Era mais um dia normal que começava na Vila da Folha, seus aldeões aos poucos saiam de suas casas para iniciarem suas rotinas, comerciantes abrindo suas lojas, pessoas gradualmente enchendo as ruas. E é claro, como esta era uma aldeia shinobi não era nenhuma surpresa que houvessem ninjas correndo de um lado pro outro cumprindo as mais variadas missões. Principalmente seus recém-formados que estavam em suas primeiras, aquelas mais básicas. Em uma das matas que haviam em sua extensão era possível ouvir passos ecoando entre suas árvores, provavelmente algum genin atrás de alguém ou algo.

-Aqui é Onix na posição B. O alvo não está em nenhum lugar visível. -uma voz infantil e séria soou no rádio de comunicação.

-Aqui é Cereja. O alvo acabou de passar no ponto A, mas perdi ele de vista. -outra voz rapidamente relatou.

-Aqui é Safira. Avistei o alvo, ele está indo pro distrito comercial. Estou indo atrás dele. -uma terceira voz falou, sem esperar por uma resposta antes de ir persegui-lo.

Assim a terceira criança foi sozinha atrás do que eles estavam perseguindo, que era claramente ágil e veloz o suficiente pra escapar deles. E eles estavam o perseguindo a pelo menos meia hora. Por coincidência e sorte, ou não, esse terceiro membro da equipe, uma criança de cabelos loiros e arrepiados, era provavelmente o mais rápido deles. Então não foi tão difícil para ele ficar na traseira deste até que enfim conseguisse encurralar e capturar o maldito gato fugitivo.

-Até que enfim peguei você, Tora! Não acredito que você me fez seguir você até aqui em cima. -Naruto falou pro bichano levantando o mesmo com as mãos e olhando pra baixo do terraço onde estava. -Ai! Ei, isso machuca! -reclamou enquanto o gato brigava e o arranhava pra escapar novamente. Distraído com o felino não notou que havia alguém por trás dele, quando viu desligou o microfone de seu comunicador e abraçou o animal, ignorando as garras que eram enfiadas em seus braços. -O que foi? -perguntou para as pessoas em sua frente, tentando passar indiferença apesar de estar alerta.

-O que pensa que está fazendo aqui? -o homem na dianteira falou o olhando com desdém. Os outros do grupo o olhando com igual repulsa.

-Você sabe que não é bem-vindo aqui. -outro acrescentou. O Uzumaki franziu o rosto, qual era o problema de todos atualmente? Por que eles agora insistiam em dizer que não o queriam ali? Qual era a novidade disso? Estava com a breve impressão que a atenção que estava ganhando por ter se graduado só iria piorar, e pelos olhos deles ele sabia que a chance de deixarem sua vida ainda mais difícil era grande, quase uma certeza na verdade.

-Estou apenas cumprindo uma missão. -se fez responder hesitante, sinceramente torcendo pra que aceitassem isso e o deixassem em paz. Inconscientemente dando um passo pra trás.

-Sua presença está atrapalhando nossas vidas e perturbando o comércio. -outra pessoa declarou hostilmente.

-Eu não...! -ele devia saber melhor do que confrontá-los diretamente.

-Suma da nossa frente, aberração! -o primeiro o empurrou. A última coisa que viu no rosto deles foi um sorriso enquanto caia do prédio. Ele se encolheu e usou seu corpo pra proteger o gato, nesse meio tempo pressionando o botão do microfone sem querer, então o resto do seu time escutou o barulho da sua queda, felizmente um pouco amortecida por algumas caixas vazias que tinham naquela viela.

-Naruto? Está tudo bem? -o Hatake pergunta pelo rádio. "Não" era o que o garoto queria responder, mas também não queria falar sobre isso. Qual era o ponto se todos os adultos sabiam que a vila o odiava? Qual o ponto se aparentemente nada que ele fizesse ia mudar isso, já que o motivo era algo que nem era culpa dele nem estava sob seu controle? Kakashi sabia o que ele era, ele não podia esquecer a forma que ele reagiu quando usou aquele truque nele no teste. Ele podia confiar nele? Grunhiu antes de responder, sua cabeça e o corpo doendo.

