Terminando a semana com mais um capítulo. Espero que gostem.

Nos vemos na próxima semana!


Capítulo 05 – O diabo bate à porta

Cuddy não pensou, com o susto ela arremessou a chave do carro longe.

"Ai!".

"Dr. Wilson!". Donna correu para ele.

"Meu dente!".

"Oh Deus!". House resmungou quando viu o amigo com um vão onde deveria estar o dente incisivo.

[H] [H] [H] [H] [H]

"Dr. Wilson!". Donna correu para ele, mas Wilson fugiu para o banheiro.

House não queria olhar para o lado e ser fuzilado pelo olhar da namorada.

"Lisa... Parabéns!". Leonora disse tentando mudar o clima do ambiente.

"Desculpem-me!". Cuddy estava envergonhada.

"Você não tinha como saber...". House falou.

"Você devia ter me dito". Cuddy cochichou para ele. House bufou, ele sabia que a responsabilidade e a irritação da namorada sobraria para ele no final das contas.

"Como está Wilson?". Cuddy perguntou aleatória ao bolo confeitado que estava sobre a mesa, bexigas e decorações nas paredes, mas tudo perdeu o sentido. Aliás, todos os presentes estavam chocados com a coisa toda, ainda tentavam entender o que havia acontecido. Foi rápido e inesperado, eles só estavam lá pra celebrar, rir e comer bolo.

"Não sei... Acho que o dente dele pode ter sido... afetado". Laura disse tentando encontrar as palavras certas.

"O dente dele quebrou mesmo". House falou sem rodeios.

"Oh Deus! Eu preciso ir vê-lo". Cuddy saiu atrás do amigo.

"Mamãe é forte!". Rachel comentou orgulhosa com House.

"Sua mãe é perigosa garota, nunca faça nada que a surpreenda senão você correrá risco de vida".

Rachel não entendeu, mas olhou atentamente para House e tentou absorver as informações.

"House, desculpe...". Leonora se aproximou.

"Eu te disse que festa surpresa não seria uma boa opção".

"Sim, você disse". Leonora concordou.

"Agora ela está brava comigo e deixou Wilson banguela".

"Eu vou resolver isso".

"Você é odontologista? Pode fazer regressão no tempo?".

Ela não respondeu mas foi em direção a Cuddy e Wilson. Quando chegou viu que Cuddy quase se ajoelhava para pedir perdão ao amigo.

"Você não tem culpa, foi uma reação involuntária".

"Pare de ser tão lógico até nesse momento". Cuddy disse.

"Você quer que eu revide?".

"Algo assim".

"Eu jamais faria isso com uma mulher, sobretudo com uma mulher grávida". Wilson escondia a boca com a mão, ele não queria que ninguém o visse assim.

"Wilson eu posso ajudar". Leonora disse.

"Você é odontologista?".

"Por que todo mundo insiste em me perguntar isso? Não existe outra maneira de ajudá-lo?".

"Nesse momento? Não!".

"Minha vizinha é dentista".

"Oh...".

"Você manda a conta pra House depois". Cuddy disse.

"Não Lisa, é minha culpa. House não queria fazer uma festa surpresa, foi eu quem insisti".

Cuddy olhou pra ela surpresa.

"Então a conta você pode mandar pra mim". Ela disse para Wilson.

"Não, foi um acidente. Ninguém tem culpa". Ele respondeu. "Podemos ir até a casa da sua vizinha já, por favor? Eu não posso ficar assim".

"Claro!". Leonora disse. "Lisa, fique a vontade, coma o bolo. Logo voltaremos".

Cuddy balançou a cabeça. Como ela ficaria a vontade depois de tudo? O clima da festa estava acabado, definitivamente.

Quando ela voltou para a sala de estar se deparou com alguns amigos do hospital e House.

"Eu... eu quero me desculpar com vocês. Desculpe por acabar com a festa".

"Oh não Lisa, você não tem culpa. Foi uma reação normal". Donna disse.

"Sim, porque todo mundo arremessa a chave na cara dos outros...". Laura respondeu divertida e recebeu olhares de reprovação.

