Cap. 4 Fuga
"Eu não vou mais tolerar esse comportamento!!!!Pense bem no que você tem feito, Shion!"-dizendo isso, Sheru-san retirou-se, deixando Shion sozinho.
"Eu vou matar você , aquela vagabunda e o pequeno bastardo que você ajudou a trazer ao mundo, seu desgraçado"- pensou enquanto limpava o sangue que escorria do canto do lábio.
Tentou se erguer, mas o corpo ainda estava dolorido do ultimo "acerto de contas' que havia tido com o pai.
Janken aproximou-se trazendo alguns ungüentos.
"Jovem mestre...você não devia provocar seu pai dessa maneira...sabe que sempre acaba desse jeito."
"Eu não o provoquei...."
"Sabe que seu pai toma como provocação, qualquer um que tente ofender sua esposa...e...ele tem razão, afinal agora ela é a mulher dele!"
"Eu não tenho que obedecer aquela vadia, nem tomar conta daquele bastardo!"
Janken suspirou, sabia muito bem tudo que o menino pensava da nova esposa de Sheru-san...porque o menino era tão cabeça-dura...ele não precisava gostar da mulher, mas podia ao menos fingir ter um pouco de respeito por ela. Pelo menos evitaria os atritos com Sheru-san. E no final das contas, a Sra. Shinobu não era má pessoa. Mas era totalmente inútil tentar usar esses argumentos com o pequeno Shion. Se Sheru -san tivesse um pouco mais de paciência com o garoto, talvez as coisas não tivessem chegado a tal ponto. Mas paciência não era uma das qualidades de Sheru-san, ele estava tão encantado com a esposa e seu filho mais novo que nem percebia o que se passava com Shion.
Janken tinha pena do menino. Sabia como havia sofrido com a morte da mãe, como se sentia solitário e principalmente, como sentia inveja do amor e atenção que Sheru-san dedicava a sra. Shinobu e ao seu novo herdeiro. Ainda que Shion fosse o filho mais velho e herdeiro legitimo de Sheru-san, este não escondia a preferência pelo filho mais novo.
A Sra. Shinobu tentara se aproximar de Shion, no inicio, mas este sempre a repelia com palavras duras e mal-criações. Depois de algum tempo ela desistiu de tentar conquistar a amizade de Shion...agora ela tinha uma criança pequena para se preocupar e proteger.
Anoitecera. Shion não conseguia dormir. Sentia o corpo todo dolorido. Não era a primeira vez e certamente não seria a ultima que estaria em tal situação. Sentia tanta raiva por ainda não ter forças para se defender e revidar a altura. Levantou-se. Caminhou para fora do quarto. Talvez um pouco de ar fresco da noite ajudasse a dissipar a raiva que sentia.
Saiu para fora da casa, em direção do jardim. A noite estava clara. A lua cheia brilhava no céu. Parou ao escutar vozes. Aproximou-se furtivamente para ver quem era. Lady Shinobu sentada junto a pequena fonte e Sheru-san ao seu lado com a cabeça recostada no seu colo.
Tentou ouvir a conversa:
"Cante de novo para mim, Shinobu...adoro ouvir sua voz..."
Ela riu."Não, querido....já estou cansada."
"Só mais uma...por favor..."
"Esta bem...mas tem que me prometer uma coisa...."!
"O que? Peça o que você quiser..."
"Não vai mais bater no seu filho...."
"Você acha que eu gosto de fazer isso??Se aquele pirralho não fosse tão insolente... "
"Não vê que isso só faz com que ele fique cada vez com mais raiva??"
Shion mordeu o lábio com raiva. Desde quando precisava que aquela vagabunda o defendesse??
"Ele tem que aprender a te respeitar!!"- respondeu Sheru-san. "Eu não vou permitir que aquele pirralho, metido a rebelde estrague a nossa felicidade. Ele não tem o menor respeito nem por você, nem por mim. Se não fosse tão teimoso... deve ter puxado o sangue ruim da mãe dele!""
Shion arregalou os olhos e fechou os punhos. "Como ele ousa falar assim da minha mãe?!?!? Maldito!!"
"Como ela era?'- perguntou Shinobu. "Você a amava?"
Sheru-san, suspirou. "Não ... Ela era jovem e bonita, mas eu não a amava. "
"Porque casou com ela então ?"
