Capítulo 5
Sharon estava arrumando a mala com um pouco mais de raiva que o necessário, talvez as últimas semanas estava finalmente chegando a ela. Depois da conversa com Judith e Adrian, eles tiveram que esperar três dias para a mulher ligar e informar que em breve a visita com a barriga de aluguel, como Judith decidiu chamar, seria marcada.
Agora dias depois ela estava preparando uma mala para ir morar numa mansão com Andy, o policial mais difícil de se trabalhar ou como Gavin insistia em chamar, o Tenente mais sexy do departamento.
A Capitã ainda queria saber como ela acabou nessa confusão tão grande, ela culpava Brenda com certeza. Se a loira não tivesse uma vingança contra ela nada disse estaria acontecendo.
Quando seu celular vibrou mais uma vez, ela estava pensando seriamente em jogá-lo na parede, pois sabia bem que era Andy a apressando, mais uma vez. Eles tinham conseguido a entrevista com a jovem ainda nesse dia e Judith havia insistido que um motorista os pegasse em casa.
Por sorte, tanto Brenda como Cornwell conseguiram que os dois departamentos fossem autorizados para usarem a casa e doar o dinheiro. Tao, Buzz e Verdon conseguiram criar uma vida para os dois, desde os passaportes com todas as viagens que eles disseram fazer até a conta bancária que eles desejavam ter. Tudo isso para um bem maior. Suspirando, Sharon colocou a última muda de roupa e fechou a mala.
Não demorou muito para uma SUV preta parar na frente do condomínio, assim que se aproximou do carro, Andy desceu e foi ajudar com a bagagem. Sharon o encarou um pouco desconfiada, ele estava sendo muito gentil esses últimos dias. Talvez os gritos de Brenda quando os dois começaram mais uma discussão em uma das reuniões o tenha acalmado.
"Obrigada, Tenente". Ela sussurrou.
"Não foi nada, Capitã". Ele disse e ambos entraram no carro. Hoje quem os dirigiria era Julio.
Na verdade, esse tinha sido o combinado, alguém da equipe sempre estaria por perto. Os únicos que não apareceriam seria Provenza, Brenda e Cornwell; a Vice Delegada e o Agente Cornwell por serem conhecidos pela comunidade e mídia; e Provenza apenas disse que não faria e pronto.
A viagem foi feita em silêncio apenas um rock clássico baixinho no rádio, Sharon e Andy resolveram que a briga não valia a pena já que passariam algum tempo no mesmo teto. Porém, ela não sabia até quando a trégua duraria.
Assim que chegaram na entrada da casa, Sharon tentou não parecer tão encantada, porém foi um pouco impossível. O lugar era lindo, mas ainda sim discreto. Um jardim bem cuidado e grande, não tão extravagante quanto os de alguns artistas. A casa era bonita também, uma pequena mansão, mas para surpresa de Sharon não tão grande como Cornwell e Verdon pareceram implicar, na verdade, era perfeito para os personagens que eles inventaram.
"Senhora" Julio se voltou para ela. "Sykes falou que mais tarde estará aqui. Ela quer ter certeza que Judith perceba que não estão completamente sós".
"Tudo bem. Obrigada, Julio". Ela sorriu, o Detetive parecia ser um dos poucos que a aceitou por perto sem muitas perguntas.
"Obrigado, Julio". Andy resmungou e tirou as duas bagagens. Eles viram o carro partir e ele suspirou. "Esse seria o momento para dizer 'Enfim sós', mas não acho que você gostaria disso".
"Eu?". Ela disse com um sorriso malicioso. "Pensei que a ideia de ficar sozinho com a Bruxa má o assustasse".
"Talvez um pouco". Ele deu de ombros. "Mas vou arriscar".
Sharon o encarou por dois segundos e sorriu, ela optou não começarem uma briga agora e se virou para pegar a própria mala. Por mais que Andy se mostrasse um cavalheiro, ela podia se virar sozinha.
Quando Sharon abriu a porta de entrada a visão a deixou sem fôlego, era deslumbrante. Assim que passaram pelo umbral encararam uma grande escada de madeira, um pé direito alto e a sala estava banhada com as luzes solares. Era realmente bonita.
