Título:
Lusitania (9)
Autor: siriuswhite
E-mail do Autor: siriuswhite@schnoogle.com
Categoria: Romance
Sub-Categoria: Mistério
Palavras-Chave: Artio Sperios
Patrick Dolphin Lusitania
"Rating": PG-13
"Spoilers": SS/PS, CoS,
PoA, GoF, FB, QTTA
Sumário: Artio é uma rapariga que
vai para uma escola de magia, como Hogwarts. Ela vai para o primeiro ano e
acontecem coisas muito estranhas. Patrick é um rapaz e as pessoas não gostam
dele. Porquê?
Nota Importante: Esta história é
baseada em personagens e situações criadas por JK Rowling que lhe pertencem,
várias editoras incluindo mas não só a Bloomsbury Books, a Scholastic Books, a
Raincoast Books, e a Warner Bros., Inc. Não se está a ganhar dinheiro com esta
história e não são permitidos os direitos de cópia nem de comércio.
Nota do Autor: Obrigado a todos
aqueles que comentaram sobre o capítulo anterior: Nentari, Hotpepper567,
Aisling Kinsella e Elfinkat.
Obrigado às minhas beta-readers, Freda Potter e Jo, pelo seu magnífico trabalho e por algumas sessões de inspiração que ainda não paguei… Vocês são as maiores!
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Lusitania
POR S I R I U S W H I T E
Traduzido por Nentari(Obrigado Pat!)
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NONO CAPITULO
REVELACOES
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A estranha mulher estava vestida com um longo e macio vestido roxo, de mangas curtas. Tinha certamente vindo de um local quente, vinha vestida para um dia de verão. No seu braço esquerdo podia ser vista a imagem de uma caveira.
Cynthia olhou para a estranha mulher, que estava a ajeitar as roupas. "Quem és tu?"
Antes que a mulher respondesse à pergunta de Cynthia, ela virou a sua cabeça e olhou para os seus olhos. Cynthia sentiu um arrepio frio nas suas costas.
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"Quem sou eu?" perguntou a mulher, e repetiu, "Quem sou eu...?"
Cynthia finalmente levantou-se. A mulher era assustadora, parecia dominar qualquer coisa. Cynthia olhava para ela embora nenhuma dissesse uma palavra, simplesmente continuaram a olhar uma para a outra por um bocado. A mulher parecia-se imenso com Artio, os mesmos cabelos loiros e olhos azuis-esverdeados, Cynthia sabia-o, mas não fez nenhum comentário sobre essa coincidência...
Cynthia finalmente quebrou o silêncio, "Um... Quando é que aprendeste a ser um Animagus?" Era a pergunta mais estúpida que uma pessoa poderia fazer naquele momento mas, de qualquer modo, ela perguntou.
"Há alguns anos, quando era estudante, em Durmstrang." A mulher parecia perceber que era uma pergunta estúpida, sim, mas não disse o que pensava, limitou-se a responder naturalmente.
"Oh, estudaste em Durmstrang?" perguntou Cynthia. A pergunta agora era menos estúpida. Cynthia sorriu, mas por fora manteve o rosto inexpressivo.
Tanto Cynthia como a mulher-Glumbumble olharam uma para a outra, de pé, mas sem se mexerem.
"Sim, estudei em muitas escolas." A mulher parecia ocultar o seu ar-de-dominar-algo, ela mexeu-se pela primeira vez, avançando em direcção a Cynthia. Elas estavam a três metros de distância, e Cynthia preparava-se para recuar mas como reparou que a mulher parou perto da árvore, não colocou o pé para trás.
"Mau comportamento?" Cynthia pensava num motivo para estudar em tantas escolas. Cynthia aproximou-se da mulher, que se sentou na relva, perto da árvore, as costas contra o tronco, e relaxou.
"Algo desse género, sim," respondeu a mulher-Glumbumble. Cynthia não se podia sentar perto dela porque a árvore não era muito larga, ela limitou-se a sentar na relva a meio metro da mulher.
"Para onde foste?" perguntou Cynthia. Ela sabia, por algum motivo, que a mulher não a magoaria. Não, ela não era má pessoa. A sua expressão quando se transformou do Glumbumble era muito diferente da que tinha agora.
O pôr do sol havia sido alguns minutos antes e algumas estrelas começavam a surgir no céu azul escuro, não havia nuvens. Júpiter olhava para elas. Cynthia também gostava muito de Astronomia, o seu pai tinha-lhe ensinado muitas coisas acerca das estrelas, planetas, galáxias e buracos negros, e estes últimos eram a sua especialidade.
"Estudei em Durmstrang na primeira metade do meu segundo ano. Depois vim para Lusitania, onde fiquei até ao fim do meu quinto ano. Hogwarts foi onde finalmente me formei, estudei lá nos meus sexto e sétimo anos."
"Três escolas," disse Cynthia. "Não são assim tantas." Cynthia não estava tão assustada como antes, a nova mulher incomodava-a, como é óbvio, mas as duas conversavam uma com a outra tentando esquecer que não se conheciam.
"Três escolas, mas muitos mais sarilhos." Nostálgica, a mulher sentia-se nostálgica, Cynthia percebia-o.
Cynthia não respondeu; já se conheciam melhor agora. De repente lembrou-se da aula de Astronomia, que começaria em breve, às nove e meia. Seria dentro de oito minutos, como confirmou no relógio.
