Harry Potter e o Fugitivo das Trevas
Uma Fanfiction Potteriana escrita por Juliana B. Correia
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Capítulo V – "Predições"
As duas primeiras semanas de aula em Hogwarts foram bem tranqüilas. Snape continuava a descontar pontos da Grifinória, porém parecia que o seu ódio por Harry não era mais tão intenso ou, na opinião do garoto, com a volta de Voldemort, talvez ele estivesse mais ocupado. O fato é que ele parou de tentar ferrar Harry.
Mas essa tranqüilidade foi quebrada na manhã do dia 19 de setembro, quando Hermione recebeu um presente de aniversário "a mais".
— O que é isso? — perguntou Rony, olhando desconfiado para uma caixinha na mão de Hermione.
— Não sei — respondeu a garota.
Estava difícil abrir a caixinha, mas quando Hermione finalmente o fez, todos na mesa da Grifinória ficaram sem reação.
— Uau, Hermione, que lindo! — disse Lilá Brown, maravilhada com o presente.
— Nossa, Hermione, isso deve ter custado uma fortuna! — exclamou Fred.
— E bota fortuna nisso! — completou Jorge.
— De quem você ganhou esse anel? — perguntou Harry, curioso.
— Não sei. Alguém viu um cartão? — perguntou Hermione, com os olhos brilhando. — Ah, achei!
— Eu acho que deve ter alguém apaixonado por você, Hermione — disse Parvati Patil.
— Ou talvez seja um presente da família dela! — respondeu Rony, olhando feio para Parvati.
— Hum... não...
— Não?!
Hermione entregou o cartão a Lilá Brown e Parvati Patil e as duas começaram a ler em voz alta:
Querida Hermione,
Parabéns pelo seu aniversário! Te desejo toda a felicidade do mundo!
Saiba que você é muito especial pra mim! Por isso espero que você aceite o meu presente.
Um beijo com carinho,
Vítor Krum
— Nossa! Ele realmente deve estar apaixonado por você! — exclamou Gina Weasley.
Todos estavam admirando o anel que estava no dedo de Hermione, menos Rony, que olhava para a jóia como se este fosse uma bomba de bosta prestes a explodir.
— Você não vai aceitar isto, vai, Mione? — perguntou Rony, apontando para o anel com cara de nojo.
— Por que ela não aceitaria? — disse Gina, parecendo indignada com a reação do irmão.
— Que foi, hein, Hermione? Não me diga que você vai querer namorar o Krum, vai? — perguntou Rony, ignorando por completo o comentário da irmã.
— Não sei. Mas... e se eu quiser? — retorquiu Hermione, quando finalmente conseguiu desviar o seu olhar do anel e olhou com ar desafiador para Rony.
— Francamente, não acredito que você vai se deixar conquistar por um anelzinho desses...
— Como é que é? — fez Hermione, colocando-se de pé, absolutamente furiosa. — Eu não admito que você fale isso de mim! Você me conhece muito bem para saber que eu nunca, ouviu bem?, nunca namoraria alguém por interesse. E, para o seu governo, o Vítor tem muitas qualidades pelas quais eu namoraria ele, sim! — e saiu do Salão Principal.
— Vai, corre pra ele! — berrou Rony.
A essa altura, todos presentes no Salão Principal estavam olhando para Rony, que estava roxo de raiva e com a cara mais lavada do mundo. Os alunos da Sonserina estavam se torcendo de tanto rir, principalmente Draco, Crabbe e Goyle.
Hermione e Rony não se falaram o dia inteiro, aliás, nem se olharam. A garota fazia questão de passar a quilômetros de distância de onde ele estava.
— Eu nunca imaginei isso dele! — disse a garota a Harry, ainda furiosa, enquanto caminhavam por Hogwarts no final da tarde.
— Eu sei.
— Sabe, Harry, vocês dois são os meus melhores amigos, e escutar o que eu escutei de um melhor amigo magoa! E como magoa!
— Você gosta dele, não gosta? — perguntou Harry, sério. Hermione parou de andar e o olhou espantada.
— Não! — ela exclamou, na mesma hora, corando e desviando seu olhar do olhar de Harry. — Ele é meu amigo, Harry, nada mais.
— Tem certeza disso, Hermione? — insistiu Harry.
— Eu... tenho, sim. E mesmo que gostasse, nós não daríamos certo, porque somos o oposto um do outro... — respondeu ela, ainda evitando o olhar do amigo.
Harry apenas revirou os olhos e nenhum dos dois falou mais nada, enquanto voltavam à Torre da Grifinória onde havia uma festa surpresa para Hermione, preparada por Fred, Jorge e Gina. Ele não quis insistir no assunto com Hermione, pois para ele estava mais do que óbvio, desde sempre, que os dois se gostavam.
Ele, então, decidiu procurar por Rony, mas não o encontrou na festa. Subiu, então, para o dormitório dos garotos e lá estava ele, sentado em sua cama com a cara amarrada.
— Por que você não está festejando como os outros? — perguntou Rony, mal-humorado.
— Por que você não está lá festejando?
