Gostaria de agradecer a Lily por ter escrito a minha ÚNICA review. Valeu pela força Li! Espero que você não seja mais a única a ler esta fic e que goste deste capítulo. E para a galera que até lê, mas não escreve para mim...tudo bem...aqui se faz, aqui se paga, valeu?
Um grande beijo para a galera do Aluado e Potterland e um especial para o povo do Aurores e do harrypotterfanfics! Até mais!
Capítulo 4
Uma Rival á Altura
No primeiro dia de aula o Grande Salão estava lotado de alunos famintos. Todos conversavam enquanto comiam seu café da manhã, alguns olhavam curiosos para a mesa dos professores, procurando pela filha de Dumbledore para apenas achar um lugar vazio. Os curiosos alunos do primeiro ano esticavam seus pescoços para dar uma olhada no Garoto que Sobreviveu. Harry notou, mas já não se importava tanto. Megan Malfoy se sentou na ponta da mesa da Grifinória. Sem expressão alguma em seu rosto, Hermione notou que ela evitava olhar para o seu primo a todo custo. Era óbvio que Megan não estava contente com a seleção, mas não havia nada que podia ser feito. Hermione quase sentiu pena da garota.
Snape tomou seu café quieto, movendo seus olhos de Megan para Iago. Olhou para Harry, que estava sorrindo, conversando com Rony e Hermione. Seus lábios se afinaram com ódio. Ele acabou sua refeição e se retirou sem falar com ninguém, mas notando o lugar vazio ao seu lado. Dumbledore notou a diferença no comportamento de Snape, mas não fez comentários. Sabia o suficiente para não falar sobre isso, pelo menos não agora.
- Você já imaginou quando o papai souber que a filha de Dumbledore é nossa professora? – perguntou Fred.
- Por que? – perguntou Neville, passando geléia de abóbora na torrada.
- Bem, ele disse que quando a guerra contra Você-Sabe-Quem ficou séria, apesar de tudo, Moira ajudou bastante – explicou Jorge.
- Apesar de tudo o que? – perguntou Hermione, arrumando seus livros na pasta.
- Mamãe nunca nos disse. Toda vez que Moira era mencionada, ela ficava com uma cara triste – lembrou Rony.
- Deve ser porque Moira perdeu a mãe – comentou Harry, olhando para Megan, que comia seu cereal em silêncio – Sra. Weasley ficava assim quando falava sobre meus pais.
A mesa ficou em silêncio.
- Tudo bem...vocês podem respirar agora – brincou Harry, quebrando o gelo. Hermione e Gina estavam contentes que ele não se importava mais em falar de seus pais.
Harry se levantou para ir para a aula, assim como seus amigos. Ele sentia falta de seus pais, mas como Dumbledore havia dito uma vez, 'Não é bom viver no passado'. Devagar, as imagens de seus pais, Sirius, Lupin, sorrindo e acenando encheram sua mente. Ele lembrou a felicidade nos rostos de seus pais enquanto o seguravam no colo. Harry sorriu. Ele tinha que agradecer Dumbledore pelo livro.
Chegando na sala de aula, encontraram Lupin saindo.
- Professor, nós não temos aula com o senhor agora? – perguntou Hermione.
- Grifinória e Sonserina vão ter aula com a professora Dumbledore. Eu estou encarregado da Corvinal e Lufa Lufa.
Hermione levantou as sobrancelhas em surpresa e Rony engoliu em seco.
- Já que as aulas de Defesa foram dobradas, todos os quinto anos estão tendo ao mesmo tempo, então nós resolvemos dividir as casas – Lupin olhou para as caras preocupadas e sorriu – Não se preocupem. Ela não é tão má – e se retirou para a sala ao lado.
Com aquilo, os alunos entraram na sala. Apreensivos, Harry, Rony, Hermione e Neville se sentaram. Notaram duas portas no fundo da sala. Uma à direita que provavelmente ligava a sala de Moira com a sala de aula e uma à esquerda que conectava as duas salas de aula de Defesa. Assim que o sinal tocou, Moira entrou na sala pela porta da direita.
- Bom dia – ela disse em uma voz séria, mas agradável.
O queixo de Rony caiu. Ninguém estava esperando uma professora tão jovem. Poucos anos mais nova do que Lupin, Moira era um bela visão. Alta, magra, mas com curvas, ela usava um vestido preto comprido e cintado, de mangas longas, com vestes da mesma cor. O decote do vestido deixava a vista somente de sua clavícula para cima, mostrando sua pele alva. Com seu cabelo castanho escuro preso em um coque elegante, Moira tinha uma postura clássica, como a de uma bailarina.
