Um beijo não é apenas um beijo
Capítulo 9: A anotação
"Sabia que isso ia chamar sua atenção," Malfoy falou, enfiando os livros de volta na mochila e indo até Harry e Rony que estavam atordoados.
Harry sentiu uma grande vontade de dar um murro na boca dele, mas se contentou em ficar encarando-o.
"Retire o que disse," Harry disse, raiva emanando dele. Rony concordou com a cabeça, seu rosto ficando vermelho. "Retire o que disse agora, Malfoy!"
"Por que, Potter?" ele riu. "Preocupado que sua namorada tenha adquirido um gosto melhor e decidido beijar um bruxo de verdade? Ela é uma bruxa esperta, Hermione - muito boa em esconder coisas de dois idiotas como vocês. Ah, e ela beija muito bem também, devo admitir."
"Seu bastardo!" Rony gritou e avançou sobre Malfoy com toda sua força, derrubando-o no chão. "Retire o que disse! Retire o que disse agora mesmo! Ela nunca encostaria em você! Ela te despreza! Ela te odeia! Retire o que disse!"
Rony e Malfoy estavam rolando no chão, se esmurrando e se chutando. No início Rony estava em vantagem porque Malfoy foi pego de surpresa pelo ataque. Mas depois ele começou a revidar, bloqueando alguns golpes de Rony e o golpeando também. Harry soltou seus livros e se meteu na briga, tentando separá-los antes que algum professor aparecesse. Ele tirou Rony de cima de Malfoy e levou um murro no olho direito, dado por Malfoy, como recompensa.
"Não se meta, Harry! Eu vou fazê-lo pagar! Eu não me importo de pegar um milhão de detenções, ele vai pagar pelo que falou dela! Ele está mentindo! Ele é um mentiroso!" Rony gritou, tentando voltar para cima de Malfoy. Harry o segurava, mas não sabia exatamente porque - ele também queria partir Malfoy ao meio.
Malfoy se levantou calmamente, olhando o corredor ainda vazio com um sorriso zombador no rosto. Por algum milagre, Harry pensou depois, o corredor permaneceu vazio, mesmo depois de todo o barulho que eles fizeram.
"Weasley, Weasley. Aquele seu pai adorador de trouxas nunca te ensinou a lutar direito, não é?" Malfoy disse, zombando. Ele parou por um segundo, para tocar o canto da boca que sangrava. Ele olhou para o sangue em seu dedo e tirou um lenço para limpar. "Parece que você tem competição para o coração de Hermione, Potter. Melhor entrar na fila."
"Vamos, Rony," Harry falou, arrastando-o. Queria sair dali o mais rápido possível. Ele podia ouvir pessoas vindo do corredor ao lado e não queria problemas que podiam ser evitados. Eles tinham que passar o tempo livre procurando a poção, e não sentados na detenção mexendo com cérebros de ratos.
Enquanto eles iam, Malfoy gritou para eles, "Não esperem ver sua amiga sangue-ruim até que ela tenha dezessete anos!"
"Por que está me arrastando para cozinha? Vamos voltar para o salão comunal e descobrir um jeito de entrar na sala de Snape," Rony falou agitado, tocando de leve o lado esquerdo de seu rosto, fazendo uma careta de dor.
"Temos que arranjar gelo. Eu preciso de um pouco para meu olho e você pode usa-lo em alguns lugares - como nesse inchaço em sua bochecha," Harry respondeu, andando apressado enquanto pressionava seu olho. Do rosto de Rony, parecia que ia nascer um morango da bochecha. Junto com outros machucados, parecia que ele tinha levado a pior na briga - apesar de Harry não ter certeza, já que não tinha visto os machucados de Malfoy de perto.
"Pra que precisamos de gelo?" Rony perguntou, apressando-se para acompanha- lo.
"Para os machucados. Não podemos ir até Madame Pomfrey com isso, ela vai saber que a gente brigou e vai nos entregar."
"Mas ainda não entendi pra que precisamos de gelo," Rony disse, parecendo confuso. Seus olhos estavam vidrados, provavelmente da adrenalina de tentar colocar juízo na cabeça de Malfoy aos murros.
Harry então percebeu uma coisa: Rony nunca precisara colocar gelo em um machucado antes - seus pais provavelmente o curavam usando mágica ao invés de um saco de gelo. Harry, por outro lado, já tinha levado muita pancada de Duda e sabia o quanto um saco de gelo podia ser bom.
"Confie em mim, Rony, tenho muita experiência quando o assunto é machucado. Confie em mim."
"Certo, desde que a gente possa pegar o que sobrou do bolo," Rony disse, menos sério.
"Tenho certeza que não vão deixar a gente sair sem nada," Harry disse sorrindo. Talvez eles vissem Dobby. Eles podiam dizer para ele cuspir no suco de abóbora de Malfoy se ele tivesse a chance - não que ele fosse fazer isso. Seria a mesma coisa que pedir para ele sair do emprego e se aposentar mais cedo.