"Aquela rapariga encontrou-me perto da tua cama ontem à noite," disse calmamente a mulher-Glumbumble, alguma incerteza na sua voz.
"Quem? Amanda?" perguntou Cynthia. Ela sabia que era Amanda; ela não sabia porque é que o tinha perguntado.
"Sim, aquela que me apanhou, ela quase me viu como humana..."
"Eu sei, ela disse-me que te tinha encontrado no nosso dormitório," confirmou Cynthia.
"Sim, eu estava à tua procura," disse ela.
"Eu?" perguntou Cynthia, que nunca tinha visto aquela mulher na sua vida e por isso não percebia porque é que ela estava à sua procura.
"Sim, eu sei que és a melhor amiga da Artio."
"Oh," acenou Cynthia. "Então vieste por causa da Artio... conhece-la?"
"Sim," os olhos da mulher adquiriram uma cor triste, "eu..."
"O quê? Alguma má notícia?"
"Eu sou... a mãe dela." A mulher, que tinha estado a olhar para baixo, olhou para Cynthia que abriu a sua boca.
"O quê?" Cynthia não podia acreditar. Ela estava chocada, o que ela tinha ouvido acerca daquela mulher fez com que Cynthia a detestasse a partir do momento em que ela disse quem era.
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Hogwarts estava linda nessa noite; havia duas luas, uma no céu e outra no Lago. Artio observava o exterior por uma janela, na Sala Comum dos Ravenclaw. Ela pensava sobre Patrick. Então lembrou-se de que ele era Jeremy.
Acima de tudo, ela estava apaixonada por Patrick, e não Jeremy. Ela sabia que eram ambos a mesma pessoa, com algumas diferenças, e Patrick era o mau. Mas Patrick era também aquele por quem ela se apaixonara.
Artio sabia que Jeremy era uma pessoa adorável, ela gostava muito dele, e tinha-o beijado.
Mas quando o fez, não pensara nele como o verdadeiro Jeremy mas como o fictício Patrick.
E ele não lhe tinha mandado nenhuma coruja, pensou ela tristemente, talvez ele fosse o tipo de rapaz que beija qualquer rapariga.
Essa era a única forma de explicar o facto de ele não lhe ter escrito uma única carta.
E o seu pai? Estaria ele bem em Londres numa zona Muggle? Artio pensou que ele era maluco por viver numa zona Muggle, onde não podia usar nenhuma magia.
Cho chamou-a de volta à realidade.
Realidade, o que era isso?
"Artio," Cho tinha uma pena na mão, ela estava sentada numa cadeira na Sala Comum, e estava a fazer trabalho de casa extra, ou apenas a escrever uma carta.
"Hum..." Artio parou de observar as duas luas lá fora, e virou a cabeça para ver Cho. "Oh, o que foi?"
"Estás a voar muito alto, podes cair, por isso chamei-te de volta," disse ela.
"Oh, sim, eu estava a pensar em muitas coisas fora desta sala," concordou Artio, que se aproximou da mesa onde Cho escrevia.
"A escrever uma carta, ou trabalho de casa?" Ela sabia que Cho estava determinada em ganhar o maior número de pontos alguma vez vistos, Ravenclaw tinha de ser a campeã da Taça das Equipas este ano, ela tinha-o dito a Artio algumas horas antes.
"Carta," respondeu Cho, mas não parou de escrever.
"Para ele?" Artio perguntou, sorrindo, e esperou por uma resposta positiva.
"Talvez lhe venha a dar isto um dia."
Apesar de se terem conhecido apenas um dia antes, Artio e Cho eram como melhores amigas, sabiam os segredos uma da outra, ou pelo menos quase todos. A própria Artio não escondia nenhum dos seus segredos mais importantes, ela contava tudo a Cho.
"Vais fazê-lo, tenho a certeza," Artio sorriu, ela gostava de ver Cho feliz, e isso significava que ela tinha de estar apaixonada pelo seu querido rapaz.
"Esquece isso por agora, no que é que estavas a pensar?" perguntou Cho, que já sabia a resposta.
Artio também o sabia. "Não tens nenhuma ideia?" perguntou ela inteligentemente.
"Jeremy, de certeza."
"E no meu pai, também."
"Algumas conclusões?" perguntou Cho.
"Nenhumas," Artio pensou acerca dos seus olhos negros, de como ela se tinha perdido na sua escuridão, e de como isso era bom.
"E se nos fossemos deitar?" Cho levantou-se da mesa, segurando num pedaço de pergaminho amarelecido na sua mão. "Amanhã vai ser um novo dia, rapariga, sê paciente."
"Sim, talvez seja melhor, vamos dormir," concordou Artio e tanto ela como Cho foram para os seus dormitórios.
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"Cynthia, escuta-me, por favor." A mãe de Artio pedia a Cynthia para se acalmar.
"Eu... Como é que te passa pela cabeça falar comigo?" Cynthia estava fora de si. "Não chega o que fizeste a Artio e a Mr. Archibald?"
"Eu sei, tens razão. O divórcio... é totalmente culpa minha, mas não tive outra escolha. Agora sei que estava errada, e..." Ela parou e após respirar fundo disse apenas, "Tens de ir para a tua aula de Astronomia, o Robin está à tua espera e ficará desapontado se não fores."