Ela colocou seus livros em cima da mesa, pegou a chamada e se dirigiu ao centro da sala, deixando cair seu olhar sobre os alunos. Nem o som da respiração deles era ouvido. Harry nunca tinha visto alguém como ela. Era como se sua presença exigisse respeito.
Lendo os nomes na chamada, seus olhos pousaram sobre um, uma sobrancelha subiu e seu olhar se voltou para Iago Laois, que sorriu maliciosamente para ela. Ela se voltou para o resto da turma, ciente de quão nervosos todos aparentavam, e fez a chamada. Harry respondeu timidamente.
Igual ao pai.
- Sou a professora Dumbledore, como vocês provavelmente já sabem – ela disse enquanto começou a andar pela sala – Também creio que já sabem o motivo das mudanças desta aula – alunos balançavam as cabeças em afirmação – Infelizmente os acontecimentos dos últimos quatro anos se agravaram e vocês devem estar preparados para o pior– ela parou ao lado da mesa de Harry e olhou rapidamente para o menino antes de se dirigir à turma novamente – Por isto desobediência não será tolerada. É imperativo que todos vocês saibam exatamente o que estão fazendo, por isso não hesitem em tirar dúvidas. Fui clara? – os alunos balançaram a cabeça – Alguma dúvida até aqui? – sacudiram a cabeça em negação – Ótimo. Por favor se levantem e venham para o centro da sala.
Harry olhou para Rony estranhando o pedido, mas seguiu o pedido da professora. Hermione se juntou aos amigos e Draco e Iago se posicionaram no fundo da sala, observando a professora. Ainda muito impressionados por tudo que ouviram sobre Moira,os alunos não chegaram muito perto dela, mas ela ou não se deu conta ou não se importou.
- Quem sabe me dizer o que é um Infezadim?
Moira olhou para a turma e achou a mão de Hermione meio levantada
- Sim, Srta. Granger?
- Bem...é uma criatura pequena que explora verbalmente as fraquezas de seu oponente para faze-lo confuso.
- Muito bem. Similar ao Bicho-Papão, o Infezadim não é fisicamente violento e seu único propósito é gerar caos. Alguém sabe como silenciar um Infezadim? Sim Srta. Granger?
- Varinhas não são usadas para combate-lo. Enquanto ele está atacando alguém verbalmente, esta pessoa tem que se concentrar exatamente no contrário do que ele está dizendo...em coisas positivas. Nunca perca contato visual nem corra, pois ele não vai deixa-lo em paz até que ouça o que ele tem para dizer. Se o oponente conseguir confundi-lo o suficiente, o Infezadim vai parar e procurar outra pessoa para atacar.
Ao terminar, a classe olhava boquiaberta para Hermione, que ficou sem graça. Moira levantou as sobrancelhas para a menina.
- Muito bem, Srta. Granger. Você acabou de dar a Griginória dez pontos.
Hermione brilhava com orgulho e sorria a Harry e Rony.
- Continuando, eu tenho um Infezadim para praticarmos. Voluntários? – A jovem professora se surpreendeu quando Harry Potter levantou a mão – Se aproxime Sr. Potter .
Harry se aproximou e a turma abriu espaço para os dois. Encararam-se por algum tempo até Moira se virar e se dirigir a sua mesa, onde uma caixa de vidro foi descoberta revelando conter uma criatura extremamente feia, que pressionava seu rosto contra o vidro. Levemente maior do que um gnomo, o Infezadim era coberto por pêlo vermelho e tinha dois olhinhos roxos. Ele reclamava quando Moira o segurou. Aparentemente, ela já o tinha silenciado antes e ele não gostou. Ela colocou a criatura no chão, oposto a Harry e se alocou atrás do jovem feiticeiro. Não demorou muito para a criatura apertar suas garrinhas juntas, sorrir, e começar a arremessar horríveis palavras para Harry em uma voz muito grossa para seu tamanho.
- Seus pais estão mortos por sua causa. Você nunca vai ter uma casa em lugar algum. Seu padrinho te odeia.