"Ei, Harry," Rony falou quando eles chegaram na pintura de fruteira.
"O quê?" Harry respondeu, fazendo cócegas na pêra verde, que riu e se transformou em uma fechadura.
"Obrigado."
********
Pouco tempo depois, sentados no dormitório e usando seus sacos de gelo, eles planejaram a viagem até a sala de Snape. Harry não estava muito animado com o plano - ele envolvia estratégia de menos e coragem e sorte demais. Eles tinham que fazer isso nessa noite - pro espaço com os feitiços de segurança. Primeiro, tinham que criar alguma distração para Snape ir checar se seu escritório não tinha sido perturbado. Eles ficariam esperando perto da sala, embaixo da capa de invisibilidade e entrar escondidos antes que ele fechasse a porta. Depois que ficassem sozinhos, eles procurariam o livro e copiariam a poção. Eles estavam supondo que não havia feitiços protegendo o escritório que indicassem a Snape que havia gente lá dentro. Se houvesse, eles teriam que sair correndo. Claro, tudo isso supondo que Snape possuía o livro que eles queriam. Harry não estava confiante no sucesso do plano.
Respirando fundo, ele tirou a compressa fria do olho e colocou o pijama. Eles tinham que esperar que todos estivessem dormindo antes de sair, então Harry tentou descansar um pouco ouvindo o som familiar do ronco de Neville. Seus olhos se fecharam involuntariamente.
Ele estava no armário sob a escada. O som familiar da casa dos Dursley o rodeava, enquanto ele revirava em sua pequena cama, tentando se esquentar e dormir mais um pouco sob seu lençol fino.
"Harry," ele ouviu uma voz familiar chamar, "hora de levantar, vamos nos atrasar."
A voz não era de nenhum Dursley. Era familiar, mas ele não conseguia dizer de quem era. Sua mente meio adormecida lhe dizia que provavelmente era sua imaginação.
Depois de espreguiçar, ele se sentou e colocou os óculos. As batidas na porta indicavam que tia Petúnia estava ficando impaciente para que o café fosse servido. Abrindo o armário, ele se surpreendeu. Ele não estava na rua dos Alfeneiros nº4! Ele estava em algum lugar completamente diferente.
Coçando a cabeça sem acreditar, ele lentamente avançou no cômodo a sua frente. Era um quarto muito grande, com bandeiras nas paredes, uma de cada casa de Hogwarts. A cama estava coberta por um linho branco delicado, e parecendo ter saído de uma daquelas revistas de casa como aquelas que a tia Petúnia lia. Tinha uma janela aberta do outro lado do quarto, com as cortinas balançando com a brisa.
Ele ouviu sons vindo em sua direção. Os passos ecoavam como se alguém estivesse subindo escadas. Harry virou-se pra esquerda e viu uma porta de madeira a sua frente. Era a porta mais alta que ele já vira e a fechadura estava vários metros acima dele. Ele tentava alcança-la mas não conseguia.
"Harry, não temos muito tempo, querido. Se apresse ou não vamos chegar a tempo," ele ouviu a voz do outro lado da porta.
Ele pulou, tentando alcançar a fechadura. Queria achar a fonte da voz, chegar onde eles precisavam. Toda vez que ele pulava, parecia que a fechadura ia mais pra cima, para mais longe de seu alcance.
Finalmente, a fechadura rodou. Parecia que alguém estava tentando abrir a porta pelo outro lado, mas estava trancada.
"Escute, Harry. Abra a porta," ele ouviu a voz falar. Ele a reconheceu: era Hermione. Ela parecia distante e quase mais velha, mas era sem duvidas Hermione quem estava chamando.
"Eu não alcanço a fechadura!" ele gritou, ainda pulando, tentando abrir. "Está muito alto."
"Por que não quer me deixar entrar, Harry?" ela implorou.
"Estou tentando, mas não alcanço," ele gritou. Isso era frustrante.
"Não posso esperar por você para sempre," ele a ouviu dizer. "Logo terei que ir. Draco está esperando lá embaixo. Ele conseguiu me deixar entrar, Harry. Estou cansada de esperar."
"Mas você é meu verdadeiro amor, não pode me deixar assim," Harry gritou através da gigante porta de madeira.
"Não existe isso, Harry. Não leu sobre esse assunto? É só um mito. Eu tenho que ir agora, não posso me atrasar."
"O quê? Não!" Harry gritou, "Me dê uma chance. Só preciso ser mais alto para alcançar a fechadura. Hermione! Não vá! Preciso de mais tempo!"
"Você não tem muito tempo. Tchau, Harry," ela disse triste. Ele pôde ouvir os passos descendo as escadas.
Ele se virou para direita e viu Snape lá, em suas vestes pretas. Ele lhe cutucou sobre o coração com seu indicador. "Você é apenas um garoto, Potter. Apenas um garoto."
Ele continuou lhe cutucando. Aquilo machucava, ele tentou empurrá-lo, mas ele não parava. Ele recuou para cama e viu que ela tinha virado vermelho sangue.