"Não." Cynthia ainda não acreditava na mulher loira. "Quero que me expliques porque estás aqui depois de tudo o que fizeste. Uma aula não é o fim."
"Pode vir a ser. Confia em mim, é melhor ires para a aula agora. Vai!" A mulher não esperou por uma resposta de Cynthia, também por saber que Cynthia não aceitaria a ideia e não iria. A mulher transformou-se na sua forma Animagus, e um Glumbumble voou pela relva molhada.
"Robin? Quem é Robin?" pensou Cynthia, e os seus olhos seguiram o pequeno animal que desapareceu por detrás de uma árvore.
Ela passou pelo dormitório para ir buscar a mala com as suas coisas, incluindo alguns mapas astrais, que eram necessários para a aula de Astronomia.
Alguns minutos mais tarde ela estava à espera com os outros Golfinhos à porta da sala de Astronomia, no sétimo andar…
O Captain Dolphin apareceu no andar algum tempo depois. Cynthia sabia que não devia contar ao Captain Dolphin acerca da mãe de Artio, apesar da mulher não lho ter dito.
Os alunos entraram na sala e sentaram-se, alguns deles, como Natasha Bizecuit e Marysia Anderson, correram para dentro da sala porque queriam ter as melhores mesas...
"Boas noites," começou Captain Dolphin. "Hoje vão ser apresentados à disciplina de Astronomia, que é também uma ciência para os Muggles. Ambas as comunidades estão interessadas nesta matéria; esta permite-nos procurar vida em outros planetas. A Astronomia é também importante devido às várias profecias inspiradas no movimento dos planetas e estrelas no céu." Ele andou pela sala procurando por alguém com um interesse especial. Parecia que tinha encontrado um rapaz interessado, os seus olhos brilhavam quando Captain Dolphin falava sobre as origens da Astronomia. Era o rapaz brasileiro, Carlos Filteg.
"Qual é o planeta mais brilhante no céu?" perguntou Captain Dolphin.
Rapidamente, o rapaz levantou a mão e, com a permissão de Captain, disse, com naturalidade, "Júpiter."
"Muito bem, vejo que estiveste a estudar," disse o professor, orgulhosamente.
"Não, sei-o há já muitos anos," explicou Carlos.
"Sabes? Ainda bem, estou contente por ver que rapazes da tua idade se interessam por esta disciplina majestosa. Cinco pontos para a Equipa Golfinho pela tua resposta."
Uma hora e quarenta minutos depois, Cynthia e os outros Golfinhos entraram na sala comum entre os dois retratos, que estavam a dormir.
Cynthia não gostou muito da aula de Astronomia. Talvez fosse devido á atitude de Captain Dolphin no dia anterior; para ela, ele já não era a mesma pessoa admirável.
Cynthia não conseguia abandonar a ideia da mãe de Artio estar na academia, mas agora ela não podia fazer nada, ela não sabia para onde tinha voado o Glumbumble.
Todas as raparigas foram para as suas camas. Cynthia sabia que elas não iriam dormir; elas iriam falar até ao nascer do sol, e apenas então dormiriam.
Cynthia pensou que seria bom falar com elas. Elas sentaram-se nas camas de Monica e Amanda, que eram lado a lado, e seria fácil para todas ouvirem as suas histórias. Depressa Cynthia percebeu que estavam a contar histórias do seu passado.
Monica tinha muitas histórias estranhas, todas sobre a floresta Amazónica, no Brasil.
"Eu caí no rio e então," ela fez algum suspense, não dizendo nada durante alguns segundos. Todas as outras raparigas escutavam com atenção, "e quando acordei estava num hospital Muggle!"
"Ooh!" disseram algumas raparigas, chocadas.
"Sim, eles não sabiam como eu tinha ido parar ao rio, disseram que eu tinha sido encontrada por um turista, que tinha um barco, e me levou para lá. O mais difícil foi voltar para casa, fugi do hospital e encontrei uma cidade Muggle... era de noite e eu estava fascinada pelas luzes que eles têm nas ruas. Eles chamam aquilo de electricidade..."
Amanda interrompeu-a. "Monica, deixa-me contar a minha história, e então vais saber o que é assustador."
"Oh não, deixa-me acabar a minha!" pediu Monica. "A seguir vem a parte mais interessante..."
"Continua-a amanhã, já nos contaste muitas... cada história que contas termina contigo e com 'o rapaz mais belo à face da terra' aos beijos!" Amanda mudou a sua expressão e anunciou, "Agora vão perceber porque é que eu quero... Vingança!"
As outras raparigas olharam para ela e imaginaram como se estivessem a ver tudo.
Cynthia também estava interessada, mas não conseguia pensar em nada a não ser a mãe de Artio. Porque é que ela lá estava? Talvez fosse melhor se Cynthia tivesse falado sobre ela a Captain Dolphin. Quando ela estava submersa nestes pensamentos, a voz de Amanda subiu e ela lembrou-se da história. "...avós, Quem-Nós-Sabemos estava longe mas os seus seguidores ainda tinham uma missão a cumprir..." Mais suspense.
"O quê?" perguntou Natasha, entusiasmada.
"Matar... os meus pais!"
"Aaaahh!" elas gritaram.