-Estou bem. Só caí. -respondeu por fim, parte de sua atenção voltada pro gato que estava imóvel em seus braços. Felizmente o bichano estava bem, suspirou aliviado.

-Nós escutamos, dobe. -Sasuke comentou meio dividido em achar a situação cômica ou ficar preocupado com um desastrado no time.

-Você tem que tomar mais cuidado, Naruto! -Sakura estava tendo exatamente o mesmo problema. -Você pegou o Tora pelo menos?

-É. -o loiro concordou. Ele baixou muito a guarda, ter virado um ninja não havia mudado nada. "Não importava" pra eles. -Estou com ele. Encontro vocês perto da torre? -perguntou se levantando. Em poucos minutos eles estavam juntos, indo reportar a missão concluída.

-Tem certeza que não se machucou, Naruto? -o professor perguntou olhando o garoto dos pés à cabeça.

-Se eu estivesse machucado eu não estaria andando, sensei. -o mais novo revirou os olhos como se fosse obvio, já o adulto não estava muito convencido como se suspeitasse que o menino não tivesse os parâmetros normais para essas questões, não que não fosse verdade no caso.

-O que você fez com o pobrezinho pra ele estar tão quieto? -a Haruno perguntou olhando pro bichinho curiosa. -Ele é conhecido por arranhar qualquer um que tente pegar ele quando ele foge.

-Eu não sei. Mas também não ia querer machucar quem caiu de um prédio comigo. -Naruto falou.

-Bem, ele tem um ponto. -o moreno concordou com a lógica.

-Você caiu de um prédio com ele?! -a rosada gritou espantada e batendo na cabeça do colega irresponsável, que se encolheu de leve com o golpe.

-Eu tropecei. -...depois de me empurrarem o Uzumaki completou mentalmente, lutando com a vontade de suspirar.

-E você ainda se diz um ninja? -os colegas o olharam incrédulos.

-Ninjas não são perfeitos, sabiam? Ninguém é! -o loiro se defendeu, sentindo pequenas labaredas de raiva percorrerem seu corpo. Vontade de gritar que não havia sido culpa dele, então fez questão de trancar a mandíbula pra garantir que não falaria nada.

-Vamos, trio. Quanto antes resolvermos isso mais cedo volto a ler meu livro. -o sensei falou levemente desinteressado na discussão das crianças antes de guiar o grupo pra dentro da sala.

-Tora-chan! Oh, Tora-chan! Estava tão preocupada com você! -uma senhora se aproximou ao ver o felino nos braços do menino. Naruto tensionou inconscientemente com a aproximação, ele tendia a não confiar em adultos. E quase tinha certeza de que nunca havia tido boas experiencias com a metade feminina dessa parcela da população. Elas tendiam a ser um pouco protetoras com suas famílias e, por consequência, mais cruéis com ele. Já que ele era um d... Parou os pensamentos por ali, ele não estava sozinho, não era seguro. Então, com uma facilidade treinada, abriu um sorriso pra mulher.

-Aqui está. -falou no máximo de educação que podia, já que era claro por suas vestes que ela não era uma pessoa qualquer. A esposa do Daimyō do País do fogo, sua mente forneceu depois de ver um símbolo familiar que ela vestia orgulhosamente: o símbolo do país que Konoha servia e que só a realeza do país podia ostentar. Seus olhos a vasculharam novamente procurando uma indicação, o que estava começando a virar uma paranoia. Ela sabia? Ela era adulta. Ela sabe? Crianças não sabem. Ela? Mas ela não é da vila. Será que ela sabe? Mas ela é da realeza, até o velhote tinha que obedecer a eles, shinobis eram seu poder militar. Ele é poder militar da vila, de mais formas que outros. Mordeu o interior da bochecha com força, só reparando quando sentiu o gosto metálico de sangue na boca. Se forçou a parar de pensar novamente. -Ele está bem. -garantiu estendendo o gato pra dona, franzindo a testa ao sentir as garras desse fincarem em seus braços, como se não quisesse voltar pra posse dela. Com mais dificuldade do que esperado conseguiu entregar o animal, que se esperneava pra tentar fugir dela novamente.