"Uau, não sabia que traficantes também podiam ser bons em design de interiores". Andy falou e sorriu, ele parecia tão surpreso quanto ela.
"Dinheiro realmente pode comprar um monte de coisas".
Tudo parecia maravilhoso e eles demoraram um pouco ainda admirando tudo. As malas foram abandonadas ali e quando Sharon deu um passo para explorar o restante da casa, Andy a parou:
"Ei, esquecemos uma tradição". Ele falou e ela o encarou confusa.
"O que..." Mas ele não a deixou terminar, apenas a pegou nos braços. "ANDY!"
"Vamos lá, Sharon, é a tradição. Depois do casamento o marido deve pegar a esposa nos braços e entrar na casa nova. Dá sorte". Ele disse enquanto ela se contorcia, mas para a surpresa da Capitã, o Tenente era mais forte do que ela pensava e a manteve presa ao peito.
"Me ponha no chão, Tenente". Ela falou com raiva.
"É Andy, esqueceu? Somos Bonnie e Clyde agora, nada de Tenente e Capitã". Ele sussurrou e beijou seu nariz suavemente antes de colocá-la em cima do balcão da cozinha.
Como diabos eles chegaram lá?
"Você é insuportável". Ela resmungou.
"Muito ruim, vamos ficar presos aqui por um tempo".
Ainda chateada, porém mais calma. Sharon recomeçou a investigar o local, ela precisava memorizar tudo para parecer que era realmente dona de tudo. E ainda bem que ela estava fazendo isso, pois os suspiros surpresos e satisfeitos eram inevitáveis, principalmente quando ela viu a piscina pelas portas francesa. Bom... ainda bem que ela trouxe um maiô.
"SHARON". A Capitã ouviu o chamado e acelerou os passos para o primeiro andar onde ela sabia que ele estaria.
"O que houve, Andy?" Ela chegou lá um pouco sem fôlego ao subir a escada correndo.
"Temos um pequeno problema". Ele falou e encarava o quarto em sua frente.
Ainda confusa, Sharon encarou a grande suíte. Era magnifica, no meio do quarto havia uma cama king size enorme que destacava e combinava com as mobílias. E como se isso não fosse deslumbrante o suficiente havia uma varanda e realmente dava para ver o mar dali.
"Qual o problema?" Ela questionou ainda confusa.
"Bem... alguém vai ter que dormir aqui". Ele começou e a viu ficar tensa. "E o outro no quarto de hóspede. E com essa vista posso dizer com certeza que o cavalheirismo saiu pela janela".
"Sério?" Ela debochou.
"Pode aposta". Ele disse e cruzou os braços. "Eu não vou deixar você ficar com isso tudo só porque você é uma mulher. Vocês queriam direito iguais, não era?".
"Uau". Ela o encarou estupefata. "E eu pensando que vocês já tinham superado isso. Só para constar, isso foi muito sexista". Agora novamente irritada com o homem ao seu lado, Sharon pegou sua mala e foi para uma das cinco portas do corredor. "Você pode ficar aí, eu me viro".
O que não sabiam era que as coisas ficariam um pouco mais problemáticas, pois quem decorou e organizou tudo foi a SIS com a ajuda do FBI. Ou seja, a casa estava projetada para um casal com um bebê a caminho. Então a primeira porta que Sharon abriu era um berçário; havia uma cadeira de balanço, um berço e trocador de fraldas. Tudo com uma tonalidade pastel e com muito bichinhos decorando as paredes. A Capitã não podia negar que sentiu o coração se aquecer ao ver tudo aquilo, só a fez lembrar dos próprios filhos. Mas ela não poderia dormir ali.
As próximas portas eram um closet e outra um grande armário com roupas de camas e toalhas. Foi na quarta tentativa que ela entrou num quarto de hóspedes ou era assim que deveria ser chamado. Era tudo muito simples; uma cômoda, uma cama queen size. Era pequeno, mas serviria, ela tinha certeza que a última porta era um banheiro.
