Título: Lusitania (10/12)
Autor: siriuswhite
E-mail do Autor: siriuswhite@schnoogle.com
Categoria: Romance
Sub-Categoria: Mistério
Palavras-Chave: Artio Sperios Patrick Dolphin Lusitania
"Rating": PG-13
"Spoilers": SS/PS, CoS, PoA, GoF, FB, QTTA
Sumário: Artio é uma rapariga que vai para uma escola de magia, como Hogwarts. Ela vai para o primeiro ano e acontecem coisas muito estranhas. Patrick é um rapaz e as pessoas não gostam dele. Porquê?
Nota Importante: Esta história é baseada em personagens e situações criadas por JK Rowling que lhe pertencem, várias editoras incluindo mas não só a Bloomsbury Books, a Scholastic Books, a Raincoast Books, e a Warner Bros., Inc. Não se está a ganhar dinheiro com esta história e não são permitidos os direitos de cópia nem de comércio.
Nota do Autor: Obrigado às minhas beta-readers, pelo seu bom trabalho. Obrigado a todos aqueles que comentaram o capítulo anterior. Para os leitores, eu sei que este capítulo é o mais longo que eu alguma vez escrevi e é enorme (78 páginas em Microsoft Word). Espero que o consigam ler. Se não conseguirem de uma vez, tentem à segunda. Neste capítulo acontecem muitas coisas, está quase próximo do fim.
Para vossa informação quero-vos avisar que no contexto da fic não escrevo todas as entradas do diário de Cynthia Tropelt. Isto significa que na entrada seguinte, quando é dito 'desde a última vez que escrevi' não significa que foi desde a última entrada que foi apresentada (21 de Setembro), porque ela pode ter escrito coisas que não são importantes para o enredo da história ou coisas que foram descritas fora do formato do diário durante o capítulo/fic. Espero que tomem isto em conta para futuras referências.
Obrigado a Túlia, uma (verdadeira) amiga minha, que me disse que 'para alguns estarem felizes, outros têm de estar tristes'. Agora eu sei que é verdade mas também é temporário, tanto a felicidade como a tristeza são temporárias porque as pessoas felizes não vivem 'felizes para sempre', também têm momentos maus, assim como o contrário. Assim, Túlia aqui está a minha própria teoria: tanto a felicidade como a tristeza são temporárias, e lembra-te de que o tempo passa demasiado depressa. Assim, lembra-te dos bons momentos quando estás em baixo, vão ajudar-te a animar novamente, acredita. Túlia também merece crédito pela frase 'Eu não o amo, pelo menos não neste momento; embora não possa dizer que nunca o amarei porque o mundo dá muitas voltas', obrigado por outra sessão inspiradora.
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Lusitania
POR S I R I U S W H I T E
Traduzido por Nentari(Obrigado Pat!)
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DECIMO CAPITULO
O FEITICO QUEBRALINUS
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Cynthia percebeu a dor que ela devia sentir ao lembrar-se de todas aquelas coisas horríveis e finalmente abriu a boca, " Então apaixonaste-te, ou coisa parecida, por um homem desse círculo e o pai verdadeiro da Artio é um Death Eater, é isso?"
"Não," disse Stella, " O pai de Artio é o próprio Voldemort." Ela começou a chorar. As lágrimas caíam do seu rosto, parando na relva molhada.
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Ilha Sitnalta, 3 de Setembro de 1994
Estou de volta, sem boas notícias. Ontem estava muito cansada para te contar o que tinha acontecido, por isso esta noite conto-te tudo.
Começou à hora de jantar, a Amanda deu-me um presente. O presente era muito especial, um Glumbumble, ela sabia que eu gosto muito de animais.
Depois de jantar saí com o Jeremy, ele estava mais giro que nunca. Na verdade, chamei-o para dizer o que pensava que seria bom para ele e para a Artio. Eu disse-lhe que devia mandar uma coruja à Artio. Depois de algumas dúvidas, ele finalmente concordou.
Quando ele voltou para o castelo, eu abri a garrafa onde estava o Glumbumble. Saiu e, não vais acreditar, transformou-se numa mulher, ela era um Animagus!
Como eu tinha de ir para a aula de Astronomia, ela só me explicou tudo depois de jantar, hoje. Ela é mãe da Artio, o nome dela é Stella. Ela é muito parecida com a Artio, eu poderia pensar que ela era uma versão mais velha da própria Artio.
Ela contou-me a história da vida dela e como ela e Mr. Sperios se afastaram no seu relacionamento, o que a fez envolver-se com outros homens. Ela disse- me que o pai verdadeiro da Artio não era Mr. Sperios mas um dos homens com quem ela andou depois de Rudolph ter isso para Hogwarts.
Eu quase morri quando ela disse que o verdadeiro pai da Artio era Quem-Nós- Sabemos. Sim, foi isso o que eu disse, ela chorou toda a noite e não conseguiu dizer mais nada.
A princípio pensei que ela fosse louca e quisesse magoar a Artio mas agora sei que ela me disse a verdade, estava transtornada quando me contou tudo aquilo.
Como disse a pior coisa que podia, chorou o suficiente para encher um rio, e depois transformou-se num insecto e voou, nem sequer me deixou consolá- la. Acho que tem mais para me dizer mas como ainda não a achei até à hora de ir para os dormitórios, não sei quando é que a volto a ver.
A única coisa que posso fazer neste momento é dormir, e esperar que passe o tempo até que ela volte a aparecer.
Estou cansada, preciso de descansar um pouco, boa noite.
Cynthia T.
Assim que ela fechou o diário, Amanda abriu as cortinas da cama de Cynthia.
"Cynthia," começou Amanda, "Queres vir jogar xadrez de feiticeiros connosco?"
"Agora?" perguntou Cynthia, que não esperava uma coisa daquelas àquela hora.
"Sim, anda... já alguma vez jogaste xadrez de feiticeiros? É muito divertido, e eu adoro jogar."
"Sei," respondeu Cynthia, "Já joguei duas ou três vezes... okay, vamos."
Cynthia levantou-se e reparou que algumas das outras raparigas já estavam vestidas, de certeza que já deviam estar a planear aquilo há algum tempo.
Cynthia vestiu as suas roupas normais e juntou-se aos outros, enquanto as cinco desceram as escadas para a Sala Comum Golfinho.
Cynthia notou que Amanda, que comandava o grupo, não parara, "Amanda," começou Cynthia, "Onde é que vamos?"
Natasha, Ariane e Monica olharam para ela, sem saberem porque é que ela estava surpreendida.
"Onde é que achas? Na Sala de Xadrez, claro."
"O quê? Há uma Sala de Xadrez?" perguntou Cynthia.
"Claro que há. Cynthia, onde é que tens estado nos últimos três dias? Em Londres, Lisboa, Paris...? Descobrimo-la ontem à tarde, há muitos tabuleiros de xadrez. Tentámos lá ir ontem, mas..."
"Tivemos medo," continuou Monica, que não tinha dito uma palavra desde que tinham descido, "Tivemos medo de sermos apanhadas pela Madame Andrews, a encarregada."
"Oh... onde é que fica?" perguntou Cynthia.
"No quinto andar," disse Natasha.
"No quinto andar?" repetiu Cynthia, "O quinto andar?"
"Sim, qual é o problema?" perguntou Ariane.
"Esse não é o andar proibido?"
"Sim, mas descobrimos uma maneira de termos acesso a ele, e, na verdade, não sabemos porque é que é proibido, não encontrámos nada de estranho... Acho que é o andar de dormir, onde os fantasmas descansam quando não têm permissão de estar connosco."
"Quando é isso?" perguntou Cynthia.
"Durante a noite, claro, os fantasmas não têm permissão de estar nos outros sítios à noite e, embora não durmam, ficam neste andar a passar o tempo com outras coisas. Agora vamos." Amanda escreveu a senha na porta, que já não era dia de sol, agora era Arcturus.
As cinco raparigas saíram da Sala Comum, Cynthia olhou para os retratos, estavam ambos a dormir, e o homem ressonava.
Elas subiram para o quarto andar, que tinha uma escada directa para o sexto. Cynthia seguiu as outras quatro raparigas ao sexto andar onde entraram na sala de Defesa Contra as Artes das Trevas. Do outro lado da sala encontrava-se um armário, Amanda abriu-o e entrou, Ariane fez o mesmo.
"Cynthia, é a tua vez," disse Monica, "não quero que sejas a última."
"Okay," acenou Cynthia, e deu um passo em direcção ao armário.
Assim que entrou percebeu que tinha uma espécie de rampa, estava a cair em direcção ao quinto andar, a velocidade fez com que os seus olhos se fechassem. Apenas os abriu quando teve a certeza de que tinha parado e estava bem. Amanda e Ariane esperavam por ela.
"Sai daí, a Natasha e a Monica podem-te magoar," disse Ariane. Cynthia levantou-se e alguns minutos depois surgiu Monica, seguida de Natasha.
"Woohoo!" exclamou Amanda, "Aqui estamos nós, no quinto andar proibido!"
Cynthia estava assustada com alguma coisa, sabia que não deviam estar ali, e ainda mais, não tinham permissão para lá estar.
Ela limitou-se a seguir as outras raparigas, havia, de facto, alguns fantasmas a voar pelos corredores. A Sala de Xadrez era uma porta de madeira, uma sala grande com muitos tabuleiros de xadrez. Esta foi a primeira imagem que Cynthia reteve na memória, porque depois viu qualquer outra coisa, assim que as outras raparigas soltaram um inesperado "Ooh!"
Havia mais alguém dentro da sala, dois rapazes e uma rapariga, não sabiam a que equipa eles pertenciam. Os outros também soltaram um sonoro "Uh!", pensando que tinham sido apanhados.
"O que é que estão aqui a fazer?" Amanda quebrou o silêncio que se seguiu aos gritos.
"Nós... nós estamos..." começou um dos rapazes.
"E vocês? Também não podem estar no quinto andar," interrompeu a rapariga.
"É verdade, mas isso também conta para vocês." Amanda estava um pouco mais calma.
"Sim, estamos a jogar xadrez, descobrimos esta sala esta tarde, e vocês?"
"Vimos cá desde ontem!" disse Amanda, com uma expressão desafiadora.
"De qualquer modo," continuou a outra rapariga, "vocês não são donas desta sala, ou são?"
Cynthia parou a discussão, "Podem falar como seres humanos?"
A rapariga resmungou, Amanda acenou.
"De que equipa são vocês?" perguntou Natasha.
"Michael e eu somos Baleias, o meu primo Andrew é Gaivota," disse a rapariga, "e vocês?"
"Somou todas Golfinhos. Eu sou Natasha, estas são Cynthia, Ariane, Monica e Amanda. E tu, o teu nome?"
"Barbara. Porque é que cá vieram?"
"Uh-huh!" disse Amanda, "O que é que se pode fazer aqui? Jogar xadrez, obviamente."
"Nós também, vamos jogar?" disse Barbara, com uma expressão desafiadora, "Queres ser minha oponente?"
"Queres perder?" disse Amanda, com um ar superior, "Okay."
Os dois rapazes, Michael e Andrew, sentara-se numa das muitas mesas da sala, tal como Cynthia e Monica, e Natasha e Ariane. Amanda sentou-se com Barbara na mesa que estava no centro da sala.
Vinte minutos mais tarde, Monica e Cynthia estavam a jogar o seu segundo jogo e Ariane e Natasha jogavam o terceiro. Os dois rapazes tinham parado de jogar, e olhavam para Amanda e Barbara que ainda jogavam o seu primeiro jogo.
"Cavalo para E4," disse Amanda.
"Rainha para E4," exclamou Barbara, o cavalo de Amanda foi destruído, o que a fez gritar.
Duas horas mais tarde ainda estavam no mesmo jogo, todas as outras raparigas e os rapazes assistiam. As peças no tabuleiro estavam quase no mesmo sítio onde estavam uma hora antes, e os observadores começavam a ficar aborrecidos com tudo aquilo.
"Acho que não temos tempo para acabar o nosso jogo como deve ser, e se o deixássemos aqui?" sugeriu Barbara, "Podemos acabá-lo amanhã, ninguém cá vem por isso não há problema. O que é que achas?"
"Okay, concordo. Vemo-nos amanhã à meia-noite," disse Amanda, sem mostrar dúvidas.
Levantaram-se e prepararam-se para sair da sala, Barbara com uma voz firme, "Não te atrases."
"Claro que não," disse Amanda.
Fora da sala, no corredor, alguns fantasmas pareciam ir a uma festa, falavam sobre diversão e sobre o passado... Os estudantes esperaram que eles entrassem noutra sala antes de saírem para o corredor.
Uma vez no corredor, Cynthia seguiu as outras raparigas para a saída, que as colocou no quarto andar, numa sala vazia. Seguiram para a Sala Comum Golfinho; Barbara, Andrew e Michael prosseguiram para as suas salas comuns.
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Ilha Sitnalta, 5 de Setembro de 1994.
Esta manhã, quando estava a tomar o pequeno-almoço, recebi uma coruja da Artio, era uma coruja da academia Lusitania, como ela explicou, foi-lhe mandada pelo Jeremy com outras quatro corujas que carregaram um grande pergaminho e a carta do Jeremy. Ele fez-lhe uma declaração maravilhosa, o pergaminho estava cheio de frases de 'Amo-te', as cores mudavam, e estava encantado com uma canção, a Artio disse que foi a declaração mais maravilhosa que ela recebeu.
Jeremy seguiu o meu conselho, a Artio está feliz e eu estou contente por ela.
Ela disse-me que ela e a Cho Chang começaram o treino e a Artio pensou que seria bom para a Cho ganhar por isso não deu o seu melhor. Acho que ela não devia fazer isto, ela devia lutar por aquilo de que gosta e, se necessário, devia derrotar Cho Chang no treino de Quidditch. Mas ela não pensa assim, tem sempre que fazer o que é bom para os outros, mesmo que seja mau para ela.
Por ela eu também fazia tudo, daria a minha vida e talvez esta atitude seja resultado da influência dela no meu carácter. Não sei porque é que faria tudo por ela, nunca fui assim com ninguém. Se me perguntares não serei capaz de explicar. Talvez porque ela sofreu muito, vi-a sofrer quando o Captain Dolphin lhe contou sobre o divórcio dos pais dela. Acho que lhe devo qualquer coisa e não sei o quê. Conheci-a há uma semana e não sei porque é que ficámos tão amigas.
A Artio escreveu-me sobre uma cobra que lhe apareceu no braço quando o famoso Harry Potter olhou para ela. Como sei que ele é o inimigo número um do Senhor das Trevas não sei se ela está em perigo.
Acho que há demasiadas coisas estranhas a acontecer com ela. Mesmo Snape, o Professor de Poções, trata-a como um anjo e é um horror com os outros alunos.
Espero poder encontrá-la nas Férias de Natal, o que quer dizer que tudo está bem entre nós as duas.
Quase me esqueci, a Amanda e a Barbara acabaram o jogo de xadrez ontem à noite, a Barbara ganhou, e a Amanda está furiosa.
Não há sinais de Stella. Preciso tanto dela agora e ela não me dá nenhum sinal desde que ontem à noite me contou sobre o segredo da Artio.
Escrevi à Artio a dizer que está tudo bem por aqui, o Jeremy também recebeu uma carta dela e também estão bem. Não contei nada do que sei e sinto-me mal porque lhe menti e ela confiou tanto em mim...
Não sei o que fazer.
Esperar?
Cynthia T.
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A aula de História da Magia foi a mais aborrecida que Cynthia alguma vez teve, mas começou a pensar em coisas boas depois de perceber que seria assim todo o ano.
O Capitão da equipa Polvo apresentava aos Golfinhos a História da Academia.
"Esta academia foi fundada por um feiticeiro brasileiro no século dezanove. O arquipélago dos Açores havia sido descoberto quatro séculos antes mas esta ilha, a Ilha Sitnalta, foi escondida dos Muggles todos estes anos por feiticeiros e bruxas portugueses, eles escolheram duas ilhas para a nossa própria exploração e fizeram com que elas não fosses visíveis para os Muggles. Como sempre, os feiticeiros dessa época tinham a noção de desenvolvimento e que isso tinha a ver com territórios exclusivos a feiticeiros."
"Cynthia," chamou Ariane, "a Amanda pediu-nos para convidar a Barbara para um jogo de xadrez na Sala de Xadrez porque a Amanda acha que ela encantou o tabuleiro... Queres vir connosco?"
"Claro. Acho que eles estão a ter -"
"Poções," completou Ariane e olhou para o Professor Tintacle para ver se ele tinha percebido que elas estavam a conversar, "Vamos convidá-los depois do Tintacle acabar o seu monólogo..."