"Harry!" Alguém estava lhe chamando. "Vamos. Está na hora. Acorde!" Rony estava balançando pelo braço.
****
Levou alguns minutos para Harry recuperar a consciência por completo e se acalmar depois do sonho. Rony sentou na cama, esperando pacientemente em silêncio até que Harry se recompusesse. Depois que ele se aprontou, Harry abriu seu baú e pegou a capa da invisibilidade.
Rony e Harry já estavam experientes em sair escondidos com a capa, então chegar até a sala de Snape sem serem notados foi fácil. Quando chegaram lá, Rony pegou um fogo de artifício ligado por água feito em casa que tinha ganhado de Fred e Jorge. Ele e Harry trocaram olhares ansiosos. Rony cuspiu no dedo e tocou o pavio do bastão. Ele rapidamente colocou no buraco da fechadura do escritório de Snape e eles recuaram, se escondendo atrás de uma estátua de Melvin, o Magnífico.
O fogo de artifício estourou, fazendo barulho e encheu o ar de faíscas vermelhas e verdes. Era um especial para o natal e também tocava uma versão feita por Fred e Jorge para uma canção de natal.
Vários segundos se passaram e eles ouviram passos no corredor. Era Filch, o zelador, acompanhado por sua gata, Madame Nor-r-ra. "Claro que Filch tinha que aparecer, senão ia ficar fácil demais," Rony sussurrou para Harry, que não podia concordar mais- Filch tinha o dom de aparecer na pior hora.
Filch achou o fogo na porta de Snape e o tirou, largando no chão depois de tocá-lo.
"Ai!" ele gritou, olhando para mão. "Me queimou," Madame Nor-r-ra miou e olhou em volta.
Harry e Rony abafaram os risos. As risadas logo pararam, quando eles ouviram o som inconfundível de passos de alguém apressado ecoando pelo corredor. Eles viram Snape andando rápido na direção deles.
"O que foi?" ele perguntou a Filch, olhando-o com desprezo.
"Achei isso no buraco da fechadura de sua sala," Filch lhe respondeu, apontando o fogo de artifício no chão. "Deve ser de algum aluno fazendo uma brincadeira."
Snape se curvou e pegou o fogo. Parecia que não estava mais quente - ou Snape era mais sangue frio do que Harry pensava - porque ele não reagiu do mesmo jeito que Filch. Ele estava virando o fogo em suas mãos como se pudesse ler o nome do dono por dentro.
"É Potter!" ele disse num sussurro baixo que só Rony e Harry puderam ouvir. Eles estavam a mais ou menos um metro deles.
"Eu cuido disso," Snape disse a Filch, que deu os ombros indo embora com Madame Nor-r-ra. Ele falou algo que Harry não entendeu porque estava de olho em Snape.
Ele levou o fogo com ele e abriu a porta do escritório. Enquanto ele entrava, murmurou um feitiço e tocou a porta com a mão direita. Harry e Rony correram e entraram na sala de Snape logo atrás dele.
Eles andavam numa distância pequena dele enquanto Snape procurava alguma coisa errada. Isso era muito angustiante, porque se ele se inclinasse para trás para espirrar, eles seriam descobertos. Harry prendeu a respiração enquanto eles continuavam.
Num momento, eles quase perderam o equilíbrio e arruinaram tudo. Rony tropeçou numa coisa que parecia um gato petrificado e veio para cima de Harry. Felizmente, Snape escolheu essa hora para abrir o armário e não ouviu Harry inspirar surpreso quando Rony caiu em cima dele. Snape passou alguns minutos examinando seu deposito antes de fechá-lo e se encaminhar para porta de seu escritório. Ele murmurou o encanto de novo e fechou a porta, sem notar a presença de Harry e de Rony lá.
Depois de esperar os passos cessarem, Harry tirou a capa deles, o rosto ansioso, mas determinado. "Vamos pegar e dar o fora," ele disse a Rony num sussurro. Talvez as paredes da sala de Snape tivessem ouvidos.
"Não vai me ouvir reclamando quanto a isso; vamos procurar," Rony respondeu.
Eles procuraram nas prateleiras o livro que precisavam. Parecia que Snape era bem organizado. As prateleiras estavam organizadas por autor e título. Se não fosse suficiente, havia seções indicando o assunto.
"Era de se esperar que Snape vivesse tão irritado," Ron sussurrou enquanto eles procuravam o livro a luz das varinhas. "Pode imaginar ser tão organizado o tempo todo? Eu ficaria doido. Completamente maluco."
Apesar da organização obsessiva que Snape tinha com seus livros, eles não tiveram sorte com o livro que procuravam. Harry estava começando a achar que essa confusão foi uma perda de tempo e de ansiedade.