"Oh, foi uma brincadeira". Ela disse sem graça.

"Podemos comer bolo?". Rachel perguntou inocente arrancando risadas de todos.

"Nada como uma criança pra resolver problemas que os adultos não conseguem resolver". Donna disse enquanto cortava um pedaço do bolo para a garotinha.

House permaneceu calado.

"Desculpe... por antes". Cuddy se aproximou.

"Por quê?".

"Por ter te culpado".

"Eu devia saber que não era uma boa ideia. Quer dizer... Eu sabia, mas não fiz nada para impedir".

"Você não poderia imaginar".

"Claro que sim, depois dos últimos eventos... Você uma vez me chutou quando se assustou. Chutou as minhas bolas".

Ela riu. "Eu não sou normal".

"Finalmente você percebeu isso".

Cuddy riu e pegou na mão dele. "Wilson ficará tão bravo comigo".

"Nada que um bom dentista não resolva. Mas ele ficou... Digamos que ele teria dificuldades de arrumar outra esposa daquele jeito".

Ela riu e se aconchegou no ombro do namorado.

"O dente de Wilson não era tão perfeito assim...". House continuou.

"Pare de tentar me confortar, você está só piorando". Ela disse bem humorada.

"Onde está tio Wilson? Onde ele foi?". Rachel se aproximou.

"Ele foi colocar dentes de vampiro". House respondeu e Rachel riu alto.

"Wilson foi ao dentista, filha. Mamãe o machucou sem querer". Cuddy falou se agachando para falar com a garotinha. "Não foi bonito o que mamãe fez, mas foi sem querer".

"Eu sei mamãe". Rachel a abraçou.

"Oh... Parece comercial de cereal. A família feliz!". Donna falou olhando para os três.

"Claro que sim, mas essa é a família legal, diferente dos comerciais de televisão. Minha mulher já chega quebrando o dente do meu melhor amigo".

Donna e os presentes riram.

"Sua mulher?". Cuddy perguntou baixo para que só ele pudesse ouvir.

"Claro que sim. Você é a minha mulher. Você guarda uma parte de mim dentro de si".

Ela balançou a cabeça corando.

"Você é como se fosse a canguru fêmea que guarda o meu DNA".

Cuddy Arregalou os olhos. "Que visão romântica".

"Culpe o meu gênero".

"Nossa! Obrigada por me comparar a uma canguru prenha".

"São animais fofos!".

Ela balançou a cabeça chocada.

"Ei... Você sabe que eu estou brincando...".

"Eu não sei de mais nada". E ela saiu.

House respirou fundo. Se ele tinha dificuldades em lidar com sentimentos, como faria com uma mulher grávida?

Ele foi atrás dele, mas Cuddy se trancou no quarto e não queria abrir a porta.

"A deixe comigo!". Laura falou e bateu à porta.

"Deixe-me em paz!".

"Sou eu!". Laura respondeu.

Em alguns segundos Cuddy destravou a porta.

"Ei...".

"Ei...".

"O que houve?".

"Nada além do normal".

"Ainda assim você ficou chateada".

"Eu não fiquei... Eu me sinto uma boba. House é assim mesmo, eu deveria saber".

"E você sabe. Mas seus hormônios não".

Cuddy olhou pra ele. "Você acha que é isso? É muito cedo pra ser isso".

"Sim, eu acho que é isso. Você mesma me disse que no último exame de sangue seus hormônios já estavam bem alterados".

Cuddy respirou fundo e ficou pensativa.

"Eu tenho certeza de que House te ama muito, ele só não é o ser mais sensível do mundo".

Ela riu. "House é sensível ao modo dele".

"Sensível como uma pegada de elefante?". Laura perguntou bem humorada.

"As vezes ele me surpreende de verdade".

"Então foque nisso!".

Nesse momento ele apareceu com Rachel. "Laura, você pode levar Rachel para comer mais bolo?".

Ela olhou pra Cuddy que acenou com a cabeça. "Claro que eu posso. Vamos Rachel?".

E então os dois ficaram a sós.

"Desculpe-me pelo que eu disse...".