— Não estou afim de festejar nada. Vai, Harry, volta pra festa!
— Não, não vou. Eu quero falar com você.
— Já não está falando?
— O que está acontecendo?
— Nada. E nem começa com esse papo...
— Já comecei. Anda, Rony, fala. Por que você tratou a Mione daquele jeito? Esqueceu que hoje é o aniversário dela? Ela não mere...
— Não merecia? Eu sei. Não merecia mesmo.
— Seu idiota, se você sabe que ela não merecia, por que fez o que fez?
— Não sei, ok? Saiu. Não deu pra controlar. Foi sem querer.
— Ah, é? Então, Rony, é bom você começar a se controlar porque os "sem querer", na maior parte das vezes, magoam.
— Ela está magoada? — perguntou Rony, agora olhando fixamente para Harry.
— O que você acha? Claro que está. E com toda razão.
— Droga! Deu tudo errado! — resmungou Rony, baixinho.
— O que deu errado?
— Tudo! E tudo por causa do Krum, é claro. Sempre o Krum. Primeiro ano passado, depois este ano...
— Rony, tá ficando louco? Do que você está falando?
— Eu ia pedir a Hermione em namoro, Harry — explicou o amigo, segurando uma caixinha de veludo. — Ensaiei as férias inteiras e tinha até comprado um anel pra ela, com a ajuda do Fred e do Jorge, mas o Krum estragou tudo de novo. Quando eu vi o anel, não consegui acreditar. Você viu como ela ficou feliz?
— Ah, pode parar! Será que não está na cara que ela gosta de você? — disse Harry, se irritando. — Rony, acorda pra vida!
— Você... acha mesmo? — perguntou Rony, olhando ansioso para o amigo.
— Eu não só acho como tenho certeza.
— Você acha que eu deveria... hum.. falar com ela?
— Se você estiver certo de que é isso mesmo que quer, não sei o que você está fazendo aqui ainda.
— E você sabe onde ela está agora?
— Deve estar na Sala Comunal, na festa surpresa.
— Mas eu devo mesmo...
— VAI LOGO!
— Valeu, Harry. Vou procurá-la. Você vai descer também?
— Não. Vou ficar por aqui mesmo. Ah... boa sorte com ela! — desejou Harry e sorriu para o amigo, que parecia estar empolgado, mas bastante nervoso.
Assim que Rony saiu à procura de Hermione, Harry colocou o seu pijama e se deitou. Ele não acreditava que, finalmente, Rony tomara coragem para declarar os seus sentimentos pela amiga.
Harry acordou tarde na manhã seguinte. Procurou por Rony para saber o que tinha acontecido entre ele e Hermione, mas o amigo não estava no dormitório, nem na Sala Comunal. Ele, então, correu para o Salão Principal para tomar café da manhã e tentar encontrar Rony e, quando chegou no Salão, encontrou um pequeno aglomerado de alunos da Grifinória em volta dos amigos, que estavam abraçados e ambos com sorrisos nos rostos. Os dois saíram do meio do aglomerado e foram encontrar com Harry, que tinha sentado na mesa para tomar seu café.
— Oi, Harry! — disseram os dois, juntos, sorrindo.
— Olá! Finalmente, hein! — disse Harry rindo, observando os amigos corarem.
— Hum... acho melhor eu me apressar. Tenho aula de Aritmancia agora e o professor Vector está descontando pontos dos alunos que chegam atrasados! — disse Hermione, saindo rapidamente.
— O que deu nela? — indagou Harry a Rony, sem entender.
— Não sei — respondeu Rony, dando os ombros. — Bem, Adivinhação, agora?
— É... — respondeu Harry, ficando desanimado.
Os dois chegaram atrasados à Torre Norte, porque Fred e Jorge cismaram em parar Harry no meio do caminho para discutir sobre uma futura reunião sobre quadribol. Quando entraram na classe, a Profª. Sibila Trelawney, vestida como um inseto gigante, para variar, já tinha começado sua aula.
— Como eu estava dizendo, — continuou a Profª. Sibila, olhando feio para eles — o tarô cigano é muito utilizado em previsões afetivas...
— Professora! — interrompeu Parvati Patil. — Já que estamos em clima de romance — e ela e Lilá Brown olharam para Rony, dando risadinhas — e a matéria é o tarô cigano, a senhora não poderia nos mostrar como ele funciona lendo o nosso futuro afetivo? — terminou, e olhou para Harry.
— Harry — chamou Rony, baixinho. — Acho que ela gosta de você — e caiu na gargalhada. Ele o fuzilou com o olhar.
— Cala a boca, Rony — disse Harry, irritado. Tudo o que ele não queria, no momento, era que alguém soubesse sobre a sua vida amorosa, se é que ele tinha alguma.
— Sabe que não é uma má idéia, Srta. Patil? — disse a professora à Parvati, olhando sugestivamente para Harry, que coroou de leve.
— Realmente é uma ótima idéia! — ironizou Harry. — Mal posso esperar para saber o que ela tem a dizer sobre mim.