"Sabem porque é que esta academia se chama Lusitania?" O Professor continuara o seu monólogo. Ninguém lhe respondeu, nem mesmo Natasha.
"Okay," sussurrou Cynthia, "Está quase a acabar, faltam menos de dez minutos para estar no paraíso!"
"Paraíso?" perguntou Ariane, que não percebia o que Cynthia queria dizer.
"Sim," sorriu, "Tudo se compara ao paraíso quando comparado com as aulas do Tintacle."
Ariane sorriu com a explicação e finalmente escutou o professor de História da Magia.
"Portugal," continuou ele, "Portugal chamava-se Lusitania há alguns séculos atrás. Mas não, não é por isso que a academia se chama Lusitania. De acordo com a lenda, havia um poderoso artefacto criado por esse povo. Chamaram-no Lusitania e tinha os sete poderes do mar, cada um de um determinado animal marinho. Polvo, Baleia, Gaivota, Tubarão, Golfinho, Caranguejo e Sereia."
Cynthia finalmente escutava-o atentamente e estava algo fascinada, nunca tinha ouvido falar das origens da academia.
"Estas são as sete equipas da nossa academia. E o artefacto foi trazido para esta ilha no século dezanove e os seus poderes ajudaram muito na fé dos construtores da academia. Eles acreditavam que o artefacto abençoava este local. E, de certa forma, a lenda estava certa porque esta era um local seguro durante a Era Negra de Grindelwald. Quando este foi derrotado por Dumbledore, em 1945, o artefacto desapareceu, sem nenhuma explicação possível..."
"Mas como é que desapareceu? Estava lá e desapareceu de um dia para o outro?" Finalmente a voz de um aluno se ouviu na sala.
"Ah! Bem visto! Dez pontos para a equipa Golfinho," Tintacle parecia excitado, devia ser a primeira vez que um aluno prestava atenção na sua aula, "Foi quase isso que aconteceu. Eu explico. O artefacto era o que azia com que as pessoas mantivessem a fé e por isso tinham-no seguro n academia. Quando a batalha terminou foram ao local onde tinha sido colocado e já lá não estava. E então surgiu a lenda."
"Lenda?" perguntou Natasha, que estava sentada na primeira mesa como sempre.
"Sim. Como desapareceu quando um Feiticeiro Negro foi derrotado, diz-se que irá reaparecer quando for necessário. Isto quer dizer que reaparecerá quando surgir outro Feiticeiro Negro."
"Então apareceu quando Voldemort surgiu e desapareceu quando Mr. Potter o matou?" perguntou Walter.
"É isso que é estranho. Nessa altura não apareceu."
A porta da sala abriu-se, estava encantada para se abrir sozinha no final da aula.
"Vamos continuar a falar sobre as origens da Academia de Magia Lusitania na próxima aula. Vemo-nos então," disse o Professor Tintacle quando vários alunos já haviam abandonado a aula.
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Ilha Sitnalta, 7 de Setembro de 1994.
Este Domingo foi o mais complicado que tive, tivemos de fugir do quinto andar porque os fantasmas descobriram que estávamos lá a jogar xadrez e eles não gostam de ter humanos no mesmo lugar que eles durante a noite...
A Amanda ganhou uma vez, finalmente, mas a Barbara tinha ganhado três vezes antes por isso ela está tão zangada como antes.
Ainda não sei o que fazer, a Stella não apareceu e eu começo a pensar que alguém a apanhou.
Tenho andado interessada no artefacto Lusitania, lembras-te de te ter falado disso? O Professor Tintacle disse-nos que é por causa dele que a academia se chama Lusitania e que as sete equipas têm os nomes dos seus poderes.
Devido ao meu interesse perguntei à Tacy acerca de alguns livros sobre o artefacto. Ela disse-me que há alguns mas que são demasiado caros, e eu tenho de poupar os meus pontos para o livro do feitiço do Jeremy. Não falei com o Captain Dolphin, tenho medo de que ele esteja zangado comigo por não ter ganhado pontos suficientes...
Decidi que não o vou procurar até ter o livro.
Estou demasiado cansada para escrever mais, estivemos a correr no quinto andar por mais de duas horas, a fugir dos fantasmas, por isso estou mesmo cansada.
Gostava de passar um fim-de-semana como toda a gente, mas não posso, passo o tempo todo a pensar sobre a Stella.
PS - O Jeremy recebe uma carta por dia, da Artio, acho que eles estão mesmo apaixonados e isso é bom. Mas tenho medo que não seja bom, a distância é o principal inimigo do amor deles...
Cynthia T.
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"Bom dia!" exclamou Carldonne, que saía do castelo para ir para a aula de Voo.
"Hey, Carldonne," disse Cynthia, "Não te via há que tempos."
"Sim, não te consegui ver, a Artio escreveu-me, ela disse-me que lhe escreves quase todos os dias."
"Quase, o tempo que as corujas passam a voar é demasiado, elas parecem cansadas e eu tenho de mandar corujas diferentes todas as vezes." Ela sorriu. "Como está a Anaras?"
"Ela está bem," disse ele, "mas também está estranha... Ela passa o tempo todo a pedir autorização para livros, todos os dias vai ao escritório do Captain Dolphin... Tivemos uma discussão e eu não a vejo desde ontem de manhã..."
"Oh, eu vi-a perto do escritório dele algumas vezes," confirmou Cynthia, "Talvez ela tenha algum trabalho para fazer nalguma aula. Eu ouvi dizer que o Professor Tintacle pede demasiados projectos de grupo para História da Magia."
"Não sei, ela está mesmo estranha. Eu tenho de ir para a aula de Voo, vemo- nos por aí."
"Ok, eu também tenho de ir para Transfiguração, até breve."
Carldonne saiu pela porta de madeira do castelo, enquanto Cynthia se dirigiu ao terceiro andar para a sala de Transfiguração.
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Nesse mesmo momento, Artio dirigia-se até à Sala Comum. A aula da Professora Sprout tinha sido demasiado aborrecida para ela e queria comer algo delicioso.
Quando entrou no Salão Principal ela viu Sir Nicholas, o fantasma dos Gryffindor, que estava perto de alguns Gryffindors do primeiro ano que não sabiam o caminho para alguma sala. De repente ela lembrou-se de Moaning Myrtle, o fantasma da casa de banho das raparigas. Artio tinha prometido que a ia visitar de vez em quando e ela não se ia esquecer da sua promessa, como muita gente teria feito, e mesmo assim ela tinha-se esquecido de a ir ver.
Como ela tinha algum tempo antes da próxima aula decidiu que a refeição podia esperar, ela preferia ver Moaning Myrtle feliz por vê-la.
Chegando à casa de banho, ela chamou, "Olá?"
Uma cabeça com cabelos negros apareceu à porta. Artio percebeu que não era a cabeça da Moaning Myrtle.
"Quem és tu?" perguntou a rapariga de cabelos negros.
"Artio. E tu?"
"Jane."
"Como é que ela está?" Artio acenou com a cabeça em direcção à Moaning Myrtle.
"Como sempre, triste... vou-me embora," disse Jane.
"Okay," disse Artio, "vemo-nos por aí."
Assim que Jane saiu da casa de banho, Artio aproximou-se de Moaning Myrtle, "Olá," disse ela.
"Olá, Artio," disse Moaning Myrtle. Pelos olhos, parecia que ela tinha estado a chorar.
"Desculpa, prometi-te que vinha cá falar contigo e não vim."
"Tudo bem," disse o fantasma, "Todos se esquecem de mim, acho isso normal. Então, como tem sido a tua semana?"
"Muito bem," disse ela. "O Jeremy mandou-me uma coruja a dizer que me ama!"
"Que bom," o fantasma forçou um sorriso.
"Quero dizer, ele mandou-me cinco corujas, com um grande pergaminho encantado com palavras que dançam, mudam de cor, cantam, oh, foi a declaração de amor mais bonita que alguma vez tive!"
"Que bom!"
"Sim... e eu e a Cho Chang começámos a treinar para a posição de seeker, mas ela é a melhor," Artio sorriu, "Oh, e a revelação do ano!"
"O quê? O Dumbledore casou?" o fantasma pareceu mais feliz.
"Não, maior do que isso! Snape!"
"Snape?"
"Sim, ele parece gostar de mim. Toda a gente pensa que eu o enfeiticei, passamos horas a falar disso."
"Então tornaste-te numa Slytherin, foi?"
"Não, e isso é que é estranho, eu sou Ravenclaw e ele ainda não me tirou nenhum ponto..."
"Não acredito! Vá lá, Artio, podes confiar em mim, que feitiço lhe lançaste?"
"Hehe, nenhum, juro."
"Oh, okay, ele deve ter visitado alguém em St. Mungo's e aquele não é ele mas a pessoa que ele visitou, a usar Poção Polyjuice."
Tanto Artio como Moaning Myrtle sorriram com a piada, isso era uma teoria possível, Artio tinha de se lembrar de contar essa aos alunos da sua equipa.
"Tens de ir, não é?" perguntou o fantasma que parecia saber quando Artio se ia embora.
"Sim, tenho a próxima aula em menos de três minutos, tenho mesmo de ir. Desculpa."
"Tudo bem, vai lá."
"Volto cá um destes dias, okay? Prometo que não me esqueço."
"Não prometas aquilo que não podes cumprir," disse o fantasma, "Tenho a certeza de que voltas quando te lembrares, não precisas de prometer."
"Okay, mas acredita que venho."
"Acredito," estas foram as últimas palavras do fantasma, Artio voltou para o Salão Principal e depois para a sala de aula.
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Ilha Sitnalta, 14 de Setembro de 1994.
Não escrevi nada desde o dia 5 porque não houve muito de que falar.
Em resumo, a Amanda e a Barbara continuam a jogar xadrez todas as noites mas agora fazem-no numa sala vazia no segundo andar.
O Jeremy e eu temos falado sobre a Artio, ele está mesmo apaixonado por ela e agora que ele está feliz, está mais giro que nunca. Acho que a Artio não gostaria de ouvir isto...
A Anaras e o Carldonne têm andado a discutir muito. Normalmente tento fazê- los pensar sobre o amor e parar com as discussões porque tenho a certeza de que eles se amam.
A Tacy recomendou-me alguns livros para ler. Ela é uma romântica e todos os livros são sobre um romance imperdoável (ou não correspondido???). Comecei a ler o primeiro mas está a ficar chato.
Se calhar a Stella foi apanhada por algum aluno, como a Amanda a apanhou... não há sinais dela. Preciso mesmo de ouvir a razão pela qual ela está na academia mas ela ainda não me pode dizer. Vou tentar descobrir o 'raptor'.
Cynthia T.
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Ilha Sitnalta, 21 de Setembro de 1994.
Tal como da última vez que aqui escrevi, não há muito de que falar.
A Stella desapareceu e não faço a mínima ideia de quem a possa ter apanhado.
As aulas estão a começar a ficar chatas. Ganhei alguns pontos mas não chegam para quase nada e para o que chegam não posso usar por causa do livro do feitiço do Jeremy.
A aula interessante é História da Magia, a que prometia ser a mais aborrecida. O Professor Tintacle contou-nos mais sobre o Artefacto Lusitania e os seus poderes, e a lenda. Gostei muito da lenda.
Diz-se que o artefacto estará dentro da pessoa que pode salvar o mundo de um Feiticeiro das Trevas, ou pelo contrário ajudar esse Feiticeiro a ganhar mais poder, dependendo do lado a que pertencer a pessoa que tiver o artefacto.
As minhas colegas decidiram numa conversa que o verdadeiro dono do artefacto já nasceu e que é Harry Potter. 'É a única coisa capaz de explicar como um menino de um ano de idade pode derrotar um Feiticeiro Negro como ele conseguiu', dizem eles. Em própria estava presente nessas 'conferências', como lhes chamei, mas não revelei a minha opinião porque não acho que ele tenha o artefacto. Na verdade não confio cem por cento na lenda.
Como sempre Amanda tem jogado xadrez durante a noite, com a Barbara. Ariane and Monica disseram-me que o Andrew, o aluno Gaivota que normalmente joga xadrez connosco, está apaixonado... por mim. Eu não acreditei nelas, então, mas desde esse dia tenho-o observado e, na realidade, ele é um pouco tímido, pelo menos comigo, o que me faz repensar no que elas disseram. Para ser franca duvido que ele me ame, conhecemo-nos no princípio do mês, nem sequer um mês passou!
Como sempre, Jeremy passa todo o seu tempo livre a procura de frases de amor na biblioteca para as mandar por coruja para a Artio, eles estão felizes, acho eu, não contei a ninguém excepto à Stella acerca do feitiço.
A aula de Astronomia é a que eu acho mais assustadora, não sei porquê, mas é. Captain Dolphin faz-me muitas perguntas, mais do que a qualquer outra pessoa, tenho-o evitado, não lhe quero contar que ainda não ganhei pontos suficientes, a Tacy disse-me isso. Tenho medo dele desde que naquele dia ele ficou estranho, talvez tenha entendido mal o que ele quis dizer e talvez não tenha motivos para estar assustada com ele mas não consigo.
O Carldonne e a Anaras estão bem agora, quando os encontrei juntos disse- lhes, Viram? Eu desse-vos que o amor iria vencer esta batalha!'
É Domingo à noite e a Amanda vai aparecer junto às minhas cortinas a pedir para eu ir jogar xadrez com eles.
Depois digo-te quem ganhou desta vez quando voltar para o quarto, se não estiver com muito sono.
Cynthia T.
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A mesma noite, quase três horas mais tarde...
Eu tinha de escrever isto.
Como eu disse, a Amanda pediu-me para ir com ela, e com a Monica, a Natasha e a Ariane a outro jogo de xadrez. A Barbara e a Amanda não acabaram o jogo por isso não sei quem vai ganhar.
Mas o mais importante é outra coisa.
O Andrew.
Sim, as raparigas tinham razão, ele disse que me amava. Talvez consiga contar exactamente como tudo se passou.
Chegamos ao segundo andar (uma sala vazia onde elas jogam xadrez desde a semana passada) e lá estavam eles, Andrew, Michael e Barbara. A Amanda e a Barbara começaram a jogar, tal como todos nós e o Andrew certificou-se que jogava comigo (normalmente jogo com a Natasha).
Quando acabámos o jogo (eu ganhei), eu disse-lhe: 'Andrew, deixaste-me ganhar, isso não tem piada, devias apenas jogar, não deixar-me ganhar... porque é que fizeste isso?' e ele, após algum silêncio, respondeu, 'porque te quero ver feliz, porque te amo.'
Sim, as palavras foram estas, eu não acreditei nelas, só fiquei a olhar para ele sem dizer nada. De repente a cara dele transformou-se na do Jeremy, e eu fiquei a olhar para ele durante algum tempo, até que percebi o que estava a acontecer e lhe disse, 'Mas Andrew, nós conhecemo-nos quando, há um mês? Só nos vimos durante algumas das noites em que cá vim jogar xadrez... Não percebo como é que me podes amar...'
Eu sei que não foi a melhor atitude, eu praticamente lhe disse 'mas eu não te amo' mas quando me apercebi disso já estava feito. Então tentei reparar as coisas e disse 'Sou só tua amiga, não sei se há mais alguma coisa... dá- me algum tempo, okay?'
Estou triste, não lhe devia ter dito aquilo.
Mas agora está feito.
E eu não percebo porque é que imaginei o Jeremy na cara dele... Ele é o namorado da ARTIO, e ela é a minha MELHOR amiga.
Vou ver se descanso porque estou mesmo a precisar.
Cynthia T.
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A tarde passou demasiado depressa; aquela Terça feira tinha sido muito aborrecida e Cynthia tentava descansar, observando o pôr do sol, sentada na relva, as suas costas contra a árvore onde ela e Stella se haviam conhecido quase um mês antes. Este era o último dia de Setembro, e Cynthia não tinha notícias de Stella desde essas semanas tão longínquas.
Jeremy tinha estado com ela alguns minutos antes, no Salão Principal, informando Cynthia sobre Artio e tudo o resto.
Quando o sol desapareceu, Cynthia preparou-se para se levantar e entrar no castelo quando finalmente um insecto voou na sua direcção.
O animal estremeceu e transformou-se em Stella. "Cynthia!" exclamou ela.
"Stella," Cynthia abraçou a mãe de Artio. A princípio tinha estado zangada com ela mas agora, talvez devido à conversa que tinham tido, sentia-se como a outra protectora de Artio.
"Fui apanhada," disse Stella, "Não fui capaz de escapar por isso não te pude contactar, mas sei que nada de importante aconteceu. Porque é que tive de ser um Glumbumble? As pessoas olham para um bicho desses, pensam que é amoroso e, boom, apanham-no e aprisionam-no. Ah..."