"E o que você acha que disse que me deixou chateada?". Cuddy perguntou o surpreendendo.

"Aparentemente tudo o que eu digo te deixa chateada. Tudo o que eu digo deixa alguém chateado".

"Não é assim...".

"Eu não queria te comparar a um canguru".

"Eu sei".

"Eu fiz uma piada de mau gosto".

"Sente aqui...". Cuddy apontou para a cama e House obedeceu.

"Eu não tive razões pra ficar chateada, eu só... Hormônios...".

"Saiba que se você fosse uma canguru, seria a mais sexy e inteligente".

Ela riu. "E eu seria a sua mulher canguru?".

"Definitivamente!".

Cuddy havia gostado de ouvir House chamá-la de 'sua mulher'. Ela havia gostado tanto que quando ele emendou isso com uma piada ela ficou frustrada. Mas nem ela mesma sabia a razão de sua reação passional.

"Sei que você preferia uma celebração diferente... Talvez ficar até tarde lendo documentos chatos e enfadonhos".

"Oh não, essa festa está o máximo. Tantos acontecimentos que entrarão para a posteridade". Ela falou.

"Você aceita uma dança, senhora?".

"Você vai dançar comigo, senhor?".

"E quem mais?".

Ela deu a mão para ele que a conduziu até a sala. Depois ele selecionou uma música e começou a dançar com a namorada bem no centro do cômodo.

Todos aplaudiram a cena, inclusive Rachel.

"Você está tentando me fazer chorar com essa música?".

"Por quê? Você gosta dessa música?".

"Você sabe que sim".

Ele sorriu e nada respondeu. Cuddy encostou a cabeça no peito dele e continuaram se movendo lentamente enquanto Total Eclipse of the Heart de Bonnie Tyler se fazia ouvir.


"Será que Wilson está bem?". Cuddy perguntou assim que entrou em casa.

"Com certeza. Agora, a sua conta bancária ficará menos recheada...".

"Eu não me importo com isso, desde que o resultado seja bom".

"Leonora disse que a dentista era muito boa".

"Assim espero. Vou colocar Rachel na cama e já volto".

House se jogou no sofá e ligou a televisão. Quando a namorada voltou ela olhou pra ele com cara de duvida.

"O que foi?".

"Na minha celebração de mais um ano como reitora do hospital você ficará assistindo à televisão?".

"Claro que não". Ele desligou a televisão rapidamente.

"Eu espero o meu presente de aniversário".

"Eu te dei vários presentes...".

"Você entendeu o que eu quis dizer". Ela respondeu maliciosa.

"E o que seria esse presente de mais um ano como reitora? Uma seringa? Ou um estetoscópio novo?".

"Cala a boca! Quero sexo de aniversário".

"Mas nem é o seu aniversário real".

"Você não quer sexo?". Ela perguntou fingindo indiferença. "Então tá bom". Cuddy ia se levantando.

De repente ele ergueu a cabeça do sofá precipitadamente.

"Sexo de aniversário é a minha parte preferida". Ele disse e a puxou contra ele.

"Cuidado!". Ela disse rindo.

Ele nada respondeu. A deitou no sofá e começou a beijá-la, em todos os possíveis pontos. Foram trinta minutos de beijos pelo corpo de Cuddy. Ela se esqueceu completamente de que o mundo girava...

"Mamãe!". Ela ouviu uma voz vindo do final do corredor.

"Oh meu Deus!". Ela tentou se vestir o mais rápido possível.

House tentou disfarçar sua excitação com as mãos sobre o monte Gregory.

"Filha... O que houve?".

"Eu tive um pesadelo. Sonhei que tio Jimmy estava com dentes de monstro".

House tentou controlar a risada.

"Oh, pequena. Seu tio Wilson vai ficar com dentes novinhos e muito bonitos".

A menina foi até ela e a abraçou. "Posso dormir com você?".

"Oh...". Cuddy olhou pra House surpresa. Nenhum dos dois queria aquilo, eles tinham algo para terminar. Definitivamente.

"Vamos fazer assim... Mamãe vai ler algo pra você. Tudo bem?".