"É verdade, eles tinham essa missão. Era Dezembro, estava muito frio," ela gesticulava, desenhando o cenário no ar. "Eu estava com os meus primos e o meu tio John, tínhamos ido à loja comprar os nossos presentes de Natal; sim, era vinte e quatro de Dezembro, a noite dos presentes. Mas nesse ano tudo seria diferente, e nunca mais seria o mesmo... Fomos para a casa dos meus avós, no norte de Portugal. Os meus pais iam chegar tarde para o jantar, por isso esperámos por eles, eles tinham um trabalho inesperado, eles eram Aurors." Ela adicionou um pouco mais de suspense, que caía bem em qualquer história. "Eles deviam ter-se materializado na casa dos meus avós assim que acabassem o trabalho, um ataque de Death Eaters. Era estranho, havia sido muitos anos desde O Ataque, quando O Rapaz Que Sobreviveu o matou. Isso foi o que quase todos pensavam. Pelo contrário, os meus pais não pensavam assim, eles sempre disseram que ele estava escondido, algures. E os ataques dos Death Eaters eram menos activos nesses anos. Nesse Natal eles pareciam estar a preparar alguma festa para comemorar algum acontecimento estranho, inesperado e especial. Ele iria regressar, o plano era reavivar Quem-Nós-Sabemos!"
"Ooooh!"
"O plano não teve sucesso nenhum, e eles atacaram uma pequena aldeia Muggle e os meus pais foram chamados. Isso era o que eles queriam." De repente, uma expressão triste atravessou-lhe o rosto. "Na realidade, eles não tinham nenhum plano para o reavivar, não eram suficientemente espertos. Eles apenas queriam matar algumas pessoas especiais. Eles sabiam que os outros Aurors estavam ocupados com outras coisas, excepto quatro."
"Quatro?" perguntou Marysia.
"Quatro," concordou Amanda. "Os meus pais, Andre Santos e Sergio Antocilo. Eles foram chamados para combater as forças das trevas. Quando lá chegaram, os Death Eaters estavam escondidos e atacaram-nos por detrás. Os quatro foram mortos." Amanda estava triste mas não chorava, Cynthia reparou nisso. "Quando soubemos era meia-noite, estávamos na sala, eu e os meus primos começávamos a abrir os nossos presentes de Natal. Os adultos estavam preocupados mas eu não percebia, tinha só cinco anos." Mais uma pausa. "Dois minutos depois da meia-noite, uma coruja bateu na janela fria. O meu avô abriu-a e recebeu a carta. A coruja voou o mais depressa que pode, parecia saber o que transportava."
"O que é que transportava?"
"Dor, choque e tristeza. O Natal nunca mais foi uma festa; tinha-se tornado no dia em que os meus pais morreram."
"Aww..."
"Eu recebo o dobro dos presentes no meu aniversário e no Natal nós, eu e os meus avós, vamos ao cemitério. Lembrá-los. Eu lembro-me deles todos os dias, mas o Natal tornou-se num dia triste, diferente dos outros Natais nas outras casas."
"Lamento," disse Cynthia, que se esqueceu por alguns momentos da mãe de Artio.
"Também eu. E é por isso que eu quero vingança! Tenho de aprender muitas coisas aqui na academia, tenho de combater as forças das trevas, e vou matá-los a todos, sem compaixão."
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Eram cinco e meia e ainda estava escuro, sem sol.
Cynthia acordou com uma mordidela no pescoço; um insecto mordeu-a para que ela acordasse. Cynthia reparou no Glumbumble. Este voou para fora do dormitório; Cynthia compreendeu que o devia seguir.
Na sala comum dos Golfinhos, Cynthia sentou-se perto da lareira, que não estava acesa porque não estava muito frio.
A mulher regressou à sua forma humana e sentou-se perto de Cynthia.
"O que é?" perguntou Cynthia, irritada.
"Temos de falar, ou não?"
"Sim, tu fugiste e eu tive de ir à aula de Astronomia," acenou Cynthia.
"Robin ficaria zangado se não fosses..."
"Robin?" Cynthia lembrou-se desse nome que não conhecia. "Quem é Robin?"
"Oh, tu não conheces o seu verdadeiro nome... O Captain Dolphin, ele é Robin Stormd'sky."
"Cap... Captain Dolphin?" Cynthia estava surpreendida; ela nunca tinha ouvido dizer que ele tivesse outro nome. "Stormd'sky?"
"Sim, não estavas à espera que o seu nome fosse Dolphin, ou estavas?"
"Não..." Na realidade, Cynthia não tinha pensado nisso. "Ele é casado com a Professora Shayra?"
"Não, ele é irmão dela... mas isso é outra história, uma história comprida, que eu te contava se tivesse tempo."
"Okay, agora explica-me o que estás a fazer aqui." Cynthia não estava tão zangada com a mulher como tinha estado quando a mulher-Glumbumble lhe disse que era a mãe de Artio.
"Eu... eu quero saber se a Artio já encontrou o pai dela." No seu rosto surgiu uma expressão assustada.
"Sim, clar-" Cynthia foi interrompida.
"O quê? Ele encontrou-a? Oh meu Deus, o que é que faço agora?" Ela começou-se a mexer nervosamente.
"O quê? Não sabias? Ela foi para Londres com ele, ele tem lá um emprego novo, e ela está a estudar em Hogwarts."
"Tu queres dizer o Archibald, não é?" A mulher acalmou-se.
"Sim, ela foi morar com ele."
"Oh, assim é muito melhor... Na verdade, Archibald... ele..."