"Ei". Ele sussurrou e ela pulou um pouco assustada, Sharon não percebeu que ele estava encostado no umbral. Andy parecia arrependido. "Me desculpe por aquilo. Na verdade, eu tinha um plano, mas... bem se não tivéssemos uma discussão não seria nós, não é?"
Sharon o encarou, mas um pequeno sorriso se formou. Ela sabia que eles não deixariam de brigar só porque concordaram em fingir serem um casal, eles só teriam que se ajustar.
"Ok, e o que você tem em mente?" Ela falou e cruzou os braços.
"Que tal a cada dois dias mudarmos de quarto?" Andy perguntou e estendeu a mão.
"Tudo bem. Acordo feito". Ela apertou a mão dele e Andy saiu do quarto.
Sharon sentou na cama e suspirou, se isso aconteceu nem 30 minutos depois deles terem ficados sozinhos, Brenda teria sorte de ainda tê-los inteiro ao fim do caso.
Como esperado, um carro parou na frente da casa deles nem duas horas depois. Por sorte, Amy já tinha chegado e se fez presente como um de seus seguranças. O homem que os buscou apenas afirmou e permitiu que Amy fosse na frente com ele.
Não demorou muito para eles pararam em frente a uma casa, era bem cuidada e não tão grande. Ficava num bairro de classe média e eles podia ouvir algumas crianças correndo e brincando na rua. Sharon e Andy trocaram um olhar, mas nada disseram apenas saíram do carro e deram de cara com Judith que tinha aquele sorriso sinistro no rosto.
"Oh meus queridos, que bom que conseguiram chegar". Ela falou e apontou o caminho para onde deveriam ir.
"Não perderia por nada". Sharon falou e sorriu. "Estou tão ansiosa para ver quem vai trazer nosso bebê ao mundo".
"Ela é uma jovem maravilhosa, você verá".
"Isso é ótimo, só queremos ter certeza que ela se sinta confortável conosco. Não podemos correr o risco que ela volte atrás na decisão". Andy falou e fingiu estar preocupado com isso.
"Então não precisam se afligirem, posso garantir que tudo sairá segundo o combinado". Ela sorriu.
"Judith, querida". Sharon chamou e se aproximou dela, abaixando a voz ela resolveu dar uma de arrogante. "Esse lugar é um pouco... humilde. Por que estamos aqui?"
"Desculpem por isso, mas aqui é uma casa de apoio. Temos uma parceria com algumas dessas casas para nos ajudar com algumas das nossas meninas. Você entende, não é?"
"Claro que entendo". Começou Sharon. "Uma atitude muito nobre. Até posso pegar algumas indicações de instituições de caridade com você. Acredito que será ótimo para minha integração a sociedade americana".
Judith a encarou com um grande sorriso e parecia mais do que feliz em ajudar Sharon a ser a socialite que ela estava fingindo ser. A Capitã jurou que depois dessa confusão passar, iria se empenhar mais em alguns serviços sociais legítimos.
Enquanto Judith tagarelava sobre as diversas casas de apoio que algumas socialites ajudavam, eles seguiram por alguns corredores e pararam em frente a uma porta no segundo andar. A mulher bateu e abriu rapidamente, colocando a cabeça para dentro.
"Rachel, minha querida, podemos entrar? Estou aqui com Sharon e Andrew, você lembra que conversamos sobre eles?"
Depois de um minuto, a porta foi aberta para que os dois entrassem, Sharon tentou muito não se impactar com a jovem que estava sentada na cama. Ela tinha a cabeça baixa e tentava ficar ainda menor, como se fosse possível, a jovem já era tão pequena e tão magra, era duvidoso que ela fosse maior de idade.
"Olá, Rachel". Sharon sussurrou e se aproximou. "Eu sou Sharon, podemos conversar com você?"
"Sim". A voz dela estava tão baixa que Sharon quase não entendeu.
Sharon então sentou ao lado dela, mas distante o suficiente para a menina não se assustar. Foi então que a Capitã pode olha-la melhor, os cabelos dela estavam penteados perfeitamente e a cor avermelhada se destacava ainda mais pela luz do sol; havia sardas no rosto e sua pele era tão clara que parecia um copo de leite.
