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Então agora sem mais enrolação, boa leitura.
"Diálogos"
- Pensamentos -
"Conversa via Rádio"
"Auto conversa."
Nota de Responsabilidade:
Evangelion, seus personagens e cenário são propriedade de Hideaki Anno. Qualquer marca, filmes e séries mencionados nesta Fanfic é propriedade de seus criadores.
Capítulo 37
Shinji lentamente olhou para o teto de metal do hospital improvisado, seu rosto mostrando a confusão que seus os olhos estavam vendo, ele sentia que todos tinham morrido no terceiro impacto, nunca ele pensaria que alguns conhecidos poderiam ter sobrevivido.
Toji ainda estava focado nos monitores, sua mente médica analisando qualquer possível revertério que poderia acontecer com seu novo paciente, ele queria que Shinji pudesse voltar ao seu normal o mais rapidamente possível, finalmente satisfeito com os resultados, o homem olhou novamente para Shinji.
"O que aconteceu comigo?" Shinji perguntou ainda com a voz rouca.
"Você levou uma bela surra." Uma voz feminina falou ao fundo, Shinji tentou virar a cabeça para ver quem poderia estar chamando sua atenção num momento como esse, mas o corpo ainda estava acordando da forte anestesia, mas ele sabia de quem era essa voz.
Se aproximando ao lado do irmão, Sakura manteve o rosto calmo, mas no fundo ela estava ansiosa por esse momento, olhando para a direção onde os olhos de Shinji estavam, ela logo percebeu que ele queria saber o que era os remédios em suas mãos.
"Aqui estão às bolsas com a solução concentrada de LCL, foram elas que salvaram sua vida... pelo menos espero."
"LCL?" Shinji perguntou confuso ao olhar para o liquido âmbar percorrendo os pequenos tubos plásticos, sua mente logo se agitou ao saber que estavam colocando sangue de anjo em suas veias, isso lhe deixou irritado.
"Estão colocando sangue de anjo em mim?"
Toji soltou uma risada nervosa ao escutar isso, no fundo era basicamente isso, mas se fosse usado da forma correta ele poderia ajudar muitas pessoas, a maioria dos remédios eram feito dele, mas essa era uma mistura especial para Shinji.
"Não é tão ruim assim, conseguimos separar sua estrutura genética e descobrimos que ele tem um grande fator de cura, pode ajudar muitas pessoas."
"Ajudar?" Shinji perguntou ironicamente, na sua mente nada que vinha dos anjos poderia ajudar alguma pessoa, isso era justamente o contrario, mas a julgar pelas dores em seu corpo, ele deixou passar.
"Onde estou? Como cheguei aqui?"
Sakura olhou para seu irmão, ela não sabia como dizer que estava fora da Wunder, logo Toji tomou a liderança da conversa, ao seu lado Shinji pode ver que a maioria das camas estavam vazias.
"Aqui é a vila 03, temos aproximadamente três mil moradores e somos grandes produtores de ovos, alguns tipos de óleos e arroz e outras coisas que não valem a pena falar."
Shinji olhou novamente para Toji, ele queria ter mais detalhes, ele queria saber da luta na qual tinha sido derrotado.
"Como vim parar aqui?"
Sakura respirou profundamente, ela tinha algumas noções de psicologia.
"Na sua ultima batalha surgiu um novo tipo de inimigo, você foi gravemente ferido e as pilotos Makinami e Shikinami o salvaram a tempo... então por ordens da coronel Katsuragi você foi transferido para vila 03 onde poderia ter um tratamento melhor."
Shinji a escutou atentamente, sua mente se irritou ao pensar que Misato tinha lhe largado na vila, mas ele não poderia culpar a mulher que a muito tempo admirou, ele era um inimigo em seu navio, mas mesmo assim doía.
"Não me admira que ela me largou na primeira oportunidade..."
Sakura abriu a boca para falar mais, mas Toji rapidamente levantou a mão e começou a falar, sua voz era calma e controlada, assim como todos os médicos amigos de seus pacientes.
"Cara... eu nem posso imaginar o que passa pela sua cabeça agora, há pouco tempo acreditávamos que você estava morto e agora olha para você..." Apontou o médico para o corpo de Shinji, mesmo machucado se podia perceber o treinamento que ele passou.
"Um soldado completo... vivo e forte na nossa frente, deitado na cama de meu hospital e conversando comigo... então deixa essas coisas para depois."
Shinji novamente olhou para o teto do hospital, ele podia sentir o calor que passava pelas folhas de metal, isso era uma coisa que todos tinham que aprender a lidar depois que o mundo foi destruído, mas saber que novamente tinha sido jogado fora por Misato machucou sua alma, mesmo o que tinha sobrado dela.
Sakura percebeu o silencio que se tomou no pequeno quarto, ela olhou para seu irmão em busca de qualquer sinal que poderia falar ou sair, mas isso não veio, ela sabia que qualquer coisa envolvendo Shinji iria ser uma luta difícil de ser vencida.
"Major Ikar... quero dizer Major Ayanami..." Tentou a garota ao colocar o cabelo atrás da orelha, Toji a olhou confuso ao escutar o nome de Rei, ele queria poder perguntar alguma coisa a respeito, mas deixou que sua irmã falasse.
Sakura pensou no que falaria, ela queria que Shinji soubesse de tudo que Asuka e todos fizeram para salvar sua vida, mas como poderia dizer isso da forma como ele pudesse entender?
"Muita coisa precisa ser discutida, vamos passar um tempo aqui na vila 3 então eu sugiro que tente cooperar com as pessoas, tente conversar com os outros para entender... principalmente as pessoas que te conheciam antes, vai ser bom para você e para elas."
Shinji olhou para a garota na sua frente, ele queria poder discutir, mas tinha uma certa logica no pensamento de Sakura, com uma longa respirada ele pensou no passado, em como ele tinha quase matado essa menina esmagada na sua primeira batalha e aqui estava ela, trabalhando duro para salvar a vida dele, carma era uma droga.
"Não tem o que ser discutido, não quero olhar para os rosto cuja as vidas eu destruí."
Sakura abaixou os olhos ao escutar isso, o mesmo acontecia com Toji que pensava em discutir, mas ele resolveu ficar calado, ele tinha algum tempo para conversar com Shinji mais para frente, novamente todos ficaram em silencio.
"Quer saber, chega desse papo chato... agora você se descansa um pouco e deixa o remédio agir, quando você tiver forças vamos caminhar pela vila, quero que conheça uma pessoa, na verdade duas."
Falou o homem ao se levantar, ele queria que Shinji pudesse sentir a vida ao seu redor, sair de seu circulo de auto destruição que tomou conta de sua vida e quem sabe rever Hikari e conhecer sua filha ajudasse nisso, logo ele poderia falar com Kaji e Kensuke.
"Agora tenho outras para fazer... dorme um pouco, depois eu trago alguma coisa para comer." Toji falou ao se levantar, mas antes de poder se afastar, um fera peluda entrou no hospital.
Shinji olhou para o lado ao escutar o barulho, mas antes de localizar o inimigo, uma enorme cabeça de cachorro invadiu sua visão.
"Aqui era para ser um hospital." Sakura falou ao saber que isso era uma grave violação as normas sanitárias.
Fechando os olhos ao sentir a respiração do cão em seu rosto, Shinji lutou para se manter sério, mas a inocência do animal foi o suficiente para um pequeno sorriso nascer em seu rosto.
"Desculpe tio Suzuhara, ele se soltou da coleira..." Uma criança tímida passou por todos ao pegar o animal novamente, sua voz mostrando toda a sua ingenuidade perante ao mundo que era a terra vermelha.
