Capítulo II
Compras no Beco Diagonal
Os dias voaram. Já era hora de irem comprar o material escolar no Beco Diagonal. Harry tinha se divertido durante as férias longe dos Dursleys mas sua preocupação com o retorno de Voldemort nunca o deixou. Ele ainda acordava durante a noite com pesadelos horríveis e ardência na testa. Não tinha nada que ele pudesse fazer a não ser esperar e era isso que o irritava.
Comam logo – pediu Sr. Weasley, acabando de se vestir apressadamente – Depois das compras ainda tenho uma reunião no Ministério.
O que foi Arthur? – perguntou Sra. Weasley com muita preocupação nos olhos. Harry olhava discretamente para eles, esperando o pior.
Nada Molly, só boatos que quero esclarecer.
As crianças comeram rapidamente o resto do café da manhã. Estavam impressionados com um mousse de chocolate. Sra. Weasley acabou revelando a receita: os doces de Hagrid derretidos. Harry e Rony se olharam sem acreditar. A verdade é que o gosto sempre foi bom mas duro demais para saborear.
Durante a viagem para o Beco Diagonal, Harry notou que o Sr. Weasley parecia ansioso mas não preocupado. Dirigia um carro comprido, emprestado pelo Ministério da Magia. Ele batia os dedos no volante e murmurava palavras muito baixo para se ouvir. Fred e Jorge cochichavam baixinho e Harry sabia que brincadeiras estavam a caminho. Gina olhava pela janela aberta, cabelo ruivo ao vento, olhos fechados e sorriso no rosto. Rony a olhava e, voltando o olhar para Harry, virava os olhos em reprovação. Pararam o carro perto da entrada do Caldeirão Furado e se dirigiram a parede que da acesso ao Beco. A primeira parada foi Gringotes e na saída encontraram Hermione. Os três se dirigiram a Floreios e Botões enquanto Gina, Fred e Jorge foram a uma loja de animais e Sr. Weasley correu para a Travessa do Tranco.
Não me sigam! – ordenou a todos antes de sair, dando uma boa olhada para Harry - Eu volto logo. Encontro vocês no Caldeirão Furado – e saiu, olhando para todos os lados.
Que estranho...ele nunca vai lá. – comentou Rony
Talvez seja por causa do boato- completou Harry. Ele, Rony e Hermione trocaram olhares curiosos mas foi a jovem que falou:
Nem pensar! Não vão se meter em encrenca antes das aulas começarem.
Hermione arrastou os dois pelas mangas das camisas e os levou para comprarem os livros. No caminho, eles contaram para ela tudo sobre o livro que Harry ganhou de aniversário.
E vocês não trouxeram para eu ver?!- indagou Hermione, franzindo a testa e colocando as mãos nos quadris.
E muito pesado para ficar carregando para cima e para baixo. Você vai ver na viagem para Hogwarts. – respondeu Rony, com um ar de superioridade.
Floreios e Botões estava cheio. Foram procurando os títulos na lista mandada pela
Profa. McGonagall e encontraram Roberta e Renata, gêmeas da Corvinal. Hermione não era muito fã delas. As achava fúteis. Roberta e Renata também eram do quinto ano e cobiçadas por meninos das outra séries. Ambas de cabelos escuros e olhos esverdeados, já foram o sonho de Fred e Jorge mas depois do fora que levaram, já não insistiram. As duas avistaram o trio.
Olha, Roberta, quem chegou. Potter e seu fã clube.
Bom dia Poterretes. – disse Roberta, balançando as madeixas.
Os três não se mexeram. Harry não dava a mínima para elas, Rony não gostava de ser chamado de fã e Hermione...Bem, Hermione:
Até parecem interessadas em livros – jogou a jovem da Grifinória – tentando conseguir notas melhores este ano?
Por favor, Granger...como se o nosso desempenho acadêmico fosse da sua conta.
Temos uma vida social muito intensa. Não precisamos nos esconder debaixo de livros. O que é bonito e para ser mostrado.
Hermione estava vermelha de raiva, mordendo o lábio. Tomou fôlego mas foi Harry quem respondeu :
Diga isso a Krum. Acho que não foram as notas de Hermione que o impressionaram.
A expressão de raiva no rosto de Hermione deu lugar a um triunfante sorriso. As duas se retiraram, falando baixo entre si. Hermione se voltou para Harry e apontou o polegar para cima, rindo alto.
Que graça teve isso? – rosnou Rony, vermelho – Grande coisa, um jogador profissional de quadribol te levar para um baile te mandar algumas cartas e...te convidar para passar as férias...nada demais.
Ciúmes, Rony? – perguntou Hermione.