Harry virou de costas e fechou os olhos. A criatura parou de falar e esperou silenciosamente para que ele virasse de volta. Harry nunca pensou que seria tão difícil, mas era. Escutar tudo aquilo e ter outras pessoas ouvindo também era muito para ele suportar no primeiro dia de aula. Suas fraquezas expostas em frente de pessoas com Draco, que ele sabia que iria usa-las a seu favor. Alunos começaram a comentar o que ouviram, mas pararam rapidamente assim que viram o olhar de Moira. Assim como McGonagall e Snape, Moira tinha o dom de manter alunos quietos sem ter que dizer uma só palavra.
Harry abriu os olhos para encontrar os de Moira nos dele, seu rosto bem perto. Foi aí que Harry notou as sardas claras que ela tinha nas bochechas e ombros, fazendo-a aparentar ainda mais jovem. O que realmente o surpreendeu foi o que ele viu nos olhos da professora: o mesmo brilho que existia nos de Alvo Dumbledore.
- Você já enfrentou piores tarefas e voltará a enfrenta-las. Se concentre – ela disse quase sussurrando.
Harry se sentiu estranho. Era como se ela o conhecesse. Sua voz o fez sentir-se seguro, confiante.
- Agora se vire e acabe com ele.
Harry respirou profundamente e virou para encarar o Infezadim. Ele apertou a vista e se concentrou, dizendo coisas para si mesmo.
Não foi minha culpa que meus pais morreram. Eu tenho uma casa com os Weasleys e aqui em Hogwarts e um dia eu vou morar com o meu padrinho que me ama.
Os dois se enfrentaram por mais algum tempo. Harry não piscava e a criatura não parava de dizer coisas horríveis para o menino. Alguns minutos passaram até que o sorriso no rosto do Infezadim sumiu, ele cruzou os braçinhos, abaixou a cabeça e sentou no chão, reclamando baixinho. Vários alunos aplaudiram e Harry suspirou aliviado. Não demorou muito para que o animalzinho olhasse para outro aluno, e seus olhinhos brilhassem com maldade novamente.
Toda a turma teve sua chance com o Infezadim, e pelo barulho vindo da sala de Lupin, eles também tiveram. Muitas crueldades foram ditas, mas em geral os alunos se saíram muito bem. Hermione ainda tinha lágrima nos olhos por causa do que fora dito, mas mesmo assim conseguiu calar a boca da criatura. Quando o sinal tocou, o Infezadim estava exausto e muito zangado. Os alunos foram se retirando, comentando como foram valentes e confortando os amigos.
- Olha Neville, você é o meu melhor amigo. Eu não ligo se você não é bom em poções – disse Simas
- Obrigada Simas. Eu te ajudo em Herbologia se você me ajudar em Poções.
- Feito!
Harry estava prestes a sair quando mudou de caminho e se dirigiu à professora, que estava cobrindo a caixa do Infezadim.
- Professora?
Moira se virou. Harry não conseguia conter o frio na espinha quando ela o olhou. Alguma coisa sobre seus olhos o deixava nervoso, como se pudessem ler sua mente. Amendoados como os de um gato, os olhos da professora estavam sobre os dele novamente.
- Pois não, Sr. Potter.
- É...Eu queria agradecer pelo que a senhorita disse. Mas como soube?
Ela piscou os compridos e volumosos cílios. Harry não conseguia ver o que ela estava pensando. Seus olhos não a denunciavam como os do Lupin faziam.
- Sobre você enfrentar perigos? – ela perguntou andando em torno de sua mesa, sentando-se em sua cadeira. – Todos do mundo mágico sabem. Seus feitos chegaram aos meus ouvidos alguns anos atrás. – Harry balançou a cabeça.
Claro...TODO mundo sabe – ele pensou.
Moira observava o menino. Entrelaçou seus longos e finos dedos juntos e apoiou seu queixo em cima deles.
- Isso o incomoda?
- O quê? – Harry olhou de volta para a professora e lá estavam eles. Seus olhos fixos nele, fazendo-o se sentir indefeso perto dela.
- Que todos sabem seu nome e o que você fez? – ela continuou, sua voz aveludada, baixa, séria.
- Um pouco. – ele respondeu, abaixando a cabeça – Acontece com a senhorita também, não é?
No momento que as palavras deixaram os lábios de Harry ele se arrependeu, mas não conseguiu domar sua curiosidade. Ele parecia saber muito sobre ele e o jeito que ela falava e o olhava...tão diferente de Dumbledore e ao mesmo tempo tão igual. Ele não negava que ela parecia uma linda rainha má, que sua presença o ameaçava, mas ao mesmo tempo ele se sentia...protegido. E o fato que ele se sentia assim por uma professora que era conhecida por suas habilidades com Magia Negra o incomodava.