Andy que dividia a atenção entre Sharon e a menina, tentou ao máximo deixar seu temperamento baixo. O que via aqui era claramente uma exposição para eles apreciarem, o que o revoltava imensamente, pois a menina estava tão magra que ele não duvidava que ela estivesse passando fome. Contudo, a barriga de gestante era mais que perceptiva no corpo quase infantil.
"Judith, eu sei que pode não parecer seguro". Andy falou e olhou para a outra mulher. "Mas podemos ficar um pouco a sós com ela? Apenas para nos conhecermos melhor?".
Judith estava claramente em dúvida quando não respondeu imediatamente. Entretanto, ela sorriu e apenas saiu. Eles esperaram até o som dos saltos sumirem.
"Olá, Bella Mia". Andy sussurrou e a menina o encarou. Os grandes olhos castanhos o perfurando. "Como você está?"
"Eu estou muito bem". Ela falou, mas parecia um robô treinado. "Me chamo Rachel e vou ter o bebê de vocês". A voz dela estava trêmula e num impulso Sharon pegou a mão dela na sua e viu que todo o corpo da jovem estava trêmulo.
Andy assistiu os olhos de Sharon se enxerem de lágrimas, mas ele sabia que ela podia ser forte e não deixaria suas emoções assumirem. Pelo menos não aqui.
"Bem Rachel, eu sou Andy". Ele disse e resolveu fazer algumas perguntas que seria pertinente para eles. "Esse é mesmo seu nome?"
"Sim". Ela balançou a cabeça e o encarou confusa. "Meu nome é Rachel".
"Tudo bem, minha querida, só queríamos confirmar". Sharon falou suavemente. "Quantos anos você tem?"
"Acabei de fazer 21 anos. Eu ganhei um bolo". Ela falou e sorriu um pouco. Mas seus olhos permaneciam sem brilho.
"Você gostaria de nos contar alguma coisa?" Sharon tentou, era claro que eles não tirariam qualquer informação dela. "Qualquer coisa". A menina apenas deu de ombros.
"Rachel..." Andy começou com um suspiro. "Você realmente não se importa que a gente pegue seu bebê?"
A mão livre dela foi direto para a barriga e ela acariciou gentilmente, mas não disse nada por um tempo. Era como se a jovem tivesse em um mundo totalmente diferente. Sharon então pegou o celular e ligou a lanterna e passou rapidamente pelos olhos de Rachel, não foi muita surpresa que as pupilas estivessem dilatadas.
"Ela está drogada". Sussurrou Sharon e suspirou. "Ela não vai ser de muita ajuda, pelo menos não agora".
"Então temos que seguir com isso, não é?" Ele resmungou irritado. Por que as pessoas eram tão vis?
"Por enquanto sim". Ela falou e continuou acariciando a mão da jovem que agora tinha se apoiado em Sharon, com certeza com fome de toques. "Temos algumas informações, talvez possa ser relevante".
"Espero que sim, não acho que terei muita paciência com essa gente". Ele falou entredentes.
O silêncio reinou no quarto por um tempo, os três envolvidos numa atmosfera de pesar e ira por causa de toda a situação, mas assim que os sons de salto foram ouvidos, Rachel ficou tensa e se afastou de Sharon. Ela abaixou a cabeça e prendeu a respiração.
"Me desculpem atrapalhar". Judith falou com um grande sorriso. "Mas está na hora do lanche da tarde e Rachel precisa se juntar a fila, não é, minha querida?"
Apenas afirmando, Rachel fugiu dali rapidamente. Era claro que ela tinha medo de Judith, e Sharon teve que se controlar ao máximo para não estrangular a mulher em sua frente e levar a jovem embora.
"Espero que ela tenha se comportado, Rachel é uma jovem muito doce, mas tem seus momentos de rebeldia". Ela falou como se fosse apenas um cachorrinho malcriado.
"Não se preocupe, ela foi ótima. E parecia feliz em nos conhecer". Sharon sorriu. "Agora preciso dizer que ela não parece muito saudável, isso é normal?"
