Título: Lusitania (11/12)
Autor: siriuswhite
E-mail do Autor: siriuswhite@schnoogle.com
Categoria: Romance
Sub-Categoria: Mistério
Palavras-Chave: Artio Sperios Patrick Dolphin Lusitania
"Rating": PG-13
"Spoilers": SS/PS, CoS, PoA, GoF, FB, QTTA
Sumário: Artio é uma rapariga que vai para uma escola de magia, como Hogwarts. Ela vai para o primeiro ano e acontecem coisas muito estranhas. Patrick é um rapaz e as pessoas não gostam dele. Porquê?
Nota Importante: Esta história é baseada em personagens e situações criadas por JK Rowling que lhe pertencem, várias editoras incluindo mas não só a Bloomsbury Books, a Scholastic Books, a Raincoast Books, e a Warner Bros., Inc. Não se está a ganhar dinheiro com esta história e não são permitidos os direitos de cópia nem de comércio.
Nota do Autor: Obrigado às minhas beta-readers Jo e Trinity, que reviram este capítulo cuidadosamente. Obrigado a Nentari que comentou o capítulo anterior (duas vezes!), e Anise.

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Lusitania

POR    S I R I U S   W H I T E

Traduzido por Nentari(Obrigado Pat!)

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DECIMO-PRIMEIRO CAPITULO

COISAS INESPERADAS

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Ele aproximou-se dela, os seus lábios procurando desesperadamente tocar os dela, que pareciam estar a milhares de quilómetros de distância. Ele estava a beijá-la; Cynthia sabia-o mas não podia fazer nada. Ela pensou em todos os momentos que eles tinham passado na academia, aqueles três dias observando-o a dormir. Agora ela tinha a certeza que também o amava. Ela continuou a pensar nele à medida que ele aproximava os seus lábios dos dela; estavam a milímetros de distância. Cynthia ainda pensava na forma como se tinham conhecido, tentando-se recordar de quando se tinha apaixonado e de repente a imagem da sua melhor amiga e namorada de Jeremy, Artio, surgiu-lhe na mente.

Cynthia virou o rosto e ele beijou-lhe a face. "Jeremy, tu amas a Artio, e não a mim!" ela disse, pensando que estava a gritar, mas na verdade estava a sussurrar.

"Artio?" perguntou ele, com uma expressão confusa. "Quem é Artio?"

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Cynthia estava chocada. Como é que Jeremy podia fingir não saber quem era Artio?

"O que é que queres dizer com isso?" perguntou Cynthia, com um ar de surpresa. Ela não podia acreditar no que ele tinha dito; ele não se podia ter esquecido da Artio num dia.

"O que é que eu quero dizer com isso?" ele perguntou. Se alguém os tivesse estado a ouvir, essa pessoa podia jurar que ele estava a dizer a verdade, a sua expressão estava cheia de sinceridade. De facto, ou ele estava a dizer a verdade ou era um excelente mentiroso.

"Jeremy, ela é a tua namorada. Estás maluco por ela, disseste que a amavas para sempre e tudo!" Ela parou; ele olhava para ela sem dizer nada. "Agora sei que tipo de pessoa tu és," ela continuou, "quando tens a possibilidade beijas todas as raparigas que puderes. Devia ter percebido isso! Não mereces a Artio, és o pior para ela!"

Cynthia empurrou-o e foi-se embora, juntando-se a Andrew no outro lado da sala. Jeremy ficou ali, os seus braços ainda no ar como se ainda estivesse a segurar a mão de Cynthia. Os seus olhos estavam fixos na sua direcção, embora ele não a pudesse ver devido às outras pessoas no seu campo de visão. Ele mantinha-se em pé por milagre, pois estava quase a desmaiar. Ainda não conseguia compreender o que Cynthia queria dizer, ele não conhecia nenhuma rapariga chamada Artio. E ele não tinha nenhuma namorada…

Quando Cynthia se aproximou de Andrew, ele estava a conversar com outros alunos Gaivota do primeiro ano. Ele não parecia estar zangado mas também não estava normal.

"Hey, voltaste," disse ele, fingindo estar contente, quando Cynthia chegou.

"Sim, vamos dançar," disse ela. Cynthia não estava para lhe dar nenhuma explicação pelo facto da dança que ela devia ter tido com o Jeremy ainda não ter terminado e ela já lá estar.

Ele concordou, pegou na sua mão e os dois moveram-se para o centro. Cynthia não conseguia pensar em nada senão no comportamento de Jeremy. Como é que ele podia ser assim? Ela pensava sobre a maneira como ele tinha fingido que não conhecia Artio; ele era o tipo de rapaz que quer ser o maior, com o maior número de raparigas aos seus pés. Como é que Cynthia o podia amar também? Essa era de facto a pergunta que surgia na cabeça de Cynthia a cada dois segundos. Ele era apenas o namorado da sua melhor amiga, como é que ele a tentava seduzir? A ela! Se fosse qualquer outra rapariga ainda vá lá, mas a melhor amiga da Artio?

Durante as danças que dançou com Andrew, ela pisou-o. Ele não disse nada, podia aguentar. Era um sacrifício que valia a pena, se isso significava que podia estar com ela, sentindo o bater do seu coração, o respirar do seu nariz e o piscar dos seus olhos.

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Noutro lugar, bastante distante dos pensamentos de Cynthia, Artio, Cho Chang e todos os outros alunos, professores e funcionários de Hogwarts assistiam o Cálice de Fogo enquanto este escolhia os três campeões para o Triwizard Tournament.

Cho Chang ficou muito feliz quando o nome do seu amado rapaz surgiu. Cedric Diggory iria muito certamente ganhar o Triwizard Tournament, ela tinha a certeza disso.

Os três campeões, Cedric Diggory de Hogwarts, Fleur Delacour de Beauxbatons e Viktor Krum de Durmstrang, dirigiram-se a uma sala diferente, onde iriam saber os pormenores das tarefas, o programa em si e outras coisas secretas.

Quando se preparavam para sair do salão principal alguém notou que o Cálice de Fogo estava novamente a tremer; ia mostrar outro nome…

'Harry Potter!' O nome foi anunciado à sala inteira.

Cho Chang sussurrou a Artio, "Ele tinha de ser escolhido, claro, uma estrela não é uma estrela quando não brilha…"

Artio viu o rapaz levantar-se, com uma expressão se surpresa e confusão. Ele evitou os olhos dela; ela olhou para Cho, onde os seus olhos não iriam certamente ver os dela.

"Mas como é que ele pode participar?" Cho continuou. "Ele não tem idade suficiente!" queixava-se ela. Artio sabia que ela estava mais aborrecida pelo facto do seu rapaz não ser o único campeão de Hogwarts; ele iria ficar na sombra do mais jovem.

"Eu não sei," disse Artio, e quando ele entrou na sala ela não teve mais de se preocupar por não olhar para os seus olhos. "Alguém enganou o Cálice de Fogo, essa pessoa queria-o no torneio, mesmo que ele não tenha idade suficiente. Tu sabes que o que o Cálice escolhe é o que conta," Ela tinha ouvido isto de Dumbledore alguns segundos antes.

"Sim, e não importa se Hogwarts tinha ou não um campeão… mas tenho a certeza de que Cedric vai ganhar isto, vai ganhar ao Rapaz que Sobreviveu, e finalmente alguém vai ser melhor do que ele."

Artio concordou. Quando se virou para olhar para outro sítio, sentiu um choque de dor no braço esquerdo. Ela sabia que a cobra estava a aparecer no mesmo local da dor. Ela evitou olhar para ela, pois Cho iria perceber. Ela quase desmaiou com a dor mas depois apercebeu-se de que Harry não podia estar a fazer aquilo, e olhou pela sala à procura de alguém que pudesse estar a olhar para ela.

Havia uma pessoa, um velho, que olhava na sua direcção e, tal como na outra vez, quando ele afastou o olhar a dor desapareceu, como se não tivesse lá estado. Artio ficou preocupada, até agora duas pessoas fizeram-na sentir aquela dor, e agora ela tinha de evitar mais uma pessoa…

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Cynthia e Andrew estavam demasiado cansados para continuarem a dançar; há mais de duas horas que não se sentavam e sentiam que tinham de o fazer nesse momento.