Sheru-san deu um profundo suspiro. "Eu era jovem também, queria uma esposa, um lar. Ele era só uma órfã em um templo quando a conheci. Era muito bonita. Achei que fosse o suficiente para constituir um lar e uma família. Mas estava enganado. Ela era só uma pobre coitada, uma menina tola que eu deveria ter devolvido aos monges do templo. Quando percebi o erro que cometi, ela já estava grávida do meu herdeiro...Shion...Se eu pudesse mudar o passado...eu queria tanto ter conhecido você antes...então tudo seria diferente. Você teria sido minha primeira e única esposa e nosso filho seria o meu único herdeiro e o único a carregar meu nome."
Shion ouvia tudo se controlando para não explodir. "Maldito!! Maldito!!Maldito!!"Então
era isso??Ele e sua mãe não passavam de um erro para Sheru-san... não significavam nada, além disso....e ele, Shion não passava de uma lembrança incomoda que Sheru-san carregaria para o resto da vida sem ter como se livrar. "Como se eu me importasse com sua maldita herança ou o seu maldito nome!!!Seu desgraçado!!!"
Shion afastou-se controlando as lágrimas. Ouvir aquelas palavras doíam-lhe muito mais do que as pancadas de Sheru-san. Não, ele não iria chorar!! Controlara-se para não chorar após a morte de sua mãe e não seria o miserável do seu pai que iria faze-lo chorar." Maldito!! Maldito!! Fique com essa ordinária e seu maldito bastardo! Eu não preciso de você!! Eu não quero você como pai mais do que você me quer como filho, desgraçado!!! Você não vai ter mais que me agüentar, você nunca mais vai me ver, seu desgraçado!"
Esgueirou-se na noite para fora dos muros da sua casa. Correu pela trilha que levava ao bosque que circundava a aldeia e correu. Correu sem olhar para trás!
Perdera a noção do tempo. Não sabia quanto tempo havia passado desde que abandonara a casa paterna. Apenas havia corrido ate onde suas pernas e seus pulmões haviam agüentado até cair no chão exausto e adormecer no meio da pequena trilha. Acordou com grossos pingos de chuva caindo no seu rosto. O tempo fechado não permitia que fizesse idéia de que horas seriam... Era manhã??? Tarde?? Não fazia idéia, mas o vazio no estomago indicava que fazia muito tempo desde que fizera sua ultima refeição.. Ergueu-se do chão e continuou seu caminho...não fazia idéia onde a trilha o levaria. Não importava, desde que fosse pra bem longe do lugar onde havia nascido e crescido. Continuou caminhando na chuva, sentindo o estomago reclamar de fome. Seguiu a trilha sempre em frente, tentou enganar o estomago com algumas frutas silvestres que encontrava pelo caminho. Começou a pensar se havia sido uma boa idéia fugir daquele jeito! Será que alguém teria percebido sua ausência??? Mandariam procura-lo? Alguém realmente se importaria se ele desaparecesse pra sempre?? O que aconteceria se ele voltasse?!?!?!
"Não!!! Voltar nunca!!!Nunca!!!Seria preferível morrer de fome e frio pelo caminho do que voltar para aquele inferno em que vivia!!"
A chuva havia cessado quando percebeu os contornos de uma aldeia ou cidade, não sabia dizer...não conhecia quase nada fora dos portões da casa onde havia sido criado. Suspirou aliviado sem saber porque. Que diferença fazia afinal? Não tinha dinheiro nem ninguém conhecido, tanto fazia pra ele estar no meio de uma floresta ou cidade, continuava sozinho e abandonado sem ter para onde ir. Mal sentia suas pernas, tremia de frio e sentia a sua garganta seca e dolorida. Daria qualquer coisa por um pouco de água e uma cama quente.
Aproximou-se de uma das casas e tentou abrigar-se nos entulhos recostados numa das paredes onde voltou a adormecer. Voltou a despertar com um borburinho... .amanhecera e Shion pode perceber um grande movimento de pessoas perto do local onde se refugiara. Levantou-se e pôs-se a andar meio cambaleante, ainda delirando de febre, sem rumo no meio da multidão do que parecia ser um feira. As pessoas iam e viam sem parecer nota-lo.
"Abram passagem para o Shogun Yoshi"- ao ouvir esse anuncio a multidão se afastou deixando que passasse uma grande comitiva de homens a pé, cavaleiros, todos protegendo uma carruagem, onde provavelmente viajava o Shogun.
A guarda pessoal do Shogun afastava a multidão da carruagem. Quando finalmente o séqüito passou, alguns samurais ficaram para trás, misturados ao povo aparentemente procurando por algo ou alguém. Shion estava muito febril para prestar atenção ao que estava acontecendo, apenas viu que homens armados em meio ás pessoas comuns que se afastavam assustadas. De repente sentiu ser puxado por mãos fortes e ouvir uma voz zangada dizer:
"Onde você se meteu moleque? Me fez procurar por você a manhã toda?!?!"
