não terei escolha. Alguns que sabem já me tratam como se eu fosse contagiosa, imagina a escola inteira? Eu preciso de tempo para pensar Daph. Sei que você não comeu nada hoje como sempre, por que você não vai jantar e podemos conversar quando eu estiver mais calma?

— Se eu trouxer comida você comeria?

Ela gemeu lá dentro provavelmente pensando na possibilidade.

— Sim Daph, depois eu deixo você me arrastar para o dormitório.

Eu engoli em seco sabendo que ela só quer se livrar de mim para ficar sozinha. Eu me levantei lentamente e encostei a mão na porta trancada novamente.

— Só pensa bem. Esse era seu sonho.

Mesmo sussurrando lá dentro do box eu conseguir ouvir perfeitamente as palavras que saíram da boca da minha irmã.

— Ainda é!

— Então pensa muito bem antes de abrir mão dele.

Dito isso eu me afastei um pouco e como não teve nenhuma resposta tirando um pequeno soluço, eu sair do banheiro a passos largos, mas não fui na direção do Hall de entrada do castelo, eu guiei meu caminho diretamente para o sétimo andar. Ainda no corredor do primeiro andar, provavelmente voltando da biblioteca, encontrei Darius que me chamou mais eu o ignorei. Talvez desconfiado ou simplesmente insistente, ele veio me seguindo até as escadarias e quando percebi que ele estava subindo ao invés de descer como o resto da escola o questionei.

— Porque ta me seguindo?

Ele me olhou como se a resposta fosse óbvia.

— Porque dá última vez que vi você fazendo essa cara, quebrou o braço de Draco. Se fizer isso com algum aluno aleatório pode ser expulsa.

Seu tom era casual, parecia que ele testava se eu realmente estava com um problema sério ou se era somente impressão e eu iria rir de seu comentário. No caso eu continuei subindo as escadas antes de o responder secamente.

— Exatamente isso! Espere o anúncio da minha expulsão no salão principal.

Ele riu provavelmente confirmando que eu realmente estava nervosa, mas continuou me seguindo a passos acelerados.

— Esperar no salão principal? Prefiro me meter em confusão também.

— Faça o que quiser.

Respondi completamente indiferente. Dane-se se ele está comigo ou não, essa é literalmente a última das minhas preocupações.

Eu não demorei para chegar no sétimo andar, caminhei pelos corredores até alcançar o estranho quadro que graças a Draco, sei se tratar da passagem para o salão comunal da Grifinória. Eu me sentei no chão no corredor seguinte, com visão de quem saísse pelo quadro e do corredor para ver também quem estava indo para o dormitório. Tirando alguns grifinórios que já estranhavam minha presença ali, havia poucos alunos! A maioria já tinha ido jantar e minhas esperanças estão nisso. Uma hora Gina terá que voltar para o salão comunal da Grifinória, ou no caso dela ainda está aí dentro, logo irá sair para jantar também, e eu esperarei ansiosamente. Darius se sentou do meu lado parecendo preocupado.

— O que houve afinal? Por que estamos aqui?

— Eu não tenho ideia do porquê você está aqui! Já disse para você descer e aproveitar seu jantar como qualquer outro aluno.

Ele bufou parecendo frustrado e colocou sua mão sobre a minha.

— Quanto foi que te abandonei num momento difícil?

Eu recolhi minha mão da dele e o encarei um pouco nervosa.

— Não é um bom momento para você ser fofo, preciso me concentrar!

Ele abriu ainda mais seu sorriso.

— Você me acha fofo? Não deixe Tracey te ouvir falando isso, ela já morre de ciúmes de você.

Mas nesse momento eu não o ouvia mais, uma figura familiar acabava de atravessar o quadro e caminhava distraída pelo corredor acompanhada por duas amigas que desconheço os nomes. Darius pareceu perceber quem eu observava com olhos assassinos.

— Não me diga que você está atras da Weasley?

Sem responder eu simplesmente sair de meu esconderijo e fui seguindo o trio que estava de costa para mim. Darius fez o mesmo, mas quando tirei minha varinha ele segurou minha mão e sussurrou.

— Se as atacar pelas costas será expulsa.