Cynthia já tinha despertado dos seus pensamentos. Murmurara algumas palavras no ouvido de Andrew, embora não muitas, e alguns pensamentos ainda lhe ocupavam a cabeça.

Muitas pessoas já se tinham ido embora, era tarde. A própria Cynthia estava quase para dizer a Andrew que iria para o dormitório; apenas Monica e Ariane continuavam lá, ou pelo menos eram as únicas que ela conseguia ver, pelo que as outras já deviam estar lá em cima. Mas não chegou a dizer, porque viu Captain Dolphin, que conversava com a Professora Stormd'sky, que era na realidade a sua irmã.

"Cynthia, como estás?" perguntou ele, e virou-se para a irmã. "Professora Stormd'sky, esta é Cynthia Tropelt, uma boa aluna dos Golfinhos, pelo menos na minha aula."

Ela sabia que ele só estava a arranjar uma desculpa para a apresentar; na verdade, ela não era nada boa aluna a Astronomia.

"Ah, sim, eu conheço-a," disse a mulher. "Ela é uma boa Golfinho, sim.."

Cynthia acenou, sorriu, e finalmente a mulher afastou-se dizendo que voltava já.

"Então como está ele?" perguntou Captain Dolphin. Não era necessário perguntar quem era "ele", pois ela sabia-o. "Notaste alguma diferença desde antes e agora?"

"Ele está bem," disse ela, "mas eu perguntei-lhe sobre a Artio, algumas coisas sem importância, e fiquei surpreendida porque ele disse que não a conhece." Cynthia não lhe ia dizer a verdade, ele não devia saber sobre a relação de Artio e Jeremy, mas esta era uma forma de descobrir o que se passava.

"Oh, claro que não," disse ele, como se fosse a coisa mais normal do mundo. "Eu lancei-lhe o feitiço Oblivio Personalle, não tinhas visto?"

"O quê?" Ela não tinha visto nada; ela nem sabia o que era aquilo. "O que é que isso quer dizer?"

"Como é que não sabes? Cynthia, lembra-te de que este feitiço quebrou o efeito que ele, quando era Patrick, causou na Artio. Ele não devia ter sido afectado por isso, por isso fiz com que ele se esquecesse de tudo o que esteja relacionado com a Artio. Ele nunca a viu e qualquer conversa que ele ou outras pessoas tenham tido sobre ela estão esquecidas; para ele, essas conversas nunca ocorreram. Como a Artio só cá ficou alguns dias não há problema, ou há?"

Cynthia estava estupefacta. Como é que ele podia fazer aquilo a uma pessoa? E como é que ela lidaria com isso agora?

"Não, não há problema, só tenho de evitar falar com ele sobre a Artio," disse ela.

"Okay. É uma boa ideia. Tanto ele como a Artio deixaram de estar sob o efeito do feitiço Controlactus, como se nunca lhes tivesse sido lançado."

"E… a Artio também se esqueceu dele?" perguntou Cynthia.

"Não, nós só quebrámos o feitiço dela, mas não lançámos o outro. Ela vai-se lembrar de Patrick e tudo o resto. Ela não sabia que estava sob o efeito do Controlactus, ou disseste-lhe?"

"Não."

"Então, eu disse-lhe que Patrick podia causar aquele efeito numa pessoa, só não disse que causava. Assim, ela pensa que eu estou enganado, que o que eu disse não aconteceu… É fácil, e é seguro para ambos." Ele estava orgulhoso da sua inteligência; Cynthia podia vê-lo nos seus olhos.

Agora ela tinha de aguentar aquilo, não sabia como, mas tinha. O próximo passo seria fazer com que Jeremy se voltasse a apaixonar por Artio, e essa tarefa seria muito complicada.

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Ilha Sitnalta, 1 de Novembro de 1994.

Na noite passada descobri uma coisa terrível: o Captain Dolphin fez com que o Jeremy se esquecesse da Artio. Não sei como é que ele pode ser tão cruel. Ele limpou todas as lembranças que ele tinha da Artio. Ele diz que é bom para os dois; não sei o que é que há de bom nisso, mas se ele diz, deve haver alguma coisa boa algures…

Infelizmente quase beijei o Jeremy no Baile de Halloween, e isso quer dizer que sinto qualquer coisa por ele. Não sei como mas tenho de lhe dizer que não o amo.

Julguei que ele fosse desprezível, e que só queria beijar todas as raparigas à face da terra…

Eu sei que desde que acordou ele tem tentado estar junto de mim. Ele fala comigo quase todos os dias, mas eu pensei que fosse porque eu sou a melhor amiga da namorada dele. Naquela altura ele já não sabia quem ela é. Fui estúpida… Não lhe cheguei a perguntar nada; agora que penso nisso lembro-me de que não lhe cheguei a perguntar nada sobre a Artio. Recebi as corujas dela, como pensei que ele também tinha recebido, por isso não precisei de lhe perguntar nada sobre a Artio… Como é que pude ser tão estúpida?

Nesta tarde recebi a última coruja dela; ela diz que o Jeremy não lhe escreve há quase uma semana, e que ela pensou que a coruja que ele mandou se tinha perdido, já que a distância entre as duas escolas é enorme para uma coruja voar. Vou-lhe escrever a dizer que vou dizer isso ao Jeremy, e depois explico-lhe tudo o que aconteceu. Então ele vai ter de lhe escrever como se tudo estivesse normal.

Há outra coisa má; a Artio disse que durante a Cerimónia do Cálice de Fogo ela sentiu um choque de dor, tal como quando Harry Potter olhou para ela. Mas agora ela tem a certeza que não foi ele quem fez isso; ela diz que foi Dumbledore quem olhou para ela. Ela tem de evitar o olhar dele também, e está preocupada, pensando em quem mais a poderá fazer sentir assim.

Eu mesma penso que os dois acontecimentos têm um motivo, ligado ao que Stella me contou sobre Artio, o pai dela, e as marcas de Artio e Stella… Quando Harry Potter fez com que Lord Voldemort desaparecesse, criou-se um elo entre os dois. Como Artio tem o sangue Dele, quando Harry olha para ela ela sente-se assim. O mesmo acontece com Albus Dumbledore. Ele é o feiticeiro que o Senhor das Trevas teme, por isso a mesma dor faz com que Artio se sinta mal. Vou contar a minha teoria à Stella, amanhã, se a vir, e vejo se ela pensa o mesmo que eu ou não.

Ah, quase me esqueci: a Artio falou da escolha dos Campeões do Triwizard Tournament. O Cálice de Fogo devia escolher tês estudantes, um de cada escola, Hogwarts, Durmstrang e Beauxbatons. Ela disse-me que o Cálice lançou outro nome, Harry Potter, e diz que aquilo foi planeado: uma armadilha. Ela e Cho Chang pensam que foi alguém que não gosta do Rapaz que Sobreviveu, e que essa pessoa encontrou uma forma de o colocar lá…

Ainda não falei com o Jeremy mas falo com ele amanhã de manhã, e também com a Stella, e vou deixá-lo explicar tudo, ele vai entender.

P.S. – O Andrew e eu temos tomámos as nossas refeições juntos, à tarde, e conversámos sobre a noite passada e acho que ele não está zangado comigo. Bem, eu sei que eu e o Jeremy não fomos vistos por ninguém a conversar mas ele podia não ter gostado da minha dança com o Jeremy.

P.S. 2 – A Amanda continua com os seus jogos de xadrez nocturnos com a Barbara. Esta semana não fui todas as noites por causa do Jeremy e tudo o resto. Ouvi dizer que os professores costumam organizar um Campeonato de Xadrez aqui na academia; ouvi dizer que é durante a primavera e por isso deve ser possível. Tenho de perguntar à Anaras já que ela estava cá no ano passado. Deve ser bom para a Amanda.