Toji sorriu ao acariciar o animal, o local estava vazio para se preocupar com essas pequenas coisas, rapidamente Sakura se aproximou ao ganhar algumas lambidas em sua mão.
"Não se preocupe com isso, ele nem destruiu a recepção hoje."
Soltando uma pequena risada, lentamente o garotinho saiu da sala, e junto com ele uma fera peluda muito animada por querer continuar a receber as caricias das pessoas.
"Crianças... o cachorro é quase do tamanho do menino." Sakura falou rindo ao limpar as mãos, mas no fundo ela estava feliz com isso, era bom ver a natureza viva.
"Vou para casa, já está na hora do almoço."
Toji assentiu ao ver sua irmã saindo, ele mal podia esperar para contar para Shinji sobre Hikari e sua filha, mas isso teria que ficar para depois, com um aceno ele começou a sair, deixando o homem ferido para descansar.
Shinji olhou para onde a criança tinha saído, no fundo de sua mente ele sentia que isso era uma coisa boa, poder ver a vida de uma criança conseguindo sobreviver com o que tinha sobrado, isso lhe deu um pouco de esperança, mesmo que fosse bem pouco.
Finalmente sendo deixado sozinho, Shinji fechou os olhos para tentar descansar, ele queria poder se levantar e sair, mas seu corpo sentia que esse era o momento para dormir, a segurança que tomou conta de seu corpo lhe permitiu isso.
Finalmente do lado de fora, Toji olhou para Shinji, sorrindo ao ver que pelo menos ele tinha um pequeno sorriso em seu rosto, isso lhe deu alguma esperança de melhora, mas suas divagações mentais foram quebradas com algumas risadas na recepção, indo para o local, não demorou em saber quem eram as pessoas.
"Quem é o menino mais fofo desse mundo!" Mari falou alegremente ao acariciar o animal, ao seu lado Rei observava tudo com um olhar analítico e com um pequeno toque de ciúmes, no fundo ela queria poder fazer a mesma coisa, mas uma coisa estava chamando sua atenção, Rei observava com cuidado o trabalho das mãos de Mari na cabeça do animal, lentamente ela começou a pensar na situação que passou com a mesma na Wunder, o toque em seu rosto quando seus lábios se tocaram, as sensações que seu corpo experimentou naquele pequeno ato foram fortes.
Com a mente ainda focada em Mari sorrindo, Rei pensou em como poderia abordar o assunto, mas um medo tomou conta de seu corpo, como ela poderia falar sobre isso? Quem poderia lhe ajudar? Isso estava ficando frustrante.
"Como está o pirralho?" Asuka perguntou encostada na parede, seus olhos focados no chão, ela não queria mostrar que estava preocupada, mas para os olhos bem treinados de Toji e Sakura isso não era verdade.
"Vai bem, seu corpo está aceitando bem a medicação de LCL, os resultados são melhores que o esperado, se tudo correr bem, amanhã eu acredito que poderá até andar, mas vai depender de como ele vai continuar reagindo."
Asuka assentiu ao escutar Toji, no fundo ela sentiu seu corpo se acalmando com a pequena noticia, Mari finalmente tinha parado de rir com o cachorro, ela tinha um sorriso natural no rosto, saber que a sua mistura de LCL estava ajudando Shinji melhor que o esperado, mas poder provocar Asuka era melhor coisa do mundo.
"Calma... acho que não vai demorar para você poder transar com ele, não é doc?" Perguntou a morena com um sorriso felino no rosto, ela nem se importou com a criança ao seu lado, parte de seu cérebro agradeceu pelo menino estar distraído com o animal.
Asuka rapidamente corou com o comentário de sua colega e mais próxima amiga, ela não pode mentir que deu algumas espiadas no corpo de Shinji, era bom ver que ele tinha desenvolvido alguns músculos nos lugares certos, mas eles ainda tinham muita coisa para conversar, se ainda fosse possível alguma coisa ser como antes.
"Vai pro inferno quatro olhos!" Rosnou a ruiva ao se virar e sair, parte disso era para esconder o forte rubor que nasceu em seu rosto, mas sua pele clara não lhe permitiu fugir a tempo, todos na pequena sala tinham percebido isso.
"Porque ela pegou fogo, tio?" Perguntou a criança ao ver o rosto vermelho de Asuka, Toji pensou em como poderia dizer isso, mas Mari foi mais rápida, o médico não pode deixar de se sentir com medo do que a mulher poderia falar para uma criança.
Sabendo que não poderia falar nada inapropriado, Mari falou sorrindo.
"Ela somente está querendo esconder que está feliz que o nosso amigo está ficando melhor, eles se gostam muito e estão sem se falar a muito tempo."
Toji soltou um longo suspiro ao saber que Mari tinha se controlado, mas esse momento podia ser pouco, mas o ataque não veio da pessoa que ele mais esperava.
Olhando para mulher na sua frente, a criança rapidamente falou com sua total inocência.
"Quando meus pais brigam eles me mandam para a casa da tia Mami... eu não sei porque, mas quando eu volto ambos estão sorrindo e cantando na cozinha... eu acho que eles ficam brincando de cantar, pois escuto o esforço deles do lado de fora... então eles precisam cantar juntos!"
Mari arregalou os olhos com o que tinha escutado, ela sabia o que os pais da criança tinham feito para voltarem a serem amigos, com força e felicidade ela bateu as mãos juntas ao falar.
"EXATAMENTE GAROTO!"
Toji rapidamente pegou o menino pelo braço e começou a ir para fora, sua voz carregava algum nervosismo.
"Olha a hora... sua mãe já deve estar preparando o almoço, vá para casa comer bem!"
Rapidamente o menino saiu correndo pelo campo aberto com o cão logo atrás, Mari se aproximou rindo ao lado do médico.
"Cantar ajuda na melhora de humor ou isso foi uma metáfora para relação sexual?" Rei perguntou com ingenuidade ao se aproximar do grupo. Mari se virou e olhou para a garota de olhos azuis, seu rosto mostrando uma felicidade que era genuína, Toji percebeu aquele olhar, mas resolveu deixar para outra hora.
"Isso mesmo azul, você está aprendendo bem, agora somente tem que tomar cuidado para não cair na lábia de algum idiota, tem muitas pessoas que somente querem tirar vantagem de você..."
Falou Mari ao começar a perder a cor de seu rosto, toda a felicidade que tinha nascido sendo removida em um piscar de olhos, Rei a olhou com dúvidas, não sabendo o motivo disso tudo.
Respirando profundamente ao se lembrar de como tinha beijado Rei sem permissão, ela queria poder se ajoelhar e implorar perdão, mas agora não era a hora.
"O que foi?" Perguntou Rei com calma e preocupação, ela pode sentir uma mudança no humor de sua amiga.
Voltando ao seu normal, Mari rapidamente olhou para fora ao querer comer uma boa comida novamente, ela se virou para Toji e perguntou com olhos de bola.
"Posso almoçar com a grande mãe? Por favor!"
Toji sorriu ao saber que Mari chamava Hikari de grande mãe, logicamente ela sempre seria bem vinda à sua casa, Hikari nunca se importou de alimentar Mari ou Rei, sua casa era a residência da mulher de cabelos azuis.
"Claro Makinami, nem precisa perguntar, Hikari nunca iria se incomodar com sua presença."