Moira arqueou as sobrancelhas ao ouvir a pergunta e um pequeno sorriso se formou no canto de seus lábios rosados.
- Acontece. E como você soube? – ela perguntou, se recostando na cadeira, suas unhas compridas fazendo um barulho baixo ao entrar em contato com a madeira da mesa.
- Hum...existem boatos
- Ah...boatos – ainda sorrindo, ela arregalou levemente os olhos ao som da palavra – Por isso que vocês estavam tão quietos – seu sorriso fez Harry se sentir um pouco melhor – existem muitos boatos, huh? – ele afirmou que sim. O tom de deboche em sua voz o fez sorrir, mas logo este tom sumiu e um mais sério tomou seu lugar – O senhor deve ir ou se atrasará para a próxima aula. – Harry sorriu levemente, pegou sua pasta e se dirigiu à saída – Potter – ela chamou e Harry parou e se voltou para ela – De nada – E Harry saiu da sala.
Moira sabia que boatos sobre ela se espalhavam velozmente onde quer que ela fosse. Sempre foi assim, mesmo antes de tudo acontecer. Ela não se importava mais. A maioria era tão ridícula que a fazia rir, mas alguns eram verdadeiros e ela se perguntava o quanto pessoas realmente sabiam.
Ele observou Harry sair. Curioso como sua mãe. Aliviada que ele não a temia tanto como os outros, Moira sorriu internamente. Já é um rapaz. Fiquei longe tempo demais.
Do lado de fora da sala, Hermione e Rony esperavam sozinhos por Harry. Ela ainda tinha lágrimas nos olhos, mas lutava contra elas ferozmente, de costas para Rony, que tinha suas orelhas muito vermelhas.
- Você sabe que aquilo não é verdade, não sabe? – perguntou o ruivo. Hermione não o olhou. – Você é muito importante para mim, Mione. – ele sussurrou, seu rosto agora combinava com a cor de suas orelhas.
- Eu sou? – ela perguntou, se virando para ele, corando. Ele sorriu levemente. – Sabe Rony...você também é muito importante para mim.
Rony pensou que suas pernas não iam agüentar seu peso. Hermione se aproximou e o beijou suavemente no rosto. Ele estava tão vermelho que parecia que ia explodir. Os dois se olharam, rindo baixinho e abaixando suas cabeças. Que estranho...será um feitiço? Como tanto frio conseguiu entrar em suas barrigas? Por que seus lábios não paravam de sorrir?
- Obrigado por esperarem – disse Harry, saindo da sala, trazendo seus amigos de volta a realidade – O que foi? – ele perguntou para os dois, que de repente pareceram muito sem graça e gaguejavam – Deixa pra lá. – Provavelmente eles devem ter discutido o que o Infezadim disse. Harry podia apostar que Rony e Hermione estavam a caminho de descobrir o que ele já sabia desde o ano passado: ambos eram loucos um pelo outro, mas muito orgulhosos para admitirem.
- Então? – Hermione começou – o que você queria com a professora Dumbledore?
Harry contou tudo sobre a sua conversa com a professora. Hermione franziu a testa, perdida em pensamentos.
- Lupin tinha razão. Ela é...legal. – disse Harry, sem ter certeza que a escolha de palavras era a adequada.
- Quem? – perguntou uma voz familiar vindo atrás deles.
Os três congelaram ao ver Alvo Dumbledore e pela primeira vez a presença do diretor os deixou nervosos. Dumbledore sorriu.
- Pergunta boba. Então... ela os assustou?
- Um pouco – respondeu Rony, que ganhou um olhar zangado de Harry e uma cotovelada de Hermione – ÁI! Mas é verdade!.
- Tudo bem...ela causa essa primeira impressão. Sua mãe não era diferente. – os três abaixaram levemente suas cabeças.
- Professor? – chamou Harry. Dumbledore olhou para o jovem. – Nós soubemos de sua esposa.
- Sentimos muito, professor – completou Hermione seguida de Rony.
- Obrigado – respondeu o sábio bruxo. Um olhar triste atrás dos seus óculos de meia lua – Acho que eu não preciso perguntar como vocês três descobriram já que nada permanece em segredo durante muito tempo em Hogwarts. – um pequeno sorriso surgiu em seus lábios – Agora...vocês não vão se atrasar para Transfiguração?
Um olhar de "estamos mortos" apareceu nos jovens rostos e Hermione e Rony seguiram correndo em direção à sala de McGonagall, deixando Dumbledore sorrindo, olhando os dois correrem. Harry também ficou para trás.