"Eu não vou mais tolerar esse comportamento!!!!Pense bem no que você tem feito, Shion!"-dizendo isso, Sheru-san retirou-se, deixando Shion sozinho.
"Eu vou matar você , aquela vagabunda e o pequeno bastardo que você ajudou a trazer ao mundo, seu desgraçado"- pensou enquanto limpava o sangue que escorria do canto do lábio.
Tentou se erguer, mas o corpo ainda estava dolorido do ultimo "acerto de contas' que havia tido com o pai.
Janken aproximou-se trazendo alguns ungüentos.
"Jovem mestre...você não devia provocar seu pai dessa maneira...sabe que sempre acaba desse jeito."
"Eu não o provoquei...."
"Sabe que seu pai toma como provocação, qualquer um que tente ofender sua esposa...e...ele tem razão, afinal agora ela é a mulher dele!"
"Eu não tenho que obedecer aquela vadia, nem tomar conta daquele bastardo!"
Janken suspirou, sabia muito bem tudo que o menino pensava da nova esposa de Sheru-san...porque o menino era tão cabeça-dura...ele não precisava gostar da mulher, mas podia ao menos fingir ter um pouco de respeito por ela. Pelo menos evitaria os atritos com Sheru-san. E no final das contas, a Sra. Shinobu não era má pessoa. Mas era totalmente inútil tentar usar esses argumentos com o pequeno Shion. Se Sheru -san tivesse um pouco mais de paciência com o garoto, talvez as coisas não tivessem chegado a tal ponto. Mas paciência não era uma das qualidades de Sheru-san, ele estava tão encantado com a esposa e seu filho mais novo que nem percebia o que se passava com Shion.
Janken tinha pena do menino. Sabia como havia sofrido com a morte da mãe, como se sentia solitário e principalmente, como sentia inveja do amor e atenção que Sheru-san dedicava a sra. Shinobu e ao seu novo herdeiro. Ainda que Shion fosse o filho mais velho e herdeiro legitimo de Sheru-san, este não escondia a preferência pelo filho mais novo.
A Sra. Shinobu tentara se aproximar de Shion, no inicio, mas este sempre a repelia com palavras duras e mal-criações. Depois de algum tempo ela desistiu de tentar conquistar a amizade de Shion...agora ela tinha uma criança pequena para se preocupar e proteger.
Anoitecera. Shion não conseguia dormir. Sentia o corpo todo dolorido. Não era a primeira vez e certamente não seria a ultima que estaria em tal situação. Sentia tanta raiva por ainda não ter forças para se defender e revidar a altura. Levantou-se. Caminhou para fora do quarto. Talvez um pouco de ar fresco da noite ajudasse a dissipar a raiva que sentia.
Saiu para fora da casa, em direção do jardim. A noite estava clara. A lua cheia brilhava no céu. Parou ao escutar vozes. Aproximou-se furtivamente para ver quem era. Lady Shinobu sentada junto a pequena fonte e Sheru-san ao seu lado com a cabeça recostada no seu colo.
Tentou ouvir a conversa:
"Cante de novo para mim, Shinobu...adoro ouvir sua voz..."
Ela riu."Não, querido....já estou cansada."
"Só mais uma...por favor..."
"Esta bem...mas tem que me prometer uma coisa...."!
"O que? Peça o que você quiser..."
"Não vai mais bater no seu filho...."
"Você acha que eu gosto de fazer isso??Se aquele pirralho não fosse tão insolente... "
"Não vê que isso só faz com que ele fique cada vez com mais raiva??"
Shion mordeu o lábio com raiva. Desde quando precisava que aquela vagabunda o defendesse??
"Ele tem que aprender a te respeitar!!"- respondeu Sheru-san. "Eu não vou permitir que aquele pirralho, metido a rebelde estrague a nossa felicidade. Ele não tem o menor respeito nem por você, nem por mim. Se não fosse tão teimoso... deve ter puxado o sangue ruim da mãe dele!""
Shion arregalou os olhos e fechou os punhos. "Como ele ousa falar assim da minha mãe?!?!? Maldito!!"
"Como ela era?'- perguntou Shinobu. "Você a amava?"
Sheru-san, suspirou. "Não ... Ela era jovem e bonita, mas eu não a amava. "
"Porque casou com ela então ?"
Sheru-san deu um profundo suspiro. "Eu era jovem também, queria uma esposa, um lar. Ele era só uma órfã em um templo quando a conheci. Era muito bonita. Achei que fosse o suficiente para constituir um lar e uma família. Mas estava enganado. Ela era só uma pobre coitada, uma menina tola que eu deveria ter devolvido aos monges do templo. Quando percebi o erro que cometi, ela já estava grávida do meu herdeiro...Shion...Se eu pudesse mudar o passado...eu queria tanto ter conhecido você antes...então tudo seria diferente. Você teria sido minha primeira e única esposa e nosso filho seria o meu único herdeiro e o único a carregar meu nome."