Pulando de alegria ao receber essa noticia Mari não perdeu tempo em pegar a mão de Rei e sair correndo pela vila, Toji estava pronto para ir para sua casa, mas uma coisa ao fundo chamou sua atenção, ele podia ver a silhueta de Asuka andando na direção da casa de Kensuke, um sentimento de tristeza tomou seu corpo, ele se lembrava dos tempos de escola onde Shinji e Asuka namoraram por um tempo, nunca foi um mistério que a ruiva sentiu muito a falta de Shinji.
Se virando e olhando para o hospital onde Shinji estava, Toji falou com a voz abatida, no fundo ele queria que todos pudessem voltar a serem amigos, todos mereciam a felicidade, inclusive Shinji e Asuka.
"Espero que vocês possam ser felizes juntos."
Com isso dito, o homem alto começou a caminhar para sua casa, ele tinha um sorriso no rosto ao ver todas as pessoas andando e conversando, as pessoas tinham encontrado um jeito para ter uma vida um pouco mais normal, nunca iria ser como antes, mas pelo menos eles estavam no caminho certo.
Shinji estava com os olhos fechados, deixando os sonhos nascerem em sua cabeça, ele não dormia de verdade a muito tempo, mas um pequeno som o estava acalmando, esse som era das pessoas conversando do lado de fora, ele não podia entender, mas eram sons felizes, pessoas felizes, isso era como uma melhor sinfonia, era como se não tivesse mais problemas para serem combatidos.
Com a mente mais calma, Shinji não percebeu, mas ele rapidamente pensou na única pessoa que tinha conseguido lhe dar uma boa noite de sono, um rosto sorridente apareceu na sua frente, ele sabia quem era, ele podia ver com clareza seus longos cabelos ruivos voando com o vento, ela sempre foi linda, sempre foi poderosa aos seus olhos, seus intensos olhos azuis lhe encarando com firmeza e felicidade, ele podia ficar horas olhando para isso, mesmo sendo somente um sonho simples, mas isso foi suficiente para lhe dar paz.
Kensuke estava feliz, ele estava revendo a sua filmagem do pouso da Wunder, sua mente nerd e infantil não se incomodando em fazer seu pequeno hobbly, mas isso rapidamente durou pouco, seus olhos perceberam Asuka se aproximando de sua casa com um olhar abatido no rosto.
Fechando o dispositivo e se aproximando, Kensuke pode sentir a tensão no ar, ele sabia que Asuka nunca iria admitir, mas no fundo ela estava angustiada com tudo que estava acontecendo, colocando um sorriso amigável no rosto, o homem de óculos falou com bom humor.
"Olá Shikinami! Faz muito tempo!"
Asuka levantou a cabeça para cima ao escutar seu nome, no fundo ela queria poder ficar sozinha, mas essa era a casa de Kensuke.
"Olá nerd. Que tralha é essa na sua mão?"
Kensuke nem se importou com a tentativa de insulto, no fundo ele sabia muito bem que realmente era um nerd, ainda sorrindo ele começou a caminhar ao lado da ruiva.
"Você não parece muito feliz em voltar..."
Asuka respirou profundamente, rapidamente ela colocou as mãos dentro de sua blusa antiga, ela queria poder ter o dom de poder desabafar com as pessoas, mas seu forte orgulho não permitia isso.
"Isso não muda nada, em pouco tempo eu vou ter que voltar para a luta, então não vale a pena ficar pensando nisso."
Kensuke assentiu com isso, mas ela poderia pelo menos ficar um pouco mais alegre por ter voltado para casa depois de tanto tempo, ele sabia que a fonte da angustia da ruiva era um certo garoto que estava agora no hospital, mas resolveu deixar isso para depois.
"Já comeu?..." Perguntou o homem com um sorriso ao olhar para os lados, notando a falta de outra pessoa ao lado de Asuka.
"Onde está Makinami?"
Asuka corou levemente ao se lembrar da provocação que tinha passado a poucos minutos, com uma pequena rosnada ela falou para o amigo.
"Aquele inútil está agora consumindo a reserva de alimentos de Hikari... a mulher nunca cansa de comer!"
"Hahahaha... realmente ela come muito." Respondeu o homem com humor, no fundo ela estava com saudades de sua amiga e outra colega de casa.
Asuka olhou para o local onde estava a casa de Kensuke, ela sabia que isso nunca seria sua casa, o único lugar onde ela se sentiu feliz foi no apartamento de Misato, o local onde ela consegui isso depois de sua mãe.
"Eu consegui pescar alguns peixes, então vou preparar alguma coisa para você comer, pelo menos eu melhorei um pouco na cozinha, espero que você goste."
Kensuke falou ao balançar sua cesta de peixes, seu rosto analisando a postura de Asuka na esperança de uma boa refeição pudesse ajudar a melhorar o humor da mulher ao seu lado.
"Eu me lembro que Ikari tinha feito uma comida muito boa quando visitamos aquele centro do IPEA, a comida dele foi demais!"
"Sim..." Asuka falou abatida ao se lembrar desse dia, ela adorou o que Shinji tinha feito, ele quase tinha conseguido fazer como sua mãe fazia, em todos os meses no apartamento de Misato ele nunca tinha feito alguma coisa que fosse ruim ou aceitável, tudo sempre tinha ficado incrível.
Mas rapidamente ela se lembrou de como Kensuke tinha chamado Shinji, ele tinha mudado seu sobrenome para Ayanami, ela nem se importou em se virar para falar isso diretamente, sua mente estava focada em todos os momentos ruins que passou no seu passado para se importar.
"Ele se chama Ayanami agora." Falou a ruiva com raiva e rancor, ela não gostava de Rei, ela nunca soube o motivo dele se ligar tanto a aquela garota, ela não tinha personalidade, nem podia se considerar uma pessoa normal, ela somente fazia o que era mandado e nada mais.
Kensuke percebeu a hostilidade na voz de Asuka, ele ficou curioso em saber o motivo disso agora, ele nunca entendeu o que Shinji tinha visto em Rei, mas os tempos na escola sempre mostraram que ele tinha algum interesse nela, um sentimento de tristeza tomou seu corpo neste momento.
Virando a cabeça para o lado, Kensuke olhou para Asuka, ele logo deduziu que esse era o motivo da tristeza dela, mas essa discussão iria ficar para depois. Lentamente a dupla chegou em casa, eles não conversaram, não fizeram nada, somente comeram o seu peixe.
Mas cada um estava em seu mundo pessoal, para Kensuke ele queria entender como Shinji tinha virado esse homem que tinha se tornado, ele lentamente olhou para Asuka e pensou em como ela estaria se sentindo em saber que o nome dele agora era Ayanami, mas quando o homem acordasse, essas respostas iriam ser respondidas.
Asuka estava abatida, não pelo nome que ele adotou, mas sim pelas lembranças de seu passado, ela tinha sofrido muito com a morte de sua mãe, ela tinha sofrido muito com a morte de Shinji, mas agora ele estava novamente vivo, ao seu lado, mas as coisas não eram mais como antes, ele não sorria, não cuidava dela, não se importava mais com nada, era isso que mais machucava seu coração, ela queria que as coisas voltassem a ser como antes, pelo menos um pouco.
Lentamente seus olhos caíram no peixe preparado por Kensuke, ela não iria reclamar por estar comendo uma comida bem feita e diferente, mas isso não chegava nem perto das refeições feitas por Shinji, isso a chateou, pois tudo ao seu redor a fazia lembrar-se dele.
Kensuke olhou para Asuka, ele podia ver que a ruiva estava abatida, em muitos anos ele deu abrigo para Asuka e Mari, isso era uma coisa que ele nunca iria negar, mas as pessoas falavam boatos de que eles estavam em um relacionamento estranho, mas isso nunca o afetou, ele sabia de como era o seu relacionamento com elas, Asuka era como sua irmã, ele fez um juramento que cuidaria dela até o retorno de Shinji e ele iria se esforçar para conseguir isso.