"Sim".

"Ok". Ela disse e se virou para House. "Se você dormir antes de eu voltar será um homem morto!".

Ele sorriu malicioso. "Claro que não".

E ela ficou quinze minutos com Rachel, pareceu uma hora. Não que Cuddy não gostasse de estar com a filha, mas naquela noite ela estava especialmente excitada.

Quando ela entrou no quarto House havia preparado a cama e a esperava nu.

"Venha para o leito de amor, minha rainha!".

Ela sorriu e mordeu os lábios. A cena seria hilária se ela não estivesse malditamente excitada.

Cuddy se jogou nos braços dele e compartilharam momentos de amor e desejo até o primeiro raiar do sol.


"Mamãe! House!".

Rachel batia à porta.

"Mamãe! House! Abram!".

Cuddy acordou com dificuldade, afinal, eles haviam dormido apenas algumas horas desde que encerraram as atividades intimas.

"Rachel... Já vou!".

"Mamãe!".

"House, vista a boxer pelo menos". Cuddy pediu, mas ele virou para o outro lado e dormiu.

Cuddy respirou fundo, colocou uma camisola e saiu pra ver a filha. "O que houve?".

"Eu estou com fome e hoje será a minha festa!".

"Sim filha, finalmente!".

Cuddy estava tão tranquila porque contratou uma equipe de eventos para organizar toda a festa. House agradeceu ao Senhor (em quem não acreditava) por isso. Senão Cuddy seria insuportável.

Ela olhou no relógio e passava das nove horas. Então ela foi até a cozinha e colocou cereal na tigela da filha e depois colocou água.

"Mamãe, eca!".

"Oh, desculpe filha".

Rachel riu.

"A mamãe está com sono".

"Mamãe teve pesadelo e não dormiu com medo?".

"Não...". Cuddy ficou vermelha só de lembrar as acrobacias que haviam feito na noite e madrugada adentro. "Mamãe não dormiu porque estava sem sono".

"Uh... Dorme agora mamãe!".

"Eu não posso deixá-la sozinha, filha". Ela riu e acariciou a cabeça da garotinha.

"House está dormindo?".

"Sim. Ele também não dormiu direito...".

"Então vocês ficaram conversando?".

"É... Pode-se dizer isso". Cuddy respondeu rindo.

O fato é que ela ficou com Rachel até House despertar, perto do meio dia.

"Bom dia raio de sol!".

"Bom dia! Você não ouviu nada do que aconteceu hoje cedo?".

"Só me lembro o que aconteceu madrugada adentro". Ele disse malicioso fazendo Cuddy corar.

"Rachel acordou nove horas e não pude mais dormir".

"Vida de mãe!".

"Ah é?".

"Como eu sou tão bom, deixarei você dormir agora. Pode ir que eu cuidarei dela".

"Agora é o horário do almoço".

"Então você dorme depois...".

Cuddy olhou desconfiada.

"É sério. Que mal tem eu e Rachel brincando juntos?".

"Eba!". A menina correu pra ele.

"Eu não sei se conseguirei dormir agora".

"Cuddy, você carrega um feto, você conseguirá dormir a qualquer momento".

"Mamãe carrega o que?".

Cuddy corou. "Nada filha...".

"O que é 'Eto'?".

"Não é nada...". Cuddy olhou feio para House.

"Eu não tenho culpa dela ouvir tudo".

"Ela é uma criança e não uma boneca". Cuddy sussurrou pra ele de volta.

"Sério?". Ele perguntou divertido. "Eu pensei que estavam criando bonecas muito modernas atualmente".

Eles passaram aquele dia relaxando e Cuddy conseguiu tirar um cochilo à tarde, mas no final do dia, quando se preparavam para a festa da filha...

"Mamãe! Mamãe!".

"O que foi Rachel?". Cuddy apareceu na sala assustada com os gritos da garotinha. "Já estamos indo para a sua festa...".

"Vovó Arlene está aqui".

"O quê?".

"Alguém abra a porra da porta pra mim!".

Um grito veio do lado externo da casa.

Continua...