Cynthia T.

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Aquele Domingo foi o pior da vida de Cynthia; ela ainda não conseguia falar com Jeremy. Agora ela sabia porque é que Jeremy parecia estúpido, ele não sabia porque é que Cynthia o tinha tratado daquela maneira; do seu ponto de vista ela tinha sido tão mal-educada! Agora ela sabia que ele tinha motivos para estar zangado com ela.

Cynthia desceu as escadas para a Sala Comum; Jeremy estava a almoçar com os outros rapazes Golfinho.

Cynthia notou que outras raparigas Golfinho também estavam a almoçar e juntou-se a elas no outro lado da mesa.

"Olá," disse ela. "Posso-me sentar aqui?" perguntou. Elas estavam na equipa de Cynthia mas não eram as suas melhores amigas.

"Claro," disse Susan Amparo. Ela conversava com Sarah Wolf, Katie Turner e Madeleine Pustrin.

Cynthia tentou entender o que elas estavam a falar mas não conseguiu; elas pareciam ter um código e Cynthia não entendia uma palavra do que elas diziam, eram certamente malucas…

Cynthia comeu rapidamente. Quando acabou a sopa, as suas amigas surgiram na Sala Comum: Amanda, Monica, Natasha e Ariane.

"Cynthia!" exclamou Ariane, sentando-se perto dela. "Chegámos tarde mas como é Domingo e não temos aulas não há problema," sorriu.

As outras raparigas sentaram-se ao lado de Ariane, e quase não falaram com o outro 'grupo'.

"A Amanda ganhou este jogo contra a Barbara," Natasha informou Cynthia, "finalmente. Mas demorou mais do que elas pensaram e por isso é que chegámos tarde…"

"Sim," concordou Ariane. "Um, o que é que fazes esta tarde?" perguntou. Elas pareciam ter o dia todo planeado e iam convidar Cynthia a juntar-se a elas.

"Eu? Eu, Um, não sei. Tenho de acabar o meu trabalho de Transfiguração e depois -"

"Cynthia, hoje é Domingo, Do-min-go!" interrompeu Amanda. "Vais ficar trancada dentro deste edifício velho?"

"Eu sei que é Domingo… Okay, onde é que vocês vão?"

"Estávamos a pensar em explorar os campos lá fora… Nós apercebemo-nos de que só lá vamos para ter aulas de Voo, Herbologia e uma ou outra coisa. Não conhecemos os terrenos da escola, isso é inaceitável!"

"Okay, eu vou com vocês," disse Cynthia, lembrando-se da casa na árvore. Não lhes ia dizer que sabia de uma casa na árvore, muito fixe, pois elas iam matá-la por não lhes ter dito antes…

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Jeremy estava sentado na cama da casa na árvore quando uma cabeça morena apareceu na escada de madeira, seguida de outras quatro, de cores diferentes.

"Jeremy!" exclamou a última rapariga a subir a escada. "O que é que estás aqui a fazer?" Era Amanda.

"Bem," começou ele, olhando para Cynthia, "tenho cá vindo… com a Cynthia."

"O quê?" perguntou Natasha, olhando para Cynthia. "Porque é que não nos falaste da casa? Ela é fantástica, como é que a pudeste esconder de nós?"

"Eu…" Cynthia sabia que elas tinham razão, mas tinha sido Captain Dolphin quem lhe tinha contado sobre a casa, e ela não podia contar a ninguém. Mas como explicar isto às suas amigas? "Eu vim cá há uns meses, no início do ano. Esqueci-me dela porque começa a ser aborrecido quando se cá vem com frequência." Era a melhor desculpa que ela podia arranjar.

"Aborrecido? Como é que chamas a isto aborrecido?" Amanda perguntou, olhando para o telhado da casa, que tinha algumas folhas de árvore. "Isto é fantástico!"

"Sim," Jeremy pareceu concordar, "nós viemos cá há algum tempo e quase nos esquecemos disso. Foi agora que me lembrei e subi a escada." Ele estava a tentar mudar o assunto para que as outras raparigas não perguntassem a Cynthia porque é que não lhes tinha falada da casa na árvore.

"Oh, por falar nisso," começou Cynthia; era o momento que ela estava à espera para conversar com Jeremy, não podia haver melhor momento, "queria falar com o Jeremy esta manhã. Podiam-nos deixar sozinhos?"

Natasha ia perguntar qualquer coisa, parecia a Cynthia, mas Amanda interrompeu-lhe os pensamentos. "Okay," disse ela. "Vamos procurar outros sítios fixes. Vemo-nos mais tarde."

Cynthia e Jeremy viram-nas descer a escada e, quando já não havia sinais das raparigas, Cynthia virou-se para Jeremy. "Temos de falar." Não era uma pergunta; ele não poderia dizer que não queria naquele momento, pois ela não deixaria.

Os seus olhos brilhavam. Cynthia parecia diferente da noite do baile de Halloween. "Tudo bem," disse ele, sentando-se na cama de madeira à espera de que ela falasse.

Cynthia preparou-se mentalmente para lhe contar tudo.

"Vou tentar contar-te tudo sobre ti e a Artio e o que aconteceu," começou ela. "Artio foi o alvo de um feitiço Contrulacus que lhe foi lançado por Patrick que, na realidade, eras tu."

"Eu?" perguntou ele, não percebendo nada, nem porque não se lembrava disso.

"Sim, deixa-me continuar," disse ela. "Alguém lançou um feitiço em ti, depois foste ter com a Artio e deste-lhe uma bebida, que tinha a poção do feitiço. Como também eras o alvo secundário ficaste em perigo tanto quanto ela."

Jeremy olhava para ela e escutava as suas palavras como se fosse um conto. Os seus olhos diziam que a história não era verdadeira mas, bem, ele amava Cynthia e por isso faria tudo aquilo que ela lhe pedisse.

"O Captain Dolphin explicou-me aquilo que tinha acontecido a vocês os dois e, como a pessoa que vos lançou o feitiço podia controlar a Artio, isso também te podia afectar. Por isso ele pediu-me para aprender um feitiço para quebrar aquele que vos tinha sido lançado, e que também quebraria o feitiço Controlactus da Artio."

"Então estávamos os dois a ser controlados?" perguntou Jeremy.

"Sim, de certo modo. Tu não estavas mas podias estar, a qualquer momento que essa pessoa quisesse. Eu concordei com o que o Captain me pediu, eu ia ajudá-lo a quebrar os vossos feitiços. Mas ele não sabia, quero dizer, ele não sabe que tu e a Artio estão apaixonados." Ela olhou para ele de relance para ver se ele ainda estava a ouvir. "Tinha de ganhar pontos que ia trocar na biblioteca pelo livro de feitiços. O Captain Dolphin queria que eu fizesse tudo sozinha; não me queria ensinar o feitiço porque se alguém descobrisse, ele nunca seria visto como quem me tivesse ajudado. Se alguém descobrisse, a responsabilidade ia-me cair nos ombros."

"Mas a ideia foi dele, não foi?" perguntou Jeremy.

"Sim. Bem, tu e a Artio têm andado a mandar corujas um ao outro há mais de dois meses; pensava que estava tudo bem convosco. Um dia em Setembro a mãe da Artio apareceu na academia."

Ele ergueu uma sobrancelha. "Como?"

"Ela é um Animagus, um Glumbumble."

"É ela o Glumbumble que a Amanda te ofereceu?" perguntou ele.

"Sim, ela disse-me que a Artio estava em perigo porque é ela que tem o artefacto Lusitania, que nasceu com ela -"

"O quê?" perguntou ele, surpreso. "Ela é a tal? Lusitania está com ela?" Ele sabia tanto acerca do artefacto como os outros alunos. Tinha ido às aulas de História da Magia e tinha prestado atenção ao assunto.

"Sim, é por isso que ela está em perigo; é por isso que ela foi o alvo do feitiço, e tu também. O poder do artefacto pode ajudar o Senhor das Trevas a regressar, se os Death Eaters o tirarem da Artio, quero dizer, se eles matarem a Artio." Uma lágrima surgiu no seu olho direito. Cynthia aguentou-a; não iria chorar.