"Muito obrigado grande mãe!" Mari falou altamente satisfeita ao colocar sua tigela vazia de comida na frente da mesa, ela juntou as mãos na frente do rosto ao agradecer profundamente a boa comida.
"Não é nada..." Hikari falou sorrindo ao saber que tinha conseguido satisfazer o paladar de Mari, rapidamente seus olhos caíram em Rei que mexia lentamente sua sopa.
"Minha esposa sempre mandou muito bem na comida!" Toji falou com uma leve embriaguez em sua voz, na sua frente um copo de um destilado de arroz que ele conseguiu com Kensuke.
"Acho que você já bebeu demais, agora é hora de parar." Sakura falou ao remover o copo de Toji, ela riu ao ver o homem tentando pegar o liquido novamente.
"Não... a noite ainda é uma criança!"
Mari estava se divertindo com o que acontecia na sua frente, ela adorava ver como uma família feliz funcionava, ela nem se importou com seus medos agora, somente iria curtir o momento.
"Cala a boca!" Sakura falou baixo, ela estava preocupada que Toji acordasse Tsubane.
"Ela está dormindo... agora me dê isso sua pestinha!" Tentou o homem ao pegar os copos, finalmente voltando seus olhos para Rei, Hikari finalmente perguntou o motivo do comportamento da garota.
"O que foi Rei? Está ruim?"
Levantando seus intensos olhos vermelhos para mulher que a acolheu, Rei olhou para baixo ao ver que mal tinha tocado em sua comida, sua mente ainda pensando em como ela poderia falar com Mari a respeito do que tinha acontecido entre as duas.
"Não senhora Suzuhara, está gostoso." Respondeu a menina com calma, lentamente tomando mais uma pequena porção, Hikari podia perceber que tinha alguma coisa errada com Rei, e a julgar pela postura abatida de Mari, alguma coisa tinha acontecido entre as duas, isso a deixou preocupada.
"Vou lavar os pratos agora."
Mari olhou para cima ao ver Hikari indo para a pequena cozinha, ela pensou que esse seria o momento perfeito para poder conversar um pouco sobre o seu problema com Rei, ela somente esperava que sua amiga pudesse lhe dar alguns conselhos bons.
"Eu ajudo." Disse a morena com um sorriso falso, Hikari desconfiou, mas uma mão a mais nunca é um problema. Lentamente as duas mulheres começaram a limpar a bagunça do jantar, Hikari somente esperava pelo momento em que ela começaria a falar.
"Então? O que está te incomodando?" Perguntou Hikari, mas a julgar pelo olhar de Mari, ela teria que forçar um pouco mais.
"Eu posso ver que tem alguma coisa te incomodando, pode se abrir comigo, você sabe que eu não ligo para sua orientação sexual."
Mari sorriu ao ouvir isso, ela sempre confiou em Hikari quando o assunto era esse, mas alguns medos nunca morriam, muitas pessoas não aceitavam como ela era, nem na vila ou na Wunder.
Respirou profundamente para ganhar confiança, Mari parou seu trabalho ao ficar com um olhar pensativo no rosto.
"Eu... eu fiz uma coisa horrível." Finalmente ela começou a perder a batalha contra as emoções, seus lábios lentamente começaram a tremer.
Hikari parou de limpar e rapidamente olhou para Mari em busca de mais informações, ela ficou preocupada com a intensidade na voz de Mari.
"O que aconteceu? Fale comigo..."
Limpando uma pequena lagrima que escorreu pelo seu rosto, Mari olhou para Hikari, ela sentiu medo de perder sua amizade, eles eram como sua família.
"Eu... eu... eu estava triste e... com tudo que acontecia com o filhote e meu relacionamento com a princesa estava uma porcaria..." Chorou a morena ao pensar nas lembranças que destruíam sua mente e consciência.
Hikari escutava tudo atentamente, ela queria poder ajudar, mas tinha que saber primeiro. Com muita paciência ela esperou.
Mari se acalmou para finalmente conseguir se controlar, olhou para Hikari nos olhos, ela finalmente contou.
"Eu tinha ido para o quarto de Rei, conversamos um pouco e eu... eu acabei beijando ela."
Hikari arregalou os olhos ao escutar isso, no fundo ela pensou que teria sido algo mais grave que Mari teria feito, mas isso não pareceu grande coisa aos seus olhos.
Mari pode perceber o olhar de Hikari, na sua mente ela jurava que seria expulsa de sua casa para sempre, mas antes de poder sair correndo e se esconder em algum canto Hikari colocou a mão em seu ombro e falou com a voz suave.
"Olha Mari, você já falou com ela sobre isso?"
Mari abaixou o olhar ao ficar com vergonha, ela somente balançou a cabeça para os lados mostrando sua resposta. Hikari se sentiu como se estivesse falando com uma criança neste momento.
"Eu não sei como ela se sentiu com isso tudo, mas é um assunto de vocês..."
"Como eu vou falar com ela depois de abusar de sua ingenuidade." Mari chorou ao falar.
"Eu aposto que ela está confusa com isso tudo, mas você não abusou dela, somente agiu por impulso de seu coração, ela sabe se defender, se Rei tivesse se sentido ameaçada com você, com certeza ela teria feito alguma coisa."
Hikari explicou da melhor forma que conseguia, ela sabia que Rei era uma pessoa que seguia o manual a risca, qualquer coisa desrespeitosa ela relataria a Dra. Akagi, e se manteve segredo por tanto tempo, com certeza ela está confusa com relação aos seus sentimentos.
"Aposto que ela está tão confusa quanto você."
Mari finalmente se acalmou um pouco, ela sabia que Hikari estava certa, ela tinha que enfrentar Rei a respeito do que tinha feito, mas pelo menos ela se sentiu um pouco menos angustiada.
Vendo que a mulher na sua frente estava melhor, Hikari sorriu para Mari, um sorriso afetuoso e gentil, ambas puderam finalmente terminar o que estava fazendo. Quando finalmente elas terminaram, Mari voltou para dentro da pequena sala, ela podia ver Rei segurando Tsubame em seu colo, uma visão linda aos seus olhos.
"Eu adoro ficar com vocês, mas tenho que ir para a casa de Kensuke agora, espero que a princesa não tenha matado o nerd hahaha."
Todos riram com isso, prontamente Mari se virou e foi para a porta, dando uma olhada para fora ao ver que já tinha escurecido, ela realmente tinha perdido a noção do tempo na casa de Hikari.
"Venha quando quiser!" Gritou Toji ao segurar uma garrafa parcialmente bebida.
"Bua!" O choro de uma criança inundou a pequena casa.
"Toji!" Rosnou Hikari ao se aproximar de Rei, ela tinha a mesma intensidade de olhar de quando tinha na época de escola, o seu marido finalmente suou frio ao saber que tinha extrapolado... novamente.
"Droga."
Hikari lentamente se aproximou de Tsubame que chorava no colo de Rei, que naturalmente entregou a criança para sua mãe, mas isso não a impediu de ficar curiosa em como os instintos maternos de Hikari sempre pareciam saber o que fazer.
"Vou dar de mamá para ela, espero que isso a acalme." Falou a mãe ao ir para um dos quartos, ela queria ver se o ambiente mais calmo poderia fazer o bebê voltar a dormir, Rei a observou de perto, sua curiosidade finalmente ganhando e seguindo a mulher.
Finalmente na calma de seu quarto, Hikari se sentou na pequena cama que tinha, com um movimento habilidoso ela rapidamente deu seu seio para alimentar a pequena criança, essa solução parece funcionar para acalmar os ânimos dela.