Quando eles estavam prestes a desistir, Harry o viu. Estava na mesa de Snape, sob uma pilha de pergaminhos. Harry cuidadosamente descobriu o livro e o abriu, olhando o conteúdo. Para sua surpresa, a página da poção que ele precisava estava marcada com uma fita preta. Isso era alguma armação? Snape sabia que ele ia invadir seu escritório atrás da poção? Ao invés de acalmar Harry, achar o livro o deixou ainda mais nervoso. Ele podia sentir suas mãos tremendo.
"Bem, finalmente algo dá certo pra gente hoje," Rony disse, olhando para o livro.
Harry também olhou para o livro e começou a ler a lista de ingredientes e modo de preparo. Havia algumas anotações feitas por alguém, provavelmente por Sanpe, na página, e Harry se interessou por uma em particular: "Para Potter. Substitua como o indicado." A anotação estava fraca e numa letra apressada. Olhando a lista de ingredientes, ele viu que um estava riscado, outro escrito a mão no lugar.
A primeira coisa que Harry pensou foi que Snape sabia que ele ia pegar o livro e tentou pegá-lo em uma armadilha. Mas outra possibilidade se formou em sua cabeça: Snape teria feito a poção para seu pai quando a maldição apareceu anos atrás? Snape seria o outro bruxo que fizera o contra-feitiço com seu pai? A idéia de Snape amar sua mãe fazia seu estômago revirar. Ele devia sua existência a benevolência de Snape? Parecia improvável, mas a anotação no livro mostrava o contrário.
Rony devia ter lido a anotação também, porque ele olhava para Harry atordoado. Harry respondeu ao olhar, balançando a cabeça. "Você viu isso?" Rony disse, apontando outra anotação na página: "parece que é de família." A anotação estava mais fresca e escrita com uma caligrafia mais bem feita. Harry tinha que reconhecer; ao menos Snape também era obsessivo com os detalhes.
"Bem, não temos muito tempo para pensar no que isso pode dizer," Rony disse, numa voz que dizia que ele estava tentando distrair Harry de seus pensamentos. "Parece que podemos conseguir tudo de nossos suprimentos - menos isso que podemos pegar da cozinha," Rony disse, apontando o livro com a varinha, quase o tocando.
"Não!" Harry disse, segurando Rony pelo braço e puxando-o. Rony olhou para ele surpreso.
"Não faça isso," Harry disse "Pode acionar alguma coisa. Vamos copiar o que precisamos e cair fora."
"Harry, você tá muito paranóico," Rony disse, sorrindo e pegando uma pena e pergaminho.
"Melhor paranóico que expulso," depois riu de como isso parecia com algo que Hermione diria. O que ela faria para entrar no escritório de Snape? Ela com certeza teria um plano melhor que esse.
"Eu não consigo copiar," Rony disse, lutando visivelmente. Harry olhou para o pergaminho e a mão de Rony sobre ele, balançando. "Eu- não - consigo - escrever - nada," Rony disse, apertando os dentes.
"Me dê," Harry sussurrou impaciente, tirando o pergaminho e a pena de Rony. Ele tentou copiar a poção, mas encontrou o mesmo problema que Ron. Ele tentou escrever algo de fora do livro e não encontrou resistência.
"Uh!" Harry gemeu, "aposto que o livro está enfeitiçado para que não copiem nada dele."
"Era de se esperar," Rony disse, balançando a cabeça, sério. "O ministério às vezes requer esse tratamento pra livros perigosos, meu pai me disse que existem alguns livros que gritam se você os abrir sem dar a senha."
"É, conheço esse." Harry murmurou, lembrando de sua experiência quando ele ainda estava no primeiro ano.
"E se rasgarmos a página e sairmos correndo?" Rony sugeriu.
Harry pensou um pouco. Além de memorização, parecia ser a única solução. Por um segundo, ele sentiu inveja de Hermione - ela provavelmente memorizaria a pagina em meio minuto. Nem ele nem Rony possuíam esse dom.
"Vamos fazer isso. Prepare-se para correr, caso algo dispare," Harry disse, limpando a garganta.
"Concordo. Pronto?" Rony perguntou a Harry, que estava com as mãos posicionadas sobre a página.
"Pronto," Harry respondeu.
"Agora!" Rony disse e Harry rasgou a página o mais rápido e inteira que pôde. Ele fechou o livro, na esperança que Snape não notasse no dia seguinte quando ele se sentasse na sala.
Sem olhar para trás, eles correram para porta. Harry segurou Rony pela camisa quando ele tocou a fechadura, jogando a capa sobre eles.
"Certo, Rony. Vamos," Harry falou, empurrando as costas de Rony, que não se mexeu até que a capa estivesse no lugar.
"A fechadura não se mexe," Rony disse, virando a fechadura, desesperado. Harry viu um flash de seu sonho, guardou o pergaminho no bolso e empurrou Rony para o lado, tentando a fechadura sem sucesso. Parecia que eles estavam trancados.
"Alohomora," Harry murmurou, apontando a varinha para porta. Isso foi um erro. No momento que ele disse o feitiço, todas as tochas da sala de Snape se acenderam, iluminando a sala como um dia ensolarado.
