Nessa semana consegui postar dois capítulos (além da minha expectativa de um por semana).
Como sempre: Comentários e sugestões são apreciados.
Capítulo 03 – Ilusão
"Tudo bem. Vamos dar um tempo pra nós".
"Ok".
"Ok".
E Cuddy apagou a luz. Naquela noite eles não fizeram amor, e tão pouco dormiram.
[H] [H] [H] [H] [H]
"Ei, porque você não cuida da sua vida sexual?".
Dra. Patrícia procurou ao redor e viu Dr. Gregory House parado a encarando.
"Você deve estar assustado com tudo, mas não me responsabilize por isso".
"Se você não tivesse enchido a cabeça de Cuddy para parar com os anticoncepcionais...".
"Eu não enchi a cabeça de ninguém, nós discutimos profissionalmente e tecnicamente, eu apontei opções e a decisão foi dela".
"Oh claro que você não influenciou em nada".
"Eu ouço histórias sobre os seus métodos de trabalho, mas não me julgue por você".
"Oh claro que não, você é perfeita. A médica do ano".
Ela riu irônica.
"O que está acontecendo aqui?". Wilson percebeu alguma discussão entre os dois médicos.
"O seu amigo está confundindo as coisas aqui".
House riu alto. "Acho que quem se confundiu foi você... E a sua confusão gerou um feto, você será responsável por todas as despesas...".
"House!". Wilson chamou a atenção dele corando.
"É melhor eu ir antes que isso piore, afinal, eu tenho trabalho a fazer".
"Isso fuja mesmo!". House continuou provocando.
"House cale-se! Você está fora de si!". Wilson falou.
House respirou fundo.
"Cuddy vai te matar se souber que você estava discutindo com a ginecologista dela, não tem nenhum sentido... A Dra. Patrícia não tem nenhuma responsabilidade e você sabe disso".
House simplesmente deu as costas pra ele e partiu em direção ao elevador.
Naquele dia mais tarde...
"HOUSE na minha sala!". Cuddy só colocou a cabeça para dentro da sala de Diagnóstico e logo saiu em disparada para o andar térreo.
"Problemas no paraíso?". Taub perguntou sorridente.
"Nada que seja do seu interesse, pequeno pônei rosa".
House respirou fundo antes de entrar na sala dela, afinal, ele já sabia qual seria o assunto.
"Você está completamente louco?". Ela teve que se controlar para não berrar tão logo ele apareceu.
"Em minha defesa...".
"Cale-se! Não há defesa para o que você fez. Dra. Patrícia é a melhor ginecologista da região, uma profissional excelente, uma colega querida que não merece ficar ouvindo bobagem de um homem frustrado com o método anticoncepcional falível que resolveu usar".
"O homem não teria escolhido usar tal método se a profissional em questão não tivesse se intrometido...".
"Eu juro que não quero ouvir mais nenhuma justificativa injustificável. Eu só estou avisando, se você pensar em confrontar a Dra. Patrícia novamente, eu corto o seu pênis fora e sirvo para os cachorros da vizinhança".
"Uau! Os cachorros não comeram tão bem. E não foi um confronto, foi uma discussão entre colegas".
"Cale-se e saia!".
Fazia tempo que ele não via Cuddy tão brava.
"Ok, farei isso mas não me rendi".
"Saia agora!".
Nos próximos dois dias eles praticamente não trocaram palavras, Cuddy não queria nem vê-lo, por isso demorou-se no hospital o quanto podia. Quando chegava em casa ele já dormia.
"Como estão as coisas com Cuddy e o bebê?".
"Não estão".
"O quê?".
"Esse feto veio para destruir nossa vida. É o próprio 666".
Wilson arregalou os olhos. "Não fale isso!".
"É só um feto, ele não nos ouve".
"É o seu feto!".
"Grande merda".
"Você é um escroto, conseguiu a mulher que sempre quis, conseguiu engravidá-la, coisa que ela sempre sonhou e nunca foi capaz de realizar, está com saúde vivendo o sonho e é um ingrato estúpido".
Wilson levantou-se da mesa inconformado e House ficou pensativo.
O fato é que na manhã seguinte algo em House havia mudado. Ele foi o único homem que conseguiu engravidar Lisa Cuddy, ele estava sentindo-se muito bem com aquilo, ele exalava masculinidade, potencia e fertilidade. Tanto que ele levantou-se antes dela, tomou um banho, aparou a barba, usou a colônia que ela mais gostava e que o deixava com um cheiro de homem, de acordo com o que Cuddy lhe disse algumas vezes.
"Ei linda, eu trouxe café".