"O que foi? O que aconteceu?" Cynthia perguntou nervosamente, pensando as piores possibilidades.
"Ele não é o verdadeiro pai da Artio."
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Artio acordou, as suas companheiras de quarto estavam todas a dormir e estava uma coruja na janela perto da sua cama. A coruja batia desesperadamente, o barulho não era muito audível, mas Artio acordou sobressaltada. Ela abriu a janela e a coruja voou até à sua cama.
Ela tirou a carta da pata da coruja e esta voou novamente para fora. A lua ainda estava visível no lago e no céu. Artio olhou para ambas com um sorriso de recordação, e foi para a sua cama, onde a carta estava à espera de ser lida.
Querida Artio,
Recebi a tua carta ontem mas só pude responder agora porque estive ocupada, tivemos as nossas primeiras aulas.
Esta carta foi enviada por uma coruja da academia, ainda não tenho uma...
O Jeremy está bem, ele não gostou muito de te teres ido embora mas acho que vai pensar de maneira diferente porque ele também te ama.
Eu falo com ele em breve.
Ganhei alguns pontos para a equipa Golfinho mas o Professor Josh Darkwater, Captain da equipa Tubarão, tirou-me tantos quanto os que eu ganhei...
Quando chegámos à academia, chegaram outros alunos. São do Brasil; são muito engraçados. Não sabia que a academia também aceitava alunos brasileiros, e tu?
Como é que estão o teu pai e o teu irmão? Espero que esteja tudo bem com vocês todos. Não preciso de te perguntar como estás, sei que te sentes triste por estar longe do Jeremy.
Vou fazer os possíveis para vos juntar.
Vemo-nos nas férias, pelo menos.
Diz-me como estás e o que te tem acontecido.
Acima de tudo, tenta divertir-te, e não penses muito no Jeremy, okay?
Beijos,
Cynthia T.
Artio acabou de ler a carta; tudo parecia estar bem com Cynthia. Artio pensou que lhe devia responder e contar sobre o Triwizard Tournament e os seus treinos de Quidditch com Cho Chang.
De repente lembrou-se da cobra que tinha visto no braço na primeira noite em que ali estava. Tinha de contar isso a Cynthia. Cho sabia acerca de tudo menos uma coisa: essa cobra. Ela olhou para o braço esquerdo para ver se ela ainda lá estava. Nenhum sinal da imagem, parecia que nunca lá tinha estado.
Ela queria dormir, escreveria a Cynthia mais tarde. Mesmo se enviasse a carta imediatamente, chegaria à Ilha Sitnalta muito mais tarde, quase dois dias depois de ter sido enviada. A distância entre as duas escolas era enorme e ela pensou que seria difícil para as corujas fazer a viagem...
Artio deitou-se e adormeceu alguns minutos mais tarde.
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"O quê?" Cynthia não conseguia acreditar, ela estava mais que chocada. "Mr. Sperios não é o pai da Artio?" gritava.
"Shh, cala-te," pediu a mulher-Glumbumble, "vais acordá-los!"
"O que queres dizer com mandar-me calar? Estás maluca? Okay, já percebo, fugiste de St. Mungo's..."
"Não!" respondeu a mulher, de olhos bem abertos, aqueles olhos, que fizeram Cynthia recordar Artio. "Eu sou mesmo a mãe da Artio. Cynthia, deixa-me explicar, eu sei que cometi um erro mas agora não o posso remediar. Eu posso, ao menos, corrigir o meu erro ao proteger a vida da Artio."
A mulher tinha razão; os gritos de Cynthia acordaram algumas pessoas. Começaram a aparecer nas portas dos seus dormitórios. "O que aconteceu?" alguns perguntaram.
Cynthia virou-se para os ver e, quando se virou para olhar para a mulher, esta já não se encontrava lá; um Glumbumble voou para fora da janela da sala comum, ninguém imaginava que um simples insecto pudesse ser um Animagus.
"Eu..." Cynthia olhou novamente para os outros, tentando explicar-se. "Eu adormeci neste sofá," ela indicou, "e tive um pesadelo."
Os outros começaram a protestar e a regressar às suas camas. Ainda não era dia, e eles gostariam de voltar a dormir, isto é, se Cynthia os deixasse.
"Desculpem-me por vos ter acordado! Desculpem," pediu Cynthia.
"Essa miúda é maluca," comentaram algumas raparigas do quarto ano. "Só pode ser, ninguém grita assim a meio da noite."
A sala comum voltou a ficar deserta. Não havia sinal de insecto algum. Cynthia olhou para todos os objectos, avaliando se poderia estar escondido algures, mas tinha saído.
Como Cynthia se lembrou de que ela regressaria à forma humana se quisesse voltar a falar com ela, regressou ao seu dormitório. Monica, Natasha e Amanda estavam acordadas, certamente devido aos seus gritos.
"O que é que aconteceu?" perguntou Amanda.
"Oh, fui eu, tive um pesadelo e quando gritei acordei. Desculpem-me por também vos ter acordado," explicou Cynthia.
"Na sala comum?" perguntou Natasha, que era suficientemente esperta para saber que ela tinha estado a dormir no dormitório, e não na sala comum.
"Sim, fui lá para... para buscar um copo de água, e adormeci no sofá."
"Oh." Esta foi a última palavra que Natasha disse, ele fechou os olhos e tentou adormecer novamente.