"De facto, deve ser difícil, ser um Glumbumble... Mas não me disseste a razão pela qual cá estás. Agora diz-me, antes que te vás embora outra vez."
"Sim, porque já o devias saber... Deixa-me continuar, onde é que ficámos?"
"Disseste que, erm, Voldemort era o pai verdadeiro da Artio e depois desapareceste."
"Sim, fiquei muito triste ao lembrar-me desses momentos..." disse Stella, olhando para baixo, "O mais importante é que Artio está em perigo. Já ouviste falar do artefacto Lusitania?"
"A Artio está em perigo? Ah, sim, o Professor Tintacle contou-nos sobre isso."
"E a sua lenda?"
"Sim, as minhas colegas pensam que quem possui o artefacto é Harry Potter, dizem que é a única coisa que explica o desaparecimento do Senhor das Trevas nas mãos de um menino."
"Na verdade, elas estão erradas," disse Stella, "Artio é quem possui o artefacto, e é por isso que ela está em perigo."
"Artio? Mas... Como Artio?"
"Sim, é ela quem pode mudar as coisas. Há muitas maneiras do Senhor das Trevas regressar, mas essa é a mais fácil de todas."
"Desculpa, não entendo, o que é que Artio tem a ver com o Senhor das Trevas, para além de ser filha dele?"
"Para além de ser filha dele? Cynthia, essa é a razão de tudo, eles não podem ser separados."
De repente Cynthia lembrou-se da coruja que Artio lhe havia enviado, onde falava da cobra que lhe apareceu no braço quando Harry Potter olhou para ela.
"Stella, Artio escreveu-me sobre uma coisa que lhe aconteceu. Quando Harry Potter olhou na direcção dela ela sentiu dores no braço e apareceu lá uma cobra, e ela não sabe explicar porquê."
"Ah, sim, a marca."
"A marca?" perguntou Cynthia, que não compreendia como Stella podia dizer aquilo com tanta naturalidade.
"Sim, eu também tenho uma." Stella mostrou a Cynthia a sua marca, uma caveira no seu braço esquerdo. "Temos ambas uma marca, tal como o pai dela, que as criou."
"Mas a tua é diferente," disse Cynthia.
"Sim, sabes o que é a Marca Negra? É uma cobra a sair de uma caveira. Como a Artio 'saiu' de mim, ela é a cobra e eu sou a caveira. Tudo criado por ele, bastante inteligente."
"Estranho, e assustador!"
"Sim. Mas é real, e temos de viver com isso. Pelo menos a da Artio não está sempre visível, apenas quando um inimigo do Senhor das Trevas olha para ela; a minha vê-se sempre, dia e noite..."
"Mas estávamos a falar da Lenda do Artefacto Lusitania," disse Cynthia. "Conta-me mais."
"Como eu disse, a Artio tem o artefacto, e é ela quem pode mudar tudo, tanto para o bem como para pior do que está agora." Stella parou por um momento e depois continuou. "O importante é que... os seguidores de Voldemort querem apanhar Artio, eles querem-lhe tirar Lusitania e o objecto vai fazer ressurgir o Senhor das Trevas com facilidade. Por outro lado, se Artio puder lutar com eles e resistir, Lusitania vai ajudar a destruí-lo."
"Então temos de contar à Artio," disse Cynthia.
"Não," Stella estava calma. "Ela está em segurança em Hogwarts. Na verdade preparei tudo para a meter em Hogwarts, ela está mais segura lá do que aqui na academia. Cynthia, se deixarmos que Artio saiba ela vai estar em perigo."
"Okay, então o que podemos fazer?"
"Eu li o teu diário naquela noite, quando a rapariga me apanhou."
"O quê?" perguntou Cynthia, "Como pudeste...? Não devias ler os diários das outras pessoas!"
"Eu sei, e lamento, mas está feito, e vai-te ajudar!" disse Stella, e Cynthia mudou imediatamente o seu tom de voz.
"A mim? Como?"
"Eu li que tens de arranjar um feitiço num livro para o poderes lançar no Jeremy." Stella satisfeita por saber aquilo.
"Ninguém devia saber sobre isso," comentou Cynthia. "Mas se me puderes ajudar."
"Eu sei uma maneira de arranjares o feitiço," disse Stella.
"Uma. maneira? O que é que queres dizer?"
"O objectivo principal é aprenderes o feitiço, não é?"
"Sim," respondeu Cynthia, sem compreender o que Stella queria dizer.
"Não importa como o faças, não é? Por isso tenho um plano."
"Diz-me."
"Tu costumas conversar com a Tacy, não é?" perguntou Stella.
"Sim, conhece-la?"
"Sim, ela estava cá quando eu estudei na academia. Mas isso não importa. Por isso tens de ir à biblioteca e falar com ela, comigo dentro do teu bolso, perto da hora em que ela fecha as portas. Depois eu vou para a secção reservada e copio as instruções do feitiço para um pergaminho, que depois tu podes ler e aprender mais tarde."
"Mas isso não está certo," protestou Cynthia. "Eu tenho de o obter com o meu esforço, os meus pontos."
"Nuh-uh," Stella abanou a cabeça. "Tens de ajudar Robin com o seu plano. Não sei qual é, mas de certeza que vai ajudar a Artio, e esse é o nosso objectivo principal. Por isso tens de concordar comigo, sou a última carta que podes jogar."
"Então está bem." Cynthia finalmente concordou e elas prepararam os detalhes do plano. Elas iriam para a biblioteca na Terça feira à tarde; esse era o dia em que havia menos alunos da biblioteca àquela hora, porque muitos deles iriam participar nas provas de selecção para as equipas de Quidditch.
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Eram seis horas e meia da tarde, a Biblioteca fechava às sete. Cynthia tinha ido para os campos à procura de Stella, que já se encontrava no seu bolso na sua forma Animagus.
"Olá," disse Tacy quando se apercebeu da presença de Cynthia. "Há quase uma semana que não te via, o que aconteceu?"
"Eu, sim, eu não pude vir porque tenho montes de trabalho de casa, os testes começam daqui a duas semanas." Cynthia mentiu, Tacy não podia saber com certeza se ela tinha ou não muitos trabalhos para fazer.
"Ah, deve ser difícil, eu lembro-me dos meus tempos de escola, o Professor Binns era o meu professor de História da Magia, ele já era um fantasma e nós não prestávamos atenção nenhuma às aulas por isso os testes não tinham piada nenhuma. Então, para esconder as notas da sua memória pedia-nos para fazer trabalhos de pesquisa nos livros mais velhos que eu alguma vez vi. Eu passei mais de duas semanas a ler aqueles livros depois das aulas e durante a noite porque eu queria ter uma boa nota na aula dele e aquela era a minha última hipótese. No dia da apresentação, ele perguntou aos alunos da minha equipa o que eles pensavam sobre o meu trabalho, como sempre fazia, e eles responderam 'Este foi o pior trabalho que eu alguma vez vi, o tempo do teu discurso está errado, a Revolta dos Goblins não foi em 1896, e tu confundiste o teu título com o tema. Eu dava-te uma nota negativa mas como não é possível, o zero é a opção certa.' Isto foi o que a Joan Urtig disse sobre o meu trabalho e o Professor concordou, ele deu-me apenas 'zero'. Eu tive de passar todo o meu tempo livre a fazer pesquisa para ele e tinha a certeza de que o meu trabalho não estava assim tão mal, embora soubesse que a Revolta dos Goblins não foi em 1896. Fiquei tão triste que durante o resto da semana não comi nada."
"Oh." disse Cynthia e, como se apercebeu de que Tacy estava a olhar para a secretária e não a estava a ver mas sim a pensar sobre esses tempos, ela abriu o bolso e o Glumbumble voou para a secção reservada da biblioteca. O plano tinha resultado mas agora ela tinha de ouvir sobre as aulas de História da Magia da Tacy durante algum tempo antes de descer.
"Então percebi que ele e a Joan não eram suficientes para matar o meu espírito. Nunca fiz trabalhos para a aula dele e tive de repetir História da Magia no ano seguinte mas, como um professor novo tinha chegado à academia, consegui fazê-lo."
"Oh, eu sabia que não ias ficar triste por causa disso." Cynthia comentou, sentindo-se mal por dizê-lo porque não era verdade, ela nunca tinha pensado isso, ela nem sequer tinha ouvido bem o que ela tinha estado a dizer. Cynthia não era a pessoa que estava a falar com Tacy, ela não conseguia ferir alguém daquela maneira, não podia. Mas agora tinha sido dito, e Tacy parecia concordar, ou não tinha percebido que ela estava a mentir, por isso não tinha com que se preocupar.
"Sim," disse Tacy, "Então, leste os livros que te recomendei?"
Oh, isso era difícil de responder, Cynthia tinha começado a ler alguns mas não tinha continuado porque eram chatos. "Erm, não, quer dizer, comecei a ler, mas. depois tive trabalhos de casa e passei o pouco tempo livre que tenho a ler livros da escola."
"Oh, pobres meninas, acho que os professores não vos deviam dar tantos trabalhos de casa."
"Sim, eu também acho. Bem, tenho de ir, vou assistir às provas de Quidditch."
"Oh, okay," Tacy olhou para o relógio e declarou. "São quase horas de fechar a biblioteca, vou contigo, de certeza que ninguém cá vem depois das provas."
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Ilha Sitnalta, 2 de Outubro de 1994.
Desde a última vez que escrevi neste pergaminho amarelado que não vejo Stella. Já te contei acerca do Plano, e que a deixei ir até à secção Reservada para que ela copiasse o feitiço para eu o aprender.
Não sei o que aconteceu com ela mas, na verdade, ela deve ter lá ficado a pesquisar. Ela não podia fazer nenhum ruído e, se alguém a descobrir, ela vai ficar na sua forma Animagus mesmo se isso significar uma prisão numa garrafa vazia ou coisa parecida. Essas foram as condições do nosso 'tratado' como eu o chamo, quando ela decidiu lá ir ajudar-me com as minhas coisas, que na verdade são mais delas que minhas.
Artio disse-me na sua última coruja, que recebi ontem à noite, que Hogwarts vai receber as escolas de feitiçaria de Durmstrang e Beauxbatons para o Triwizard Tournament, vai haver alguma confusão e muito trabalho para os elfos domésticos prepararem. Ela também escreve sobre o seu treino com Cho Chang para a posição de Seeker na equipa de Quidditch dos Ravenclaw, que estão a correr mal porque ela parou de deixar a Cho ganhar, agora ela luta para o lugar também mas não serve de nada porque a Cho ganha mais vezes do que ela. Agora acho que ela está a agir correctamente, devemos lutar pelos nossos próprios objectivos, mesmo que isso signifique tristeza para os outros. Quando algumas pessoas estão felizes, outras têm de estar tristes, é a lei principal da vida humana.
Ela disse-me que tem visitado muito a Moaning Myrtle, diz que é uma fantasma simpática mas solitária por isso gosta de a alegrar. Ela não contou à Cho que tem visitado um fantasma várias vezes por semana porque se o fizesse, a Cho podia pensar que ela é maluca. Ela diz que ela e a Cho só são competitivas no campo de Quidditch, fora dele são amigas como se não estivessem a lutar pela mesma coisa, e que isso significa que uma ganha e a outra perde. Não acho que a Cho consiga separar a 'personalidade do campo de Quidditch' e a 'personalidade do resto dos sítios'. A Artio pode estar errada. Quando lhe voltar a escrever tenho de lhe dizer que ela devia contar à Cho sobre o fantasma. Se é mesmo amiga dela não vai pensar que é maluca, não é?
Jeremy e Walter já estão a pensar nas suas parceiras para o baile do Hallowe'en. Talvez os outros rapazes também estejam a pensar nisso mas é deles que ouço. são loucos por raparigas, mas tenho a certeza de que o Jeremy vai fazê-lo por divertimento porque ele realmente ama a Artio.
Eu vou à biblioteca amanhã de manhã para voltar a meter a Stella no meu bolso, espero que ela esteja de boa saúde.
P.S. - O Andrew anda desaparecido, quero dizer, anda desaparecido da minha vista, não o tenho visto. Talvez ele não tenha aceitado o que lhe disse mas a verdade é que eu não o amo, pelo menos não neste momento; embora não possa dizer que nunca o amarei porque o mundo dá muitas voltas.
Cynthia T.
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Ao entrar na biblioteca, Cynthia percebeu que O Plano tinha sido bem sucedido, pois viu o Glumbumble numa mesa perto da parede.
"Olá," Cynthia disse a Tacy.
"Hey," respondeu a mulher, "como estás?"
"Estou bem." Cynthia mostrou a Tacy os livros que estava a carregar. "Vim para te devolver os livros que me recomendaste."
"Oh, já os lestes?" perguntou Tacy.
"desculpa, não, tenho tido demasiados trabalhos de casa." Mais uma mentira, pensou Cynthia. Ela ia-se tornar uma mentirosa profissional, e não gostava da ideia. "Mas quero devolvê-los para que alguém os possa ler aqui, não os quero ter porque quero partilhá-los. Assim, levo um de cada vez e os outros alunos podem ter acesso aos outros."
"Oh, que rapariga simpática, gosto de pessoas que partilham as coisas com os outros. Concordo contigo, assim mais pessoas podem lê-los. Cinco pontos para a equipa Golfinho," declarou, orgulhosa da acção de Cynthia, os seus olhos muito brilhantes.
"Obrigada," disse Cynthia. Quando Tacy se virou para arrumar os livros ela agitou a mão na direcção do insecto e este voou para o seu bolso. "Tenho de ir," disse ela, e preparou-se para sair.
"Oh? Já?" perguntou Tacy, "E o livro que querias? Achas que já tens pontos suficientes?"
"Erm," murmurou Cynthia. O que é que podia dizer? Ela já não ia pedir mais o livro. "Eu. Eu não tenho pontos suficientes."
"Oh, okay, vemo-nos mais tarde."
Cynthia acenou e saiu da biblioteca. Stella mexia-se no seu bolso, devia estar tão contente como Cynthia do plano ter resultado.
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Fora do castelo, Stella regressou á forma humana. Alguns alunos já estavam a tomar o pequeno-almoço, outros estavam a ter a primeira aula do dia. Como era perigoso para a mulher-Animagus ser descoberta, tinham de falar depressa.
"Então, missão cumprida?" perguntou Cynthia, com um sorriso no rosto.
"Quase. Como podes ver, não posso guardar o pergaminho, é maior que um insecto. Está escrito, copiei-o como pedido, e verifiquei-o várias vezes para evitar erros."
"Mas onde é que o puseste?" perguntou Cynthia, com alguma irritação na voz; ela pensava que a mulher faria tudo mas agora ela ainda tinha uma coisa para fazer.
"Dentro do 'Dicionário Mágico de línguas antigas'. Entre as páginas vinte e dois e vinte e três. Certifiquei-me de que era um livro público, para o qual não são precisos pontos."
"Porque raios escolheste aquele livro?" perguntou Cynthia. "Que razão dou para consultar um livro daqueles? Ninguém vai acreditar em mim. Bolas!"
"Tu. desculpa mas arrisquei a minha própria liberdade, podia ter sido apanhada. Aquele era o livro que estava mais próximo de mim, só tens de dizer que é para. descobrires o significado de qualquer coisa. Ah, vais te lembrar de alguma coisa. Agora vai lá e começa a praticar."
"Agora? Estás maluca?" Cynthia estava irritada, a mulher não tinha feito o que ela esperava e isso enervava-a. "Eu disse à Tacy que tinha trabalhos para fazer e não tinha tempo para ler, como é que lá vou agora, dez minutos depois? Tenho de esperar até amanhã, pelo menos."
A mulher olhou para ela mas não tinha outra opção senão concordar, ela não podia ser exposta e não podia fazer mais nada. Stella esperava pelo dia em que podia salvar a filha do seu próprio pai. Mas agora a única coisa que podia fazer era esperar até que a melhor amiga de Artio decidisse ir até à biblioteca. depender de uma adolescente não era bom para Stella mas ela não tinha escolha.
Um Glumbumble voou para a folha de uma árvore, dormir iria ajudar a passar o tempo.
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Ilha Sitnalta, 5 de Outubro de 1994.
Finalmente tenho uma cópia do feitiço. Não sei se já escrevi isto mas não fazia a mínima ideia do tipo de feitiço que era, limite-me a pensar nele como 'o feitiço'.