Ele ficou olhando para ambos enquanto ele e o resto do time esperavam pelo sensei acabar com os procedimentos e receberem seus pagamentos. Seu silencio continuou mesmo após a dupla ir embora, ele podia sentir seus colegas olhando pra ele. Provavelmente estranhando sua quietude, já que isso com certeza não fazia parte de sua personalidade usual. Mas ele não sabia o que estava sentindo, o que aquela cena com o gato havia causado nele. Mas sabia que isso tinha mexido com ele. E eles não podiam julgá-lo, com certeza eles também não estariam agindo no "normal" se estivessem no lugar dele, não com tanta coisa acontecendo, não com o que sabia agora. O pensamento amargo quase o fez rir. Ele foi puxado de volta a realidade quando seu time foi dispensado, mas o Hokage o pediu pra permanecer.

-Danzo me pediu pra te entregar isso quando suas atividades de hoje fossem encerradas. -o Sarutobi falou indicando um simples pergaminho cinza em frente dele.

-Sobre o início do treinamento? -o loiro perguntou apesar de saber a resposta óbvia.

-Sim. Ali contém o local e os horários onde serão as sessões. -o mais velho falou, o garoto assentiu e pegou o pergaminho.

-Entendi. É só isso? -Naruto olhou pro mais velho que o observou com tristeza e um pouco de desapontamento. A relação deles, que era o mais perto de um laço que o garoto havia tido até ali, ficava cada vez mais estranha desde a revelação. 'É isso que você ganha por esconder coisas e mentir pra mim', a criança pensou com certa raiva.

-É sim. -Hiruzen confirmou por fim, se sentindo levemente derrotado. Depois que o garoto havia se virado pra sair o senhor perguntou baixo, mas o suficiente pra que o garoto ouvisse. -Você vai continuar irritado comigo? – 'Você vai me perdoar?' ele não disse.

-Não sei. -respondeu no mesmo tom sem se virar pra olhar pro outro. 'Você que me traiu primeiro, Jiji.' completou mentalmente antes de sair pela porta. Do lado de fora, para sua surpresa Kakashi e os outros o esperavam.

-Você não aprontou nada dessa vez, não é? -Sakura perguntou nervosa. O Uzumaki negou com um balançar de cabeça.

-O que é isso? -o Uchiha perguntou indicando o pergaminho na mão do colega.

-Não sei. Provavelmente algum conjunto de exigências absurdas do proprietário do prédio que eu moro. -a mentira saiu fácil de seus lábios, e pior que era algo que com certeza poderia acontecer contando que todos evitavam contato com ele se possível. E deu de ombros ao olhar inquisidor do platinado, ele não tinha nenhuma obrigação de falar nada da sua vida pro sensei. -Ele provavelmente teria um dia ocupado e quis ter certeza de que eu receberia isso ou sei lá o que. -acrescentou ao ver que eles ficaram confusos do porquê deixariam algo assim com o Hokage ao invés de deixar na caixa de correio ou na porta. -Temos mais alguma coisa hoje? -mudou de assunto.

-Não, por hoje estão livres. Amanhã começaremos uma hora mais cedo, nos encontraremos mesmo lugar de hoje. -o adulto respondeu.

-Ok. Vou ir pra casa, ler essa coisa e ver se por acaso eles aumentaram meu aluguel de novo. -falou antes de ir embora, sendo o primeiro.

-Aluguel? -a Haruno repetiu um pouco chocada.

-Aluguel é algo que as pessoas pagam pra morar num lugar que elas não são donas. -Sasuke olhou pra ela como se ela fosse idiota por não saber.

-Eu sei! Mas ele paga aluguel? -olhou pro único adulto presente.