"Não acredito nisto!" disse ele. "Estás a dizer que eu fui o namorado da dona do Lusitania? Oh meu Deus!"

"Sim, tu és o namorado dela," disse Cynthia, com especial ênfase em 'és'. "Jeremy, ela ama-te. Tenho a certeza de que também a amas, mas não te lembras… Ela precisa de ti, não sabe nada disto, nem do artefacto ou da lenda…"

"Sim, eu sei, já disseste," disse Jeremy.

"Sim… deixa-me continuar. Antes de termos chegado à academia, no navio, a Artio descobriu que os pais se tinham divorciado. Como ela ia viver com o pai, foi para Londres e agora está a estudar em Hogwarts. No último mês a Stella, que é a mãe da Artio, foi à biblioteca e copiou-me o feitiço porque os pontos que ganhei não chegam para levar o livro e, se não aprendesse o feitiço, ias passar o ano todo sob a influência de alguém. Então pratiquei-o durante semanas e quando estava pronta informei o Captain Dolphin. Alguns dias depois, lançámos-te o feitiço, que quebrou os outros feitiços sobre ti e a Artio. Mas ele também se certificou... Oh, não o vou perdoar por isso... Ele fez com que te esquecesses de tudo sobre a Artio."

"O quê?" Ele não podia acreditar no que estava a escutar. "Eu… Eu fui o namorado dela e ele fez com que me esquecesse da Artio?" Jeremy sabia que o Captain não tinha o direito de o fazer mas isso não era o mais importante. Na verdade, ele não tinha uma única imagem da rapariga; para ele, amava apenas uma rapariga, aquele que estava à sua frente. Ele faria tudo aquilo que ela lhe pedisse, estava a fingir estar aborrecido com o que Captain Dolphin tinha feito mas na verdade queria amar Cynthia.

"Sim, fez. Bem, agora já sabes tudo. Agora, percebes porque é que eu fiz aquilo no baile?"

"Sim, claro," disse ele.

"Ainda bem. Agora, tens de escrever à Artio. Ela disse-me que não tem recebido as tuas corujas; ela pensa que a coruja morreu, já que a distância entre as duas escolas é enorme. Na verdade não lhe mandaste nenhuma coruja, e como ela está à espera da tua resposta também não te mandou nenhuma."

"O que é que queres que eu faça? Que lhe escreva?" perguntou ele. "Mas eu não sei nada sobre ela!" ele protestou.

"Eu sei. Na verdade, nós vamos escrever-lhe sempre que for necessário. Eu digo-te o que deves escrever, não te preocupes. Então, vais fazê-lo?" Ela sorriu.

Como poderia ele dizer não àquele sorriso? "Claro."

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Era terça-feira e Artio estava preocupada com Jeremy. Há quase duas semanas que ela não recebia uma coruja dele e agora estava uma a bater na janela. Ela esperava que fosse dele.

Minha querida Artio,

A Cynthia disse-me que não tens recebido as minhas corujas. Peço desculpa, deve ter morrido de cansaço; como sabes as duas escolas estão muito longe. Porque é que não me escreveste a dizer? Não sabia, e estava à espera de uma resposta tua.

Então, como foi a tua semana? Eu fui ao Baile de Halloween. Dancei com a Cynthia, e divertimo-nos. Foi então que ela me contou da coruja que recebeu de ti…

Artio, alguma vez te disse que te amo? Porque amo.

Sinto tanto a tua falta! Quero-te ver nas férias de Natal; temos de conseguir encontrar-nos. Acabei de reparar que não tenho nenhuma imagem tua, quero dizer, não na minha cabeça porque lá dentro estão milhares delas! Podes-me mandar uma fotografia? Pode ser de ti, com ou sem os teus amigos; só quero poder ver-te ao pé de mim…

Espero todos os dias pela tua coruja.

Beijos,

Jeremy

Se Artio soubesse como fora difícil para Cynthia fazer com que Jeremy escrevesse o que ela ditava não teria gostado tanto daquela coruja como gostou.

"Cho!" chamou. "Jeremy escreveu-me finalmente. Ele disse que a Cynthia lhe contou das corujas desaparecidas."

"Que bom. O que mais é que ele diz?" perguntou a rapariga oriental.

"Ele e a Cynthia foram ao Baile de Halloween Ball, divertiram-se, e ele sente a minha falta."

"Oh, ele e a Cynthia?" perguntou Cho. "Eles foram juntos ao baile? Eu tomava cuidado com eles…" Fez uma careta.

"Oh por favor, eu sei que a Cynthia não faria isso." Artio sabia o que Cho Chang queria dizer com aquele 'juntos. "Ela sabe que nós estamos apaixonados."

"Eu sei, só estava a brincar!" disse a rapariga de cabelos negros. "O que mais?"

"Ele quer que eu lhe mande uma fotografia. Sabes de alguém que tenha uma máquina?"

"Talvez," Cho disse, sorrindo.

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Cynthia parecia cansada naquela manhã de Sábado. Não tinha dormido durante grande parte da noite; tinha pesadelos sobre a Artio e um homem cuja cara não era visível. Devia ser a imagem que Cynthia tinha do Senhor das Trevas. Para além disso, ela tinha de inventar cada declaração de amor das corujas de Jeremy, que eram enviadas de quatro em quatro dias, o tempo que cada coruja demorava para ir a Hogwarts e regressar a Lusitania.

Ela já tinha escrito algumas corujas; as férias de Natal aproximavam-se. Embora o clima não permitisse neve no arquipélago dos Açores, os Professores faziam questão de o encantar todos os anos. Não havia Natal sem neve, costumavam dizer.

Mais de vinte dias se tinham passado desde a conversa que ela e Jeremy tinham tido na casa da árvore.

O próprio Jeremy estava apaixonado por Cynthia. A ideia da fotografia não tinha resultado. Cynthia lembrava-se do dia em que Artio enviara a fotografia; aí estavam ela e Cho Chang, a sua melhor amiga em Hogwarts. Por vezes elas voavam nas suas vassouras, praticando para o lugar de Seeker dos Ravenclaw; a rapariga oriental ganhava muitas mais vezes que Artio. Outras vezes Artio surgia sozinha, lendo, cantando…

Jeremy tinha a fotografia. Cynthia certificava-se de que ele olhava para ela nesse dia mas agora duvidava que Jeremy ainda se recordasse do rosto de Artio. As corujas que enviavam eram uma enorme mentira; ele não sentia nada do que estava escrito nas cartas, pelo menos não por Artio, mas por Cynthia.

Ele tentou beijar Cynthia tantas vezes quantas um golfinho salta no mar; ela tinha perdido a conta. Ela nunca o deixou fazê-lo, lembrando-o de que ele amava a Artio. Na verdade, pedindo-lhe para amar Artio. E o mais difícil é que a própria Cynthia sentia algo pelo rapaz, que ele tentava esquecer pelo menos vinte milhões de vezes por dia, mas ele voltava sempre. Ela não o beijaria, seria pior para os três, ela sabia-o, e Artio já sofria o suficiente naqueles dias por causa do artefacto Lusitania; não seria justo se Cynthia tivesse algum tipo de relação com o namorado oficial da sua amiga…

Stella ainda lá estava; Cynthia não sabia como é que ela ainda estava viva, comendo apenas comida de Glumbumble. Ela acreditava que havia mais alguma coisa na academia de que deveria saber e, como sempre dizia que a Artio estava segura sob a protecção de Dumbledore, continuava a viver ali e a conversar com Jeremy e Cynthia. Cynthia contara-lhe que Jeremy sabia de tudo; ela ficara aborrecida mas finalmente aceitara a ideia. E havia ali mais uma mentira: Cynthia fazia questão de que Jeremy perguntasse a Stella todos os dias sobre Artio. A mulher devia pensar que a relação de Jeremy e Artio estava a correr bem.