Chama-se feitiço 'Quebralinus'. De acordo com o que li, o feitiço quebra a ligação entre duas pessoas. Calculo que o Captain Dolphin queira quebrar a ligação entre as pessoas que lançaram o feitiço na Artio. Ele disse-me que a pessoa que o lançou pode controlar a Artio, como se ela estivesse sob o controlo da maldição Imperius. O feitiço que foi lançado não é imperdoável, mas também é Magia Negra, e demora mais tempo a ser lançado que o próprio Imperius.
Estou a treinar para o fazer como deve ser. Consiste em vários movimentos de varinha, para cima, para baixo, girar, esquerda, e dizer a palavra 'Quebralinus'. Parece fácil mas não é assim tanto porque a varinha precisa de ter alguns centímetros entre cada movimento. Não quero descrever porque é chato.
Vou dizer ao Captain Dolphin que estarei pronta dentro de alguns dias. Vou conseguir, de certeza.
P.S. - O Andrew falou comigo ontem, ele pareceu estar a tentar esquecer o que eu lhe disse, ou o que ele me disse a mim. Acho que ele estava a tentar ser só meu amigo. Respeito os sentimentos dele por isso fiz a mesma coisa, e não falei de nenhuma conversa que tivemos antes. Espero que ele entenda a minha posição, eu não posso dizer que o amo porque eu. não posso.
Cynthia T.
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Estava-se quase a meio de Outubro quando Cynthia resolveu falar com Captain Dolphin. Quando ela bateu à porta do seu escritório ouviu-se um 'Entre'.
Cynthia abriu a porta e entrou. "Bom dia, Captain."
"Cynthia!" ele exclamou com um sorriso. Parecia-se com o velho Captain Dolphin, o que não sabia o que era estar zangado. "Que surpresa!" Cynthia assistia às suas aulas mas não era o mesmo que falar com ele, olhando-o nos olhos, no seu escritório, sem mais ninguém.
"Vim aqui porque estou pronta."
"Pronta?" perguntou ele.
"Sim, eu sei qual é o feitiço, tenho andado a treinar e pensou que estou pronta para o lançar no Jeremy."
"Que bom, não estava à espera disto tão cedo. Conseguiste aqueles pontos todos? A equipa Golfinho ficará contente com esses pontos para a competição da Taça das Equipas."
"Erm, eu só sei como o fazer, isso é que importa, não é?"
"Certo," disse ele. "Temos de ser rápidos. Escuta."
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Ilha Sitnalta, 14 de Outubro de 1994.
Hoje fui ao escritório do Captain Dolphin. Disse-lhe que estava pronta para lançar o feitiço. Ele ficou surpreendido.
Ele contou-me todos os pormenores, deve ter andado a planear isto há vinte anos. Vamos lançar o feitiço ao Jeremy no dia 18, é Sexta-feira e o Captain disse-me que será bom se ele passar o fim de semana a dormir, para não perder um grande número de aulas. Ele vai ficar a dormir até Segunda-feira à tarde, ou noite, dependendo de como ele reagir. O Captain Dolphin disse- me que vai contar aos professores que ele foi para Flores, uma ilha do arquipélago Muggle dos Açores, para visitar a família que o quer ver, e que volta na Terça.
Como ele já me disse, temos de o por num lugar onde ninguém o descubra. O Captain falou-me de uma espécie de cabana numa árvore grande e antiga. Pelo que ele descreveu, está preparada para o receber, tem uma cama de madeira e não é fácil de encontrar. Espero não falhar nisto, porque senão de certeza que o Captain Dolphin me mata.
Ah, a Artio escreveu-me a dizer que os alunos de Durmstrang e Beauxbatons chegam a Hogwarts no dia 30. Vai ser uma trabalheira para os elfos domésticos.
P.S. - Eu e o Andrew temo-nos encontrado, só como amigos, para ver o pôr do sol desde há quatro dias. Hoje ele trouxe-me uma flor, uma rosa branca, e disse que era uma espécie de presente de amigo. Eu percebi o que ele quis dizer, não pode ser só meu amigo. E eu não posso ser mais do que uma amiga para ele. Eu gosto mesmo dele, é fixe, é amigo dos seus amigos, gosta de ajudar... Se eu pudesse decidir quem amar escolhia-o a ele. Mas não posso. Por falar nisso, isto pode ser uma possibilidade de trabalho quando acabar os estudos, inventar uma forma de escolher por quem nos apaixonamos.
Gah, de certeza que não vou conseguir.
Cynthia T.
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O resto da semana passou demasiado depressa, e a noite de Sexta-feira surgiu rapidamente. Esta era a noite de tudo ou nada. Tudo dependia do sucesso ou insucesso daquele feitiço. Ela não sabia o que 'tudo' significava mas acreditava nisso, pois fora Captain Dolphin quem dissera isso dois dias antes, quando deu mais explicações.
"Descobri esta árvore ontem à noite. Acho que é maravilhosa e muito fixe. Queria partilhar a minha descoberta com outras pessoas," Cynthia disse a Jeremy quando foram em direcção à casa na árvore.
"Deve ser giro. Devia ter contado ao Walter, ele teria adorado vir connosco."
"Não!"
"Não?" perguntou ele, sem compreender o medo de Cynthia. "Ele não ia contar a ninguém. É um tipo porreiro."
"Quero dizer, quero-ta mostrar primeiro."
Em pouco tempo estavam a subir a escada para a casa, a Cynthia primeiro. Captain Dolphin estava lá, mas Jeremy não sabia.
Tanto Cynthia como Captain Dolphin lançariam o feitiço no momento em que Jeremy estivesse lá em cima; dessa maneira ele não veria o Captain Dolphin e não saberia de nada. Era mais fácil, na opinião de Captain Dolphin.
Cynthia levantou a sua varinha, tal como Captain Dolphin, e quando Jeremy entrou na casa, Cynthia agitou a sua varinha da maneira que tinha estado a treinar, e disse Quebralinus ao mesmo tempo. Por sua vez, Captain Dolphin mexeu a sua varinha quando a sua boca se abriu e deixou sair as palavras Finite Controlactus e Oblivio Personalle.
Jeremy foi o alvo de raios cor-de-laranja e azuis provenientes das duas varinhas, a adormeceu, um sono que continuaria por três dias.
"Ele não me vai perdoar," disse Cynthia. "Eu devia-lhe ter explicado tudo, isto é para a segurança da Artio, ele não sabe porque é que eu fiz isto."
Captain Dolphin ouviu Cynthia e após algum tempo a observar Jeremy a dormir na cama de madeira ele disse, "Não te preocupes, ele não se vai lembrar de nada disto, só se vai lembrar do momento em que estava a subir a escada. Deves estar aqui com ele quando acordar. Quando o fizer, diz-lhe apenas que ele desmaiou, não sabias o que fazer, e deixaste-o aqui ficar por três dias. Diz-lhe que ele deve dizer que ele foi visitar a família à ilha das Flores nesses três duas porque se não o fizer metes-te em sarilhos. Fácil, huh?"
"Fácil?" perguntou Cynthia. "Eu não acho, mas é o que tenho de fazer, sem opções, não é?"
"Exacto. Vemo-nos Terça-feira na aula de Astronomia. Espero que consigas lidar com estas questões, confio na tua imaginação."
Assim que disse isto desceu a escada e Cynthia apenas o voltaria a ver na Terça.
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Cynthia fez exactamente o que Captain Dolphin lhe disse, em todos os passos, em todos os detalhes. Ele confiara nela, disse-lhe que estava tudo bem.
Cynthia percebeu que naquela noite de segunda-feira Jeremy olhava para ela bom um brilho diferente nos seus olhos negros. Parecia uma super nova no céu. Ela pensou que era um problema dela, ele talvez estivesse a olhar para ela como sempre, mas as horas que ela tinha passado a olhar para o rosto dele, de olhos fechados, adormecido, faziam-na ver outras coisas para além da realidade. O seu cabelo parecia mais brilhante que nos outros dias embora ele não tomasse duche há mais de três dias.
Eles entraram no castelo alguns minutos mais tarde e ele fez o que ela lhe havia pedido, dizer a todos que ele tinha estado com a família durante esses três dias em que tinha desaparecido.
Cynthia finalmente sentiu-se bem, sem sensação de dever.
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Ilha Sitnalta, 22 de Outubro de 1994.
Está tudo feito. Finalmente o Jeremy acordou. Eu vi que escrevi mais de cinco páginas a descrevê-lo a dormir. Também me apercebi que escrevi a mesma coisa todos os dias, que desperdício de pergaminho.
Finalmente cumpri a minha missão.
A Artio escreveu-me a dizer que a escola toda está à espera de que os alunos estrangeiros cheguem a Hogwarts. Ela seguiu o meu conselho e finalmente contou à Cho sobre a Moaning Myrtle. Como estava à espera, ela diz que a Cho não disse nada de mal, ele chegou mesmo a dizer que também ela tinha falado com ela algumas vezes durante o seu segundo ano. O treino delas parece ir andando sem eu nada de mal aconteça. A Cho ganha mais vezes que a Artio, ela diz que não o provoca, apenas acontece, mas não tenho a certeza.
P.S. - Tenho-me encontrado com o Andrew nestes três dias, ele começou a falar das datas para o baile de Hallowe'en. Eu contei-lhe a verdade, ainda ninguém me convidou, e como a maior parte das minhas amigas tem par acho que vou sozinha. Sim, nem mesmo o Andrew me convidou, e ele não tem ninguém com quem ir. Acho que ele não me convida porque não quer que o seu esforço para ser meu amigo seja em vão. Também não quero isso.
Cynthia T.
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A casa na árvore onde o Jeremy dormiu, 25 de Outubro 1994.
Tenho cá vindo durante esta semana, o Jeremy também cá vem de vez em quando mas agora não está aqui por isso estou a escrever isto. É a minha hora de almoço, normalmente escrevo antes de dormir mas agora é uma ocasião especial.
Aquilo que eu estava à espera não aconteceu, o Andrew convidou-me para o baile.
Acho que ele estava demasiado envergonhado para me pedir no outro dia por isso só o fez hoje. Ele convidou-me no intervalo da manhã. Ele só disse, 'Cynthia, não tenho ninguém com quem ir ao baile. Queres ir comigo?'
Eu vi que ele tinha estado a treinar aquilo há séculos e quando o disse sentiu-se como, wow, está dito! Então ele disse, 'Tens alguém com quem ir? Quer dizer, não tens de aceitar.'
Eu percebi que a decisão era minha. Podia-lhe dizer, não, ainda não tenho ninguém, ou podia mentir. Quando pensei nas minhas amigas que vão com outros rapazes e nem sequer pensaram sobre mais nada para além de 'ir ao baile' eu só disse, 'gostaria muito'.
Sim, nós podemos ser só amigos mesmo se eu for ao baile com ele, não podemos? Eu pensei assim, e concordei. Ele olhou para mim durante um bocado, acho que não estava a acreditar no que eu disse. Finalmente ele levantou-se, disse-me 'Espera por mim no Salão Principal no dia trinta e um' e desapareceu. Simples, huh? Eu própria estou contente por ter alguém com quem ir.
Mas aí, problemas, o Jeremy pediu-me para ir com ele. Eu pensei que ele tinha arranjado alguém, eu sei que ele e o Walter estiveram a falar disso desde o princípio do mês. Não lhe podia dizer simplesmente que não mas também não quero ir com ele, quero dizer, ele é o namorado da Artio!
Por isso é que tinha de escrever isto. Sabes o que foi que eu lhe disse? Eu tenho já com quem ir, mas posso-te ceder uma dança. Ele estava incrédulo, eu reparei, e perguntou 'Uma dança?' e eu respondi, 'Uma dança ou nada.'
Ele concordou e foi-se embora. Não sei se tomei a decisão certa, acho que não, e de certeza que o Andrew não vai gostar nada. Mas já fiz, por isso vou ter uma dança com ele. Oh meu Deus!
Cynthia T.
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A noite do baile chegou mais depressa que a noite do feitiço do Jeremy. Cynthia vestiu o seu traje de baile, apontado pela academia quando ela recebeu a lista dos materiais necessários durante o ano. Era um vestido longo, verde claro, decorado com algumas rosas brancas. O cabelo estava arranjado com uma coroa de flores.
Quando desceu as escadas, Andrew estava à sua espera no Salão Principal, enquanto pensava, 'wow'.
"B-boa noite," disse ele, pegando no braço de Cynthia.
"Boa noite," ela respondeu sorrindo.
A refeição foi óptima, havia muitas coisas que os alunos não tinham nas refeições dos dias de escola. Toda a academia estava decorada maravilhosamente, e todos estavam bem vestidos, mesmo o Professor Tintacle.
Depois do jantar Andrew e Cynthia levantaram-se ao ouvir a música. Esta era a primeira dança da noite, muitos alunos ainda conversavam em vez de dançar.
Perto do final da primeira dança Jeremy aproximou-se deles.
"Prometeste-me uma dança," ele declarou, ignorando Andrew, que olhava para Cynthia e Jeremy com apreensão.
"Agora?" perguntou ela, olhando para Andrew, que não abriu a boca.
"Sim, porque não?"
"Andrew," começou Cynthia, "eu prometi-lhe uma dança, já volto." Ela sabia que não era uma razão aceitável mas não queria dizer mais nada, apenas evitar o seu olhar.
"Okay," disse ele, parecendo estar tudo bem.
Cynthia juntou-se a Jeremy e eles começaram a segunda dança da noite, uma música lenta. Jeremy conduziu-a até um canto do Grande Salão Comum, onde estavam muitas pessoas a dançar mas onde Andrew não os poderia ouvir.
"Cynthia, sabes que os teus olhos azuis foram os primeiros que eu vi quando acordei na casa da árvore?" ele começou. Cynthia olhou para ele mas não disse nada.
"O teu cabelo negro foi o primeiro cabelo que eu vi quando acordei. O teu nariz foi o primeiro nariz que eu vi quando acordei." ele fez uma pausa e depois, numa voz mais doce, "Os teus lábios foram os primeiros lábios que eu vi quando acordei na casa na árvore."
Cynthia olhava para ele. Eles continuavam a dançar na mesma sala, entre as mesmas pessoas, mas parecia que eles estavam noutro universo.
"O teu cabelo, os teus olhos, o teu nariz e os teus olhos nunca serão esquecidos por mim. Sabes porquê?" ele perguntou. Ela não precisava de responder, ele diria a frase seguinte de qualquer maneira.
Cynthia moveu os lábios para dizer 'não' mas nenhum som foi feito.
"Porque te amo, Cynthia," disse Jeremy.
Ele aproximou-se dela, os seus lábios procurando desesperadamente tocar os dela, que pareciam estar a milhares de quilómetros de distância. Ele estava a beijá-la; Cynthia sabia-o mas não podia fazer nada. Ela pensou em todos os momentos que eles tinham passado na academia, aqueles três dias observando-o a dormir. Agora ela tinha a certeza que também o amava. Ela continuou a pensar nele à medida que ele aproximava os seus lábios dos dela; estavam a milímetros de distância. Cynthia ainda pensava na forma como se tinham conhecido, tentando-se recordar de quando se tinha apaixonado e de repente a imagem da sua melhor amiga e namorada de Jeremy, Artio, surgiu-lhe na mente.
Cynthia virou o rosto e ele beijou-lhe a face. "Jeremy, tu amas a Artio, e não a mim!" ela disse, pensando que estava a gritar, mas na verdade estava a sussurrar.
"Artio?" perguntou ele, com uma expressão confusa. "Quem é Artio?"
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Yay, outro capítulo! Estou tão contente por tê-lo acabado! Isto é grande, eu sei, mas lembrem-se de que há apenas mais um capítulo e um epílogo. Neste capítulo muitas coisas se passaram. Quase dois meses se passaram embora nos outros nove meses apenas se tenha passado uma semana. Espero que tenham gostado deste, estou à espera de ouvir o que pensam. Por favor comentem.
Outra N/A: Túlia ajudou-me imenso com as suas frases para o desenvolvimento deste capítulo. Quando necessário adicionei algumas Notas de Autor quando aconteceu para poderem ver onde estão. Túlia, muito obrigado.
No próximo capítulo: Como é que Jeremy se não lembra da Artio? Sim, eles estiveram apaixonados por mais de dois meses! Stella ainda vai ter a sua opinião, ela não gostou de depender da Cynthia antes, lembram-se? Como é que ela vai reagir quando a Cynthia lhe contar que o Jeremy não sabe quem é a filha dela? E quanto ao Captain Dolphin? Será que ele vai continuar a esconder o que fez ao Jeremy? E se alguém descobrir? Vou-vos dizer as respostas para estas questões em breve. Divirtam-se!
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Nota do Autor: OBRIGADÃO à Nentari, que traduziu este capítulo para mim!