Rei se aproximou lentamente, observando como Hikari alimentava sua cria, isso era fascinante aos seus olhos, agindo por instinto, a mulher de cabelos azuis levou suas mãos aos próprios seios, os apertando lentamente enquanto pensava no assunto com calma.
Hikari percebeu isso na mulher que a observava mais distante, com um sorriso no rosto ela pensou no que Mari tinha dito, Rei não parecia estar se sentindo ofendida com o que tinha acontecido, ela parecia confusa.
"Não precisa ficar com vergonha, pode se aproximar." Falou a mãe ao sorrir.
Rei lentamente se aproximou e se sentou na frente de Hikari, seus olhos fixados atentamente na criança se alimentando, isso foi diferente de se ver, ela sabia como funcionava o seio no período de amamentação, mas nunca tinha visto em ação, mas logo sua mente se pegou pensando em outra coisa.
Hikari com seu olhar analítico, rapidamente percebeu a mudança de foco nos olhos da garota, ainda com um sorriso gentil no rosto, ela pensou em como poderia iniciar uma conversa com Rei sem revelar que já tinha falado com Mari antes.
"Então, o que estava te incomodando no jantar?"
Rei levantou sua cabeça ao escutar isso, ela rapidamente se lembrou do que estava incomodando, era a sua proximidade de Mari, ela queria poder conversar sobre o que tinha acontecido em seu quarto, em como se sentia quando foi beijada, como suas emoções tomaram conta de seu corpo naquele curto espaço de tempo, mas como fazer isso da forma correta?
"Eu não sei."
Hikari voltou a olhar para sua filha, vendo que ela estava calma ao curtir sua refeição, com uma pequena respirada ela olhou para Rei novamente.
"Pode confiar em mim, sabe disso."
"Eu sei, mas o que tem me incomodado não é pensar na falta de honestidade, mas sim que eu não sei como posso transmitir o que estou sentindo agora."
"Então somente me fale o que estava em sua cabeça naquele momento, talvez eu possa te ajudar a entender." Hikari falou com calma, era mais fácil poder ajudar se ela soubesse do problema antes.
Rei respirou profundamente ao escutar isso, ela sentiu que poderia usar a estratégia de Hikari para lidar com suas emoções, mas ela poderia falar sobre Mari, elas eram amigas e tudo que Rei não queria era estragar o que Mari e Hikari tinham.
"Quando eu estava no meu quarto, uma pessoa veio me visitar..." Começou a garota ao censurar o nome de Mari, mas Hikari automaticamente percebeu que seria mais ou menos a mesma história, então ela esperou pelo resto.
"Essa pessoa estava bastante chateada por eventos que aconteciam dentro da Wunder, eu queria poder ajudar, mas nada vinha em minha mente, então eu somente a deixei falar." Rei começou a falar com calma, sua mente pensando em tudo que tinha acontecido naquele dia em especial.
"Eu não sabia o que fazer, então fiquei em silencio por um tempo, pouco tempo depois essa pessoa se aproximou e acabou me dando um beijo... não sei o motivo que a levou a fazer o que fez, mas isso me incomodou."
Hikari perdeu parte de seu sorriso, ela sentiu medo pelo o que estava por vir, mas resolveu esperar pela conclusão.
"Mas isso te incomodou a que ponto? Achou que essa pessoa de alguma forma passou dos limites?"
Rei pensou na resposta, ela tinha que responder com muito cuidado para não passar a mensagem errada, no fundo era exatamente o oposto disso, ela tinha se sentindo bem, estar com Mari sempre foi uma das melhores coisas que acontecia com ela, as outras pessoas tinham medo dela, isso a deixava triste por não poder conseguir se socializar, mas Mari nunca tinha lhe tratado de forma mal ou inadequada.
Olhando para suas mãos em sinal de que ainda não tinha pensado direito no assunto, Rei resolveu tentar responder a pergunta de Hikari.
"Não... eu estou confusa com relação a como me sentir."
Hikari soltou um longo suspiro de alivio, mas um pequeno sorriso nasceu no rosto dela ao saber que pelo menos tinha algum sentimento entre as duas, isso de alguma forma era bom.
"Bem... como você se sentiu quando essa pessoa te beijou?"
Rei pensou a respeito disso, sua memoria se lembrando de como se sentiu, seu rosto se iluminou ao se lembrar da forte sensação que percorreu seu corpo com aquele pequeno gesto de carinho, seu coração disparou com a mera lembrança, Hikari já tinha a resposta que queria.
"Porque isso está te deixando confusa? Posso ver que você gostou, o que tem de mais começar um romance com essa pessoa especial?"
Rei olhou para o rosto de Hikari, ela nunca pensou em entrar em um relacionamento antes, isso era coisa que ela nunca iria entender, as pessoas eram como um livro em uma língua estrangeira para ela, seu coração nunca se manifestou, mas escutar isso de Hikari despertou a sua curiosidade.
"Romance? Mas eu não entendo isso."
"O amor não tem cara, ele não tem forma Rei... simplesmente acontece, olha o meu caso, depois de um tempo eu olhei para Toji e tinha me apaixonado por ele... eu não sei o motivo mas... simplesmente acontece."
Hikari explicou ao se virar e olhar a luz que vinha da sala, ainda não acreditando que tinha se casado com Toji, sua paixão de infância, mas o foco aqui não era ela, mas sim Rei.
Pensando ainda no que tinha escutado, Rei pensou se ela teria de alguma forma se apaixonado por Mari sem perceber, mas parece que isso seria uma jornada pessoal, de alguma forma ela se sentiu frustrada com tudo isso.
"Mas... ela não sabe como eu me senti." Rei falou sem se preocupar com as palavras.
"Como devo iniciar uma conversa de uma coisa que nem eu sei como é?"
"Ela? Então foi uma garota?" Perguntou Hikari sorrindo.
Rei rapidamente se preocupou com esse pequeno deslize, no fundo de sua alma ela queria perguntar para Fuyutsuki sobre isso, mas o homem mais velho tinha algumas ideias diferentes, e mesmo se pudesse, ela não poderia, eles agora eram inimigos.
Hikari soltou um longo suspiro ao perceber o medo de Rei, no fundo ela podia entender o medo de sua amiga, as pessoas no mundo eram cruéis com pessoas diferentes, mas elas não podiam se sentir intimidadas.
"Olha Rei..." A garota em questão focou sua atenção total em Hikari.
"Se você acabou se apaixonando por outra mulher, isso não tem problema." Falou Hikari o mais calmo possível.
"Mas... as pessoas dizem que isso é errado..." Tentou Rei repetir o que tinha escutado dentro dos corredores da Wunder, Hikari sabia da ingenuidade de Rei, não podendo culpar a garota por ter medo.
"Sim... tem pessoas que acham errado, tem pessoas que acham nojento de alguma forma, que pessoas assim são uma abominação aos olhos de Deus... mas elas tem o direito de falar isso? Quem são elas para julgar? O que mais importa é como o seu coração se sente..."
Rei olhou para baixo ao escutar isso, ela sabia como seu coração reagia ao pensar em Mari, mas isso era amor? Isso era de alguma forma um sentimento de ligação entre as duas? Será que foi uma coisa momentânea ou Mari era assim também? Essas dúvidas estavam matando sua mente.
"Mas como vou saber?"
"Isso é uma coisa que somente vocês duas podem resolver... eu sei que é frustrante não ter as respostas que deseja, mas o coração somente o dono pode escutar, ele é quem manda quando o assunto é o amor." Hikari olhou para baixo ao ver que sua filha já estava satisfeita, com um sorriso no rosto ela deu um pequeno beijo no topo da cabeça da criança.