Andrew ainda ali estava. Infelizmente para ela, ele não tinha desaparecido de Lusitania, o que gerava outro problema para ela: o seu relacionamento. Na verdade Cynthia amava Jeremy e não Andrew, mas Jeremy tinha de amar Artio novamente e Andrew era uma boa carta para ser jogada. Cynthia havia-o beijado algumas vezes, quando Jeremy os podia ver; ela certificou-se disso. Ela estava triste porque também estava usar o Andrew; ela não queria, tal como não queria fazer muitas das coisas que fazia. Ele parecia feliz quando se beijavam, esperando que fosse nessa altura que Cynthia finalmente se decidisse a dizer-lhe a verdade, ou pelo menos aquilo que ele pensava ser a verdade. Ele perguntava-lhe se ela o amava cada vez que tinha essa possibilidade, e todas as vezes ela apenas respondia alguma coisa em código, confusa, sobre as suas dúvidas, a sua idade. Ela normalmente perguntava-lhe se ele não estava feliz com o que tinha. Estava. Então ela dizia que estava também, e que tudo ficava bem tal como estava.

Cynthia lembrava-se de cada mentira que tinha contado, cada acção duvidosa que tinha feito. Ela não era assim. Ela sabia-o há muito tempo, mas tinha de continuar a fazê-lo, a fazer tudo aquilo que era necessário para que Artio ficasse segura e feliz. A mesma pergunta girava na sua mente pelo menos um milhão de vezes por dia: 'Quando é que iria parar de mentir?'

Cynthia estava a viver com um enorme dilema.

Mas agora era altura de acordar e deixar voar os seus pensamentos sobe tudo aquilo.

Monica abriu a sua boca para dizer 'bom dia' quando percebeu que Cynthia estava a acordar. A rapariga brasileira parecia ensonada. Ela e as outras raparigas tinham ido à Sala de Xadrez ou a outra sala vazia para jogaresm xadrez; a Amanda e a Barbara eram boas amigas fora do tabuleiro; tinham bons momentos, partilhando coisas, fazendo os trabalhos de casa juntas. A rapariga Baleia ajudava as Golfinhos muitas vezes; eram boas amigas. Por outro lado, quando ela e Amanda jogavam, parecia que nunca se tinham visto antes; esqueciam tudo e lutavam a sua batalha particular. Monica ainda assistia aos jogos de xadrez, assim como as outras raparigas do grupo excepto Cynthia. Cynthia afastava-se do grupo dia a dia, não percebendo que o estava a fazer, porque precisava de ir à biblioteca, ou para fora do castelo para falar com Stella, ou para ir ter com Jeremy para escreverem as cartas a Artio, ou para estar com Andrew para que Jeremy a esquecesse…

Ela levantou-se e foi para a casa de banho próxima do dormitório. Depois de escovar os dentes, tomou um duche rápido e fez tudo aquilo que uma rapariga de catorze anos faz de manhã.

Quando desceu para tomar o pequeno-almoço na Sala Comum, encontrou Andrew no Salão Principal.

"Hey," disse ele, "dormiste bem?" sorriu.

"Não muito bem," ela respondeu. "E tu?"

"Dormi bem."

Cynthia entrou na Sala Comum; tinha fome. Andrew seguiu-a. Quando entraram, Jeremy reparou que ela estava com Andrew e ficou com ciúmes. O rapaz avançou para a sua própria mesa e Cynthia foi para a mesa dos Golfinhos, onde Jeremy estava, mas não se sentou perto dele.

Depois do pequeno-almoço, quando chegou a hora do correio, uma coruja deixou um pequeno rolo de pergaminho no lugar de Cynthia. Ela abriu-o e leu.

Vem ter comigo à casa na árvore. Não tragas o Jeremy, explicas-lhe tudo mais tarde. Não tenho boas notícias. Despacha-te!

Stella

Cynthia ficou a olhar para as palavras durante algum tempo e depois apercebeu-se de que podia sair naquele momento; era Sábado e não havia aulas.

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Hogwarts tinha acordado com alguma movimentação naquela manhã. A primeira tarefa do Triwizard Tournament seria dentro de alguns dias e havia posições definidas sobre uma grande parte dos alunos.

A própria Artio torcia por Cedric, em parte porque Cho estava apaixonada por ele, mas principalmente porque Harry havia feito a sua marca doer, e ele não gostava nada do Rapaz Que Sobreviveu. Ela ainda creditava que o Cálice de Fogo havia sido manipulado porque o rapaz mais famoso do mundo não tinha sido escolhido para um evento daqueles e tinha de fazer parte dele acima de tudo.

Depois do pequeno-almoço decidiu que tinha de ser nesse dia. Ela tinha de convencer Cho a dar ao seu adorado rapaz a carta que tinha escrito há mais de dois meses.

"Cho, vá lá, o que é que tens a perder?" disse ela.

"O meu orgulho?" perguntou a outra. "Não sei. Artio, não tenho nenhum sinal de que ele goste de mim. O que disseste não é suficiente."

"O quê?" Aquela era uma boa oportunidade. Ia resultar. "Não acreditas no que eu digo? Eu reparei na maneira como ele olhava para ti na outra noite. Eu vejo como ele olha para ti todos os dias. Se ele não está apaixonado por ti, então sabe fingir. Deve ter pertencido a um grupo de teatro!"

"Não é que não acredito em ti, acredito -"

"Então…? Está decidido, entregas-lhe a carta, okay?"

A outra rapariga sorriu, ela queria fazê-lo muito mais do que Artio; ela realmente amava o rapaz, mas morreria se ele lhe dissesse 'não'. Esse era o problema.

Após algum tempo recordando-se do seu rosto, ela disse, "okay."

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Cynthia saiu do castelo, certificando-se de que Jeremy não a tinha visto.

Antes de chegar à casa na árvore, quase no meio do caminho entre a árvore e o castelo, encontrou Carldonne.

"Hey," comprimentou-o, "como estás?"

Ele não parecia bem. "Porreiro," foi a palavra que lhe saiu mas os seus olhos mostravam outro sentimento. Cynthia percebeu-o mas como não tinha tempo para falar com ele disse apenas, "Vemo-nos mais tarde."

Ela pensou que devia ser qualquer coisa entre ele e Anaras. Eles não tinham andado muito bem ultimamente embora Cynthia tenha feito tudo o que podia para os ver felizes.

Na casa da árvore Stella, ainda na sua forma Animagus, esperava por ela, pensando que talvez se tivesse perdido…

Quando Cynthia subiu a escada Stella transformou-se em humana; agora estava segura, ninguém a veria como humana.

"Finalmente apareceste," disse furiosamente. "Sabes como foi difícil para mim esperar que viesses?"

"Sim," a rapariga pareceu concordar, "mas não tive possibilidade de vir antes."

"Não tenho boas notícias." A mulher loira olhou-a nos olhos, certificando-se de que ela estava preparada para escutar.

Cynthia acenou como indicação para a mulher falar, e foi isso o que ela fez.

"As coisas não estão a correr como eu tinha planeado," começou. "Hogwarts não é o local mais seguro para Artio agora."

"Mas como? Tinhas-me garantido que era -"

"Era; já não é. O pai dela não a pode encontrar ali, eu sei disso, mas -"

Cynthia não compreendia. "Então como é que ela está em perigo? Se ele não a pode alcançar não há problema…"

Stella sorriu. "É mais complicado do que pensas. Eu também pensava assim, e isso modificou completamente a minha vida… não havia problema se fosse apenas o Senhor das Trevas a poder feri-la."

"O que é que queres dizer?" perguntou Cynthia. "O que é que queres dizer com apenas?"

"Quero dizer isso. Artio não está segura em Hogwarts. Descobri isso há algumas horas, não importa como. Dumbledore aceitou-a na escola porque aí podia vigiar o que ela faz. Mas não é suficiente, não para ele. Ele quer ter  certeza de que Voldemort nunca obterá Lusitania."

"Como? O que é que ele vai fazer?"

"Ele… ele vai matar Artio, e depois vai retirar-lhe o artefacto e guardá-lo."