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Autor: siriuswhite
E-mail do Autor: siriuswhite@schnoogle.com
Categoria: Romance
Sub-Categoria: Mistério
Palavras-Chave: Artio Sperios Patrick Dolphin Lusitania
"Rating": PG-13
"Spoilers": SS/PS, CoS, PoA, GoF, FB, QTTA
Sumário: Artio é uma rapariga que vai para uma escola de magia, como Hogwarts. Ela vai para o primeiro ano e acontecem coisas muito estranhas. Patrick é um rapaz e as pessoas não gostam dele. Porquê?
Nota Importante: Esta história é baseada em personagens e situações criadas por JK Rowling que lhe pertencem, várias editoras incluindo mas não só a Bloomsbury Books, a Scholastic Books, a Raincoast Books, e a Warner Bros., Inc. Não se está a ganhar dinheiro com esta história e não são permitidos os direitos de cópia nem de comércio.
Nota do Autor: Obrigado às minhas beta-readers, pelo seu bom trabalho. Obrigado a todos aqueles que comentaram o capítulo anterior. Para os leitores, eu sei que este capítulo é o mais longo que eu alguma vez escrevi e é enorme (78 páginas em Microsoft Word). Espero que o consigam ler. Se não conseguirem de uma vez, tentem à segunda. Neste capítulo acontecem muitas coisas, está quase próximo do fim.
Para vossa informação quero-vos avisar que no contexto da fic não escrevo todas as entradas do diário de Cynthia Tropelt. Isto significa que na entrada seguinte, quando é dito 'desde a última vez que escrevi' não significa que foi desde a última entrada que foi apresentada (21 de Setembro), porque ela pode ter escrito coisas que não são importantes para o enredo da história ou coisas que foram descritas fora do formato do diário durante o capítulo/fic. Espero que tomem isto em conta para futuras referências.
Obrigado a Túlia, uma (verdadeira) amiga minha, que me disse que 'para alguns estarem felizes, outros têm de estar tristes'. Agora eu sei que é verdade mas também é temporário, tanto a felicidade como a tristeza são temporárias porque as pessoas felizes não vivem 'felizes para sempre', também têm momentos maus, assim como o contrário. Assim, Túlia aqui está a minha própria teoria: tanto a felicidade como a tristeza são temporárias, e lembra-te de que o tempo passa demasiado depressa. Assim, lembra-te dos bons momentos quando estás em baixo, vão ajudar-te a animar novamente, acredita. Túlia também merece crédito pela frase 'Eu não o amo, pelo menos não neste momento; embora não possa dizer que nunca o amarei porque o mundo dá muitas voltas', obrigado por outra sessão inspiradora.
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Lusitania
POR S I R I U S W H I T E
Traduzido por Nentari(Obrigado Pat!)
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DECIMO CAPITULO
O FEITICO QUEBRALINUS
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Cynthia percebeu a dor que ela devia sentir ao lembrar-se de todas aquelas coisas horríveis e finalmente abriu a boca, " Então apaixonaste-te, ou coisa parecida, por um homem desse círculo e o pai verdadeiro da Artio é um Death Eater, é isso?"
"Não," disse Stella, " O pai de Artio é o próprio Voldemort." Ela começou a chorar. As lágrimas caíam do seu rosto, parando na relva molhada.
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Ilha Sitnalta, 3 de Setembro de 1994
Estou de volta, sem boas notícias. Ontem estava muito cansada para te contar o que tinha acontecido, por isso esta noite conto-te tudo.
Começou à hora de jantar, a Amanda deu-me um presente. O presente era muito especial, um Glumbumble, ela sabia que eu gosto muito de animais.
Depois de jantar saí com o Jeremy, ele estava mais giro que nunca. Na verdade, chamei-o para dizer o que pensava que seria bom para ele e para a Artio. Eu disse-lhe que devia mandar uma coruja à Artio. Depois de algumas dúvidas, ele finalmente concordou.
Quando ele voltou para o castelo, eu abri a garrafa onde estava o Glumbumble. Saiu e, não vais acreditar, transformou-se numa mulher, ela era um Animagus!
Como eu tinha de ir para a aula de Astronomia, ela só me explicou tudo depois de jantar, hoje. Ela é mãe da Artio, o nome dela é Stella. Ela é muito parecida com a Artio, eu poderia pensar que ela era uma versão mais velha da própria Artio.
Ela contou-me a história da vida dela e como ela e Mr. Sperios se afastaram no seu relacionamento, o que a fez envolver-se com outros homens. Ela disse- me que o pai verdadeiro da Artio não era Mr. Sperios mas um dos homens com quem ela andou depois de Rudolph ter isso para Hogwarts.
Eu quase morri quando ela disse que o verdadeiro pai da Artio era Quem-Nós- Sabemos. Sim, foi isso o que eu disse, ela chorou toda a noite e não conseguiu dizer mais nada.
A princípio pensei que ela fosse louca e quisesse magoar a Artio mas agora sei que ela me disse a verdade, estava transtornada quando me contou tudo aquilo.
Como disse a pior coisa que podia, chorou o suficiente para encher um rio, e depois transformou-se num insecto e voou, nem sequer me deixou consolá- la. Acho que tem mais para me dizer mas como ainda não a achei até à hora de ir para os dormitórios, não sei quando é que a volto a ver.
A única coisa que posso fazer neste momento é dormir, e esperar que passe o tempo até que ela volte a aparecer.
Estou cansada, preciso de descansar um pouco, boa noite.
Cynthia T.
Assim que ela fechou o diário, Amanda abriu as cortinas da cama de Cynthia.
"Cynthia," começou Amanda, "Queres vir jogar xadrez de feiticeiros connosco?"
"Agora?" perguntou Cynthia, que não esperava uma coisa daquelas àquela hora.
"Sim, anda... já alguma vez jogaste xadrez de feiticeiros? É muito divertido, e eu adoro jogar."
"Sei," respondeu Cynthia, "Já joguei duas ou três vezes... okay, vamos."
Cynthia levantou-se e reparou que algumas das outras raparigas já estavam vestidas, de certeza que já deviam estar a planear aquilo há algum tempo.
Cynthia vestiu as suas roupas normais e juntou-se aos outros, enquanto as cinco desceram as escadas para a Sala Comum Golfinho.
Cynthia notou que Amanda, que comandava o grupo, não parara, "Amanda," começou Cynthia, "Onde é que vamos?"
Natasha, Ariane e Monica olharam para ela, sem saberem porque é que ela estava surpreendida.
"Onde é que achas? Na Sala de Xadrez, claro."
"O quê? Há uma Sala de Xadrez?" perguntou Cynthia.
"Claro que há. Cynthia, onde é que tens estado nos últimos três dias? Em Londres, Lisboa, Paris...? Descobrimo-la ontem à tarde, há muitos tabuleiros de xadrez. Tentámos lá ir ontem, mas..."
"Tivemos medo," continuou Monica, que não tinha dito uma palavra desde que tinham descido, "Tivemos medo de sermos apanhadas pela Madame Andrews, a encarregada."
"Oh... onde é que fica?" perguntou Cynthia.
"No quinto andar," disse Natasha.
"No quinto andar?" repetiu Cynthia, "O quinto andar?"
"Sim, qual é o problema?" perguntou Ariane.
"Esse não é o andar proibido?"
"Sim, mas descobrimos uma maneira de termos acesso a ele, e, na verdade, não sabemos porque é que é proibido, não encontrámos nada de estranho... Acho que é o andar de dormir, onde os fantasmas descansam quando não têm permissão de estar connosco."
"Quando é isso?" perguntou Cynthia.
"Durante a noite, claro, os fantasmas não têm permissão de estar nos outros sítios à noite e, embora não durmam, ficam neste andar a passar o tempo com outras coisas. Agora vamos." Amanda escreveu a senha na porta, que já não era dia de sol, agora era Arcturus.
As cinco raparigas saíram da Sala Comum, Cynthia olhou para os retratos, estavam ambos a dormir, e o homem ressonava.
Elas subiram para o quarto andar, que tinha uma escada directa para o sexto. Cynthia seguiu as outras quatro raparigas ao sexto andar onde entraram na sala de Defesa Contra as Artes das Trevas. Do outro lado da sala encontrava-se um armário, Amanda abriu-o e entrou, Ariane fez o mesmo.
"Cynthia, é a tua vez," disse Monica, "não quero que sejas a última."
"Okay," acenou Cynthia, e deu um passo em direcção ao armário.
Assim que entrou percebeu que tinha uma espécie de rampa, estava a cair em direcção ao quinto andar, a velocidade fez com que os seus olhos se fechassem. Apenas os abriu quando teve a certeza de que tinha parado e estava bem. Amanda e Ariane esperavam por ela.
"Sai daí, a Natasha e a Monica podem-te magoar," disse Ariane. Cynthia levantou-se e alguns minutos depois surgiu Monica, seguida de Natasha.
"Woohoo!" exclamou Amanda, "Aqui estamos nós, no quinto andar proibido!"
Cynthia estava assustada com alguma coisa, sabia que não deviam estar ali, e ainda mais, não tinham permissão para lá estar.
Ela limitou-se a seguir as outras raparigas, havia, de facto, alguns fantasmas a voar pelos corredores. A Sala de Xadrez era uma porta de madeira, uma sala grande com muitos tabuleiros de xadrez. Esta foi a primeira imagem que Cynthia reteve na memória, porque depois viu qualquer outra coisa, assim que as outras raparigas soltaram um inesperado "Ooh!"
Havia mais alguém dentro da sala, dois rapazes e uma rapariga, não sabiam a que equipa eles pertenciam. Os outros também soltaram um sonoro "Uh!", pensando que tinham sido apanhados.
"O que é que estão aqui a fazer?" Amanda quebrou o silêncio que se seguiu aos gritos.
"Nós... nós estamos..." começou um dos rapazes.
"E vocês? Também não podem estar no quinto andar," interrompeu a rapariga.
"É verdade, mas isso também conta para vocês." Amanda estava um pouco mais calma.
"Sim, estamos a jogar xadrez, descobrimos esta sala esta tarde, e vocês?"
"Vimos cá desde ontem!" disse Amanda, com uma expressão desafiadora.
"De qualquer modo," continuou a outra rapariga, "vocês não são donas desta sala, ou são?"
Cynthia parou a discussão, "Podem falar como seres humanos?"
A rapariga resmungou, Amanda acenou.
"De que equipa são vocês?" perguntou Natasha.
"Michael e eu somos Baleias, o meu primo Andrew é Gaivota," disse a rapariga, "e vocês?"
"Somou todas Golfinhos. Eu sou Natasha, estas são Cynthia, Ariane, Monica e Amanda. E tu, o teu nome?"
"Barbara. Porque é que cá vieram?"
"Uh-huh!" disse Amanda, "O que é que se pode fazer aqui? Jogar xadrez, obviamente."
"Nós também, vamos jogar?" disse Barbara, com uma expressão desafiadora, "Queres ser minha oponente?"
"Queres perder?" disse Amanda, com um ar superior, "Okay."
Os dois rapazes, Michael e Andrew, sentara-se numa das muitas mesas da sala, tal como Cynthia e Monica, e Natasha e Ariane. Amanda sentou-se com Barbara na mesa que estava no centro da sala.
Vinte minutos mais tarde, Monica e Cynthia estavam a jogar o seu segundo jogo e Ariane e Natasha jogavam o terceiro. Os dois rapazes tinham parado de jogar, e olhavam para Amanda e Barbara que ainda jogavam o seu primeiro jogo.
"Cavalo para E4," disse Amanda.
"Rainha para E4," exclamou Barbara, o cavalo de Amanda foi destruído, o que a fez gritar.
Duas horas mais tarde ainda estavam no mesmo jogo, todas as outras raparigas e os rapazes assistiam. As peças no tabuleiro estavam quase no mesmo sítio onde estavam uma hora antes, e os observadores começavam a ficar aborrecidos com tudo aquilo.
"Acho que não temos tempo para acabar o nosso jogo como deve ser, e se o deixássemos aqui?" sugeriu Barbara, "Podemos acabá-lo amanhã, ninguém cá vem por isso não há problema. O que é que achas?"
"Okay, concordo. Vemo-nos amanhã à meia-noite," disse Amanda, sem mostrar dúvidas.
Levantaram-se e prepararam-se para sair da sala, Barbara com uma voz firme, "Não te atrases."
"Claro que não," disse Amanda.
Fora da sala, no corredor, alguns fantasmas pareciam ir a uma festa, falavam sobre diversão e sobre o passado... Os estudantes esperaram que eles entrassem noutra sala antes de saírem para o corredor.
Uma vez no corredor, Cynthia seguiu as outras raparigas para a saída, que as colocou no quarto andar, numa sala vazia. Seguiram para a Sala Comum Golfinho; Barbara, Andrew e Michael prosseguiram para as suas salas comuns.
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Ilha Sitnalta, 5 de Setembro de 1994.
Esta manhã, quando estava a tomar o pequeno-almoço, recebi uma coruja da Artio, era uma coruja da academia Lusitania, como ela explicou, foi-lhe mandada pelo Jeremy com outras quatro corujas que carregaram um grande pergaminho e a carta do Jeremy. Ele fez-lhe uma declaração maravilhosa, o pergaminho estava cheio de frases de 'Amo-te', as cores mudavam, e estava encantado com uma canção, a Artio disse que foi a declaração mais maravilhosa que ela recebeu.
Jeremy seguiu o meu conselho, a Artio está feliz e eu estou contente por ela.
Ela disse-me que ela e a Cho Chang começaram o treino e a Artio pensou que seria bom para a Cho ganhar por isso não deu o seu melhor. Acho que ela não devia fazer isto, ela devia lutar por aquilo de que gosta e, se necessário, devia derrotar Cho Chang no treino de Quidditch. Mas ela não pensa assim, tem sempre que fazer o que é bom para os outros, mesmo que seja mau para ela.
Por ela eu também fazia tudo, daria a minha vida e talvez esta atitude seja resultado da influência dela no meu carácter. Não sei porque é que faria tudo por ela, nunca fui assim com ninguém. Se me perguntares não serei capaz de explicar. Talvez porque ela sofreu muito, vi-a sofrer quando o Captain Dolphin lhe contou sobre o divórcio dos pais dela. Acho que lhe devo qualquer coisa e não sei o quê. Conheci-a há uma semana e não sei porque é que ficámos tão amigas.
A Artio escreveu-me sobre uma cobra que lhe apareceu no braço quando o famoso Harry Potter olhou para ela. Como sei que ele é o inimigo número um do Senhor das Trevas não sei se ela está em perigo.
Acho que há demasiadas coisas estranhas a acontecer com ela. Mesmo Snape, o Professor de Poções, trata-a como um anjo e é um horror com os outros alunos.
Espero poder encontrá-la nas Férias de Natal, o que quer dizer que tudo está bem entre nós as duas.
Quase me esqueci, a Amanda e a Barbara acabaram o jogo de xadrez ontem à noite, a Barbara ganhou, e a Amanda está furiosa.
Não há sinais de Stella. Preciso tanto dela agora e ela não me dá nenhum sinal desde que ontem à noite me contou sobre o segredo da Artio.
Escrevi à Artio a dizer que está tudo bem por aqui, o Jeremy também recebeu uma carta dela e também estão bem. Não contei nada do que sei e sinto-me mal porque lhe menti e ela confiou tanto em mim...
Não sei o que fazer.
Esperar?
Cynthia T.
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A aula de História da Magia foi a mais aborrecida que Cynthia alguma vez teve, mas começou a pensar em coisas boas depois de perceber que seria assim todo o ano.
O Capitão da equipa Polvo apresentava aos Golfinhos a História da Academia.
"Esta academia foi fundada por um feiticeiro brasileiro no século dezanove. O arquipélago dos Açores havia sido descoberto quatro séculos antes mas esta ilha, a Ilha Sitnalta, foi escondida dos Muggles todos estes anos por feiticeiros e bruxas portugueses, eles escolheram duas ilhas para a nossa própria exploração e fizeram com que elas não fosses visíveis para os Muggles. Como sempre, os feiticeiros dessa época tinham a noção de desenvolvimento e que isso tinha a ver com territórios exclusivos a feiticeiros."
"Cynthia," chamou Ariane, "a Amanda pediu-nos para convidar a Barbara para um jogo de xadrez na Sala de Xadrez porque a Amanda acha que ela encantou o tabuleiro... Queres vir connosco?"
"Claro. Acho que eles estão a ter -"
"Poções," completou Ariane e olhou para o Professor Tintacle para ver se ele tinha percebido que elas estavam a conversar, "Vamos convidá-los depois do Tintacle acabar o seu monólogo..."