"Fomos pegos," Rony falou.
"Não, não desista ainda. Aposto que Snape está vindo. Vamos esperar e sair correndo assim que ele entrar - a mesma coisa que fizemos para entrar, vamos fazer para sair, apenas ao contrário," Harry sussurrou apressado, surpreso com seu rápido pensamento.
"Vale a pena tentar," Rony disse, não muito convencido. "Vamos ter detenção até que tenhamos cabelos brancos se ele nos pegar."
"Eu sei. Shhh. Acho que ele está chegando."
Snape abriu a porta e entrou apressado como Harry esperava. Eles saíram devagar e cuidadosamente, na ponta dos dedos até o corredor. Quando eles viraram uma curva no corredor, saíram em disparada para a segurança da torre da Grifinoria.
Eles conseguiram! Eles tinham a informação que precisavam sobre a poção e conseguiriam pegá-la bem embaixo do nariz de Snape. Quando entraram no salão comunal, Rony e Harry se cumprimentaram e foram para o dormitório. Mas a excitação com o sucesso, combinado com seus pensamentos sobre as anotações de Snape deixaram Harry acordado a noite toda.
Capítulo 9: A anotação
"Sabia que isso ia chamar sua atenção," Malfoy falou, enfiando os livros de volta na mochila e indo até Harry e Rony que estavam atordoados.
Harry sentiu uma grande vontade de dar um murro na boca dele, mas se contentou em ficar encarando-o.
"Retire o que disse," Harry disse, raiva emanando dele. Rony concordou com a cabeça, seu rosto ficando vermelho. "Retire o que disse agora, Malfoy!"
"Por que, Potter?" ele riu. "Preocupado que sua namorada tenha adquirido um gosto melhor e decidido beijar um bruxo de verdade? Ela é uma bruxa esperta, Hermione - muito boa em esconder coisas de dois idiotas como vocês. Ah, e ela beija muito bem também, devo admitir."
"Seu bastardo!" Rony gritou e avançou sobre Malfoy com toda sua força, derrubando-o no chão. "Retire o que disse! Retire o que disse agora mesmo! Ela nunca encostaria em você! Ela te despreza! Ela te odeia! Retire o que disse!"
Rony e Malfoy estavam rolando no chão, se esmurrando e se chutando. No início Rony estava em vantagem porque Malfoy foi pego de surpresa pelo ataque. Mas depois ele começou a revidar, bloqueando alguns golpes de Rony e o golpeando também. Harry soltou seus livros e se meteu na briga, tentando separá-los antes que algum professor aparecesse. Ele tirou Rony de cima de Malfoy e levou um murro no olho direito, dado por Malfoy, como recompensa.
"Não se meta, Harry! Eu vou fazê-lo pagar! Eu não me importo de pegar um milhão de detenções, ele vai pagar pelo que falou dela! Ele está mentindo! Ele é um mentiroso!" Rony gritou, tentando voltar para cima de Malfoy. Harry o segurava, mas não sabia exatamente porque - ele também queria partir Malfoy ao meio.
Malfoy se levantou calmamente, olhando o corredor ainda vazio com um sorriso zombador no rosto. Por algum milagre, Harry pensou depois, o corredor permaneceu vazio, mesmo depois de todo o barulho que eles fizeram.
"Weasley, Weasley. Aquele seu pai adorador de trouxas nunca te ensinou a lutar direito, não é?" Malfoy disse, zombando. Ele parou por um segundo, para tocar o canto da boca que sangrava. Ele olhou para o sangue em seu dedo e tirou um lenço para limpar. "Parece que você tem competição para o coração de Hermione, Potter. Melhor entrar na fila."
"Vamos, Rony," Harry falou, arrastando-o. Queria sair dali o mais rápido possível. Ele podia ouvir pessoas vindo do corredor ao lado e não queria problemas que podiam ser evitados. Eles tinham que passar o tempo livre procurando a poção, e não sentados na detenção mexendo com cérebros de ratos.
Enquanto eles iam, Malfoy gritou para eles, "Não esperem ver sua amiga sangue-ruim até que ela tenha dezessete anos!"
"Por que está me arrastando para cozinha? Vamos voltar para o salão comunal e descobrir um jeito de entrar na sala de Snape," Rony falou agitado, tocando de leve o lado esquerdo de seu rosto, fazendo uma careta de dor.
"Temos que arranjar gelo. Eu preciso de um pouco para meu olho e você pode usa-lo em alguns lugares - como nesse inchaço em sua bochecha," Harry respondeu, andando apressado enquanto pressionava seu olho. Do rosto de Rony, parecia que ia nascer um morango da bochecha. Junto com outros machucados, parecia que ele tinha levado a pior na briga - apesar de Harry não ter certeza, já que não tinha visto os machucados de Malfoy de perto.
"Pra que precisamos de gelo?" Rony perguntou, apressando-se para acompanha- lo.
"Para os machucados. Não podemos ir até Madame Pomfrey com isso, ela vai saber que a gente brigou e vai nos entregar."