"Não acredito!" Cynthia estava algo… enojada. "Como é que ele pode fazer isso? É suposto que ele proteja as pessoas do Lado Negro, e não matá-las!"

"Eu sei, mas lembra-te… se ele matar a Artio ele está a proteger as pessoas do Lado Negro!"

Cynthia não conseguia compreender como Stella, a mãe da Artio, podia dizer aquilo, como se matar Artio fosse o mesmo que matar uma mosca…

"O que é que posso fazer?" perguntou.

Stella olhou para Cynthia; a rapariga era esperta. "Como é que sabias que eu te ia pedir para fazeres alguma coisa?"

"Bem… é fácil. Não me contavas essas coisas se eu não tivesse de as saber, o que quer dizer que tenho de fazer alguma coisa. Certo?"

"Certo. Temos de a salvar de Dumbledore. Agora ela está no meio do ano, mas posso pedir ao meu advogado para falar com Archibald e pedir para que Artio venha viver comigo, e estude aqui na academia Lusitania."

Os olhos de Cynthia brilharam de alegria. Seria óptimo. "Adorava ter a Artio aqui na academia, seria divertido! O que é que tenho de fazer?"

"Temos de esperar pelas férias de Natal. Eu sei que Dumbledore está a planear fazê-lo no princípio do Ano Novo, o que quer dizer que ela está segura agora… Eu sei que Archibald lhe contou a minha mentira. A Artio não gosta tanto de mim agora porque ele lhe disse que o divórcio foi culpa minha. Mas tenho a certeza que ela vai querer passar as férias comigo… porque tu vais lá estar!"

"Vou?" perguntou Cynthia.

"Sim, era isso que eu te ia pedir. Vem passar as férias de Natal na minha casa, vais ver a Artio-"

"Claro, sim, vou." Ela não tinha dúvidas.

"Óptimo!" disse a mulher. Então ela sorriu a Cynthia e voou para longe, depois de se transformar num Glumbumble.

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"Hey."

Cynthia virou-se assim que ouviu a voz atrás dela. Era Andrew.

"Olá," respondeu.

"Não te via desde Sábado. O que aconteceu?" perguntou.

"Nada," respondeu ela. Era verdade. Ela finalmente tinha dito qualquer coisa que era mesmo verdade!

"Então o que é que te tem ocupado tanto?"

Aquela quinta-feira tinha sido algo complicada: Jeremy tinha tentado beijá-la de manhã; Monica tinha tido um acidente depois de almoço, partindo o tornozelo, e estava naquele momento na Ala Hospitalar. Duas horas antes, Stella tinha-lhe dito que tinha acabado de enviar uma carta ao pai da Artio, que deveria chegar a Londres em dois dias; e a coruja da Artio tinha acabado de chegar dez minutos antes, relatando a primeira tarefa do Triwizard Tournament…

"Muitas coisas," ela respondeu finalmente. Ele gostaria de uma resposta simples, e aquela era a mais simples em que ela havia pensado.

Andrew era sempre tão simpático, e realmente gostava dela, mas ela não o amava, e não o via senão como amigo. Ela sabia que ele merecia que ela o amasse; ele era a pessoa mais fantástica que ela conhecia e não queria vê-lo triste.

"Oh." Ele sabia que ela não queria explicar sobre essas muitas coisas, por isso não insistiu.

"Tenho de ir à Ala Hospitalar," disse ela. "Queres vir comigo?"

"Sim," foi a resposta. Ele não perguntou porquê ou quem lá estava, simplesmente iria a qualquer lugar onde ela quisesse que ele fosse.

No terceiro andar, Monica estava deitada numa cama. Quando eles entraram, ela virou-se na sua direcção. "Hey, finalmente aparece alguém para me ver!" disse.

"Bem," começou Cynthia, "eu pensei que a Amanda estava aqui contigo, e depois a Natasha, elas disseram-me que vinham cá -"

"Sim, sim, elas vieram, no século passado…" ela sorriu. "Isto é chato aqui. Quero melhorar depressa!"

"Eu espero que melhores depressa! Madame Shalbourn vai arranjar o teu tornozelo com um feitiço ou vais ter de ficar aqui e esperar que melhore?"

"Não, ela já realizou o feitiço, o meu tornozelo já está quase bom. Só dói um pouquinho. Vou ficar aqui até amanhã para observação."

"Oh, deve ser aborrecido." Andrew finalmente abriu a boca.

"É," Monica concordou.

"Então… queres que te traga alguma coisa?" perguntou Cynthia.

"Ah, se não te importares…" ela sorriu maldosamente, "err, eu assinei a revista TeenWizard… deve ter chegado esta manhã. Podes ir ver ao dormitório se alguém a tem?"

"TeenWizard?" Cynthia não conhecia aquela revista.

"Sim, não é muito popular… mas tem muitos garotos bonitos!"

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Ilha Sitnalta, 30 de Novembro de 1994.

Hoje foi o caos. As segundas-feiras não têm muitas aulas; pelo contrário, temos as manhãs livres… Não foram as aulas, foi… Jeremy.

Eu ando a evitá-lo mais do que nunca. A Artio escreve-lhe mas acho que sou a única que lê as corujas dela. Denste modo ele nunca a vai amar, nunca! Eu contei-lhe o que a Stella me disse; ele concordou em vir comigo mas apenas por minha causa, e não por Artio. Acho que ela vai perceber que ele já não a ama.

Porque é que o Captain Dolphin tinha de lançar aquele Obliviate? Bolas!

A Monica está bem agora, parece que nada lhe aconteceu… Não preciso de falar da Amanda; se tivesse de a tratar por um nome de código, teria de ser 'peão'.

O Andrew encontrou-me ontem. Divertimo-nos um bocado. Mostrei-lhe a casa na árvore; achei que ele merecia a descoberta. Não deixei que ele me beijasse.

Cynthia T.

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O terceiro dia de Dezembro foi frio; o feitiço de neve ainda funcionava, e agora estava quase sempre a nevar, excepto nos campos de Quidditch, devido às lições de Voo.

Era quase hora de jantar, e Cynthia descia as escadas com as suas amigas.

Anaras lia um livro na Sala Comum. Na realidade, ela estava a olhar por cima do livro, à espera de ver sair as raparigas do primeiro ano.

Quando o outro grupo de raparigas também saiu, ela dirigiu-se ao dormitório das raparigas do primeiro ano. Como esperava, não se encontrava lá ninguém.

Ela tinha de agir depressa.

Após procurar durante algum tempo, finalmente encontrou-o. Tinha uma capa azul e na frente estava escrito Diário.

Ela pegou-lhe e saiu do dormitório, no momento certo; quando entrou na Sala Comum Susan Amparo surgiu do corredor. Devia ter-se esquecido de alguma coisa porque saiu após alguns segundos e voltou para fora.

Anaras entrou no seu próprio dormitório, guardou aí o livro e desejou que Cynthia não viesse a querer escrever nessa noite. Então desceu e juntou-se aos outros para jantar.

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Cynthia acordou cedo nessa manhã; are a primeira vez que ela acordava tão cedo num domingo.

Depois de ir à casa de banho e arranjar-se, preparava-se para ir tomar pequeno-almoço quando uma coruja entrou pela janela da sala comum.

Encontravam-se lá apenas cinco pessoas do quinto ano. Pareciam ensonados porque tinham estado a estudar a noite toda. Cynthia olhou brevemente para eles e regressou à carta.

Querida Cynthia,

Os meus exames já começaram; tenho alguns minutos livres de uma pausa nos estudos por isso escrevi-te esta carta.

O Jeremy é tão querido! Ele manda-me citações de livros românticos, frases que acho lindas. E ainda por cima diz que foi ele quem as inventou! Tenho de confessar que li todos os livros que ele citou. Bem, o que conta é a intenção.

Os meus treinos com a Cho pararam por agora, devido aos exames. Ela não tem coragem de dizer ao Cedric Diggory que gosta dele. Tento convencê-la a fazê-lo todos os dias mas ela não quer…

E tu? Contaste-me das tuas amigas por aí… algum rapaz? Tenho a certeza que sim!