"Toda aquela magreza me assustou também, mas o Dr. Campbell afirmou que é normal. São só os enjoos matinais e ela é jovem, então não se aflijam". A mulher dispensou a preocupação rapidamente.
"Desculpe nossa preocupação, Judith, é que não queremos que nosso bebê seja prejudicado". Andy falou e se aproximou de Sharon para passar um braço por sua cintura. Talvez assim os dois evitariam de cometer um crime ao matar a mulher.
"E está absolutamente certo em fazer perguntas, nossa agência não permite falhas, queremos proporcionar as melhores lembranças e os melhores bebê". Ela falou e seguiu em frente esperando que eles a seguisse. "Queremos que a família perfeita seja formada".
Enquanto divagava sobre os benefícios da agência e em como o bebê seria a obra prima que eles sonhavam, Sharon e Andy tentava decorar cada detalhe do local para repassar para a equipe. Ainda essa semana a LAPD ia passar ali.
"Oh... esqueci de perguntar". Sharon falou com um sorriso. "Quantos meses Rachel já está?"
"Seis meses". Judith falou com orgulho. "Sua saúde está perfeita assim como a do bebê".
"Talvez eu esteja perguntando muito, mas podemos ir na próxima consulta?" Sharon quis saber e tentou ao máximo parecer ansiosa e entusiasmada.
"Mas é claro. Vocês deixaram claro que queria uma experiência como pais até mesmo na gestação". Judith afirmou. "Mandarei o endereço da próxima consulta".
"Isso é perfeito, minha cara". Andy sorriu. E quando ambos já estavam quase no portão, Judith os surpreendeu.
"Oh... e antes que haja alguma confusão... precisamos marcar algumas visitas em sua casa. Queremos que o bebê tenha um lugar seguro para ficar".
"Absolutamente". Sharon falou. "Você sabe nosso número, é só ligar".
Os dois seguiram para onde Amy estava junto com o motorista que os trouxe e eles retornaram para a mansão. Assim que estavam sozinhos, os três ligaram para a delegacia e relataram tudo o que viram e todas as impressões que tiveram. Quando Amy afirmou que precisava voltar para repassar com o time da SIS, Sharon e Andy foram deixados a sós.
"Como alguém pode fazer isso com uma criança?" Ela sussurrou e fechou os olhos. Ambos agora lado a lado no sofá. "Ela é muito nova, Andy. Como as pessoas podem ser tão cruéis?"
"Eu não sei". Ele parecia tão chateado quanto ela. "E estou com medo de não conseguir fingir tudo isso por mais tempo. Tudo o que eu queria era..."
"Matar aquela mulher? Por que era o que eu estava pensando". Ela disse e se levantou. "Eu não sei você, mas eu estou exausta, acho que vou descansar um pouco".
"Vou fazer o mesmo, se eu pensar mais um pouco sobre isso vou enlouquecer".
Ambos subiram as escadas e cada um seguiu para seus quartos, nenhum deles dispostos a socializar ou até mesmo se implicarem.
Na manhã seguinte, Sharon acordou com um cheiro suave de café e bacon. Ela sorriu e se vestiu rapidamente. Eles não tinham jantado e ela estava faminta.
"Você sabe cozinhar?". Ela disse assim que se sentou no balcão. Andy negaria o pequeno pulo que deu ao se assustar.
"Eu moro sozinho e não me atrevo a comer qualquer coisa que Provenza diz ter feito". Ele falou e colocou um prato com bacon e uma panqueca na frente de Sharon. "Então tenho que me virar".
"Eu vou aceitar sem reclamar". Ela disse e começou a comer, e sorriu quando uma xícara de café foi colocada ao lado do prato. "Obrigada, Andy".
"Meu prazer, Sharon". Ele disse e se sentou ao lado dela com seu próprio prato.
"Você pode pegar alguns pedaços de bacon, se quiser". Ela comentou quando viu que ele tinha apenas algumas panquecas.
"Não se preocupe, eu sou vegetariano".