"Dorme bem," exclamou Monica, a mais compreensiva das três.
"Obrigada, Monica," respondeu Cynthia. "Tu também."
Cynthia deitou-se e tentou adormecer. "Bolas!" pensou.
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Nesse dia os Golfinhos iriam ter Defesa Contra as Artes das Trevas, com o Professor Sinushoy Habecula, e Voo, com a Professora Sabrina Pitinus.
Os assuntos de ambas as aulas foram uma breve introdução ao que iriam estudar nesse semestre.
Em Defesa Contra as Artes das Trevas, o Professor Habecula perguntou-lhes algumas questões históricas básicas sobre a Conferência de Feitiçaria em que os Goblins foram declarados seres inteligentes, o que tem sido o seu estatuto há setenta e dois anos; o ano da Declaração da protecção e preservação dos unicórnios em habitats naturais...
A aula de Voo foi bastante diferente, a introdução tinha sido mais prática, dizendo "De pé!" pela primeira vez e, adicionalmente, foi mais divertida porque era uma aula com duas equipas. Os Golfinhos e Sereias do primeiro ano praticaram por duas horas inteiras. A Professora Pitinus não lhes apresentou bolas de Quidditch, era a primeira vez que montavam numa vassoura, pelo menos, oficialmente, porque muitos deles já voavam havia vários anos, com os seus pais, primos ou amigos mais velhos.
A própria Cynthia sabia voar mas não era uma 'profissional'... Madame Pitinus ainda tinha muito em mãos para os ensinar a voar e não causar problemas, o que era uma tarefa muito difícil.
Depois das aulas, que acabaram por volta das seis da tarde, Cynthia foi até ao escritório do Captain Dolphin.
Quando estava nas escadas, Anaras estava a descer; Cynthia sorriu.
"Olá," disse ela. Parecia nervosa.
"Olá," respondeu Cynthia. "O que é que estás a fazer aqui? Algum problema com o R... Captain Dolphin?"
"Sim, eu estava no escritório dele, mas não houve problema," Anaras sorriu. "Eu... eu fui pedir autorização para ir buscar um livro à Biblioteca..."
"Oh, eu vou falar com ele." De repente, Cynthia lembrou-se de que ninguém devia saber do seu contacto com o Captain Dolphin, nem sobre o feitiço, mas inesperadamente Anaras não fez nenhuma pergunta. "Também vou pedir autorização para ir buscar um livro," corrigiu Cynthia.
"Okay, estás-te a divertir aqui?" perguntou a rapariga do segundo ano.
"Sim," Cynthia respondeu alegremente. "E Carldonne? Ele está bem?"
"Sim, está tudo bem connosco. Adeus."
"Adeus," Cynthia respondeu e virou-lhe as costas, dirigindo-se ao escritório.
Não obtendo resposta ao bater à porta, Cynthia decidiu abri-la mesmo sem autorização.
Ela reparou que não se encontrava lá ninguém; a janela estava aberta, e uma bela paisagem podia ser vista: o céu e muitas gaivotas voando por sobre os barcos no cais da ilha, o azul do mar estava misturado com o azul do céu, sem indícios da linha do horizonte.
Cynthia manteve-se onde estava por alguns momentos, observando e admirando o cenário no exterior.
Um Glumbumble entrou pela janela aberta, Cynthia deu por isso, e transformou-se na mãe de Artio.
"Cynthia," ela começou, mas não conseguiu prosseguir porque Cynthia a interrompeu.
"Finalmente apareceste!" disse ela, irritada. "Onde é que estiveste? Estás-me a pôr maluca com as tuas aparições e desaparições!"
"Shh, cala-te, tu viste o que aconteceu ontem. A culpa foi tua, se não tivesses gritado, agora sabias tudo aquilo que tenho para te dizer. Não cometas o mesmo erro duas vezes."
"Okay, agora, conta-me tudo!" Ela estava um pouco mais calma.
"Infelizmente não posso, Robin vai regressar em breve; és a única que sabe que eu estou aqui e ele especialmente não pode saber que eu estou aqui. Vamos fazer o seguinte: encontra-me no mesmo sítio de ontem, atrás da árvore, depois do jantar."
"Mas eu não posso esperar tanto tempo!" protestou Cynthia.
A mulher não respondeu, regressando à forma de insecto e voando para fora da janela.
"Grr!" ela resmungou e regressou à Sala Comum; ela tinha de jantar rapidamente, não podia esperar para saber o que o insecto tinha para lhe dizer. Ela estava realmente desesperada, duvidava que a sua história fosse verdadeira ou se tinha estado o tempo todo a gozar com ela.
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"Hey," chamou Cho, "Artio, coruja para ti."
"Outra?" perguntou ela, surpreendida. Ela não costumava receber tantas corujas num dia.
"Sim, e esta parece... estar encantada!" Cho sorriu. Ela retirou a carta da perna da coruja e tentou lê-la, mas sem sucesso; estava encantada com um feitiço para que apenas Artio pudesse ler. "Hum!" continuou Cho, cheirando o ar. "Tem perfume!"
Artio levantou-se da cadeira. Tinha estado a ler o seu livro de Transfiguração, que tinha tido à tarde, e perdera cinco pontos para os Ravenclaw porque lhe foi pedido para transformar uma pena normal numa para escrever e ela não sabia; a resposta básica estava na primeira página do livro. "Mostra-me," pediu. "É minha."