"Mas ainda não entendi pra que precisamos de gelo," Rony disse, parecendo confuso. Seus olhos estavam vidrados, provavelmente da adrenalina de tentar colocar juízo na cabeça de Malfoy aos murros.
Harry então percebeu uma coisa: Rony nunca precisara colocar gelo em um machucado antes - seus pais provavelmente o curavam usando mágica ao invés de um saco de gelo. Harry, por outro lado, já tinha levado muita pancada de Duda e sabia o quanto um saco de gelo podia ser bom.
"Confie em mim, Rony, tenho muita experiência quando o assunto é machucado. Confie em mim."
"Certo, desde que a gente possa pegar o que sobrou do bolo," Rony disse, menos sério.
"Tenho certeza que não vão deixar a gente sair sem nada," Harry disse sorrindo. Talvez eles vissem Dobby. Eles podiam dizer para ele cuspir no suco de abóbora de Malfoy se ele tivesse a chance - não que ele fosse fazer isso. Seria a mesma coisa que pedir para ele sair do emprego e se aposentar mais cedo.
"Ei, Harry," Rony falou quando eles chegaram na pintura de fruteira.
"O quê?" Harry respondeu, fazendo cócegas na pêra verde, que riu e se transformou em uma fechadura.
"Obrigado."
********
Pouco tempo depois, sentados no dormitório e usando seus sacos de gelo, eles planejaram a viagem até a sala de Snape. Harry não estava muito animado com o plano - ele envolvia estratégia de menos e coragem e sorte demais. Eles tinham que fazer isso nessa noite - pro espaço com os feitiços de segurança. Primeiro, tinham que criar alguma distração para Snape ir checar se seu escritório não tinha sido perturbado. Eles ficariam esperando perto da sala, embaixo da capa de invisibilidade e entrar escondidos antes que ele fechasse a porta. Depois que ficassem sozinhos, eles procurariam o livro e copiariam a poção. Eles estavam supondo que não havia feitiços protegendo o escritório que indicassem a Snape que havia gente lá dentro. Se houvesse, eles teriam que sair correndo. Claro, tudo isso supondo que Snape possuía o livro que eles queriam. Harry não estava confiante no sucesso do plano.
Respirando fundo, ele tirou a compressa fria do olho e colocou o pijama. Eles tinham que esperar que todos estivessem dormindo antes de sair, então Harry tentou descansar um pouco ouvindo o som familiar do ronco de Neville. Seus olhos se fecharam involuntariamente.
Ele estava no armário sob a escada. O som familiar da casa dos Dursley o rodeava, enquanto ele revirava em sua pequena cama, tentando se esquentar e dormir mais um pouco sob seu lençol fino.
"Harry," ele ouviu uma voz familiar chamar, "hora de levantar, vamos nos atrasar."
A voz não era de nenhum Dursley. Era familiar, mas ele não conseguia dizer de quem era. Sua mente meio adormecida lhe dizia que provavelmente era sua imaginação.
Depois de espreguiçar, ele se sentou e colocou os óculos. As batidas na porta indicavam que tia Petúnia estava ficando impaciente para que o café fosse servido. Abrindo o armário, ele se surpreendeu. Ele não estava na rua dos Alfeneiros nº4! Ele estava em algum lugar completamente diferente.
Coçando a cabeça sem acreditar, ele lentamente avançou no cômodo a sua frente. Era um quarto muito grande, com bandeiras nas paredes, uma de cada casa de Hogwarts. A cama estava coberta por um linho branco delicado, e parecendo ter saído de uma daquelas revistas de casa como aquelas que a tia Petúnia lia. Tinha uma janela aberta do outro lado do quarto, com as cortinas balançando com a brisa.
Ele ouviu sons vindo em sua direção. Os passos ecoavam como se alguém estivesse subindo escadas. Harry virou-se pra esquerda e viu uma porta de madeira a sua frente. Era a porta mais alta que ele já vira e a fechadura estava vários metros acima dele. Ele tentava alcança-la mas não conseguia.
"Harry, não temos muito tempo, querido. Se apresse ou não vamos chegar a tempo," ele ouviu a voz do outro lado da porta.
Ele pulou, tentando alcançar a fechadura. Queria achar a fonte da voz, chegar onde eles precisavam. Toda vez que ele pulava, parecia que a fechadura ia mais pra cima, para mais longe de seu alcance.
Finalmente, a fechadura rodou. Parecia que alguém estava tentando abrir a porta pelo outro lado, mas estava trancada.
"Escute, Harry. Abra a porta," ele ouviu a voz falar. Ele a reconheceu: era Hermione. Ela parecia distante e quase mais velha, mas era sem duvidas Hermione quem estava chamando.
"Eu não alcanço a fechadura!" ele gritou, ainda pulando, tentando abrir. "Está muito alto."
"Por que não quer me deixar entrar, Harry?" ela implorou.
"Estou tentando, mas não alcanço," ele gritou. Isso era frustrante.