"E outra coisa." Falou Hikari ao se levantar da cama, Rei tinha sua total atenção.
"Não se preocupe com o que as pessoas vão falar, isso é uma coisa entre você e essa pessoa especial, é claro, alguma podem não gostar, mas ela que vão para o inferno."
Rei observou isso tudo, mesmo não tendo a resposta definitiva que queria, ela aceitou as respostas de Hikari, ela não entendia o amor, mas pelo menos entendeu que isso era uma batalha somente dela, um pensamento rápido passou pela sua mente, ela deveria perguntar a mesma coisa para Asuka? Mas rapidamente ela rejeitou essa ideia.
"Entendo." Falou a mulher de cabelos azuis ao observar Hikari colocar sua filha na cama, sua mente pensando fortemente em seus sentimentos, em escutar seu coração ao invés de sua mente.
Hikari estava pronta para sair ao se virar e olhar para Rei, ela sorriu ao ver que pelo menos ela estava pensando no seu conselho, isso poderia ajudar no final das contas.
"Não fique pensando muito nisso, agora vá tomar um banho e se preparar para dormir."
"Certo..." Disse Rei ao começar a caminhar para o pequeno banheiro, isso era uma coisa que ela sempre gostou, estar dentro da água, a sensação contra sua pele era um dos seus prazeres favoritos.
Hikari manteve os olhos em Rei a todo o momento, ela queria que um dia seu coração despertasse e ela encontrasse alguém para dividir esse pequeno e prazeroso fardo, ela somente iria rezar para que as duas pudessem conversar e se entenderem, as duas mereciam a felicidade.
Com um longo suspiro ela começou a se preparar para dormir, ela tinha que conseguir levar um marido bêbado para a cama, isso iria se tornar uma coisa realmente difícil de se fazer.
"Idiota."
O caminho para o banho público foi calmo, com somente algumas pessoas andando pelo vilarejo à noite, mas Rei estava com muita coisa para lidar para conseguir perceber uma pessoa a olhando, seu rosto mostrava uma determinação, em suas mãos tinha uma folha de papel com a imagem de Rei, ele tinha sua missão e diferente de seus colegas, ele não falharia.
Lentamente Rei deixou a água quente banhar seu corpo, ela olhou para baixo ao pensar em tudo que tinha escutado de Hikari, ela sentiu medo se iria tomar a decisão errada, ela teve medo de iniciar uma conversa com Mari e acabar destruindo a amizade entre elas.
Sentindo as mãos tremendo ao pensar nessa possibilidade, Rei respirou profundamente ao pensar nisso tudo, ela tinha que conseguir falar com ela, teria que ter a coragem para enfrentar essa luta que iria lhe custar a felicidade.
Muita coisa passava na mente de Rei, mas nada era a solução que ela desejava, somente a dúvida e o medo tomava conta de sua mente e corpo, ela odiava esse sentimento, ela queria que isso tudo parasse, ela queria poder encontrar uma pessoa que a fizesse sorrir, assim como Shinji tinha conseguido fazer a tantos anos atrás.
Andando com passos lentos e pesados, Toji ainda sentia os efeitos de ter bebido muito na noite anterior, fechando seus olhos para conseguir olhar para frente para não perder o passo na manhã escura, o médico sentiu uma dificuldade em poder olhar na escuridão da madrugada.
"Ai minha cabeça." Resmungou o homem ao sentir uma pontada de dor.
"Eu nunca mais vou beber..."
Finalmente conseguindo abrir a pesada porta de metal, Toji caminhou para dentro do pequeno hospital, suas luzes estavam ligadas graças ao gerador que funcionava a noite toda, durante o dia a energia era graças aos painéis solares instalados no telhado.
"Parece que foi uma noite tranquila." Disse Toji ao rir, na sua frente estava uma das enfermeiras dormindo na recepção, os diversos monitores mostrando os sinais vitais de todos os pacientes desligados exceto um.
Entrando na pequena sala, o homem se preparou para seu plantão no hospital, ele gentilmente deixou a jovem moça dormir um pouco a mais, os turnos da noite eram difíceis de lidar, a falta de paciente era uma coisa que a vila tinha que lidar, mas esse era um hospital, emergências poderiam acontecer a qualquer hora.
Com uma olhada para o lado, Toji pode ver o botão vermelho que ligava a casa de pessoas que eram qualificadas como médicas, essa era a linha das emergências.
Olhando para o único que estava ligado, a linha reta mostrando que seu dono não estava mais entre o mundo dos vivos, Toji sentiu um longo calafrio percorrendo suas costas ao saber que Shinji era o único em observação.
Se virando e acordando a enfermeira da cadeira desconfortável, Toji sentiu raiva ao pensar que ela teria dormido ao cumprir seu dever.
"ACORDE!" Falou o homem com força ao balançar os ombros da garota, vendo ela começando a acordar, ele rapidamente falou com pressa e medo na voz.
"Onde está o paciente que chegou ontem!?" Perguntou o médico apressadamente, logo vendo a jovem enfermeira parecendo não compartilhar de suas preocupações, Toji estava perdendo a paciência, temendo o pior ele rapidamente gritou.
"Porque não me chamaram!?"
Ainda acordando, a jovem enfermeira olhou para os monitores e falou com a voz calma, ela sabia que o paciente estava em um estado delicado, mas não sabia quem era, sabendo que o médico estava com pressa, a jovem mulher falou apressadamente.
"Doutor... o paciente está no telhado com a doutora Suzuhara."
Toji fechou a boca rapidamente, ele olhou para ela confuso ao não entender nada, Shinji estava em uma condição delicada no dia anterior.
"O que?"
Se acalmando o suficiente para explicar melhor, a enfermeira agora totalmente desperta começou a falar.
"A doutora Suzuhara foi solicitada pelo paciente a poucas minutos, ela disse que iria ver mas ainda não voltou, a julgar pela ausência de sua presença eu acredito que não foi nada demais."
Toji soltou um longo e demorado suspiro, ele sabia que sua irmã tinha ficado a noite no hospital, ela queria poder ficar de olho em Shinji no caso dele precisar de alguma coisa, mesmo em sua insistência que ele ficaria bem a noite, mas Sakura se mostrou inflexível.
"Isso é bom..."
"Me desculpe se fiz algo errado, eu prometo que irei melhorar!" Falou a enfermeira ao fazer uma reverencia completa para Toji, temendo ter perdido sua função no hospital, ela queria se redimir.
Sorrindo ao ver a enfermeira, Toji logo tratou de tranquilizar a mulher na sua frente.
"Está tudo bem... não foi sua culpa, é que..." Passou a mão pelo rosto e suspirou novamente.
"Esse paciente é meu amigo, então eu acabei me exaltando um pouco, sou eu quem deveria pedir desculpar."
Sorrindo ao ver que o médico não estava irritado com sua pequena falha, a mulher assentiu ao aceitar de bom coração o pedido de desculpas.
"Não se preocupe com isso, eu posso entender sua raiva e preocupação, mas se ajuda... a Doutora Suzuhara me falou que o paciente está evoluindo muito bem, a medicação experimental está funcionado."
"Ainda bem, não esperava que iria funcionar dessa forma..." Toji falou ao colocar seu jaleco branco.
"Porque não vai para casa? Seu turno termina em uma hora, tira o resto de folga."
Sentindo o rosto iluminando com a oferta, a jovem perguntou alegre.
"Sério?"