Cuddy arregalou os olhos chocada. "Cadê o meu namorado egoísta e estúpido?".
Ele sorriu.
"O que você fez com Gregory House?".
"Eu sempre fui um namorado atencioso".
"Não a ponto de me trazer café da manhã na cama".
"Vamos... É sábado. Semana que vem será o aniversário de Rachel. Finalmente!".
"Você está... de bom humor?". Cuddy estranhou.
"Minha perna não dói tanto, é sábado, está um lindo dia...".
"Oh Deus, eu ainda estou sonhando?".
"Como se eu não fosse um raio de sol todos os dias".
Cuddy mordia o pão com olhos arregalados, o que diabos estava acontecendo com o seu namorado? Era a culpa?
"Você já se desculpou com Dra. Patrícia?".
"Não, mas farei isso".
"Sério?".
"Segunda-feira, sem falta".
"Mamãe!". Rachel pulou na cama do casal.
"Ei tropeço!". House disse. "Finalmente falta só mais uma semana para o seu aniversário".
"Quanto é isso?".
House mostrou com os dedos e Rachel o imitou. "Assim?".
"Isso!".
"Oba!". A menina começou a pular na cama.
"Rachel pare!".
"A garota está feliz, deixe ela". House disse.
Cuddy olhou pra ele ainda mais chocada. "Sério House, o que aconteceu? Você recebeu uma paulada na cabeça durante a noite? Deixe-me ver". Ela começou a examiná-lo.
"Cuddy relaxa!". Ele deu um selinho nela e se apressou em tirar a bandeja do café, antes de Rachel ter um acidente.
O fato é que ele sentia-se bem consigo mesmo, inexplicavelmente. Enquanto Cuddy sentia-se confusa, justificadamente.
Eles passaram aquele sábado juntos. House não podia deixar de olhar para a barriga de Cuddy e imaginar como seria quando começasse a despontar, todos no hospital saberiam que ele, Gregory House, havia engravidado a reitora de medicina linda, sexy e impenetrável.
"O que foi?". Cuddy perguntou quando notou que ele estava pensativo.
"Nada...".
"House, o que aconteceu? Você está... diferente".
"Diferente bom?".
"Diferente bom e assustador".
Ele riu.
"Sério House. Você me levou café da manhã na cama, você está super atencioso com Rachel, você cozinhou para nós no almoço e não reclamou de assistir o mesmo desenho pela décima vez".
"Quando você coloca assim eu realmente me assusto".
"Dias atrás você estava lidando muito mal com tudo...".
"O homem precisa de mais tempo que a mulher para entender e lidar com todas as coisas. Li isso em um livro de autoajuda".
Ela olhou pra ele chocada.
"Mas relaxa que eu não serei um chato que lê livros de autoajuda e sai querendo mudar o mundo, ou vendo luz em todos os lugares".
Ela continuou olhando pra ele. "É sobre a gestação, certo?".
"E se for?".
"Eu preciso saber o que você pensa...".
"Casais precisam realmente saber tudo o que o outro pensa o tempo todo?".
"Não, só as coisas muito importantes e relevantes. Acho que uma gravidez se enquadra nessa categoria".
House respirou fundo. "Eu meio que... posso gostar disso".
"Você pode gostar do fato de eu estar grávida de um bebê seu?". Cuddy perguntou surpresa.
"Talvez não seja uma má ideia".
"Você quer ser pai?".
"Meio que... Rachel já está aqui".
Cuddy abriu um largo sorriso, pois entendeu que ele se colocou no papel de pai da garotinha. E então ela o beijou com todo o carinho.
"Eca!". A menina disse quando olhou e viu os dois adultos se beijando.
"Você fala isso agora, quando for mais velha...".
"House. Não ainda. Muito cedo!".
"Ok. Teremos essa conversa novamente quando você tiver doze anos, mocinha".
Cuddy sorriu novamente, pois era a evidencia de que House se via na vida dela e de Rachel por tantos anos. Então ela deitou a cabeça no ombro dele e se aconchegou.
"Mamãe ursa quer comer alguma coisa?".
Ela sorriu novamente. "Mamãe ursa?".
"Você é uma mãe, certo?".
"Certo". Ela respondeu de forma meiga e se aconchegando ainda mais. "Mas não, acabamos de almoçar".
"Ok".
"Eu só quero ficar aqui".
"Tudo bem, meu ombro é todo seu".
"House... Como será se esse bebê vier realmente?".
"Ele será uma evolução da raça humana".
Ela riu. "Eu estou falando sério".
"Nós iremos lidar com isso juntos".
"Ok". Cuddy estava feliz? Ou era algum vislumbre disso, afinal, ela não esperava um namorado tão maduro.