— Relaxa, Harry. Eu já até imagino o que ela vai dizer pra mim: "Oh! Sinto muito, sua namorada vai te trocar pelo seu melhor amigo". — disse Rony, rindo. — O máximo que ela vai dizer pra você é que a sua namorada vai morrer depois que um basilisco petrificar ela e arrancar sua pele, ou seja, nada demais. Esqueceu que ela só sabe predizer tragédias? Especialmente no seu caso.
Enquanto a Profª. Trelawney não começava a sua aula, Harry e Rony se divertiam só imaginando o que ela poderia dizer a eles e só pararam quando ela ralhou com eles por estarem rindo alto demais.
— Bem, eu irei de mesa em mesa conversar com vocês, portanto, não fiquem me chamando. Cada um terá a sua vez. E quem gostaria de ser o primeiro? — perguntou. Lilá e Parvati levantaram as mãos juntas.
— Vejamos, então, a Srta. Patil. Concentre-se em uma pergunta enquanto eu tiro as cartas para você. O resto permaneça em silêncio ou descontarei 10 pontos de suas casas.
Parvati, que parecia estar muito ansiosa e meio receosa, fechou os olhos enquanto a professora colocou algumas cartas de tarô em sua mesa. Ela os abriu bem rápido e a professora começou a virar as cartas.
— Sinto decepcioná-la logo de cara, minha querida, mas o garoto por quem está apaixonada não ficará com você. Mas não fique triste. As cartas me dizem que a pessoa certa está mais próxima do que você imagina, e que vocês serão muito felizes — acrescentou logo a professora, reparando na expressão de indignação no rosto de Parvati. Obviamente aquela não era a resposta que ela esperava receber.
— A próxima é você, Srta. Brown.
E a professora ia de mesa em mesa tirar as cartas para os alunos, algumas vezes dizendo coisas boas, outras vezes dizendo coisas ruins. Os últimos para quem a professora tirou as cartas foram Rony e Harry.
— Agora é a sua vez, Sr Weasley. Concentre-se em uma pergunta enquanto eu tiro as suas cartas — e ele fechou os olhos, mas abriu logo em seguida, como se tivesse apenas piscado. — Hum... vejo que você está muito contente com este namoro, não? É uma pena que vá durar tão pouco. Vocês vão se separar, pois irão descobrir que ela não é a sua alma gêmea, nem você a dela. Você ficará bastante chateado, principalmente depois que ela encontrar seu verdadeiro par. Mas nem tudo que as cartas dizem é ruim. Elas me dizem que você superará e que achará a sua verdadeira alma gêmea, e que ainda serão muito felizes.
Por mais que Rony tenha ironizado com as predições da professora Trelawney, dizendo para Harry não se preocupar porque ela é uma charlatã, pôde-se ver que na prática a coisa toda muda. A expressão em seu rosto era de indignação, e ele ficou simplesmente mudo, olhando torto para a professora.
A hora que todos (principalmente a Professora Trelawney) estavam esperando finalmente chegara. Harry pensou seriamente em dizer para que não dissesse nada, mas alguma coisa o fez ficar calado. Assim que a professora se postou à frente da sua mesa, todos viraram para encará-lo e ficaram em silêncio absoluto para poder escutar cada palavra que ela dissesse.
— Finalmente o último aluno, Sr Harry Potter. Concentre-se na pergunta, tudo bem? — e Harry fechou os olhos. Não tinha idéia de que pergunta faria. Pensou em Cho, mas o medo de que a professora dissesse o nome dela o fez descartar a idéia. Mas, então, ele lembrou do que Rony dissera. A verdade era que Sibila Trelawney é uma grande charlatã e nunca fez uma previsão realmente verdadeira, com exceção apenas daquela vez no terceiro ano, em que entrou em transe e previu a volta de Rabicho ao seu mestre, Lord Voldemort.
Harry abriu os olhos sem fazer pergunta alguma. Todos o olhavam ansiosos. Havia um silêncio absoluto que fazia com que a tensão a sua volta fosse cada vez maior. A Professora Trelawney começou a virar as cartas.
— Vejo que terá muita sorte no amor. Você já encontrou sua alma gêmea, e o amor de vocês superará todos os obstáculos, que não serão poucos. No começo, tudo vai parecer confuso e impossível, mas o tempo se encarregará de mostrar-lhes que foram feitos um para o outro. Infelizmente, ou felizmente, o tempo colocará talvez o maior obstáculo de suas vidas, fazendo que tenham que se separar e ficar anos sem se verem. Mas nunca desistam. Quando tudo parecer estar perdido, surpresas virão.
"Não foi tão ruim assim", pensou Harry, aliviado, quando a professora terminou de ler suas cartas e sorriu. Rony e Parvati pareciam estar meio abalados com suas perspectivas afetivas, mas Rony tentava disfarçar dizendo que, afinal, aquilo era uma grande bobagem, e que a professora continuava sendo uma grande "picareta". Mas mesmo sabendo que não se podia confiar nas previsões de Sibila Trelawney, Harry não pôde deixar de pensar, durante todo o dia, em quem seria esta pessoa. Será que seria Cho Chang?
(Continua...)