-Naruto mora sozinho há alguns anos até onde sei, Sakura. -o Hatake respondeu e desaparecendo antes que a dupla pudesse fazer mais alguma pergunta. Por que Naruto, uma criança como eles, morava sozinho? Era mais uma pergunta sem resposta que era colocada numa lista que começava, aos poucos, se formar.

Após descobrir para onde tinha que ir o jovem Uzumaki se dirigiu até o campo de treinamento onde o Shimura o aguardava. Este se localizava em um local ligeiramente isolado, em cima da montanha, bem depois do monumento dos Hokages. Um lugar que poucos sabiam que existia, possivelmente. Ou que tinham se venturado até lá, já que muitos habitantes acreditavam que ali só havia os rostos esculpidos, os arquivos e o abrigo construído ali dentro.

-Era um teste? Ver se eu conseguiria chegar aqui? -o menino questionou olhando e se aproximando do senhor parado no centro de uma ampla clareira. O documento que este havia deixado pra ele só dava um guia básico.

-Você conhece a vila melhor que muitos. Até dos nossos shinobis. -foi a resposta que conseguiu, sentindo o olhar do conselheiro o medindo. -Você tem potencial. -declarou, o que desestabilizou Naruto. Não esperava por isso, quantas vezes já havia ouvido isso? Alguém alguma vez falou isso? -Isso é, com o refinamento adequado. O que pretendo alcançar.

-Potencial? Eu? -repetiu abobado.

-Sim. Foi tão desperdiçado... -balançou a cabeça decepcionado. -Você sabe melhor que ninguém que a academia não funcionava com você.

-Como...? -Naruto perguntou com os olhos se arregalando com surpresa.

-Sempre estive observando você. -o ninja mais experiente admitiu, sem tirar os olhos do garoto. Satisfeito que havia capturado sua atenção. -Anos com dificuldade de dominar um jutsu de clonagem, com professores negligentes e incompetentes que eram incapazes de cumprir seus deveres apropriadamente. -balançou a cabeça em reprovação. -Uma simples correção de jutsu resolveria tudo.

-Correção? Do que você está falando? -o garoto olhou pro mais velho intrigado, esperando por mais explicações.

-O motivo pelo qual você sempre lutou com esse jutsu é porque você tem chakra demais pra realizar um jutsu rank E. Por isso que suas tentativas acabavam em fracasso, você tem muito chakra e pouquíssimo controle sobre ele. Querer que você consiga fazer jutsu que precisam de pouco chacka é impossível caso não te ensinem a controlar isso primeiro. -explicou paciente pro menor claramente chocado e um pouco confuso.

-Por que...? -começou meio sem saber o que queria perguntar exatamente antes de desistir e mudar o foco. -Como você sabe disso?

-Conforme já falei antes, eu sempre observei você. Quando vi você falhar nisso pela segunda vez resolvi que era necessário intervir. -falou. -Não podia deixar você reprovar de novo quando eu podia mudar o jutsu pra um semelhante que você poderia aprender.

-Então o jutsu de clones que eu faço não é o Bunshin no Jutsu? -perguntou, já que até então achava que era o mesmo.

-Não, o jutsu que você usa na verdade é o Kage Bunshin. -esclareceu. -Um jutsu rank C que permite o usuário a criar clones físicos ao contrário dos meros ilusórios do outro.

-Isso não se ensina na academia? -questionou mesmo já sabendo a resposta pela forma que estava sendo falado. -Isso explica o porquê meus colegas de time ficaram confusos quando o meu clone cortou as cordas. -observou mais pra si mesmo que para o outro.

-Exatamente. -o outro assentiu, satisfeito com o processo de pensamento do mais novo, uma indicação que ele não era estupido como muitos declaravam, apenas pouco incentivado. -Os clones que possuem corpo físico são capazes de te ajudar durante uma batalha. Algo que você empregou muito bem durante o teste dos guizos.

-Eu? Fiz bem? -pisca algumas vezes, parando pra conferir mentalmente se havia escutado certo, afinal as duas coisas praticamente nunca ficavam na mesma frase. O adulto acenou com a cabeça confirmando.