CIÚMES? EU? DE VOCÊ? HÁ!
Os três continuaram a olhar livros. Hermione sorrindo interiormente, Rony fingindo que
não se importava e Harry achando muita graça de tudo. Perto da seção de Defesa Contra Artes das Trevas, encontraram Simas e Neville.
Oi gente, como foram de férias? – perguntou Simas, sorrindo.
Bem – respondeu Harry – Eu passei as minhas na casa do Rony e Hermione foi para a Itália. E vocês?
Eu fui para a Grécia com meus pais e Neville foi pesquisar plantas com a avó na Amazônia.
Que legal Neville! – exclamou Hermione – Como foi?
É quente demais mas é muito legal. Eu trouxe algumas espécies novas para casa.
Nossa...isso vai impressionar Snape. – brincou Hermione. Neville empalideceu ao som do nome do professor que ele mais temia.
Ele não pode saber – disse o menino apavorado, como se isto fosse o maior segredo do mundo – Se ele souber é capaz de me mandar fazer uma poção nova com elas, eu não vou conseguir e ele vai tentar me matar.
Calma, rapaz – disse suavemente uma voz atrás do grupo – Severo é capaz de muitas coisas mas não acho que mataria um aluno. Torturar...talvez.
Professor Lupin! – exclamou Harry, sorrindo.
Todos o cumprimentaram. Lupin ainda parecia cansado mas continuava jovem. Grandes
olhos azuis sorrindo para todos.
O que o senhor está fazendo aqui? – indagou Harry
Prof. Dumbledore me chamou de volta. Me parece que ele conseguiu convencer alguns pais que eu não mordo. E com tudo que tem acontecido, acham que sou mais útil em Hogwarts. Só não acho que o nosso amigo vai gostar disso, não é Neville? - disse Lupin, sorrindo, batendo levemente nas costas de um pálido mas sorridente Neville –Mas não vou dar aula sozinho. As aula de Defesa vão ser dobradas e um outro professor vai dividir o cargo comigo...calma Neville, Snape continua somente em Poções.
Quem é o outro professor? – indagou Hermione
Não é Lockhart. Pode esquecer Hermione. – atirou Rony. Os meninos riram baixo mas ela firmou os lábios, raiva nos olhos.
Não sei quem é. Acho que vamos descobrir quando chegarmos lá. Bem, vou andando. Tenho algumas coisas para colocar em ordem. Vejo vocês em Hogwarts.
As crianças se despediram de Lupin, que saiu e encontrou perto da porta as gêmeas da
Corvinal, sorrindo e jogando os cabelos para ele. Ele apenas balançou a cabeça e se retirou.
Elas não têm vergonha mesmo – comentou Hermione.
Ai Gilderoy...você é tão inteligente – disse Rony, imitando muito mal a voz de Hermione, que lhe deu um bom tapa na nuca. Os meninos riram alto desta vez.
Chegando no Caldeirão Furado, encontraram Fred e Jorge sentados em uma mesa. Gina
estava do outro lado da mesa, lendo a carta de material e tendo certeza que tinha tudo. O Sr. Weasley, vendo-os chegar, se aproximou e se juntou aos outros.
Compraram tudo? Algum problema?
Os três balançaram a cabeça. Hermione foi se sentar ao lado de Gina e Rony se juntou
aos irmãos. Sr. Weasley ainda parecia agitado. Se o boato que o tinha preocupado era verdadeiro ou não, Harry não sabia mas que a visita a Travessa do Tranco tinha deixado o pai de Rony mais agitado, tinha.
Algum problema Sr. Weasley? – perguntou ele, sem deixar os outros ouvirem.
Não, não. Boatos são boatos. Vamos esclarecer tudo na reunião.
A curiosidade de Harry continuava aguçada. Esclarecer o que? Boatos sobre o que?
Com tudo que Voldemort fez no ano passado, Harry tinha todas as razões para estar nervoso e, aparentemente, não era o único.
Abraço aconchegante, carinho nas costas, sossego. De repente tudo ficou escuro. Gritos. Uma luz verde. Dor. Choro. Gotas caindo em seu rosto. Uma voz suave e distante Outra luz. Dor. Perda Harry acordou com um susto. O pesadelo outra vez. O cabelo perto da nuca estava molhado de suor. O pesadelo estava ficando mais detalhado. Harry respirava fundo, e deitou novamente na cama. Pelo menos a testa não doía. Preocupação e não perigo. Rony roncava levemente. Os jogadores de Quadribol nas paredes de Rony dormiam sonoramente. Harry foi se acalmando. Queria relembrar a parte do abraço, da voz. E foi assim que adormeceu.