- Não vai à aula, Harry?
- Ela vai me deixar em detenção do mesmo jeito. Eu queria lhe agradecer.
- Pelo que?
- Pelo livro que o senhor me mandou no meu aniversário. Aquele que pertenceu aos meus pais.
Dumbledore franziu a testa, em dúvida.
- Perdoe-me Harry, mas eu não lhe mandei nenhum livro.
Os olhos de Harry cresceram em seu rosto Quem mandou então?
- Mas não se preocupe...tenho certeza que vai descobrir quem o mandou. Como já disse, existem poucos segredos aqui.
Harry concordou. Dumbledore se virou para entrar na sala da filha quando Harry o chamou de volta.
- Desculpe-me por perguntar isso professor, mas...
- Mas não pode evitar – completou Alvo.
- Por que o senhor nunca falou nada sobre sua esposa antes? – segunda vez em poucas horas que Harry tinha se arrependido de ser tão curioso.
- Você lembra no seu primeiro ano aqui, quando lhe disse que certas coisas eu não poderia lhe responder? Bem, esta é uma delas.
Harry compreendeu, sem graça de ter perguntado. Dumbledore não se importava em falar de sua esposa, mas sim de como a perdeu.
- Como ela se chamava?
- Tsarina – Dumbledore respondeu com um olhar nostálgico em seus olhos azuis e um sorriso em seus lábios.
Ele colocou uma mão sobre o ombro de Harry, e o olhou por alguns segundos. Assim como Moira, parecia ler sua mente.
- Agora vá para aula antes que eu te de uma detenção.
Harry sorriu e desatou a correr em direção à sala de Transfiguração. Era claro como Dumbledore era apaixonado por sua esposa. Voldemort a matou, Megan disse, mas por que? Por que Dumbledore não conseguiu protege-la dele? E Moira? Por que tantos boatos sobre ela? Ele tinha que discutir isto com Rony e Hermione mais tarde.
Dentro da sala de Moira, Lupin abriu a porta da esquerda, colocou a cabeça dentro da sala e sorriu.
- Oi amor!
Moira retornou o sorriso levemente, ainda sentada confortavelmente em sua cadeira.
- Como foi sua aula? – ela perguntou.
- Bem – ele disse, se encostando contra a mesa dela – As gêmeas da Corvinal tiveram um ataque nervoso porque o Infezadim as chamou de feias. Tive que leva-las para Poppy, mas fora isso...tudo foi bem. A sua?
- Já lidei com criaturas piores.
Moira não queria dizer como os alunos estavam nervosos sobre ela. Lupin e Moira são amigos desde que ambos pudessem lembrar e ele sempre que tinha chance caçoava dela só para irritá-la.
- Então...não teve que amaldiçoar ninguém? Tsk, tsk...Você era má quando a conheci – ele disse, brincando.
- Má com você porque merecia – ela disse calmamente, seus olhos fechados.
- Por favor...você era má e ainda é.
Moira abriu os olhos surpresa e achou os azuis de Lupin brilhando com escárnio.
- Não me tente, lobo.
- Má e safada!
- Ora, pare com essa besteira – ela disse se levantando, rindo.
- Que bom! Eu gosto de ouvir você rir novamente – disse Dumbledore se dirigindo aos professores – Senti falta disso.
Lupin concordou. Moira sempre foi quieta e séria durante a maior parte do tempo, sempre em controle de si, mas volta e meia, ela não resistia rir de alguns comentários de Lupin. Era bom...ela não ria há anos.
- Bem, como não temos aula até depois do almoço, vou para a sala dos professores – disse Lupin.
- Encontraremos com você lá – disse Dumbledore.
Lupin concordou e se retirou. Não demorou muito para o sorriso de Moira sumir e preocupação encher seus olhos.
- O senhor me disse sobre o filho de Malfoy, mas não me informou sobre o de Laois.
- Ele acabou de ser transferido. Acha que Liam vai ser um problema?
- Eu dou conta de Lúcio, mas Liam...ele é imprevisível.
- E não é só isso – Dumbledore disse enquanto acompanhava a filha para fora da sala – Megan Malfoy também está aqui e ela foi selecionada para a Grifinória – isto dito, Moira parou e piscou várias vezes em dúvida – Ela é filha de Maeve, irmã de Lucius.
Uma sobrancelha foi subindo no rosto de Moira.
- Não sabia que Maeve tinha casado muito menos que tinha uma filha.