-A academia apenas dá algumas dicas de como e em que contexto histórico as situações se foi possível fazer o uso de clones. Devo comentar que você os usou com extrema habilidade. Principalmente por nunca ter usado a técnica fora das provas. -elogiou sem parar de observar o garoto, que claramente não sabia o que fazer receber algum comentário positivo, antes de completar. -É por isso que afirmo que você tem potencial, quase inexplorado.

-E isso é bom? -o mais novo pergunta.

-Depende. Significa que você vai melhorar muito com o treino certo, porém é ruim pois ter isso negligenciado até hoje te coloca em uma posição desfavorável em relação aos seus colegas.

-Eles sempre estiveram na minha frente. -comenta sem pensar, particularmente pra ninguém.

-Não por muito tempo. -o senhor rebateu mesmo não tendo sido direcionado a ele.

-Sério? -o loiro arregala os olhos pela afirmação inesperada que recebeu do nada.

-Se você se dedicar no treinamento, posso te garantir que vai ficar forte. -respondeu olhando nos olhos do menor.

-E o que vamos fazer hoje? -pergunta, confuso por um instante, eles estavam ali pra isso não era? Por que o homem estava conversando com ele?

-Será algo simples. Vamos medir suas habilidades físicas sem o uso de chakra para usarmos de referência para comparação no próximo dia. -Danzo explicou calmamente enquanto pegava um item dentro de uma bolsa de armazenamento que carregava. -Esse bracelete foi feito com selos que irão emitir luz caso note que o usuário está usando chakra. -rapidamente demonstrou colocando-o no pulso e fazendo um clone, o que instantaneamente fez o acessório brilhar. -Vamos usar isso para ver se você usa seu chakra em algum momento sem perceber, entendeu? -completou entregando o item pro garoto que, após um breve momento de insegurança, colocou no pulso.

-Hã? -o garoto exclamou já que praticamente imediatamente o objeto começou a brilhar.

-Eu tinha minhas suspeitas, mas parece que realmente seu chakra fica ativo o tempo todo. -Danzo falou contemplativo, mas logo continuou pois sabia o que o menor ia perguntar ou estava curioso. -É algo que acontece às vezes, algumas devido a quantidade que o indivíduo possui. As vezes pode até ser resultado de gerações usando chakra ativamente ou o treinamento começando bem cedo, como no caso dos clãs shinobis. Em teoria até mesmo um instinto forte pode causar isso. Podemos chamá-lo de chakra passivo.

-Entendi... -responde o loiro intrigado com a explicação e se perguntando qual das opções seria seu caso. Talvez instinto? Ele sempre tentava confiar nele afinal de contas. Mas logo suas ponderações foram interrompidas com a explicação das atividades do dia e com um segundo bracelete visando bloquear o chakra temporariamente.

Os exercícios que se seguiram foram básicos e físicos para testar velocidade (corrida), agilidade e reflexo (desviar de objetos), destreza e força (lançamento de shurikens e kunais). Todos com níveis variados de intensidade e dificuldade, que positivamente também serviram para medir o nível de estamina do garoto. No final acabou durando toda a tarde, felizmente pra ele o seu novo instrutor deu pausas e lanches durante pequenos intervalos depois de alguma atividade mais intensa.

-Vamos parar por hoje. Na próxima sessão iremos refazer eles com seu chakra liberado e comparar os resultados. - o Shimura declarou. -Agora tire os braceletes e me diga se sente algo diferente. -assim que o fez o menino arregalou os olhos, pela primeira vez ele sentiu chakra percorrendo seu corpo de forma tão nítida. Tal reação fez o mais velho sorrir satisfeito. -Você sentiu, não é? -perguntou retoricamente. -É como aquele ditado popular "só sentimos falta quando não temos mais algo". Exceto que a forma mais correta de descrever e comparar seja pelos sentidos terem se aguçado devido a perda de um deles, como em alguns casos a audição pode se tornar mais acurada devido a perda da visão.