Mas essa pequena alegria durou pouco, lentamente o sorriso da menina foi perdendo o calor, isso deixou Toji confuso.
"Mas isso não vai deixar o senhor Kaji aborrecido? Ele fala que temos que nos sacrificar para que a maquina funcione."
"Não se preocupe com ele, pode ir para casa." Toji falou rindo ao pensar em Kaji como líder, tinha momentos em que ele pegava pesado com as pessoas, mas tinha um bom coração, riu ao ver a menina saindo com passos acelerados, o homem que carregava o fardo de cuidar dos outros na vila se sentou com uma calma na cadeira velha.
"Pelo menos ela esquentou a cadeira..." Disse o homem ao se sentar, na sua frente os exames mais recentes de Shinji, com o nome devidamente censurado para preservar sua identidade, seus olhos se arregalaram ao ver os valores.
"O remédio está melhor que o esperado."
Sabendo que pelo menos os órgãos internos de Shinji estavam funcionado bem, o médico pegou os livros de registro, podendo ver facilmente a caligrafia de Sakura ao descrever os procedimentos que tinha feito.
"Feridas limpas e cicatrizando bem, progresso acelerado do processo de cura."
"Manchas de sangue sob a pele com marcas mais claras."
"Respiração com melhora, trato respiratório limpo e sem sinal de obstrução."
"Ótimo." Falou o médico bem humorado ao fechar o caderno, ele se sentiu aliviado ao pensar que Shinji estava melhorando, com um sorriso ele olhou para cima, uma olhada em seu relógio mostrou que o sol estava quase nascendo.
Ele não demorou para subir no telhado, podendo ver as diversas placas solares somente na espera da luz solar, mas seus olhos estavam em Shinji, parado olhando para o horizonte fixamente.
"Então ele acordou? Não era melhor ele ter ficado de repouso?" Toji perguntou ao se aproximar de sua irmã, que com um olhar cansado estava lendo um dos livros que Mari tinha lhe emprestado.
"Sim..." Bocejou a jovem médica ao se ajustar em sua cadeira, ela olhou para as costas de Shinji e se lembrou da noite.
"Eu tentei explicar, mas isso se mostrou ser inútil, eu tinha voltado do banheiro e o vi de pé na frente da cama, ele parecia bem para ficar de pé, seu único pedido foi poder subir aqui."
Olhando para amigo que pensou estar morto, Toji lentamente foi agraciado pelo sol nascendo, com a voz profunda ele falou.
"Espero que ele pense nesse sol como um novo recomeço."
Sakura olhou para Shinji, ela sabia que o homem precisaria de alguma ajuda, os momentos dentro do Wunder foram assustadores, o olhar nos olhos dele e sua postura pronta para atacar a qualquer sinal de perigo, isso deve ter sido difícil para ele.
Shinji sentia a brisa fria da manhã, seu corpo doía com os ferimentos que ainda estavam sarando, mas já tinha passado por coisas piores no passado, pelo menos ele ainda podia andar, sua mente ainda não tinha entendido o que o fez subir neste local, mas tinha alguma coisa que o fazia querer ver.
Seus olhos ainda não tinha desgrudados do forte horizonte, antes negros como os olhos do demônio, agora lentamente ganhando vida e revelando a paisagem verde da vida que lutava para sobreviver, mas tinha alguma paz nisso tudo.
Fechou os olhos ao começar a sentir os primeiros raios de sol iluminando sua pele e aquecendo seu corpo como um mar de esperança para a vida que estaria diante de seus olhos, Shinji se permitiu esse pequeno prazer.
"É lindo, não é?" Perguntou Toji ao parar ao lado de Shinji, nesta vida ele aprendeu a apreciar as pequenas coisas na vida, como o simples nascer do sol.
Virando a cabeça para o lado, Shinji de alguma forma se sentiu seguro ao lado de Toji, seu velho amigo da escola, tinha um certo prazer ao estar perto dele novamente.
"Sim..."
"Como se sente?" Perguntou o médico ao dar uma olhada superficial no seu mais novo paciente.
Sentindo ainda algumas dores, Shinji não removeu os olhos do pequeno show que estava na sua frente, mas mesmo assim ele respondeu a pergunta.
"Melhor que ontem, meu corpo inteiro doi... mas nada que eu já não tinha lidado antes."
"Isso é bom." Toji respondeu sorrindo e de bom humor, ele sabia que teria que fazer seu amigo se sentir confortável novamente e já tinha até algum plano para isso.
Se virando e olhando para trás, Toji falou ainda sorrindo ao ver sua irmã observando tudo, ele podia ver que isso ainda assombrava a menina, com um sinal de cabeça ele pediu para ela se aproximar, com alguma relutância Sakura o fez.
"Minha irmã quer falar uma coisa com você..." Toji falou ao se afastar, Shinji ainda não tinha se movido de sua posição, ele ainda olhava cansadamente para o horizonte, com algumas espiadas nas pessoas que estavam iniciando a sua jornada matinal.
Como elas conseguem sorrir depois de tudo que eu as fiz passar? Porque eu ainda mereço uma cama no hospital? Porque? Pensou Shinji ao pensar em todas essas pessoas trabalhando para sobreviver num lugar onde ele as condenou, ver aqueles rostos novamente tinha deixado uma marca em sua mente.
Parando ao lado de Shinji, Sakura estava com medo de iniciar uma conversa com o homem, ela queria poder pedir desculpas por tudo que tinha falado e pensado, mas a coragem não vinha.
Shinji sentiu a presença ao seu lado, ele começou a perder a paciência na espera, quando os xingamentos iriam começar? Quando ele vai aceitar o fato que mais uma pessoa o odeia?
"Fale de uma vez..."
Sakura se assustou com a frieza em sua voz, mas rapidamente ela respirou profundamente ao ficar mais séria e orgulhosa.
"Ikari... quero dizer, Ayanami-san... eu quero me desculpar com você." Falou Sakura com certo desconforto, Shinji franziu o cenho ao escutar isso, parte de sua mente pensou que isso era somente um mal entendido, mas ele se virou para a jovem médica ao seu lado.
Sakura pode ver a confusão no rosto de Shinji, ela prontamente juntou as mãos na frente de seu corpo ao segurar seu livro com força, ela sabia que esse era o momento que tanto pensou nesses dias.
"Eu quero me desculpar com você pela forma que eu o tratei no seu despertar na Wunder... Não foi certo e eu estava errada, então eu peço que me desculpe por tudo que falei ou pensei a seu respeito." Disse a menina ao fazer uma reverencia.
Shinji não entendeu o que estava acontecendo na sua frente, uma rápida olhada em Toji revelou que isso não era um truque ou qualquer outra coisa parecida, mas um genuíno pedido de desculpas não estava na sua lista de espera quando se tratava das vitimas do terceiro impacto.
Sakura se sentiu ainda mais nervosa com a falta de reação de Shinji, ela o olhou novamente e continuou seu pedido formal de desculpas.
"Quando o terceiro impacto aconteceu, eu perdi meu pai e te culpei por tudo que tinha acontecido, eu não queria ver a verdade por trás de tudo e me deixei levar pelas outras pessoas e minha raiva, mas meu irmão me mostrou que eu estava errada, somente demorei um pouco mais para ver isso."
Explicou Sakura ao dizer tudo humildemente, Shinji sentiu seu coração sangrando com o que tinha escutado, mas de alguma forma isso o deixou feliz, mesmo que por pouco tempo.
"Não tem que se desculpar por nada, é por minha causa que todos estão neste inferno... é por minha causa que você e seu irmão perderam o seu pai." Shinji falou com culpa e remorso, com um longo suspiro ele falou.