"Sabem porque é que esta academia se chama Lusitania?" O Professor continuara o seu monólogo. Ninguém lhe respondeu, nem mesmo Natasha.
"Okay," sussurrou Cynthia, "Está quase a acabar, faltam menos de dez minutos para estar no paraíso!"
"Paraíso?" perguntou Ariane, que não percebia o que Cynthia queria dizer.
"Sim," sorriu, "Tudo se compara ao paraíso quando comparado com as aulas do Tintacle."
Ariane sorriu com a explicação e finalmente escutou o professor de História da Magia.
"Portugal," continuou ele, "Portugal chamava-se Lusitania há alguns séculos atrás. Mas não, não é por isso que a academia se chama Lusitania. De acordo com a lenda, havia um poderoso artefacto criado por esse povo. Chamaram-no Lusitania e tinha os sete poderes do mar, cada um de um determinado animal marinho. Polvo, Baleia, Gaivota, Tubarão, Golfinho, Caranguejo e Sereia."
Cynthia finalmente escutava-o atentamente e estava algo fascinada, nunca tinha ouvido falar das origens da academia.
"Estas são as sete equipas da nossa academia. E o artefacto foi trazido para esta ilha no século dezanove e os seus poderes ajudaram muito na fé dos construtores da academia. Eles acreditavam que o artefacto abençoava este local. E, de certa forma, a lenda estava certa porque esta era um local seguro durante a Era Negra de Grindelwald. Quando este foi derrotado por Dumbledore, em 1945, o artefacto desapareceu, sem nenhuma explicação possível..."
"Mas como é que desapareceu? Estava lá e desapareceu de um dia para o outro?" Finalmente a voz de um aluno se ouviu na sala.
"Ah! Bem visto! Dez pontos para a equipa Golfinho," Tintacle parecia excitado, devia ser a primeira vez que um aluno prestava atenção na sua aula, "Foi quase isso que aconteceu. Eu explico. O artefacto era o que azia com que as pessoas mantivessem a fé e por isso tinham-no seguro n academia. Quando a batalha terminou foram ao local onde tinha sido colocado e já lá não estava. E então surgiu a lenda."
"Lenda?" perguntou Natasha, que estava sentada na primeira mesa como sempre.
"Sim. Como desapareceu quando um Feiticeiro Negro foi derrotado, diz-se que irá reaparecer quando for necessário. Isto quer dizer que reaparecerá quando surgir outro Feiticeiro Negro."
"Então apareceu quando Voldemort surgiu e desapareceu quando Mr. Potter o matou?" perguntou Walter.
"É isso que é estranho. Nessa altura não apareceu."
A porta da sala abriu-se, estava encantada para se abrir sozinha no final da aula.
"Vamos continuar a falar sobre as origens da Academia de Magia Lusitania na próxima aula. Vemo-nos então," disse o Professor Tintacle quando vários alunos já haviam abandonado a aula.
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Ilha Sitnalta, 7 de Setembro de 1994.
Este Domingo foi o mais complicado que tive, tivemos de fugir do quinto andar porque os fantasmas descobriram que estávamos lá a jogar xadrez e eles não gostam de ter humanos no mesmo lugar que eles durante a noite...
A Amanda ganhou uma vez, finalmente, mas a Barbara tinha ganhado três vezes antes por isso ela está tão zangada como antes.
Ainda não sei o que fazer, a Stella não apareceu e eu começo a pensar que alguém a apanhou.
Tenho andado interessada no artefacto Lusitania, lembras-te de te ter falado disso? O Professor Tintacle disse-nos que é por causa dele que a academia se chama Lusitania e que as sete equipas têm os nomes dos seus poderes.
Devido ao meu interesse perguntei à Tacy acerca de alguns livros sobre o artefacto. Ela disse-me que há alguns mas que são demasiado caros, e eu tenho de poupar os meus pontos para o livro do feitiço do Jeremy. Não falei com o Captain Dolphin, tenho medo de que ele esteja zangado comigo por não ter ganhado pontos suficientes...
Decidi que não o vou procurar até ter o livro.
Estou demasiado cansada para escrever mais, estivemos a correr no quinto andar por mais de duas horas, a fugir dos fantasmas, por isso estou mesmo cansada.
Gostava de passar um fim-de-semana como toda a gente, mas não posso, passo o tempo todo a pensar sobre a Stella.
PS - O Jeremy recebe uma carta por dia, da Artio, acho que eles estão mesmo apaixonados e isso é bom. Mas tenho medo que não seja bom, a distância é o principal inimigo do amor deles...
Cynthia T.
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"Bom dia!" exclamou Carldonne, que saía do castelo para ir para a aula de Voo.
"Hey, Carldonne," disse Cynthia, "Não te via há que tempos."
"Sim, não te consegui ver, a Artio escreveu-me, ela disse-me que lhe escreves quase todos os dias."
"Quase, o tempo que as corujas passam a voar é demasiado, elas parecem cansadas e eu tenho de mandar corujas diferentes todas as vezes." Ela sorriu. "Como está a Anaras?"
"Ela está bem," disse ele, "mas também está estranha... Ela passa o tempo todo a pedir autorização para livros, todos os dias vai ao escritório do Captain Dolphin... Tivemos uma discussão e eu não a vejo desde ontem de manhã..."
"Oh, eu vi-a perto do escritório dele algumas vezes," confirmou Cynthia, "Talvez ela tenha algum trabalho para fazer nalguma aula. Eu ouvi dizer que o Professor Tintacle pede demasiados projectos de grupo para História da Magia."
"Não sei, ela está mesmo estranha. Eu tenho de ir para a aula de Voo, vemo- nos por aí."
"Ok, eu também tenho de ir para Transfiguração, até breve."
Carldonne saiu pela porta de madeira do castelo, enquanto Cynthia se dirigiu ao terceiro andar para a sala de Transfiguração.
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Nesse mesmo momento, Artio dirigia-se até à Sala Comum. A aula da Professora Sprout tinha sido demasiado aborrecida para ela e queria comer algo delicioso.
Quando entrou no Salão Principal ela viu Sir Nicholas, o fantasma dos Gryffindor, que estava perto de alguns Gryffindors do primeiro ano que não sabiam o caminho para alguma sala. De repente ela lembrou-se de Moaning Myrtle, o fantasma da casa de banho das raparigas. Artio tinha prometido que a ia visitar de vez em quando e ela não se ia esquecer da sua promessa, como muita gente teria feito, e mesmo assim ela tinha-se esquecido de a ir ver.
Como ela tinha algum tempo antes da próxima aula decidiu que a refeição podia esperar, ela preferia ver Moaning Myrtle feliz por vê-la.
Chegando à casa de banho, ela chamou, "Olá?"
Uma cabeça com cabelos negros apareceu à porta. Artio percebeu que não era a cabeça da Moaning Myrtle.
"Quem és tu?" perguntou a rapariga de cabelos negros.
"Artio. E tu?"
"Jane."
"Como é que ela está?" Artio acenou com a cabeça em direcção à Moaning Myrtle.
"Como sempre, triste... vou-me embora," disse Jane.
"Okay," disse Artio, "vemo-nos por aí."
Assim que Jane saiu da casa de banho, Artio aproximou-se de Moaning Myrtle, "Olá," disse ela.
"Olá, Artio," disse Moaning Myrtle. Pelos olhos, parecia que ela tinha estado a chorar.
"Desculpa, prometi-te que vinha cá falar contigo e não vim."
"Tudo bem," disse o fantasma, "Todos se esquecem de mim, acho isso normal. Então, como tem sido a tua semana?"
"Muito bem," disse ela. "O Jeremy mandou-me uma coruja a dizer que me ama!"
"Que bom," o fantasma forçou um sorriso.
"Quero dizer, ele mandou-me cinco corujas, com um grande pergaminho encantado com palavras que dançam, mudam de cor, cantam, oh, foi a declaração de amor mais bonita que alguma vez tive!"
"Que bom!"
"Sim... e eu e a Cho Chang começámos a treinar para a posição de seeker, mas ela é a melhor," Artio sorriu, "Oh, e a revelação do ano!"
"O quê? O Dumbledore casou?" o fantasma pareceu mais feliz.
"Não, maior do que isso! Snape!"
"Snape?"
"Sim, ele parece gostar de mim. Toda a gente pensa que eu o enfeiticei, passamos horas a falar disso."
"Então tornaste-te numa Slytherin, foi?"
"Não, e isso é que é estranho, eu sou Ravenclaw e ele ainda não me tirou nenhum ponto..."
"Não acredito! Vá lá, Artio, podes confiar em mim, que feitiço lhe lançaste?"
"Hehe, nenhum, juro."
"Oh, okay, ele deve ter visitado alguém em St. Mungo's e aquele não é ele mas a pessoa que ele visitou, a usar Poção Polyjuice."
Tanto Artio como Moaning Myrtle sorriram com a piada, isso era uma teoria possível, Artio tinha de se lembrar de contar essa aos alunos da sua equipa.
"Tens de ir, não é?" perguntou o fantasma que parecia saber quando Artio se ia embora.
"Sim, tenho a próxima aula em menos de três minutos, tenho mesmo de ir. Desculpa."
"Tudo bem, vai lá."
"Volto cá um destes dias, okay? Prometo que não me esqueço."
"Não prometas aquilo que não podes cumprir," disse o fantasma, "Tenho a certeza de que voltas quando te lembrares, não precisas de prometer."
"Okay, mas acredita que venho."
"Acredito," estas foram as últimas palavras do fantasma, Artio voltou para o Salão Principal e depois para a sala de aula.
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Ilha Sitnalta, 14 de Setembro de 1994.
Não escrevi nada desde o dia 5 porque não houve muito de que falar.
Em resumo, a Amanda e a Barbara continuam a jogar xadrez todas as noites mas agora fazem-no numa sala vazia no segundo andar.
O Jeremy e eu temos falado sobre a Artio, ele está mesmo apaixonado por ela e agora que ele está feliz, está mais giro que nunca. Acho que a Artio não gostaria de ouvir isto...
A Anaras e o Carldonne têm andado a discutir muito. Normalmente tento fazê- los pensar sobre o amor e parar com as discussões porque tenho a certeza de que eles se amam.
A Tacy recomendou-me alguns livros para ler. Ela é uma romântica e todos os livros são sobre um romance imperdoável (ou não correspondido???). Comecei a ler o primeiro mas está a ficar chato.
Se calhar a Stella foi apanhada por algum aluno, como a Amanda a apanhou... não há sinais dela. Preciso mesmo de ouvir a razão pela qual ela está na academia mas ela ainda não me pode dizer. Vou tentar descobrir o 'raptor'.
Cynthia T.
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Ilha Sitnalta, 21 de Setembro de 1994.
Tal como da última vez que aqui escrevi, não há muito de que falar.
A Stella desapareceu e não faço a mínima ideia de quem a possa ter apanhado.
As aulas estão a começar a ficar chatas. Ganhei alguns pontos mas não chegam para quase nada e para o que chegam não posso usar por causa do livro do feitiço do Jeremy.
A aula interessante é História da Magia, a que prometia ser a mais aborrecida. O Professor Tintacle contou-nos mais sobre o Artefacto Lusitania e os seus poderes, e a lenda. Gostei muito da lenda.
Diz-se que o artefacto estará dentro da pessoa que pode salvar o mundo de um Feiticeiro das Trevas, ou pelo contrário ajudar esse Feiticeiro a ganhar mais poder, dependendo do lado a que pertencer a pessoa que tiver o artefacto.
As minhas colegas decidiram numa conversa que o verdadeiro dono do artefacto já nasceu e que é Harry Potter. 'É a única coisa capaz de explicar como um menino de um ano de idade pode derrotar um Feiticeiro Negro como ele conseguiu', dizem eles. Em própria estava presente nessas 'conferências', como lhes chamei, mas não revelei a minha opinião porque não acho que ele tenha o artefacto. Na verdade não confio cem por cento na lenda.
Como sempre Amanda tem jogado xadrez durante a noite, com a Barbara. Ariane and Monica disseram-me que o Andrew, o aluno Gaivota que normalmente joga xadrez connosco, está apaixonado... por mim. Eu não acreditei nelas, então, mas desde esse dia tenho-o observado e, na realidade, ele é um pouco tímido, pelo menos comigo, o que me faz repensar no que elas disseram. Para ser franca duvido que ele me ame, conhecemo-nos no princípio do mês, nem sequer um mês passou!
Como sempre, Jeremy passa todo o seu tempo livre a procura de frases de amor na biblioteca para as mandar por coruja para a Artio, eles estão felizes, acho eu, não contei a ninguém excepto à Stella acerca do feitiço.
A aula de Astronomia é a que eu acho mais assustadora, não sei porquê, mas é. Captain Dolphin faz-me muitas perguntas, mais do que a qualquer outra pessoa, tenho-o evitado, não lhe quero contar que ainda não ganhei pontos suficientes, a Tacy disse-me isso. Tenho medo dele desde que naquele dia ele ficou estranho, talvez tenha entendido mal o que ele quis dizer e talvez não tenha motivos para estar assustada com ele mas não consigo.
O Carldonne e a Anaras estão bem agora, quando os encontrei juntos disse- lhes, Viram? Eu desse-vos que o amor iria vencer esta batalha!'
É Domingo à noite e a Amanda vai aparecer junto às minhas cortinas a pedir para eu ir jogar xadrez com eles.
Depois digo-te quem ganhou desta vez quando voltar para o quarto, se não estiver com muito sono.
Cynthia T.
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A mesma noite, quase três horas mais tarde...
Eu tinha de escrever isto.
Como eu disse, a Amanda pediu-me para ir com ela, e com a Monica, a Natasha e a Ariane a outro jogo de xadrez. A Barbara e a Amanda não acabaram o jogo por isso não sei quem vai ganhar.
Mas o mais importante é outra coisa.
O Andrew.
Sim, as raparigas tinham razão, ele disse que me amava. Talvez consiga contar exactamente como tudo se passou.
Chegamos ao segundo andar (uma sala vazia onde elas jogam xadrez desde a semana passada) e lá estavam eles, Andrew, Michael e Barbara. A Amanda e a Barbara começaram a jogar, tal como todos nós e o Andrew certificou-se que jogava comigo (normalmente jogo com a Natasha).
Quando acabámos o jogo (eu ganhei), eu disse-lhe: 'Andrew, deixaste-me ganhar, isso não tem piada, devias apenas jogar, não deixar-me ganhar... porque é que fizeste isso?' e ele, após algum silêncio, respondeu, 'porque te quero ver feliz, porque te amo.'
Sim, as palavras foram estas, eu não acreditei nelas, só fiquei a olhar para ele sem dizer nada. De repente a cara dele transformou-se na do Jeremy, e eu fiquei a olhar para ele durante algum tempo, até que percebi o que estava a acontecer e lhe disse, 'Mas Andrew, nós conhecemo-nos quando, há um mês? Só nos vimos durante algumas das noites em que cá vim jogar xadrez... Não percebo como é que me podes amar...'
Eu sei que não foi a melhor atitude, eu praticamente lhe disse 'mas eu não te amo' mas quando me apercebi disso já estava feito. Então tentei reparar as coisas e disse 'Sou só tua amiga, não sei se há mais alguma coisa... dá- me algum tempo, okay?'
Estou triste, não lhe devia ter dito aquilo.
Mas agora está feito.
E eu não percebo porque é que imaginei o Jeremy na cara dele... Ele é o namorado da ARTIO, e ela é a minha MELHOR amiga.
Vou ver se descanso porque estou mesmo a precisar.
Cynthia T.
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A tarde passou demasiado depressa; aquela Terça feira tinha sido muito aborrecida e Cynthia tentava descansar, observando o pôr do sol, sentada na relva, as suas costas contra a árvore onde ela e Stella se haviam conhecido quase um mês antes. Este era o último dia de Setembro, e Cynthia não tinha notícias de Stella desde essas semanas tão longínquas.
Jeremy tinha estado com ela alguns minutos antes, no Salão Principal, informando Cynthia sobre Artio e tudo o resto.
Quando o sol desapareceu, Cynthia preparou-se para se levantar e entrar no castelo quando finalmente um insecto voou na sua direcção.
O animal estremeceu e transformou-se em Stella. "Cynthia!" exclamou ela.
"Stella," Cynthia abraçou a mãe de Artio. A princípio tinha estado zangada com ela mas agora, talvez devido à conversa que tinham tido, sentia-se como a outra protectora de Artio.
"Fui apanhada," disse Stella, "Não fui capaz de escapar por isso não te pude contactar, mas sei que nada de importante aconteceu. Porque é que tive de ser um Glumbumble? As pessoas olham para um bicho desses, pensam que é amoroso e, boom, apanham-no e aprisionam-no. Ah..."