-Uau... -foi tudo que conseguiu dizer ainda surpreso com a sensação.

-Como você se empenhou tanto e foi muito bem na nossa primeira lição vou recompensá-lo com algo que talvez ache interessante e que acho que ainda não percebeu. -falou rapidamente ganhando a atenção do loirinho. -Faça um kage bunshin, deixe-o aqui, depois se afaste ao ponto de não me escutar mais e desfaça o clone quando eu acenar. -instruiu, rapidamente sendo acatado, já que a curiosidade totalmente venceu o garoto.

-Eu consigo lembrar do que o clone viveu?! -o Uzumaki se exaltou abismado após todas as etapas concluídas, como ele não notou algo tão útil antes? Bem não é como se ele tivesse usado tanto a técnica assim ou em situações que isso seria óbvio.

-Sim. E se você for tão bem quanto hoje na nossa próxima lição eu irei te mostrar mais coisas interessantes sobre o jutsu. -prometeu e propositalmente reforçou o elogio. Deu mais alguns breves avisos e após isso o dispensou.

Em casa, Naruto notou que havia algumas sacolas com alguns mantimentos, já que o Shimura queria que ele tivesse uma dieta mais adequada. Ele receberia mantimentos referentes a um dia sempre após os treinamentos, que por enquanto aconteceriam a cada 2 dias, mas poderia mudar de acordo com a necessidade no futuro. Claro, o que ele receberia não seria o suficiente para todos os dias e ele deveria tentar manter a dieta por conta própria. 'Um bom shinobi não deve depender de ninguém', era o que era pregado. Não que independência fosse um conceito desconhecido por ele.

-... –olhou para os alimentos exausto, ponderando se ia comer ou não, principalmente já que teria que preparar alguma coisa. Suspirou e guardou as coisas. A cama era o que era mais atraente no momento. Não fazia ideia que ter o chakra circulando fazia tanta diferença no nível de cansaço que alguém sentiria.

No dia seguinte ele tomou um bom (e saudável!) café da manhã, algo que ele não se lembrava de já ter feito. Também foi a primeira vez em dias que tinha tido uma noite de sono relativamente pacifica, graças à exaustão física da véspera. Então parte dele esperava um bom dia, pela sorte até o momento. Pena que a vila parecia estar empenhada a lhe provar o oposto.

A missão que haviam de completar era a limpeza de um orfanato. Algo completamente básico, como todas as missões D. Mas a matrona e todos que ali trabalhavam conheciam ele, pois é claro que tinha que ser o orfanato que o Sandaime quis colocar ele quando era pequeno. Não que ele contasse ou soubesse com precisão quantos Konoha possuía, mas considerando a quantidade de órfãos ele podia chutar que não era só um. O que importava era que eles haviam recusado a mera ideia de tê-lo ali após notarem as marcas em suas bochechas, o que todos rapidamente associavam a raposa. E agora ele sabia o porquê.

Então quando ela se negou a deixa-lo entrar com o resto do time ele não ficou surpreso. Seus colegas ficaram completamente confusos pela cara que fizeram. Como já estava relativamente acostumado com os comportamentos dos aldeões de o querer o mais longe possível, ele se "voluntariou" a tirar as ervas daninhas do jardim com ajuda de clones pra ser mais rápido. Isso enquanto refletia sobre o comportamento contraditório da vila em fuzilar ele com olhares e desejarem que ele desaparecesse. Era algo ou outro, as duas coisas não davam. Ele preferia só a segunda opção, era menos incomodo que os olhos deles o tempo todo. E ele teria que ir fazer compras mais tarde, se quisesse manter a alimentação que definiram pra ele. O que provavelmente seria complicado já que desde que se formara a vila parecia ter entrado em complô contra ele e decidido quase coletivamente ser bem mais vocal sobre seu descontentamento. Não que isso fosse mudar alguma coisa pra qualquer um deles, exceto perturbar o loiro. Mas não tinha como ficar pior que isso, certo?

Continua na parte 2!