"Não posso esperar por você para sempre," ele a ouviu dizer. "Logo terei que ir. Draco está esperando lá embaixo. Ele conseguiu me deixar entrar, Harry. Estou cansada de esperar."
"Mas você é meu verdadeiro amor, não pode me deixar assim," Harry gritou através da gigante porta de madeira.
"Não existe isso, Harry. Não leu sobre esse assunto? É só um mito. Eu tenho que ir agora, não posso me atrasar."
"O quê? Não!" Harry gritou, "Me dê uma chance. Só preciso ser mais alto para alcançar a fechadura. Hermione! Não vá! Preciso de mais tempo!"
"Você não tem muito tempo. Tchau, Harry," ela disse triste. Ele pôde ouvir os passos descendo as escadas.
Ele se virou para direita e viu Snape lá, em suas vestes pretas. Ele lhe cutucou sobre o coração com seu indicador. "Você é apenas um garoto, Potter. Apenas um garoto."
Ele continuou lhe cutucando. Aquilo machucava, ele tentou empurrá-lo, mas ele não parava. Ele recuou para cama e viu que ela tinha virado vermelho sangue.
"Harry!" Alguém estava lhe chamando. "Vamos. Está na hora. Acorde!" Rony estava balançando pelo braço.
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Levou alguns minutos para Harry recuperar a consciência por completo e se acalmar depois do sonho. Rony sentou na cama, esperando pacientemente em silêncio até que Harry se recompusesse. Depois que ele se aprontou, Harry abriu seu baú e pegou a capa da invisibilidade.
Rony e Harry já estavam experientes em sair escondidos com a capa, então chegar até a sala de Snape sem serem notados foi fácil. Quando chegaram lá, Rony pegou um fogo de artifício ligado por água feito em casa que tinha ganhado de Fred e Jorge. Ele e Harry trocaram olhares ansiosos. Rony cuspiu no dedo e tocou o pavio do bastão. Ele rapidamente colocou no buraco da fechadura do escritório de Snape e eles recuaram, se escondendo atrás de uma estátua de Melvin, o Magnífico.
O fogo de artifício estourou, fazendo barulho e encheu o ar de faíscas vermelhas e verdes. Era um especial para o natal e também tocava uma versão feita por Fred e Jorge para uma canção de natal.
Vários segundos se passaram e eles ouviram passos no corredor. Era Filch, o zelador, acompanhado por sua gata, Madame Nor-r-ra. "Claro que Filch tinha que aparecer, senão ia ficar fácil demais," Rony sussurrou para Harry, que não podia concordar mais- Filch tinha o dom de aparecer na pior hora.
Filch achou o fogo na porta de Snape e o tirou, largando no chão depois de tocá-lo.
"Ai!" ele gritou, olhando para mão. "Me queimou," Madame Nor-r-ra miou e olhou em volta.
Harry e Rony abafaram os risos. As risadas logo pararam, quando eles ouviram o som inconfundível de passos de alguém apressado ecoando pelo corredor. Eles viram Snape andando rápido na direção deles.
"O que foi?" ele perguntou a Filch, olhando-o com desprezo.
"Achei isso no buraco da fechadura de sua sala," Filch lhe respondeu, apontando o fogo de artifício no chão. "Deve ser de algum aluno fazendo uma brincadeira."
Snape se curvou e pegou o fogo. Parecia que não estava mais quente - ou Snape era mais sangue frio do que Harry pensava - porque ele não reagiu do mesmo jeito que Filch. Ele estava virando o fogo em suas mãos como se pudesse ler o nome do dono por dentro.
"É Potter!" ele disse num sussurro baixo que só Rony e Harry puderam ouvir. Eles estavam a mais ou menos um metro deles.
"Eu cuido disso," Snape disse a Filch, que deu os ombros indo embora com Madame Nor-r-ra. Ele falou algo que Harry não entendeu porque estava de olho em Snape.
Ele levou o fogo com ele e abriu a porta do escritório. Enquanto ele entrava, murmurou um feitiço e tocou a porta com a mão direita. Harry e Rony correram e entraram na sala de Snape logo atrás dele.
Eles andavam numa distância pequena dele enquanto Snape procurava alguma coisa errada. Isso era muito angustiante, porque se ele se inclinasse para trás para espirrar, eles seriam descobertos. Harry prendeu a respiração enquanto eles continuavam.
Num momento, eles quase perderam o equilíbrio e arruinaram tudo. Rony tropeçou numa coisa que parecia um gato petrificado e veio para cima de Harry. Felizmente, Snape escolheu essa hora para abrir o armário e não ouviu Harry inspirar surpreso quando Rony caiu em cima dele. Snape passou alguns minutos examinando seu deposito antes de fechá-lo e se encaminhar para porta de seu escritório. Ele murmurou o encanto de novo e fechou a porta, sem notar a presença de Harry e de Rony lá.