- Ela se casou pouco tempo depois que você foi embora – Moira balançou a cabeça, indiferente – Não com ele, Moira.
A jovem bruxa olhou para o pai.
- Nós não...
- Não precisa explicar. Eu sei que nada aconteceu entre vocês dois e mesmo se tivesse, não seria da minha conta.
Ele não podia estar mais certo. Nada aconteceu entre nós. Nada. É normal essa palavra machucar tanto?
- Ele esta aqui.
- Poções...Eu sei – ela disse firmemente ao chegarem à porta da sala dos professores.
Dumbledore observou a filha. Quinze anos é muito tempo. Ela aparentava ter lidado com suas escolhas, suas obrigações e deveres, mas no fundo, ele temia que culpa ainda a assombrava. Eles tiveram longas conversas sobre tudo que tinha acontecido, ele havia dito tantas vezes que não era sua culpa, que não havia nada que ela poderia ter feito diferente, mas ela nunca deu ouvidos. Teimosa como sua mãe. Talvez agora, de volta a Hogwarts, em casa, ela pudesse entender que não havia nada que ela pudesse fazer. Nada antes, mas poderia fazer muito agora.
- De qualquer maneira, Maeve é viúva agora, mas não espero muitos problemas com ela. Minha preocupação é Megan.
- Uma Malfoy na Grifinória. Deve ser a primeira vez que isso acontece.
- É sim, e quero que você preste bastante atenção nela. Megan terá problemas para se ajustar e acho que é tão bem dotada nas Artes das Trevas como você quando tinha a idade dela.
Moira concordou. Alguma Magia Negra pode ser usada para o bem, mas a linha entre bem e mal é fina e delicada e Moira, quase a ultrapassou. Quase.
Dumbledore abriu a porta da sala dos professores e os dois entraram. Encontraram Lupin bebendo chá perto da lareira, Flitwick sentado em uma poltrona com seus pés não tocando no chão e lendo o Profeta Diário e Sibila Trewlaney olhando pela janela.
Ao ver Moira, Flitwick abriu um sorriso, pulou da cadeira e correu em direção a bruxa com seus braçinhos estendidos.
- Nossa...como você cresceu! – ele disse, estendendo a pequena mão para apertar a de Moira, mas o que aconteceu foi o inverso pois os dedos compridos dela praticamente pegaram a mão toda do professor - Fiquei preocupado quando você não apareceu no café, mas como chegou tarde ontem, pensei que quisesse dormir até tarde – finalizou o pequeno professor.
- Mais uma vez o senhor está certo, professor.
Moira sorriu e foi de encontro a Lupin que segurava uma xícara de chá para ela. Flitwick acabou de ler o jornal e voltou a sua sala. Tinha que flutuar para chegar lá já que demorava o dobro para subir as escadas. Sibila olhava para Moira de rabo de olho, mas não ousaria dizer nada enquanto Dumbledore estivesse presente.
Os três conversaram enquanto Sibila observava o reflexo de Moira na janela. Lupin falou sobre Megan para Moira, mas Dumbledore achou melhor discutirem isto e outros assuntos em uma reunião antes do jantar. Momentos depois, o diretor se retirou.
- Então...ensinando Defesa Contra as Artes das Trevas? – Sibila perguntou, se virando para olhar para Lupin e Moira – Temo não ver um futuro bom para você, querida.
Moira não piscava.
- Me diga, Sibila – ela disse, colocando a xícara na mesa e suas mãos nos braços da poltrona. Malevolência explícita em seus olhos – como vou morrer desta vez?
Lupin quase engasgou com seu chá. Atrás das grossas lentes de seus óculos, Trewlaney apertava os olhos para a jovem professora.
- Não vejo morte vindo para você mas de você.
Lupin olhou de Sibila para Moira, esperando que sua amiga explodisse de raiva, mas ela não se exaltou. Moira se levantou e avançou para Sibila vagarosamente. Lupin se preparou para separar as duas se precisasse.
- Cuidado – Moira sussurrou no ouvido de Trelawney enquanto pegava um frasco de vidro da estante atrás da professora – Você corre o perigo de estar certa desta vez.
O sangue da professora de adivinhação congelou. Os olhos de Moira eram frios, como seu um grosso véu tivesse caído sobre eles os privando de qualquer expressão. Em um piscar de olhos, o véu e a frieza sumiram. Trewlaney ainda não se mexia enquanto Moira retornava em direção a Lupin, e colocava gotas de açúcar do frasco em seu chá. Um sorriso de satisfação em seu rosto. Não demorou muito para Sibila correr para longe da sala.