"Eu não mereço a sua clemencia ou piedade..." Disse Shinji ao se virar e começar a andar para fora do terraço do prédio, seus passos eram lentos, mas isso não o impediu de continuar.
Finalmente sozinhos, Toji se aproximou de sua irmã agora cabisbaixa, ele sabia que isso não tinha sido como eles tinham planejado, mas pelo menos foi um começo.
"Não se preocupe com isso, vai levar algum tempo até que ele reconheça o que está acontecendo ao redor dele..."
Sakura respirou profundamente ao pensar nas palavras de seu irmão, ela sabia que o mesmo estava certo, Shinji ainda tinha uma grande luta para superar tudo que tinha acontecido, mas pelo menos isso aliviou um pouco sua consciência.
"Somente espero que ele possa se perdoar um dia."
Shinji caminhou de volta para a cama, seu rosto mostrando sua tristeza ao pensar em tudo que tinha feito em sua vida, os rostos das pessoas que tinha matado, as injustiças que seus olhos tinham visto, a pobreza que o mundo tinha se tornado, tudo graças a suas ações no terceiro impacto.
Toji estava olhando de perto o homem ao seu lado, ele usava todo o seu conhecimento que tinha adquirido em sua experiência médica, no fundo ele queria que o homem pudesse sorrir, assim como todos que mereciam.
Se sentando na pequena cama, Shinji olhou para as mãos agora um pouco melhores, sua mente pensando no terceiro impacto, ao fundo a vida funcionando na vila que agora era uma cidade, ele somente queria poder sumir.
Algumas horas depois, Mari estava se preparando para visitar o menino que sempre iria ver como uma criança, ela queria ter certeza que sua medicação experimental estava funcionando plenamente, com um sorriso ela se aproximou de Asuka que jogava seu game na pequena cama.
"Pronta princesa?" Perguntou a morena com um sorriso ao se olhar no espelho, seu sorriso nunca tinha saído de seu rosto, ela estava usando roupas simples, mas estava bonita.
Asuka nem se importou com isso deitada somente de roupas intimas na pequena cama, ela não queria interagir com as pessoas da vila, ela era um soldado e seu lugar era num EVA, mas porque ela sentia que desejava estar ao lado de Shinji agora que ele estava melhorando? Isso estava lhe deixando frustrada.
"Eu não vou."
Mari se virou sorrindo com essa afirmação, já tendo se preparado para esse pequeno imprevisto.
"Aposto que você quer saber se ele está melhor, posso ver que você quer isso... então qual o motivo de você sair da Wunder?"
Asuka parou seu jogo ao pensar nessa pergunta, no fundo ela fazia a mesma pergunta, porque ela ficou na casa de Kensuke? Era simples a resposta, ela queria poder ficar mais perto de Shinji.
Corando com o pensamento, Asuka rapidamente limpou a mente de qualquer outra coisa ao se concentrar na tela em sua frente, Mari percebeu isso e sorriu como um gato, lentamente ela se aproximou ao pé da cama para provocar Asuka.
"Não tem problema em sentir empatia pelos outros, sabia disso?"
"Não tem nada a ver com o idiota, eu somente quero um pouco de ar fresco, não aguento mais o cheiro de peido da Wunder." Respondeu Asuka com a primeira coisa que veio em sua mente.
Mari sorriu ao olhar para teto, realmente ficar dentro da Wunder era um inferno, a água tinha gosto de velha, a comida era uma droga, o ar viciado era fedorento, mas ela sabia que isso não era o real motivo de Asuka ter ficado na vila. Seu rosto se contorceu em uma pequena carranca ao pensar em Rei, ela tinha os mesmos motivos para querer sair do grande navio.
"Porque ficamos mentindo para nós mesmo? Nossas vidas estão num inferno a muito tempo para nos preocuparmos com coisas tão idiotas como orgulho..." Filosofou a morena ao pensar na sua vida, Asuka sentiu a mudança de humor, com uma olhada rápida ela espiou Mari.
"O que tem de tão importante eu ir visitar o pirralho? Não é como se isso fosse mudar alguma coisa."
Mari olhou para cima ao pensar na resposta, ela teria mil motivos para destacar, mas tinha que encontrar o que mais se encaixava na situação.
"Porque você se importa com ele..." Asuka queria intervir, mas Mari foi mais rápida, se sentando num movimento rápido.
"Nem adianta mentir para mim, eu sei que você ainda tem sentimento por ele e não tem nada de errado com isso, mas você tem que parar de mentir para você mesmo, se seu coração ainda o deseja, então não perca mais tempo."
Com um bufo aborrecido Asuka abaixou seu jogo, olhou para Mari com raiva e rancor, ela odiava quando a morena usava seus velhos sentimentos por Shinji para fazer uma chantagem emocional.
"Que coisa quatro olhos!" Não importa mais nada! Shinji foi meu primeiro namorado e ele se foi! Agora não temos mais tempo para brincar de casinha, temos que lutar para impedir o maldito pai dele de destruir o que resta deste mundo!" Falou Asuka com os motivos que mais acredita, mas no fundo era mentira.
"E dai que tivemos alguma coisa no passado, isso agora não vale mais nada... ele tem a vida dele e eu tenho a minha! Então pare de me encher droga!"
"Falar isso não muda minha opinião." Rebateu ao se levantar, ela sabia que não poderiam ficar mais no mundo da guerra, todos mereciam um descanso de toda essa merda.
"Pense o que quiser!" Rosnou Asuka ao pegar seu console novamente, ela se lembrou de uma coisa ao olhar para Mari uma tentativa covarde de tentar vencer essa discussão.
"Você fala de mim e o pirralho, mas porque você não vai até a senhora perfeitinha e se declara logo?"
Mari parou seu caminho até a porta, Asuka tinha jogado sujo nesta discussão, mas ela se virou e se lembrou das palavras de Hikari na noite anterior, ela falou sorrindo.
"Eu não vou negar que tenho sentimentos por Rei e estou trabalhando em como poderei dizer isso para ela, diferente de você."
Asuka sentiu o peso da derrota na discussão, olhando para seu jogo ela tentou desviar a sua atenção, Mari percebeu o silencio e a vitória, se virou e começou a sair, com um sorriso ela parou no meio da sala ao se encontrar com Kensuke, o mesmo lutava para fazer um velho rádio funcionar novamente.
"Discussão acalorada." Disse o nerd ao ter escutado parte, mas sua atenção estava no equipamento que tinha encontrado.
"Nya... ela vai vir de qualquer maneira, somente tenho que esperar um pouco." Mari respondeu ao olhar para o trabalho na sua frente, ela queria ajudar, mas isso estava fora de sua área de atuação.
Assim como o destino, as previsões de Mari quase nunca erravam, abrindo a porta de seu quarto com um estrondo forte, Asuka apareceu vestida com roupas simples, mas no rosto mostrava seu aborrecimento, o sorriso no rosto de Mari e Kensuke era tudo que ela queria evitar.
"Cala a boca." Disse a ruiva ao pegar sua jaqueta na mesa de madeira.
"O filhote vai ficar tão feliz em saber que você ainda está apaixonada por ele..." Mari falou ao começar a caminhar, Kensuke tentou escutar a conversa, mas conforme as duas se afastavam, o silencio começava a ficar ainda mais alto.
"Essas duas vão me deixar com cabelos brancos."
Notas do Autor: Olá pessoal Calborghete aqui, temos enfim o capítulo 37, espero que tenha sido de agrado de todos, como sempre não deixem de segui-la e salva-la em seus favoritos para não perderem mais nenhuma atualização futura.
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