Sem nem o olhar eu puxei meu braço sussurrando um simples "eu não ligo" e voltei a segui-las bem de perto. O fato é que eu não estava sendo nem um pouco discreta, mas as três idiotas estavam tão distraídas em sua conversa que nem chegaram perto de notar dois Sonserinos as seguindo na saída do salão comunal da Grifinória. Enquanto eu chegava cada vez mais perto, eu notei que todas riam de uma exagerada imitação que a Weasley fazia. A possibilidade dela está imitando Astoria fez meu sangue ferve e eu finalmente erguer a varinha na direção das pernas da única figura ruiva no trio.

— Conicio

Eu praticamente sussurrei o feitiço que a atingiu na coxa fazendo a garota tropeçar nos próprios tornozelos e cair violentamente no chão. Eu aproveitei o tempo dela se recuperar no solo e da supressa das suas amigas para quebrar o resto de distância entre nós duas.

— Abeo

Gritei o feitiço mirando no rosto de Gina, mas institivamente ela se protegeu fazendo meu feitiço rosa atingir sua mão esquerda criando bolhas imediatamente e a fazendo gritar de dor. Ela tentou pegar sua varinha que caiu ao seu lado quando eu a derrubei, mas eu fui mais rápida e a chutei para longe antes de pisar violentamente em sua mão a fazendo uivar e provavelmente quebrando um ou dois dedos dela. Ela parecia tão assustada e patética que quase me fez sentir pena quando coloquei minha varinha em seu pescoço pronto para azara-la.

— Seca...

Darius sabendo qual feitiço eu estava prestes a usar segurou minha mão e se colocou entre Gina e eu recebendo o melhor olhar de assassina que conseguir dar.

— Seja lá o que ela fez, acho que já apreendeu.

— Nem comecei ainda — gritei o empurrando e fazendo Gina se encolher na parede — sai da minha frente.

Darius segurou meus dois braços evitando que eu pudesse chegar em Gina novamente a não ser que eu o atacasse com minha varinha.

— Daphne olha para mim. — Eu o encarei com ódio e ele me olhava com uma cara seria. — Eu vejo em seus olhos, se eu não te impedir e você usar aquele feitiço nesse estado, você não vai ser expulsa de Hogwarts, vai para Azkaban! Quem vai cuidar de Astoria?

Nesse momento a menção do nome da minha irmã eu recuei um passo para trás. Somente agora eu vi o pequeno bolo de pessoas que já se juntavam ali. Vi um pequeno escudo impedindo que qualquer um deles chegue até a gente e as varinhas das duas amigas de Gina jogadas no chão. Eu estava tão concentrada em Gina que provavelmente Darius fez tudo isso sem que eu sequer o esculte fazendo. Muitos sussurravam e alguns grifinórios tentavam passar pelo escudo na força bruta, utilizando de socos e pontapés. "um bando de idiotas" Eu olhei para Gina ainda com extrema raiva misturada com nojo. A garota choramingava e não sabia se olhava com medo para mim ou para suas duas mãos machucadas.

— É bom que você saiba Weasley, você depende muito da minha irmã agora, pois se ela decidir abandonar Hogwarts por sua causa... Eu mato você.

Nesse momento eu tracei minha varinha pela palma da minha mão esquerda num feitiço simples e inofensivo de juramento. Quando meu feitiço cortou levemente minha mão derramando algumas cotas do meu sangue no chão, eu virei de costa para ir embora e fui seguida por Darius que pelo jeito se certificou que nenhum aluno iria me atacar pelas costas.

Meu caminho era direto para o terceiro andar, onde planejo já contar tudo que aconteceu ao diretor de Hogwarts e deixá-lo decidir se iria me expulsar ou não. Porém, assim que saímos do sétimo andar Darius pegou minha mão e me puxou para uma sala de aula vazia na entrada do sexto andar.

— Dá para me explicar o que aconteceu?

— Não é obvio? Eu ataquei a Weasley e agora estou indo para a sala do diretor contar o que aconteceu e esperar por minha punição ou expulsão.

Ele rolou os olhos antes de responder.

— Quero saber o porquê você a atacou! Eu te defendi, sou cúmplice nisso.

— Ela se aproveitou que Astoria estava rosa para fazer uma brincadeira expondo a palavra "amaldiçoada" em cima de sua cabeça. Minha irmã está chorando o dia inteiro no banheiro e ameaça abandonar Hogwarts.

Somente essas palavras foi o suficiente para fazer Darius me soltar e uma cara de raiva aparecer em seu semblante. Mesmo que Gina não saiba, ela mexeu com algo muito delicada, do tipo de coisa que não se faz piada e Darius sabia disso. Então somente abriu espaço para que eu pudesse sair da sala e continuar meu caminho até a sala do diretor.