Tenho de voltar para os estudos. Volto a escrever quando chegar a tua coruja.

A tua amiga,

Artio Sperios

Cynthia estava furiosa. Que manhã terrível! Ela nem devia ter-se levantado…

A Artio disse que conhecia todas as citações das cartas de Jeremy! Bolas, tinha sido tão difícil para Cynthia encontrar aquelas citações para reescrever as cartas de Jeremy!

Ela escreveu uma nota rápida para enviar a Artio. As palavras talvez não fizessem sentido mas ela não se importava.

Depois de tomar o pequeno-almoço dirigiu-se ao corujal e escolheu outra coruja para fazer a viagem a Hogwarts.

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Cynthia não foi a única a acordar cedo naquele Domingo. Anaras tinha acabado de ler o diário de Cynthia. Tinha muitos segredos; Captain Dolphin tivera razão quando lhe pedira para o conseguir. Depois de tomar pequeno-almoço, dirigiu-se ao escritório dele, onde agora se encontrava.

"Já o li," disse Anaras. "Ela escreveu muitas coisas interessantes." Ela pegou no diário e colocou-o na sua secretária.

Ele pegou-lhe e começou a ler. Deve-se aborrecer de certeza, pensou Anaras. Ela tinha demorado quase três dias a lê-lo…

"Chamo-te quando acabar de o ler," disse ele, sem retirar os olhos das páginas amarelecidas.

Ela saiu e dirigiu-se aos campos. O mar não estava calmo; Decembro era um mau mês para a pesca, devido ao vento, chuva e trovoada…

Dentro de duas horas, ela iria receber uma coruja para regressar ao seu escritório, e depois regressaria triste, irritada, cansada, e sentindo-se culpada.

Embora fosse verdade, se alguém lhe tivesse dito aquilo naquele momento, não iria acreditar…

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Cynthia encontrara Carldonne alguns dias antes; as coisas entre ele e Anaras não estavam nada bem.

Carldonne pensava que Anaras estava a agir de forma estranha nos últimos meses; sentia-se cansada e assustava-se sempre que algum outro aluno estava perto deles.

Ele amava Anaras, e ela a ele; ela devia ir ter com ele se tivesse algum problema, e teria a certeza de que ele aceitaria.

E foi o que ela fez.

Aquela linda tarde de neve de Dezembro tornou-se muito triste para ambos e para outras pessoas.

Depois de a abraçar durante quase dez minutos ele finalmente perguntou-lhe o que é que se passava.

Ela não consegiu responder, porque estava a chorar.

Após algum tempo, depois de acalmar, abriu a boca.

"A culpa é toda minha," disse.

"O que aconteceu? O que é que foi culpa tua?" perguntou Carldonne.

"Artio. A tua prima está em perigo e eu não pude evitar. Eu ajudei-o a fazê-lo! Meu Deus, onde é que eu estava com a cabeça quando o fiz?"

"Quem? Quem é que vai fazer mal à Artio? O que é que fizeste?"

"Captain Dolphin." Ela finalmente dissera as palavras.

Carldonne olhou para ela sem conseguir pensar. Ele não podia acreditar que Captain Dolphin, 'aquele que nunca estava triste,' tinha feito alguma coisa à sua prima. Ela tinha-lhe escrito alguns dias antes; tudo parecia estar bem.

"Podes-me contar tudo, ponto por ponto?" Era a única maneira de conseguir compreender o que Anaras queria dizer.

"Artio possui o artefacto Lusitania," disse ela. "Nós aprendemos sobre isso no ano passado em História da Magia, lembras-te?"

"Sim."

"E sabes sobre a lenda, certo? Os seguidores de Voldemort querem matar Artio e obter Lusitania. Se o fizerem, vão fazer com que ele regresse e o mundo mágico vai ser destruído. Ela não tem força suficiente para confrontar os Death Eaters."

"E o que é que o Captain Dolphin fez?"

"Ele lançou um feitiço no Craig, no navio, e inventou qualquer coisa sobre um feitiço e Patrick… foi tudo obra dele. Com isso, o rapaz fez com que Artio ficasse sob o controlo do Captain Dolphin. Eu ajudei-o, porque ele disse que seria bom para ti, já que a tua prima deixava de estar em perigo. Ele prometeu-me que não iria fazer nada com ela, só queria ter a certeza de que a poderia controlar se alguém a atacasse."

Ela fez uma pausa e depois continuou, "Há mais de um mês ele percebeu que o rapaz, que se chama Jeremy, não devia ser alvo de qualquer coisa que acontecesse a ela. Como eles tinham um elo por causa do incidente do Patrick, o Captain Dolphin convenceu a Cynthia a lançar outro feitiço no Jeremy. E ela fê-lo, com a ajuda dele. O Captain Dolphin perdeu o controlo da Artio porque quebrou o feitiço do rapaz mas pensou que seria melhor; se alguma coisa lhe acontecesse agora, ele não iria perceber. Ele também fez com que ele se esquecesse de todas as recordações que tinha dela. Pensava que estava tudo bem, e ele também. De repente, há uma semana atrás, ele pediu-me para ir procurar algum tipo de memória escrita por Cynthia; tinha a certeza de que havia algo que não sabia."

"O que é que fizeste?"

"Fiu até ao dormitório das raparigas do primeiro ano e tirei-lhe o diário; ela tinha mesmo um. Li-o e descobri que o Jeremy estava apaixonado pela Artio. Isso era uma novidade, e o Captain Dolphin não sabia. O feitiço que o Captain lhe lançou fê-lo esquecer-se da Artio e depois a Cynthia teve muito trabalho para resolver isso; ela escreveu no diário que tentou fazer com que o Jeremy voltasse a gostar da Artio mas sem sucesso. No diário também fala da mãe da Artio, que está algures na academia. Eu contei isso ao Captain Dolphin, e ele ficou aborrecido."

"A minha tia?" perguntou Carldonne, "Stella?"

"Sim. Ela está algures em Lusitania. É um Animagus, um Glumbumble. Agora, o Captain Dolphin sabe que Dumbledore, o director de Hogwarts, quer tirar Lusitania a Artio. O plano é matá-la e levar o artefacto para um local seguro, onde os seguidores de Voldemort não o possam obter. Eles também planeiam atacar a Artio por isso o Captain não sabe quem a vai apanhar primeiro."

Ela começou a chorar de novo. Carldonne abraçou-a.

"Carldonne, eu… o Captain Dolphin vai apanhá-la, ele…"

As lágrimas caiam como chuva. Ela não conseguia continuar a falar do destido de Artio como fizera. Carldonne estava preocupado com o que poderia acontecer a Artio mas respeitou os sentimentos de Anaras e não lhe perguntou nada. Ela sabia que ela falaria quando pudesse, pelo que se limitou a abraçá-la a e confortá-la.

Agora ele compreendia porque é que ela tinha andado tão estranha naqueles últimos meses; tinha estado a ajudar o Captain Dolphin a fazer algo horrível.

"Ele mesmo vai matar a Artio," disse ela. Carldonne olhou para ela, fazendo um esforço para fazer apenas isso, sem fazer perguntas. "Ele… ele disse-me que a Artio seria morta pelos Death Eaters ou por Dumbledore. Ele disse que iria acontecer, mais cedo ou mais tarde. É o destino de Artio… Por isso ele decidiu que, se ela iria morrer de qualquer modo, pelo menos o artefacto Lusitania devia regressar à academia. Ele próprio faria a tarefa, se isso significasse que Lusitania estaria no seu devido lugar, dentro daquele castelo," ela levantou a mão, apontando o dedo à entrada do castelo.

Carldonne chorava; a sua namorada tinha passado por tudo aquilo sozinha. Ele tinha estado afastado dela; não lhe tinha perguntado o que se passava. Ele simplesmente não gostava da maneira como ela estava a agir e não tinha feito nenhum esforço para falar com ela. A culpa também era dele.

"Quando é que ele o vai fazer?" Carldonne finalmente perguntou.