E aquele foi um final de semana bom.
No dia seguinte House chegou perto das dez da manhã e Wilson estava em seu escritório junto de seu time.
"O que você faz aqui pequeno fofoqueiro?".
"Ei eu não...".
"Você sim".
"O que Wilson fez?". Chase perguntou curioso.
"Nada!". Wilson se defendeu.
"Ele não sabe guardar segredos íntimos". House falou. "Não auto segredos, obviamente ele não tem uma vida intima... Então ele fala sobre a vida dos outros".
"Você...". Wilson apontou para House. Ele estava vermelho.
"Não vá explodir Jimmy".
"O que Wilson disse?". Masters perguntou inocente.
"Nós faremos a biopsia cerebral?". Foreman interrompeu.
"Biópsia em Wilson? Não, acho que não há tanta necessidade assim. Ele é fofoqueiro e ponto, nada cerebral aqui".
Wilson balançou a cabeça contrariado.
"Biópsia no paciente. Você falou com Cuddy?". Foreman perguntou impaciente.
"Ela não aprovaria".
Todos olharam pra ele. "E você está bem com isso? Não vai mentir, manipular, brigar... nada?". Chase perguntou surpreso.
"Não devemos irritar as gestantes".
Todos arregalaram os olhos, inclusive Wilson.
"Cuddy está grávida?". Taub perguntou.
"Dessa vez não fui eu o fofoqueiro...". Wilson disse. "Vocês estão de prova".
"Oh meu Deus! Que fofo! Você será papai!". Masters disse.
"House um pai?". Chase riu alto.
"Não era o plano, mas meu espermatozoide super potente desbravou terras jamais habitáveis".
"Ok, eu tenho certeza de que Cuddy não ficará feliz com suas declarações precipitadas". Wilson disse.
"Isso é real?". Taub perguntou.
"Como um ataque do coração". House respondeu. "Podem sair espalhando que os nadadores de Gregory House chegaram a Terra Prometida".
"Oh Deus! Cuddy não vai ficar feliz". Wilson repetiu pela última vez.
No horário do almoço Cuddy foi abordada por Leonora.
"É real?".
"O quê?".
"Sua gestação?".
Cuddy corou na hora, não de vergonha, mas de irritação.
"Eu mato Wilson!". Ela largou o prato e partiu em direção ao escritório dele.
"Wilson seu linguarudo!". Quando ela invadiu a sala ele estava com um paciente. "Oh, me desculpe".
Wilson estava corado. "Me dê um momento, por favor".
"Você está pior do que House".
"Desculpe, eu não sabia...".
"Não fui eu. Ok? Foi o pai do seu rebento que declarou aos sete ventos sobre a sua gestação".
"House?".
"A menos que haja outro potencial pai...".
"Eu o mato!".
Ela não caminhou, praticamente correu até o escritório dele.
"HOUSE!".
"Oh... Oh...". Taub falou prevendo o pior.
"Oi minha abelha rainha!".
"Eu preciso falar com você já!".
"Estou a disposição".
"Saiam todos!". Cuddy ordenou sem meias palavras.
"Ouviram a chefe. Não irritem uma mulher grávida". House disse.
"Oh, Dra. Cuddy. Parabéns! Tenho certeza de que será um lindo e inteligente bebê". Masters disse inocente, levando um cutucão de Chase.
"Pois não...". House falou se esparramando na cadeira.
"Como você pode falar pra todo mundo?".
"Eu não falei pra todo mundo, só para o meu time".
"Eu não acredito! Eu devo estar gestante de três semanas, é muito cedo".
"Eu sei do potencial dos meus meninos".
"Isso não é brincadeira e tão pouco diversão".
"Não podemos ter as duas coisas? Afinal... Será um filho real de Princeton".
"Você é inacreditável. Ontem eu me surpreendi com sua maturidade, mas era tudo ilusão. Você queria mesmo se exibir por ter conseguido engravidar a reitora estéril".
"Ei, não é bem assim".
"Então o que é? E se eu abortar? O hospital todo criará expectativas, já não bastava a minha expectativa? Eu já estou apavorada com isso tudo, com a possibilidade de falhar novamente. Dessa vez falharia com um filho seu, seria ainda mais doloroso. Agora você coloca mais essa pressão sobre mim?".
House não havia pensado com tanta profundidade. "Eu não pensei...".
"Claro que você não pensou". Ela se virou para sair. Cuddy estava extremamente irritada.
"Desculpe!".
Ela bufou. "Agora é tarde".
E saiu.
House sentiu-se o último dos homens.
Continua...