Cho entregou-lhe a carta e enquanto Artio lhe pegou para ler, Cho espreitou por detrás do seu ombro.
"Hey!" disse Artio, indicando que ela estava a espiar. Cho sorriu e afastou-se, sem deixar de olhar para ela.
Era uma carta de Jeremy, finalmente ele tinha-lhe escrito.
Para a mais doce rapariga do mundo
Olá, Artio! Tenho pensado sobre nós noite e dia, os meus olhos fecham-se durante as aulas, quando tenho tempo para dormir porque a matéria não tem interesse nenhum.
Acho que vou pedir à Professora Shayra para me deixar criar uma disciplina nova, Estudos Avançados sobre Artio Sperios.
Artio sorriu, ele tinha tanta piada!
Não penso em mais nada senão em ti.
Fui estúpido quando a Cynthia me disse que te tinhas ido embora e fiquei zangado com as duas.
Há uma hora, depois de jantar, ela pediu-me para conversarmos; fomos para os campos e sentámo-nos na relva.
Ela explicou-me que não tiveste alternativa, mais uma vez ela contou-me a mesma coisa, a verdade.
Eu podia simplesmente dizer-te que seria bom para mim escrever-te esta carta mas não te vou dizer isso, simplesmente porque não é a verdade. Foi a Cynthia quem me disse para te mandar uma coruja, eu concordei e aqui está ela.
Só te quero dizer uma coisa.
Artio ouviu um grande ruído mas como não tinha terminado de ler a carta de Jeremy, não virou a cabeça e por isso não viu três corujas, que carregavam um grande pedaço de pergaminho amarelecido.
A coisa que te quero dizer é a mais importante.
Ela ficou a olhar para a carta, não compreendendo nada. A carta terminava simplesmente com aquelas palavras, a última frase, 'A coisa que te quero dizer é a mais importante'. Artio não conseguia entender... Jeremy tinha enlouquecido? Ela desviou o olhar do pergaminho da carta, para o rosto de Cho, que revirou os olhos e sorriu, e depois riu alto como se lhe tivessem lançado um feitiço de sorrir-por-dois-dias-seguidos.
Então virou o rosto, para ver porque é que Cho se estava a rir.
As três corujas carregavam um enorme rolo de pergaminho; era tão pesado que apenas três corujas o podiam carregar.
Artio percebeu que era a continuação da carta de Jeremy.
Assim que o abriu, viu que o pergaminho tinha mais de dois ou três metros quadrados, e podia ler "Amo-te!!" em todas as formas, tamanhos, cores e tipos de letra. A letra mudava, tal como a cor de cada palavra e o tamanho. Na verdade estava uma frase central no meio do pergaminho, 'AMO-TE!' e muitas outras frases, dançando sobre o pergaminho amarelo, mudando de cor e tocando uma música, na qual se podia ouvir 'amo-te' milhares de milhões de vezes. Também havia duas corujas esquisitas, uma cor de rosa e outra verde, que dançavam, beijavam-se e voavam por todo o cenário.
Artio ria de felicidade, ela nunca tinha recebido uma declaração de amor como aquela! Cho juntou-se a ela e abraçou-a. Ambas sorriam. "Vês?" disse Cho, de forma quase inaudível devido à musica do pergaminho encantado, "Ele também te ama!"
Depois daquele momento feliz, e quando as duas ficaram mais calmas (todas as outras raparigas ficaram interessadas, desejando que o mesmo também lhes acontecesse, e alguns rapazes roubaram a ideia para surpreender as suas raparigas), Artio reparou que ainda havia outra coruja à espera de entregar a sua carta.
Amo-te!
Vou-te amar para sempre, és a minha rapariga, e eu sou teu.
A distância entre nós não vai quebrar o que sinto desde que te conheci.
Vou sempre entender tudo aquilo que fazes, certamente tens razões para o fazeres e não outras coisas.
Desculpa-me pela dor que te causei, eu sei como te deves sentir por não teres notícias minhas, eu sinto o mesmo.
Toma cuidado contigo.
Teu, com
Amor,
Jeremy
P.S. Podes dar de comer às cinco corujas que te mandei? São da academia e não quero que cá cheguem quase mortas.
Artio não conseguia acreditar que Jeremy tivesse feito uma coisa daquelas; foi e seria sempre a declaração de amor mais original que ela alguma vez tinha recebido (na realidade era a única declaração de amor que ela alguma vez tinha recebido desde que nascera...), e, sim, ela alimentaria aquelas corujas que lhe tinham alegrado o dia.
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Cynthia jantou rapidamente; na realidade não comeu muito, ela queria ir à procura daquele insecto que tinha o condão de a pôr maluca.
Lá estava ela, debaixo da árvore.
"Boa noite." O pôr do sol seria dentro de minutos. Tal como na véspera, o mar deu-lhe um aspecto belíssimo. A mãe de Artio estava a olhar para o horizonte quando disse estas palavras.
"Vá lá, conta-me tudo, quero saber tudo sobre a tua vinda aqui, e depressa, não pode surgir outro incidente que faça com que não me contes nada outra vez."
"Tens razão, vou começar, mas promete-me que não vais fazer comentários, limita-te a escutar com atenção. Se queres ajudar a Artio tens de confiar no que digo e não fazer com que perca tempo."