Sharon o encarou chocada, era certo que eles passaram os últimos 20 anos distantes e se odiando, mas ela ainda pensava que o conhecia. Aparentemente não.
"Bem... com essa informação eu acho que meus planos para o jantar foram por água abaixo". Ela comentou. "Eu estava pensando em lasanha".
"Podemos fazer uma lasanha vegetariana. Acho que você vai gostar e depois podemos fazer alguma coisa com carne para você". Ele disse divertido.
Na verdade, eles se viram apreciando a presença um do outro. Os gostos entre músicas, filmes e livros pareciam ser semelhantes. Algumas leis, no entanto, trouxeram de volta as discussões diárias que só foram interrompidas por uma mensagem:
[Próxima consulta será na terça às 15hs.
Um carro irá buscá-los] – Judith
"Eu não entendo por que ela insiste em mandar alguém". Sharon comentou.
"Talvez seja por que ela não quer que a gente descobria como chegar lá". Andy deu de ombros. "Ou apenas uma forma de afirmar o poder que ela supostamente tem sobre nós".
"Isso faz mais sentido". Sharon revirou os olhos. "Bem... acho que vou entrar um pouco na piscina".
"Querendo se divertir, Capitã?"
"Por que não? Vamos ficar preso aqui por um tempo de qualquer jeito". Ela disse com um sorriso e foi para o quarto atrás do maiô que jogou na mala.
Depois que Sharon foi para a piscina, Andy foi para sala e começou a assistir um filme. A história era interessante e ele se viu sorrindo enquanto ouvia o som de água, e por um momento ele se viu aproveitando tudo isso. Talvez esse sentimento bom viesse porque ele passou tanto anos sozinhos sem ter ninguém para conversar, e ouvir barulhos de outra pessoa era reconfortante.
Enquanto o casal no filme estava dizendo juras de amor e trocando alianças, Andy teve uma ideia e foi para a cozinha começar a lasanha que tinha prometido. Ele ligou um jazz baixinho e cantarolava enquanto espiava a forma de Sharon nadando de um lado a outro na piscina. Por mais que eles discutissem e fossem profissionais, ele se viu reagindo ao corpo molhado e bem feito da Capitã, ela era linda e ele sabia disso. Diabos, toda a delegacia sabia disso. Mas mesmo assim, ele tentou ao máximo esconder o desejo e a atração pela ruiva.
Por sorte, ela não demorou muito e se enrolou num roupão, escondendo as curvas e o acalmando. Ela então se juntou a ele e o ajudou com alguns ingredientes, a conversa sobre a equipe e seus filhos os distraíram por um tempo. Quando tudo estava terminado, eles foram para seus quartos e se preparam para tomar banho para o jantar.
Andy se arrumou e encarou a mala apreensivo, ele não sabia porque estava tão nervoso. Na verdade, ele tinha que ter entregado isso mais cedo, mas esqueceu. E não era como se fosse verdade, por Deus... ele estava fazendo uma tempestade num copo d'água e Sharon apenas o chamaria de idiota ou bateria nele.
Mas deixando de lado isso, Andy seguiu para a cozinha onde os dois se acomodaram na mesa e começaram a comer. Sharon elogiou seu prato e falou que estava realmente surpresa com suas habilidades culinárias. Pela primeira vez em anos, era como se eles fossem amigos, como naquela primeira noite de patrulha.
Quando eles seguiram para o sofá, Andy resolveu fazer de uma vez, se ele fosse estragar a noite que seja logo.
"Sharon, esquecemos de uma peça essencial para esse fingimento". Ele começou e Sharon parou no meio da sala e o encarou preocupada.
"O que você quer dizer?"
"Bem... para sermos casados precisamos de algo muito importante". Ele falou de forma tão sensual que a Capitã podia sentir seus braços se arrepiando e um rubor subiu por suas bochechas.
"Do que você está falando, Andy?" Ela sussurrou.
Sem esperar mais, ele deu um passo na direção dela e desceu um joelho no chão. Puxando uma caixinha do bolso ele a abriu e revelou duas alianças douradas.
"O que me diz Sharon Bennett. Quer casar comigo?"
Continua...