- Adivinhação é perda de tempo – Moira disse, levando sua xícara aos lábios.
- Por que ela te odeia tanto? – perguntou Lupin, olhando para a porta da sala, imaginando o que Moira havia dito para assustar tanto a outra professora.
- Ela acha que trago má sorte ou algo assim. Besteira. Ela agia do mesmo jeito com minha mãe.
- Eu entendo o medo de você, mas da Sra. Dumbledore.
Lupin voltou os olhos para Moira e achou com os olhos fixos nele, esperando sua explicação. Aquele olhar ele conhecia bem e não gostava.
- Olha...não me entenda mal. Confio em você com a minha vida, sempre confiei, mas...é que.
- Continue.
- Seu noivado – ele soltou, fechando os olhos e os abrindo novamente- depois que foi descoberto e quando tudo aconteceu, bem...você sabe.
- Não sei, não. Por que você não me conta? – sua voz perigosamente baixa.
- Moira, eu sei que foi um feitiço. Eu sei que sem aquele feitiço ele nunca teria colocado as mãos em você, mas pessoas se assustam facilmente. Nem todos entendem que.
- Você entende?
Lupin arregalou os olhos sem acreditar.
- Claro que entendo!
- Então eu não sei o motivo desta conversa – sem nenhum sinal de raiva em sua voz, novamente ela colocou sua xícara na mesa – Nunca foi fácil para mim, nem para minha mãe e não será para Megan Malfoy. Bruxas Sombrias assustam pessoas, Remo.
- Eu sei...eu sei...mas com você é diferente por causa...
- Da profecia – ela completou. Moira se levantou, com um olhar assassino no rosto, Lupin franziu a testa – Ah, eu sei tudo sobre a profecia, sobre como sou destinada a matar meu pai – Moira parou abruptamente de costas para Lupin e ergueu a cabeça – ou você acha que foi a minha beleza que fez Tom Riddle querer se casar comigo? – ela completou sem se virar.
Silêncio caiu sobre eles. Lupin sabia que tinha ido longe demais. Fazia um tempo desde que tinha ouvido o verdadeiro nome de Voldemort. Memórias encheram sua mente enquanto lembrava de como Moira ficou quando descobriu sobre o feitiço. Extremamente magoada, ela nunca chorou. Aliás, Lupin não conseguia lembrar de ter visto Moira chorar.
Ela andou até a lareira e passou a ponta de seus longos dedos em cima dela, pensativa.
- Você acredita em destino, Remo?
Ele a conhecia desde pequeno, mas algo sobre ela havia mudado desde a última vez que se viram, a mais de quatro anos. Algo tinha sumido.
- Eu não sei - ele respondeu, se levantando e indo de encontro a ela.
- Eu não. Acredito que somos responsáveis por nossas escolhas e pagamos por elas. Ainda pago pelas minhas, mas de uma coisa estou certa – se virou e levantou seu rosto para encarar Lupin – Não vou matar meu pai.
Lupin engoliu em seco. Os olhos dela não eram acolhedores como costumavam ser. Ele podia lê-los agora e eles mostravam dor e raiva.
Deus, Moira. Você perdeu tanto e eu não estou facilitando as coisas.
- Sinto muito por ter falado sobre isso – Lupin disse baixo
- Também sinto.
Ela se moveu para passar por ele, mas Lupin a segurou pelo pulso. Moira parou e o olhou com surpresa. Ele a puxou para si e a abraçou, abaixando sua cabeça para que seus lábios se aproximassem do ouvido dela.
- Me desculpa, amor – ele sussurrou.
Amor. Algo que ela conheceu uma vez, mas não queria sentir de novo. Para que serve se não é correspondido? Moira fechou os olhos e não se surpreendeu quando a imagem de Snape apareceu em sua mente. Tanta coisa passava pela sua cabeça que ela sentia vontade de chorar. Não. Eu não choro. Moira sabia que sua volta seria difícil, que traria consequências, mas não podia ter Lupin, seu melhor amigo, duvidando dela. Havia deveres para ela cumprir, Harry para proteger e um bruxo para matar.
Lupin a segurava pela sua pequena cintura com um braço e passava a outra mão nas suas costas, levemente. Ambos de olhos fechados, Moira ergueu seus braços, retornando o abraço de Lupin.