"Okay," Cynthia concordou, e sentou-se na relva, as suas costas tocando na árvore, e o mesmo fez a mãe de Artio.
"O meu nome é Stella," começou ela; Cynthia ia dizer qualquer coisa como 'E o que é que isso me interessa?' mas manteve-se sentada e quieta enquanto a outra olhava para ela, recordando a sua promessa.
"Como já te disse, Archibald não é o pai de Artio." Cynthia queria desesperadamente fazer um comentário sobre isso mas conteve-se. "Deixa-me começar do início..."
"Rudolph, meu filho e irmão da Artio, tinha doze anos, era um aluno do segundo ano em Beauxbatons, em França, onde eu e Archibald vivíamos, ele estava a fazer uma pesquisa num assunto importante. Éramos uma família feliz desde que Rudolph nasceu. Archibald era um jornalista free-lance, escreveu algumas reportagens sobre feiticeiros famosos e pedia a algumas revistas e jornais se queriam comprar as suas reportagens. Ele trabalhou assim durante sete anos, ganhou algum dinheiro no princípio, mas havia muitos jornalistas, que tinham estudado nas melhores Universidades de Feitiçaria Avançada, e embora tivesse muito mais experiência que qualquer um dos outros, o que contava era o que tinham escrito."
"Archibald teve de mudar o seu método de trabalho, como free-lancer recebia muito mais dinheiro porque era ele quem vendia as entrevistas no seu próprio preço. Ele tornou-se num jornalista normal num jornal de província aqui em Portugal. Archibald e eu sempre sonhámos nas melhores escolas para o nosso filho, e com a supremacia do Senhor das Trevas, Lusitania não era um lugar seguro apesar de ter bons professores. Aqui também era ensinada magia negra, até que o Ministério da Magia Português ter acabado com isso há alguns anos."
"Era do conhecimento geral que Quem-Nós-Sabemos temia o grande Albus Dumbledore, Director da Escola de Bruxaria e Feitiçaria de Hogwarts, em Inglaterra. Quando chegou a altura de Rudolph entrar em Hogwarts, nós não hesitámos, seguimo-lo até King's Cross, eu e Archibald, ainda uma família feliz, há dezassete anos atrás..."
"O trabalho de Archibald intensificou quando Rudolph estava no seu primeiro ano, o meu marido vivia para ganhar dinheiro e não vivia a vida como devia. Não tínhamos problemas financeiros, eu sabia que não tínhamos tanto dinheiro como quando ele era free-lancer mas não vivíamos na pobreza. Ele não era a mesma pessoa que eu tinha conhecido. Estávamos a viver em Portugal, Gilbert Stormd'sky," Cynthia levantou uma sobrancelha, ele só podia ser irmão de Robin e Shayra, "era nosso amigo, era mais velho do que nós uns... quatro ou cinco anos. Eu tive uma pequena paixão por ele nesse inverno, porque já não tinha marido."
"Alguns meses depois ele fugiu, eu não o voltei a ver desde então. Lungush apareceu na minha casa; Archibald estava fora como sempre. Eu sabia que ele tinha enganado Gilbert quando os dois estudavam aqui em Lusitania."
"Alguns meses depois da sua primeira visita na minha casa ele convenceu-me, eu juntei-me às suas sessões habituais com o Senhor das Trevas. Tornei-me uma Death Eater."
Cynthia arregalou os olhos; ela não podia acreditar que estava a falar com uma Death Eater que era, ainda por cima, a mãe da sua melhor amiga. Ela não fugiu, se estava ali e nada lhe tinha acontecido, porque é que iria acontecer agora?
"Eu não sei porque é que o fiz, Gilbert nunca mais me iria encarar. Algum tempo mais tarde apaixonei-me por um deles, parecia que eu era a caçadora de homens do grupo, primeiro Archibald, depois Gilbert e depois disso... aquele sacana. Algum tempo depois percebi que na realidade sempre tinha amado Archibald, ele era o homem da minha vida, Gilbert foi a fuga que arranjei para ter alguma atenção e alguém que tomasse conta de mim, e o outro... eu devia estar louca por poder para seguir as ordens de Lungush... mas percebi que era tarde demais, o mal tinha sido feito e não podia ser reparado..."
"Precisava de algum poder para me sentir bem comigo própria, Archibald nem reparava que eu ia a reuniões secretas a horas estranhas do dia e da noite. Juntei-me ao estúpido círculo deles sempre que o Senhor das Trevas me chamava através da sua marca," ela mostrou-lhe a imagem da caveira no seu braço esquerdo, "e fui estupidamente influenciada por ele."
Cynthia percebeu a dor que ela devia sentir ao lembrar-se de todas aquelas coisas horríveis e finalmente abriu a boca, "Então apaixonaste-te, ou coisa parecida, por um homem desse círculo e o pai verdadeiro da Artio é um Death Eater, é isso?"
"Não," disse Stella, "O pai de Artio é o próprio Voldemort." Ela começou a chorar. As lágrimas caíam do seu rosto, parando na relva molhada.
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Então, o que é que acharam?
No próximo capítulo: O que será que Cynthia vai fazer, como reagirá ela? Artio e Jeremy parecem ter encontrado finalmente a felicidade, será que vai durar por muito tempo? E Captain Dolphin, irá ele descobrir que Stella está na academia?
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Nota do Autor: OBRIGADÃO à Nentari, que traduziu este capítulo para mim!
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