"De facto, deve ser difícil, ser um Glumbumble... Mas não me disseste a razão pela qual cá estás. Agora diz-me, antes que te vás embora outra vez."
"Sim, porque já o devias saber... Deixa-me continuar, onde é que ficámos?"
"Disseste que, erm, Voldemort era o pai verdadeiro da Artio e depois desapareceste."
"Sim, fiquei muito triste ao lembrar-me desses momentos..." disse Stella, olhando para baixo, "O mais importante é que Artio está em perigo. Já ouviste falar do artefacto Lusitania?"
"A Artio está em perigo? Ah, sim, o Professor Tintacle contou-nos sobre isso."
"E a sua lenda?"
"Sim, as minhas colegas pensam que quem possui o artefacto é Harry Potter, dizem que é a única coisa que explica o desaparecimento do Senhor das Trevas nas mãos de um menino."
"Na verdade, elas estão erradas," disse Stella, "Artio é quem possui o artefacto, e é por isso que ela está em perigo."
"Artio? Mas... Como Artio?"
"Sim, é ela quem pode mudar as coisas. Há muitas maneiras do Senhor das Trevas regressar, mas essa é a mais fácil de todas."
"Desculpa, não entendo, o que é que Artio tem a ver com o Senhor das Trevas, para além de ser filha dele?"
"Para além de ser filha dele? Cynthia, essa é a razão de tudo, eles não podem ser separados."
De repente Cynthia lembrou-se da coruja que Artio lhe havia enviado, onde falava da cobra que lhe apareceu no braço quando Harry Potter olhou para ela.
"Stella, Artio escreveu-me sobre uma coisa que lhe aconteceu. Quando Harry Potter olhou na direcção dela ela sentiu dores no braço e apareceu lá uma cobra, e ela não sabe explicar porquê."
"Ah, sim, a marca."
"A marca?" perguntou Cynthia, que não compreendia como Stella podia dizer aquilo com tanta naturalidade.
"Sim, eu também tenho uma." Stella mostrou a Cynthia a sua marca, uma caveira no seu braço esquerdo. "Temos ambas uma marca, tal como o pai dela, que as criou."
"Mas a tua é diferente," disse Cynthia.
"Sim, sabes o que é a Marca Negra? É uma cobra a sair de uma caveira. Como a Artio 'saiu' de mim, ela é a cobra e eu sou a caveira. Tudo criado por ele, bastante inteligente."
"Estranho, e assustador!"
"Sim. Mas é real, e temos de viver com isso. Pelo menos a da Artio não está sempre visível, apenas quando um inimigo do Senhor das Trevas olha para ela; a minha vê-se sempre, dia e noite..."
"Mas estávamos a falar da Lenda do Artefacto Lusitania," disse Cynthia. "Conta-me mais."
"Como eu disse, a Artio tem o artefacto, e é ela quem pode mudar tudo, tanto para o bem como para pior do que está agora." Stella parou por um momento e depois continuou. "O importante é que... os seguidores de Voldemort querem apanhar Artio, eles querem-lhe tirar Lusitania e o objecto vai fazer ressurgir o Senhor das Trevas com facilidade. Por outro lado, se Artio puder lutar com eles e resistir, Lusitania vai ajudar a destruí-lo."
"Então temos de contar à Artio," disse Cynthia.
"Não," Stella estava calma. "Ela está em segurança em Hogwarts. Na verdade preparei tudo para a meter em Hogwarts, ela está mais segura lá do que aqui na academia. Cynthia, se deixarmos que Artio saiba ela vai estar em perigo."
"Okay, então o que podemos fazer?"
"Eu li o teu diário naquela noite, quando a rapariga me apanhou."
"O quê?" perguntou Cynthia, "Como pudeste...? Não devias ler os diários das outras pessoas!"
"Eu sei, e lamento, mas está feito, e vai-te ajudar!" disse Stella, e Cynthia mudou imediatamente o seu tom de voz.
"A mim? Como?"
"Eu li que tens de arranjar um feitiço num livro para o poderes lançar no Jeremy." Stella satisfeita por saber aquilo.
"Ninguém devia saber sobre isso," comentou Cynthia. "Mas se me puderes ajudar."
"Eu sei uma maneira de arranjares o feitiço," disse Stella.
"Uma. maneira? O que é que queres dizer?"
"O objectivo principal é aprenderes o feitiço, não é?"
"Sim," respondeu Cynthia, sem compreender o que Stella queria dizer.
"Não importa como o faças, não é? Por isso tenho um plano."
"Diz-me."
"Tu costumas conversar com a Tacy, não é?" perguntou Stella.
"Sim, conhece-la?"
"Sim, ela estava cá quando eu estudei na academia. Mas isso não importa. Por isso tens de ir à biblioteca e falar com ela, comigo dentro do teu bolso, perto da hora em que ela fecha as portas. Depois eu vou para a secção reservada e copio as instruções do feitiço para um pergaminho, que depois tu podes ler e aprender mais tarde."
"Mas isso não está certo," protestou Cynthia. "Eu tenho de o obter com o meu esforço, os meus pontos."
"Nuh-uh," Stella abanou a cabeça. "Tens de ajudar Robin com o seu plano. Não sei qual é, mas de certeza que vai ajudar a Artio, e esse é o nosso objectivo principal. Por isso tens de concordar comigo, sou a última carta que podes jogar."
"Então está bem." Cynthia finalmente concordou e elas prepararam os detalhes do plano. Elas iriam para a biblioteca na Terça feira à tarde; esse era o dia em que havia menos alunos da biblioteca àquela hora, porque muitos deles iriam participar nas provas de selecção para as equipas de Quidditch.
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Eram seis horas e meia da tarde, a Biblioteca fechava às sete. Cynthia tinha ido para os campos à procura de Stella, que já se encontrava no seu bolso na sua forma Animagus.
"Olá," disse Tacy quando se apercebeu da presença de Cynthia. "Há quase uma semana que não te via, o que aconteceu?"
"Eu, sim, eu não pude vir porque tenho montes de trabalho de casa, os testes começam daqui a duas semanas." Cynthia mentiu, Tacy não podia saber com certeza se ela tinha ou não muitos trabalhos para fazer.
"Ah, deve ser difícil, eu lembro-me dos meus tempos de escola, o Professor Binns era o meu professor de História da Magia, ele já era um fantasma e nós não prestávamos atenção nenhuma às aulas por isso os testes não tinham piada nenhuma. Então, para esconder as notas da sua memória pedia-nos para fazer trabalhos de pesquisa nos livros mais velhos que eu alguma vez vi. Eu passei mais de duas semanas a ler aqueles livros depois das aulas e durante a noite porque eu queria ter uma boa nota na aula dele e aquela era a minha última hipótese. No dia da apresentação, ele perguntou aos alunos da minha equipa o que eles pensavam sobre o meu trabalho, como sempre fazia, e eles responderam 'Este foi o pior trabalho que eu alguma vez vi, o tempo do teu discurso está errado, a Revolta dos Goblins não foi em 1896, e tu confundiste o teu título com o tema. Eu dava-te uma nota negativa mas como não é possível, o zero é a opção certa.' Isto foi o que a Joan Urtig disse sobre o meu trabalho e o Professor concordou, ele deu-me apenas 'zero'. Eu tive de passar todo o meu tempo livre a fazer pesquisa para ele e tinha a certeza de que o meu trabalho não estava assim tão mal, embora soubesse que a Revolta dos Goblins não foi em 1896. Fiquei tão triste que durante o resto da semana não comi nada."
"Oh." disse Cynthia e, como se apercebeu de que Tacy estava a olhar para a secretária e não a estava a ver mas sim a pensar sobre esses tempos, ela abriu o bolso e o Glumbumble voou para a secção reservada da biblioteca. O plano tinha resultado mas agora ela tinha de ouvir sobre as aulas de História da Magia da Tacy durante algum tempo antes de descer.
"Então percebi que ele e a Joan não eram suficientes para matar o meu espírito. Nunca fiz trabalhos para a aula dele e tive de repetir História da Magia no ano seguinte mas, como um professor novo tinha chegado à academia, consegui fazê-lo."
"Oh, eu sabia que não ias ficar triste por causa disso." Cynthia comentou, sentindo-se mal por dizê-lo porque não era verdade, ela nunca tinha pensado isso, ela nem sequer tinha ouvido bem o que ela tinha estado a dizer. Cynthia não era a pessoa que estava a falar com Tacy, ela não conseguia ferir alguém daquela maneira, não podia. Mas agora tinha sido dito, e Tacy parecia concordar, ou não tinha percebido que ela estava a mentir, por isso não tinha com que se preocupar.
"Sim," disse Tacy, "Então, leste os livros que te recomendei?"
Oh, isso era difícil de responder, Cynthia tinha começado a ler alguns mas não tinha continuado porque eram chatos. "Erm, não, quer dizer, comecei a ler, mas. depois tive trabalhos de casa e passei o pouco tempo livre que tenho a ler livros da escola."
"Oh, pobres meninas, acho que os professores não vos deviam dar tantos trabalhos de casa."
"Sim, eu também acho. Bem, tenho de ir, vou assistir às provas de Quidditch."
"Oh, okay," Tacy olhou para o relógio e declarou. "São quase horas de fechar a biblioteca, vou contigo, de certeza que ninguém cá vem depois das provas."
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Ilha Sitnalta, 2 de Outubro de 1994.
Desde a última vez que escrevi neste pergaminho amarelado que não vejo Stella. Já te contei acerca do Plano, e que a deixei ir até à secção Reservada para que ela copiasse o feitiço para eu o aprender.
Não sei o que aconteceu com ela mas, na verdade, ela deve ter lá ficado a pesquisar. Ela não podia fazer nenhum ruído e, se alguém a descobrir, ela vai ficar na sua forma Animagus mesmo se isso significar uma prisão numa garrafa vazia ou coisa parecida. Essas foram as condições do nosso 'tratado' como eu o chamo, quando ela decidiu lá ir ajudar-me com as minhas coisas, que na verdade são mais delas que minhas.
Artio disse-me na sua última coruja, que recebi ontem à noite, que Hogwarts vai receber as escolas de feitiçaria de Durmstrang e Beauxbatons para o Triwizard Tournament, vai haver alguma confusão e muito trabalho para os elfos domésticos prepararem. Ela também escreve sobre o seu treino com Cho Chang para a posição de Seeker na equipa de Quidditch dos Ravenclaw, que estão a correr mal porque ela parou de deixar a Cho ganhar, agora ela luta para o lugar também mas não serve de nada porque a Cho ganha mais vezes do que ela. Agora acho que ela está a agir correctamente, devemos lutar pelos nossos próprios objectivos, mesmo que isso signifique tristeza para os outros. Quando algumas pessoas estão felizes, outras têm de estar tristes, é a lei principal da vida humana.
Ela disse-me que tem visitado muito a Moaning Myrtle, diz que é uma fantasma simpática mas solitária por isso gosta de a alegrar. Ela não contou à Cho que tem visitado um fantasma várias vezes por semana porque se o fizesse, a Cho podia pensar que ela é maluca. Ela diz que ela e a Cho só são competitivas no campo de Quidditch, fora dele são amigas como se não estivessem a lutar pela mesma coisa, e que isso significa que uma ganha e a outra perde. Não acho que a Cho consiga separar a 'personalidade do campo de Quidditch' e a 'personalidade do resto dos sítios'. A Artio pode estar errada. Quando lhe voltar a escrever tenho de lhe dizer que ela devia contar à Cho sobre o fantasma. Se é mesmo amiga dela não vai pensar que é maluca, não é?
Jeremy e Walter já estão a pensar nas suas parceiras para o baile do Hallowe'en. Talvez os outros rapazes também estejam a pensar nisso mas é deles que ouço. são loucos por raparigas, mas tenho a certeza de que o Jeremy vai fazê-lo por divertimento porque ele realmente ama a Artio.
Eu vou à biblioteca amanhã de manhã para voltar a meter a Stella no meu bolso, espero que ela esteja de boa saúde.
P.S. - O Andrew anda desaparecido, quero dizer, anda desaparecido da minha vista, não o tenho visto. Talvez ele não tenha aceitado o que lhe disse mas a verdade é que eu não o amo, pelo menos não neste momento; embora não possa dizer que nunca o amarei porque o mundo dá muitas voltas.
Cynthia T.
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Ao entrar na biblioteca, Cynthia percebeu que O Plano tinha sido bem sucedido, pois viu o Glumbumble numa mesa perto da parede.
"Olá," Cynthia disse a Tacy.
"Hey," respondeu a mulher, "como estás?"
"Estou bem." Cynthia mostrou a Tacy os livros que estava a carregar. "Vim para te devolver os livros que me recomendaste."
"Oh, já os lestes?" perguntou Tacy.
"desculpa, não, tenho tido demasiados trabalhos de casa." Mais uma mentira, pensou Cynthia. Ela ia-se tornar uma mentirosa profissional, e não gostava da ideia. "Mas quero devolvê-los para que alguém os possa ler aqui, não os quero ter porque quero partilhá-los. Assim, levo um de cada vez e os outros alunos podem ter acesso aos outros."
"Oh, que rapariga simpática, gosto de pessoas que partilham as coisas com os outros. Concordo contigo, assim mais pessoas podem lê-los. Cinco pontos para a equipa Golfinho," declarou, orgulhosa da acção de Cynthia, os seus olhos muito brilhantes.
"Obrigada," disse Cynthia. Quando Tacy se virou para arrumar os livros ela agitou a mão na direcção do insecto e este voou para o seu bolso. "Tenho de ir," disse ela, e preparou-se para sair.
"Oh? Já?" perguntou Tacy, "E o livro que querias? Achas que já tens pontos suficientes?"
"Erm," murmurou Cynthia. O que é que podia dizer? Ela já não ia pedir mais o livro. "Eu. Eu não tenho pontos suficientes."
"Oh, okay, vemo-nos mais tarde."
Cynthia acenou e saiu da biblioteca. Stella mexia-se no seu bolso, devia estar tão contente como Cynthia do plano ter resultado.
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Fora do castelo, Stella regressou á forma humana. Alguns alunos já estavam a tomar o pequeno-almoço, outros estavam a ter a primeira aula do dia. Como era perigoso para a mulher-Animagus ser descoberta, tinham de falar depressa.
"Então, missão cumprida?" perguntou Cynthia, com um sorriso no rosto.
"Quase. Como podes ver, não posso guardar o pergaminho, é maior que um insecto. Está escrito, copiei-o como pedido, e verifiquei-o várias vezes para evitar erros."
"Mas onde é que o puseste?" perguntou Cynthia, com alguma irritação na voz; ela pensava que a mulher faria tudo mas agora ela ainda tinha uma coisa para fazer.
"Dentro do 'Dicionário Mágico de línguas antigas'. Entre as páginas vinte e dois e vinte e três. Certifiquei-me de que era um livro público, para o qual não são precisos pontos."
"Porque raios escolheste aquele livro?" perguntou Cynthia. "Que razão dou para consultar um livro daqueles? Ninguém vai acreditar em mim. Bolas!"
"Tu. desculpa mas arrisquei a minha própria liberdade, podia ter sido apanhada. Aquele era o livro que estava mais próximo de mim, só tens de dizer que é para. descobrires o significado de qualquer coisa. Ah, vais te lembrar de alguma coisa. Agora vai lá e começa a praticar."
"Agora? Estás maluca?" Cynthia estava irritada, a mulher não tinha feito o que ela esperava e isso enervava-a. "Eu disse à Tacy que tinha trabalhos para fazer e não tinha tempo para ler, como é que lá vou agora, dez minutos depois? Tenho de esperar até amanhã, pelo menos."
A mulher olhou para ela mas não tinha outra opção senão concordar, ela não podia ser exposta e não podia fazer mais nada. Stella esperava pelo dia em que podia salvar a filha do seu próprio pai. Mas agora a única coisa que podia fazer era esperar até que a melhor amiga de Artio decidisse ir até à biblioteca. depender de uma adolescente não era bom para Stella mas ela não tinha escolha.
Um Glumbumble voou para a folha de uma árvore, dormir iria ajudar a passar o tempo.
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Ilha Sitnalta, 5 de Outubro de 1994.
Finalmente tenho uma cópia do feitiço. Não sei se já escrevi isto mas não fazia a mínima ideia do tipo de feitiço que era, limite-me a pensar nele como 'o feitiço'.