- Não me deixe zangada com você no meu primeiro dia de volta, Remo J. Lupin. – ela sussurrou e sentiu ele sorrir contra seu pescoço.
Sempre que ele fazia algo que ela não aprovasse, ela o chamava pelo nome completo. Moira fazia isto com praticamente todos que conhecia. Moira Craine Dumbledore, o que você fez? Sua mãe costumava dizer, nunca levantando a voz. Me pergunto se ela está dizendo isto agora.
Eles se distanciaram o suficiente para olharem um no rosto do outro, mas continuavam abraçados.
- Mudando de assunto – Lupin disse, um tom mais feliz em sua voz – tem um certo professor que...
- Não termine a frase, Remo.
- Por que? Eu só estou dizendo que este ano Snape tem uma concorrente para o prêmio de Professor Mais Temido da escola.
Moira sorriu, sacudindo levemente a cabeça e se distanciando dos braços de Lupin. Ela e Snape discutiam bastante, mas sempre se...deram bem. Discutiam poções, feitiços, e como ambos tinham grande aptidão para as Artes das Trevas, Severo Snape se tornou um companheiro para ela. Alguém com quem ela testava feitiços e poções. Ela era "uma rival à sua altura" como ele costumava dizer.
- Professor Mais Temido da escola, é? Eu vejo que no fundo você não cresceu nada, não é? – Lupin concordou com a cabeça, sorrindo. – Espero que Abby não tenha problemas com isso – ela alfinetou.
Você fala do Snape eu vou falar da Abby.
Os olhos do jovem professor se acenderam. Abby era apelido para Abigail, prima de Moira. Filha do irmão de Dumbledore, Aberforth e da irmã de Tsarina, Chloe, Abby era uma verdadeira vidente. Leitora do futuro, Abigail foi da Corvinal, diferente de seus pais que foram da Lufa Lufa. Ela e Lupin se conheceram quando ela foi transferida no seu quarto ano da Academia Beauxbaton. Não ficou muito, voltando à academia no seu último ano e se formando lá. O tempo dos dois em Hogwarts não foi muito, mas o suficiente para se apaixonarem.
Lupin estava corado como um adolescente. Ela sabia que ele ainda gostava de Abby e que ela sentia o mesmo por ele, mas ambos não se viam a mais de um ano.
- Papai me disse que ela vem nos visitar mês que vem - Moira sorria, observando a diferença que a menção do nome de sua prima causou em Lupin.
- Ela vem? Reunião familiar para o seu aniversário?
- Não. Parece que Nicholas se casou com uma trouxa e tiveram um filho alguns anos atrás.
- Abby me contou. Um menino chamado Henry. Ela estava muito feliz de ser tia. Henry deve ter dois anos agora.
- Bem, ela acha que tem algo de errado com ele e quer que eu veja. Eu falei para ela sobre um bruxo em Florença que podia ajuda-los, mas não adiantou. Ela quer que eu faça. Você sabe como ela consegue ser chata. Além disso, Nicholas quer que sua esposa nos conheça.
- Parece divertido.
- Muito divertido. – ela virou os olhos e os fechou, se virando para a janela.
Lupin beijou seu rosto e correu para o corujal, tinha que contar para Abby que ele também tinha retornado a Hogwarts. Moira sorriu ao vê-lo correr, cheio de entusiasmo. Esse é o meu Aluado. Olhando de volta pela janela, ela viu as árvores dançarem ao frio vento de Hogwarts. Era bom estar de volta.
Lupin voltou a sala, ofegante.
- Você vai ficar bem?
Ela balançou a cabeça que sim.
- Sabe que estou aqui para você, não sabe?
Ela balançou a cabeça de novo.
- Me promete que não vai ficar mais triste.
- Mais que agonia! Vai mandar uma coruja para ela ou não vai? – ela perguntou sorrindo. Ele sorriu e desatou a correr novamente.
Moira olhou para a sala vazia. O véu caiu sobre seus olhos novamente, seus ombros caíram de sua postura e um suspiro escapou seus lábios.
- Não é tristeza, Remo. É cuidado.
Ela se voltou para a janela. Sua mãe não teria cometido os mesmos erros, ela não era tão fraca, mas estava morta e nada podia mudar isso. Assim como Lílian e Tiago. Mortos pelas mãos do homem que Moira havia confiado seu coração. Ou assim pensara na época. Não estou mais sobre seu feitiço e não vou ter piedade desta vez. Com este pensamento seguro em seu coração, Moira se virou e se dirigiu ao Grande Salão.