Shion ouvia tudo se controlando para não explodir. "Maldito!! Maldito!!Maldito!!"Então
era isso??Ele e sua mãe não passavam de um erro para Sheru-san... não significavam nada, além disso....e ele, Shion não passava de uma lembrança incomoda que Sheru-san carregaria para o resto da vida sem ter como se livrar. "Como se eu me importasse com sua maldita herança ou o seu maldito nome!!!Seu desgraçado!!!"
Shion afastou-se controlando as lágrimas. Ouvir aquelas palavras doíam-lhe muito mais do que as pancadas de Sheru-san. Não, ele não iria chorar!! Controlara-se para não chorar após a morte de sua mãe e não seria o miserável do seu pai que iria faze-lo chorar." Maldito!! Maldito!! Fique com essa ordinária e seu maldito bastardo! Eu não preciso de você!! Eu não quero você como pai mais do que você me quer como filho, desgraçado!!! Você não vai ter mais que me agüentar, você nunca mais vai me ver, seu desgraçado!"
Esgueirou-se na noite para fora dos muros da sua casa. Correu pela trilha que levava ao bosque que circundava a aldeia e correu. Correu sem olhar para trás!
Perdera a noção do tempo. Não sabia quanto tempo havia passado desde que abandonara a casa paterna. Apenas havia corrido ate onde suas pernas e seus pulmões haviam agüentado até cair no chão exausto e adormecer no meio da pequena trilha. Acordou com grossos pingos de chuva caindo no seu rosto. O tempo fechado não permitia que fizesse idéia de que horas seriam... Era manhã??? Tarde?? Não fazia idéia, mas o vazio no estomago indicava que fazia muito tempo desde que fizera sua ultima refeição.. Ergueu-se do chão e continuou seu caminho...não fazia idéia onde a trilha o levaria. Não importava, desde que fosse pra bem longe do lugar onde havia nascido e crescido. Continuou caminhando na chuva, sentindo o estomago reclamar de fome. Seguiu a trilha sempre em frente, tentou enganar o estomago com algumas frutas silvestres que encontrava pelo caminho. Começou a pensar se havia sido uma boa idéia fugir daquele jeito! Será que alguém teria percebido sua ausência??? Mandariam procura-lo? Alguém realmente se importaria se ele desaparecesse pra sempre?? O que aconteceria se ele voltasse?!?!?!
"Não!!! Voltar nunca!!!Nunca!!!Seria preferível morrer de fome e frio pelo caminho do que voltar para aquele inferno em que vivia!!"
A chuva havia cessado quando percebeu os contornos de uma aldeia ou cidade, não sabia dizer...não conhecia quase nada fora dos portões da casa onde havia sido criado. Suspirou aliviado sem saber porque. Que diferença fazia afinal? Não tinha dinheiro nem ninguém conhecido, tanto fazia pra ele estar no meio de uma floresta ou cidade, continuava sozinho e abandonado sem ter para onde ir. Mal sentia suas pernas, tremia de frio e sentia a sua garganta seca e dolorida. Daria qualquer coisa por um pouco de água e uma cama quente.
Aproximou-se de uma das casas e tentou abrigar-se nos entulhos recostados numa das paredes onde voltou a adormecer. Voltou a despertar com um borburinho... .amanhecera e Shion pode perceber um grande movimento de pessoas perto do local onde se refugiara. Levantou-se e pôs-se a andar meio cambaleante, ainda delirando de febre, sem rumo no meio da multidão do que parecia ser um feira. As pessoas iam e viam sem parecer nota-lo.
"Abram passagem para o Shogun Yoshi"- ao ouvir esse anuncio a multidão se afastou deixando que passasse uma grande comitiva de homens a pé, cavaleiros, todos protegendo uma carruagem, onde provavelmente viajava o Shogun.
A guarda pessoal do Shogun afastava a multidão da carruagem. Quando finalmente o séqüito passou, alguns samurais ficaram para trás, misturados ao povo aparentemente procurando por algo ou alguém. Shion estava muito febril para prestar atenção ao que estava acontecendo, apenas viu que homens armados em meio ás pessoas comuns que se afastavam assustadas. De repente sentiu ser puxado por mãos fortes e ouvir uma voz zangada dizer:
"Onde você se meteu moleque? Me fez procurar por você a manhã toda?!?!"