Chama-se feitiço 'Quebralinus'. De acordo com o que li, o feitiço quebra a ligação entre duas pessoas. Calculo que o Captain Dolphin queira quebrar a ligação entre as pessoas que lançaram o feitiço na Artio. Ele disse-me que a pessoa que o lançou pode controlar a Artio, como se ela estivesse sob o controlo da maldição Imperius. O feitiço que foi lançado não é imperdoável, mas também é Magia Negra, e demora mais tempo a ser lançado que o próprio Imperius.
Estou a treinar para o fazer como deve ser. Consiste em vários movimentos de varinha, para cima, para baixo, girar, esquerda, e dizer a palavra 'Quebralinus'. Parece fácil mas não é assim tanto porque a varinha precisa de ter alguns centímetros entre cada movimento. Não quero descrever porque é chato.
Vou dizer ao Captain Dolphin que estarei pronta dentro de alguns dias. Vou conseguir, de certeza.
P.S. - O Andrew falou comigo ontem, ele pareceu estar a tentar esquecer o que eu lhe disse, ou o que ele me disse a mim. Acho que ele estava a tentar ser só meu amigo. Respeito os sentimentos dele por isso fiz a mesma coisa, e não falei de nenhuma conversa que tivemos antes. Espero que ele entenda a minha posição, eu não posso dizer que o amo porque eu. não posso.
Cynthia T.
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Estava-se quase a meio de Outubro quando Cynthia resolveu falar com Captain Dolphin. Quando ela bateu à porta do seu escritório ouviu-se um 'Entre'.
Cynthia abriu a porta e entrou. "Bom dia, Captain."
"Cynthia!" ele exclamou com um sorriso. Parecia-se com o velho Captain Dolphin, o que não sabia o que era estar zangado. "Que surpresa!" Cynthia assistia às suas aulas mas não era o mesmo que falar com ele, olhando-o nos olhos, no seu escritório, sem mais ninguém.
"Vim aqui porque estou pronta."
"Pronta?" perguntou ele.
"Sim, eu sei qual é o feitiço, tenho andado a treinar e pensou que estou pronta para o lançar no Jeremy."
"Que bom, não estava à espera disto tão cedo. Conseguiste aqueles pontos todos? A equipa Golfinho ficará contente com esses pontos para a competição da Taça das Equipas."
"Erm, eu só sei como o fazer, isso é que importa, não é?"
"Certo," disse ele. "Temos de ser rápidos. Escuta."
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Ilha Sitnalta, 14 de Outubro de 1994.
Hoje fui ao escritório do Captain Dolphin. Disse-lhe que estava pronta para lançar o feitiço. Ele ficou surpreendido.
Ele contou-me todos os pormenores, deve ter andado a planear isto há vinte anos. Vamos lançar o feitiço ao Jeremy no dia 18, é Sexta-feira e o Captain disse-me que será bom se ele passar o fim de semana a dormir, para não perder um grande número de aulas. Ele vai ficar a dormir até Segunda-feira à tarde, ou noite, dependendo de como ele reagir. O Captain Dolphin disse- me que vai contar aos professores que ele foi para Flores, uma ilha do arquipélago Muggle dos Açores, para visitar a família que o quer ver, e que volta na Terça.
Como ele já me disse, temos de o por num lugar onde ninguém o descubra. O Captain falou-me de uma espécie de cabana numa árvore grande e antiga. Pelo que ele descreveu, está preparada para o receber, tem uma cama de madeira e não é fácil de encontrar. Espero não falhar nisto, porque senão de certeza que o Captain Dolphin me mata.
Ah, a Artio escreveu-me a dizer que os alunos de Durmstrang e Beauxbatons chegam a Hogwarts no dia 30. Vai ser uma trabalheira para os elfos domésticos.
P.S. - Eu e o Andrew temo-nos encontrado, só como amigos, para ver o pôr do sol desde há quatro dias. Hoje ele trouxe-me uma flor, uma rosa branca, e disse que era uma espécie de presente de amigo. Eu percebi o que ele quis dizer, não pode ser só meu amigo. E eu não posso ser mais do que uma amiga para ele. Eu gosto mesmo dele, é fixe, é amigo dos seus amigos, gosta de ajudar... Se eu pudesse decidir quem amar escolhia-o a ele. Mas não posso. Por falar nisso, isto pode ser uma possibilidade de trabalho quando acabar os estudos, inventar uma forma de escolher por quem nos apaixonamos.
Gah, de certeza que não vou conseguir.
Cynthia T.
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O resto da semana passou demasiado depressa, e a noite de Sexta-feira surgiu rapidamente. Esta era a noite de tudo ou nada. Tudo dependia do sucesso ou insucesso daquele feitiço. Ela não sabia o que 'tudo' significava mas acreditava nisso, pois fora Captain Dolphin quem dissera isso dois dias antes, quando deu mais explicações.
"Descobri esta árvore ontem à noite. Acho que é maravilhosa e muito fixe. Queria partilhar a minha descoberta com outras pessoas," Cynthia disse a Jeremy quando foram em direcção à casa na árvore.
"Deve ser giro. Devia ter contado ao Walter, ele teria adorado vir connosco."
"Não!"
"Não?" perguntou ele, sem compreender o medo de Cynthia. "Ele não ia contar a ninguém. É um tipo porreiro."
"Quero dizer, quero-ta mostrar primeiro."
Em pouco tempo estavam a subir a escada para a casa, a Cynthia primeiro. Captain Dolphin estava lá, mas Jeremy não sabia.
Tanto Cynthia como Captain Dolphin lançariam o feitiço no momento em que Jeremy estivesse lá em cima; dessa maneira ele não veria o Captain Dolphin e não saberia de nada. Era mais fácil, na opinião de Captain Dolphin.
Cynthia levantou a sua varinha, tal como Captain Dolphin, e quando Jeremy entrou na casa, Cynthia agitou a sua varinha da maneira que tinha estado a treinar, e disse Quebralinus ao mesmo tempo. Por sua vez, Captain Dolphin mexeu a sua varinha quando a sua boca se abriu e deixou sair as palavras Finite Controlactus e Oblivio Personalle.
Jeremy foi o alvo de raios cor-de-laranja e azuis provenientes das duas varinhas, a adormeceu, um sono que continuaria por três dias.
"Ele não me vai perdoar," disse Cynthia. "Eu devia-lhe ter explicado tudo, isto é para a segurança da Artio, ele não sabe porque é que eu fiz isto."
Captain Dolphin ouviu Cynthia e após algum tempo a observar Jeremy a dormir na cama de madeira ele disse, "Não te preocupes, ele não se vai lembrar de nada disto, só se vai lembrar do momento em que estava a subir a escada. Deves estar aqui com ele quando acordar. Quando o fizer, diz-lhe apenas que ele desmaiou, não sabias o que fazer, e deixaste-o aqui ficar por três dias. Diz-lhe que ele deve dizer que ele foi visitar a família à ilha das Flores nesses três duas porque se não o fizer metes-te em sarilhos. Fácil, huh?"
"Fácil?" perguntou Cynthia. "Eu não acho, mas é o que tenho de fazer, sem opções, não é?"
"Exacto. Vemo-nos Terça-feira na aula de Astronomia. Espero que consigas lidar com estas questões, confio na tua imaginação."
Assim que disse isto desceu a escada e Cynthia apenas o voltaria a ver na Terça.
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Cynthia fez exactamente o que Captain Dolphin lhe disse, em todos os passos, em todos os detalhes. Ele confiara nela, disse-lhe que estava tudo bem.
Cynthia percebeu que naquela noite de segunda-feira Jeremy olhava para ela bom um brilho diferente nos seus olhos negros. Parecia uma super nova no céu. Ela pensou que era um problema dela, ele talvez estivesse a olhar para ela como sempre, mas as horas que ela tinha passado a olhar para o rosto dele, de olhos fechados, adormecido, faziam-na ver outras coisas para além da realidade. O seu cabelo parecia mais brilhante que nos outros dias embora ele não tomasse duche há mais de três dias.
Eles entraram no castelo alguns minutos mais tarde e ele fez o que ela lhe havia pedido, dizer a todos que ele tinha estado com a família durante esses três dias em que tinha desaparecido.
Cynthia finalmente sentiu-se bem, sem sensação de dever.
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Ilha Sitnalta, 22 de Outubro de 1994.
Está tudo feito. Finalmente o Jeremy acordou. Eu vi que escrevi mais de cinco páginas a descrevê-lo a dormir. Também me apercebi que escrevi a mesma coisa todos os dias, que desperdício de pergaminho.
Finalmente cumpri a minha missão.
A Artio escreveu-me a dizer que a escola toda está à espera de que os alunos estrangeiros cheguem a Hogwarts. Ela seguiu o meu conselho e finalmente contou à Cho sobre a Moaning Myrtle. Como estava à espera, ela diz que a Cho não disse nada de mal, ele chegou mesmo a dizer que também ela tinha falado com ela algumas vezes durante o seu segundo ano. O treino delas parece ir andando sem eu nada de mal aconteça. A Cho ganha mais vezes que a Artio, ela diz que não o provoca, apenas acontece, mas não tenho a certeza.
P.S. - Tenho-me encontrado com o Andrew nestes três dias, ele começou a falar das datas para o baile de Hallowe'en. Eu contei-lhe a verdade, ainda ninguém me convidou, e como a maior parte das minhas amigas tem par acho que vou sozinha. Sim, nem mesmo o Andrew me convidou, e ele não tem ninguém com quem ir. Acho que ele não me convida porque não quer que o seu esforço para ser meu amigo seja em vão. Também não quero isso.
Cynthia T.
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A casa na árvore onde o Jeremy dormiu, 25 de Outubro 1994.
Tenho cá vindo durante esta semana, o Jeremy também cá vem de vez em quando mas agora não está aqui por isso estou a escrever isto. É a minha hora de almoço, normalmente escrevo antes de dormir mas agora é uma ocasião especial.
Aquilo que eu estava à espera não aconteceu, o Andrew convidou-me para o baile.
Acho que ele estava demasiado envergonhado para me pedir no outro dia por isso só o fez hoje. Ele convidou-me no intervalo da manhã. Ele só disse, 'Cynthia, não tenho ninguém com quem ir ao baile. Queres ir comigo?'
Eu vi que ele tinha estado a treinar aquilo há séculos e quando o disse sentiu-se como, wow, está dito! Então ele disse, 'Tens alguém com quem ir? Quer dizer, não tens de aceitar.'
Eu percebi que a decisão era minha. Podia-lhe dizer, não, ainda não tenho ninguém, ou podia mentir. Quando pensei nas minhas amigas que vão com outros rapazes e nem sequer pensaram sobre mais nada para além de 'ir ao baile' eu só disse, 'gostaria muito'.
Sim, nós podemos ser só amigos mesmo se eu for ao baile com ele, não podemos? Eu pensei assim, e concordei. Ele olhou para mim durante um bocado, acho que não estava a acreditar no que eu disse. Finalmente ele levantou-se, disse-me 'Espera por mim no Salão Principal no dia trinta e um' e desapareceu. Simples, huh? Eu própria estou contente por ter alguém com quem ir.
Mas aí, problemas, o Jeremy pediu-me para ir com ele. Eu pensei que ele tinha arranjado alguém, eu sei que ele e o Walter estiveram a falar disso desde o princípio do mês. Não lhe podia dizer simplesmente que não mas também não quero ir com ele, quero dizer, ele é o namorado da Artio!
Por isso é que tinha de escrever isto. Sabes o que foi que eu lhe disse? Eu tenho já com quem ir, mas posso-te ceder uma dança. Ele estava incrédulo, eu reparei, e perguntou 'Uma dança?' e eu respondi, 'Uma dança ou nada.'
Ele concordou e foi-se embora. Não sei se tomei a decisão certa, acho que não, e de certeza que o Andrew não vai gostar nada. Mas já fiz, por isso vou ter uma dança com ele. Oh meu Deus!
Cynthia T.
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A noite do baile chegou mais depressa que a noite do feitiço do Jeremy. Cynthia vestiu o seu traje de baile, apontado pela academia quando ela recebeu a lista dos materiais necessários durante o ano. Era um vestido longo, verde claro, decorado com algumas rosas brancas. O cabelo estava arranjado com uma coroa de flores.
Quando desceu as escadas, Andrew estava à sua espera no Salão Principal, enquanto pensava, 'wow'.
"B-boa noite," disse ele, pegando no braço de Cynthia.
"Boa noite," ela respondeu sorrindo.
A refeição foi óptima, havia muitas coisas que os alunos não tinham nas refeições dos dias de escola. Toda a academia estava decorada maravilhosamente, e todos estavam bem vestidos, mesmo o Professor Tintacle.
Depois do jantar Andrew e Cynthia levantaram-se ao ouvir a música. Esta era a primeira dança da noite, muitos alunos ainda conversavam em vez de dançar.
Perto do final da primeira dança Jeremy aproximou-se deles.
"Prometeste-me uma dança," ele declarou, ignorando Andrew, que olhava para Cynthia e Jeremy com apreensão.
"Agora?" perguntou ela, olhando para Andrew, que não abriu a boca.
"Sim, porque não?"
"Andrew," começou Cynthia, "eu prometi-lhe uma dança, já volto." Ela sabia que não era uma razão aceitável mas não queria dizer mais nada, apenas evitar o seu olhar.
"Okay," disse ele, parecendo estar tudo bem.
Cynthia juntou-se a Jeremy e eles começaram a segunda dança da noite, uma música lenta. Jeremy conduziu-a até um canto do Grande Salão Comum, onde estavam muitas pessoas a dançar mas onde Andrew não os poderia ouvir.
"Cynthia, sabes que os teus olhos azuis foram os primeiros que eu vi quando acordei na casa da árvore?" ele começou. Cynthia olhou para ele mas não disse nada.
"O teu cabelo negro foi o primeiro cabelo que eu vi quando acordei. O teu nariz foi o primeiro nariz que eu vi quando acordei." ele fez uma pausa e depois, numa voz mais doce, "Os teus lábios foram os primeiros lábios que eu vi quando acordei na casa na árvore."
Cynthia olhava para ele. Eles continuavam a dançar na mesma sala, entre as mesmas pessoas, mas parecia que eles estavam noutro universo.
"O teu cabelo, os teus olhos, o teu nariz e os teus olhos nunca serão esquecidos por mim. Sabes porquê?" ele perguntou. Ela não precisava de responder, ele diria a frase seguinte de qualquer maneira.
Cynthia moveu os lábios para dizer 'não' mas nenhum som foi feito.
"Porque te amo, Cynthia," disse Jeremy.
Ele aproximou-se dela, os seus lábios procurando desesperadamente tocar os dela, que pareciam estar a milhares de quilómetros de distância. Ele estava a beijá-la; Cynthia sabia-o mas não podia fazer nada. Ela pensou em todos os momentos que eles tinham passado na academia, aqueles três dias observando-o a dormir. Agora ela tinha a certeza que também o amava. Ela continuou a pensar nele à medida que ele aproximava os seus lábios dos dela; estavam a milímetros de distância. Cynthia ainda pensava na forma como se tinham conhecido, tentando-se recordar de quando se tinha apaixonado e de repente a imagem da sua melhor amiga e namorada de Jeremy, Artio, surgiu-lhe na mente.
Cynthia virou o rosto e ele beijou-lhe a face. "Jeremy, tu amas a Artio, e não a mim!" ela disse, pensando que estava a gritar, mas na verdade estava a sussurrar.
"Artio?" perguntou ele, com uma expressão confusa. "Quem é Artio?"
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Yay, outro capítulo! Estou tão contente por tê-lo acabado! Isto é grande, eu sei, mas lembrem-se de que há apenas mais um capítulo e um epílogo. Neste capítulo muitas coisas se passaram. Quase dois meses se passaram embora nos outros nove meses apenas se tenha passado uma semana. Espero que tenham gostado deste, estou à espera de ouvir o que pensam. Por favor comentem.
Outra N/A: Túlia ajudou-me imenso com as suas frases para o desenvolvimento deste capítulo. Quando necessário adicionei algumas Notas de Autor quando aconteceu para poderem ver onde estão. Túlia, muito obrigado.
No próximo capítulo: Como é que Jeremy se não lembra da Artio? Sim, eles estiveram apaixonados por mais de dois meses! Stella ainda vai ter a sua opinião, ela não gostou de depender da Cynthia antes, lembram-se? Como é que ela vai reagir quando a Cynthia lhe contar que o Jeremy não sabe quem é a filha dela? E quanto ao Captain Dolphin? Será que ele vai continuar a esconder o que fez ao Jeremy? E se alguém descobrir? Vou-vos dizer as respostas para estas questões em breve. Divirtam-se!
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Nota do Autor: OBRIGADÃO à Nentari, que traduziu este capítulo para mim!
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