"Foi-se embora. Não sei onde é que ele está agora."

"temos de avisar a Cynthia. Como disseste, ela sabe sobre a minha tia Stella. Elas devem ter alguma ideia."

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"Eu sabia que ele ia descobrir," disse Stella. "Só não esperava que o fizesse! Oh meu Deus!"

"Não pode ser verdade," disse Cynthia. "Ele disse-me que ia lançar o feitiço no Jeremy para que eles deixassem de estar em perigo! O que é que fazemos agora?"

"Temos de avisar… Gilbert." Stella não queria falar com ele mas não tinha outra escolha.

"E se pedirmos ao tio Archibald para enviar uma coruja a Hogwarts pedindo para que a Artio saia antes das férias de Natal?" perguntou Carldonne.

"Não!" Stella interrompeu-o. "Archibald… nem pensar. Não quero falar com ele, não quero ter de lhe explicar tudo. Ele não me vai perdoar."

"Devia ter-vos falado dos planos do Captain Dolphin antes! A culpa é minha!" Anaras não se conseguia perdoar a si própria; estava a comportar-se como um elfo doméstico.

"Não, ele avançaria com o seu plano de qualquer maneira, mesmo se não o tivesses ajudado." Stella não queria que Anaras se sentisse culpada.

"Stella, acho que devíamos avisar Mr. Sperios," disse Cynthia, "e Jeremy. Talvez ele nos possa ajudar de qualquer maneira. A Artio ama-o."

"Por favor, não," Stella pediu a Cynthia.

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Gilbert Stormd'sky mostrou-se pronto para ajudar. A sua paixão pela mãe da Artio tinha sido mais do que isso, para ele. Quando viu quem tinha assinado a carta limitou-se a concordar.

O plano de Stella era, na primeira fase, tentar descobrir onde estava Robin Stormd'sky. Era esse o nome que eles – Cynthia, Anaras, Carldonne, Jeremy e Stella – chamavam a Captain Dolphin; sentiam que ele não merecia o título de 'captain'.

A Professora Shayra disse a toda a escola que não iriam ter aulas de Astronomia durante um período incerto. Cynthia escutou-a sem dizer nada. Suspeitou que a Professora Shayra não sabia onde o irmão estava, e de qualquer maneira não devia saber de nada relacionado com a Artio.

Aquela semana tinha passado depressa. A escola estava a chegar ao fim do semestre, o que significava exames finais. Cynthia não teve notas muito más, embora soubesse que podia ter feito melhor. Natasha ajudara-a muito, tal como as outras Golfinhos.

O início da Segunda semana de Decembro foi mais calma que a anterior em termos de trabalho escolar e exames. Mas na terça-feira descobirram algo horrível. Mr. Sperios enviou uma coruja a Cynthia dizendo que Artio tinha ido para Portugal, para passar as férias de Natal com a sua mãe. Na verdade, Stella tinha pedido a Archibald para deixar Artio ir para Portugal, tal como tinha pedido a Cynthia, mas o problema era que Stella não tinha dito mais nada sobre isso a Archibald. Ela pensava que Artio ainda estava na escola.

Alguém tinha forjado as cartas de Stella a Mr. Sperios. Em nome de Stella, Archibald e outra pessoa combinaram todos os detalhes da viagem de Artio a Portugal. Ele mandou uma coruja a Cynthia informando-a de que Artio já lá estava, mas não estava a enviar corujas como era normal.

Estas notícias criaram uma autêntica revolução no 'Grupo de Resgate' e entre os outros alunos e funcionários da acedemia. Começaram a fazer as malas e a perpararem-se para partir no primeiro navio para os Açores. Ninguém percebia porque é que eles, principalmente os quatro alunos, se iam embora no navio Lusitania mais cedo que ou outros. Como os exames já tinham terminado não tiveram problemas em obter permissão da Professora Professor Shayra e do Captain Shark para irem. Quando chegaram ao arquipélago dos Açores, apanharam um avião Muggle e voaram para Portugal.

O avião era uma coisa estranha. Cynthia sabia que era muito mais rápido que viajar de vassoura mas a maneira mágica era muit mais excitante. A viagem demorou quase três horas, pois teve alguns problemas com o tempo.

Ela não fazia a mínima ideia do que iriam fazer, ou onde ficariam. Cynthia limitava-se a seguir as ordens de Stella, confiava nela.

Quando chegaram ao aeroporto, em Lisboa, Gilbert Stormd'sky esperava por eles. Ele parecia estranho vestido em roupas Muggle.

Ele abraçou Stella e depois cumprimentou os estudantes. Seguiram-no. Apanharam um autocarro até um edifício velho, que estava vazio. Ele tinha lá deixado o seu dragão.

"Estive em Itália nestas últimas semanas. Se tivesse estado em casa, nos Açores, podiam ter vindo comigo mas não consegui lá chegar," explicou. "Como foi com a máquina voadora?"

"Não muito bem," disse Stella. "Estou muito preocupada… Sabes onde ele está?"

Cynthia suspeitou que 'ele' fosse Robin Stormd'sky, irmão de Gilbert.

"Tenho uma ideia. Vamos."

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Uma gaiola num dragão voador parecia fabulosa à primeira vista mas tornava-se aborrecida se alguém lá ficasse dentro por seis horas, especialmente, se estivessem seis pessoas lá dentro.

Eles sobrevoaram Portugal até chegarem às montanhas, perto de Espanha.

"Nascemos nesta região," disse Gilbert. "Sei de um sítio onde Robin se pode ter escondido de nós. Lamento dizer que ele forjou as tuas cartas," ele olhou para Stella, "e que a Artio deve estar com ele…"

Os olhos de Stella encheram-se de lágrimas; esperava que ele não tivesse feito nada à sua filha.

Eles deixaram o dragão e avançaram alguns metros na direcção das rochas, para o que parecia ser uma caverna.

Entraram na escuridão do lugar e os quatro estudantes murmuraram, "Lumos!"

A caverna era bastante grande. Quando viraram a esquina dentro de um 'edifício' de pedra, viram o que restava de uma luz verde.

Temendo o pior, começaram a correr em direcção à luz.

"Ele pode fugir pela outra entrada," disse Gilbert.

De facto, quando chegaram à frente ouviram algumas vozes pronunciando vários feitiços; então alguém disse 'para cima!' e desapareceu com o som de uma vassoura voando perto de uma árvore.

[Nota do Autor: a próxima cena pode ser perturbadora para algumas pessoas, por isso se tiver um coração sensível, não leia os próximos parágrafos]

Era um cenário devastador; dois corpos sangrentos estavam deitados na rocha, que também estava cheia de sangue.

Jeremy deu um passo em frente. Ele queria ter a certeza de que aquela era realmente a rapariga da fotografia. O seu cabelo loiro era inconfundível.

"P… Jeremy!" Os seus olhos estavam quase fechados mas ela ainda o viu e murmurou estas palavras com um sorriso. A dor desapareceu quando o viu, o rapaz que amava.

Ele olhou para ela. Tinha a sensação de que a conhecia, mas não a amava, como Cynthia queria. Ele tinha vindo com o 'Grupo de Resgate' apenas porque Cynthia era um membro deste. Ele não tinha vindo por Artio.

Artio sorriu para ele até que os seus olhos perderam a luz.

Os outros estavam agora perto de Jeremy, olhando para o corpo de Artio.

Tinham chegado demasiado tarde.

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Como devem ter percebido não gosto muito de finais felizes…

No próximo capítulo (Epílogo): Será que aconteceu mesmo? Será que a Artio sobrevive? E se sobreviver, como irá Jeremy reagir a isso? Se não sobreviver o que é que eles – o seus pais, irmão e primo, e Cynthia – irão fazer? E quanto ao Captain Dolphin? Será que morreu?

Fiquem à espera do Epílogo, que virá em breve.

Seja um leitor responsável, comente este capítulo. Obrigado por ler.

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Nota do Autor: OBRIGADÃO à Nentari, que traduziu este capítulo para mim! Beijos!

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