Depois de esperar os passos cessarem, Harry tirou a capa deles, o rosto ansioso, mas determinado. "Vamos pegar e dar o fora," ele disse a Rony num sussurro. Talvez as paredes da sala de Snape tivessem ouvidos.
"Não vai me ouvir reclamando quanto a isso; vamos procurar," Rony respondeu.
Eles procuraram nas prateleiras o livro que precisavam. Parecia que Snape era bem organizado. As prateleiras estavam organizadas por autor e título. Se não fosse suficiente, havia seções indicando o assunto.
"Era de se esperar que Snape vivesse tão irritado," Ron sussurrou enquanto eles procuravam o livro a luz das varinhas. "Pode imaginar ser tão organizado o tempo todo? Eu ficaria doido. Completamente maluco."
Apesar da organização obsessiva que Snape tinha com seus livros, eles não tiveram sorte com o livro que procuravam. Harry estava começando a achar que essa confusão foi uma perda de tempo e de ansiedade.
Quando eles estavam prestes a desistir, Harry o viu. Estava na mesa de Snape, sob uma pilha de pergaminhos. Harry cuidadosamente descobriu o livro e o abriu, olhando o conteúdo. Para sua surpresa, a página da poção que ele precisava estava marcada com uma fita preta. Isso era alguma armação? Snape sabia que ele ia invadir seu escritório atrás da poção? Ao invés de acalmar Harry, achar o livro o deixou ainda mais nervoso. Ele podia sentir suas mãos tremendo.
"Bem, finalmente algo dá certo pra gente hoje," Rony disse, olhando para o livro.
Harry também olhou para o livro e começou a ler a lista de ingredientes e modo de preparo. Havia algumas anotações feitas por alguém, provavelmente por Sanpe, na página, e Harry se interessou por uma em particular: "Para Potter. Substitua como o indicado." A anotação estava fraca e numa letra apressada. Olhando a lista de ingredientes, ele viu que um estava riscado, outro escrito a mão no lugar.
A primeira coisa que Harry pensou foi que Snape sabia que ele ia pegar o livro e tentou pegá-lo em uma armadilha. Mas outra possibilidade se formou em sua cabeça: Snape teria feito a poção para seu pai quando a maldição apareceu anos atrás? Snape seria o outro bruxo que fizera o contra-feitiço com seu pai? A idéia de Snape amar sua mãe fazia seu estômago revirar. Ele devia sua existência a benevolência de Snape? Parecia improvável, mas a anotação no livro mostrava o contrário.
Rony devia ter lido a anotação também, porque ele olhava para Harry atordoado. Harry respondeu ao olhar, balançando a cabeça. "Você viu isso?" Rony disse, apontando outra anotação na página: "parece que é de família." A anotação estava mais fresca e escrita com uma caligrafia mais bem feita. Harry tinha que reconhecer; ao menos Snape também era obsessivo com os detalhes.
"Bem, não temos muito tempo para pensar no que isso pode dizer," Rony disse, numa voz que dizia que ele estava tentando distrair Harry de seus pensamentos. "Parece que podemos conseguir tudo de nossos suprimentos - menos isso que podemos pegar da cozinha," Rony disse, apontando o livro com a varinha, quase o tocando.
"Não!" Harry disse, segurando Rony pelo braço e puxando-o. Rony olhou para ele surpreso.
"Não faça isso," Harry disse "Pode acionar alguma coisa. Vamos copiar o que precisamos e cair fora."
"Harry, você tá muito paranóico," Rony disse, sorrindo e pegando uma pena e pergaminho.
"Melhor paranóico que expulso," depois riu de como isso parecia com algo que Hermione diria. O que ela faria para entrar no escritório de Snape? Ela com certeza teria um plano melhor que esse.
"Eu não consigo copiar," Rony disse, lutando visivelmente. Harry olhou para o pergaminho e a mão de Rony sobre ele, balançando. "Eu- não - consigo - escrever - nada," Rony disse, apertando os dentes.
"Me dê," Harry sussurrou impaciente, tirando o pergaminho e a pena de Rony. Ele tentou copiar a poção, mas encontrou o mesmo problema que Ron. Ele tentou escrever algo de fora do livro e não encontrou resistência.
"Uh!" Harry gemeu, "aposto que o livro está enfeitiçado para que não copiem nada dele."
"Era de se esperar," Rony disse, balançando a cabeça, sério. "O ministério às vezes requer esse tratamento pra livros perigosos, meu pai me disse que existem alguns livros que gritam se você os abrir sem dar a senha."
"É, conheço esse." Harry murmurou, lembrando de sua experiência quando ele ainda estava no primeiro ano.
"E se rasgarmos a página e sairmos correndo?" Rony sugeriu.
Harry pensou um pouco. Além de memorização, parecia ser a única solução. Por um segundo, ele sentiu inveja de Hermione - ela provavelmente memorizaria a pagina em meio minuto. Nem ele nem Rony possuíam esse dom.
"Vamos fazer isso. Prepare-se para correr, caso algo dispare," Harry disse, limpando a garganta.
"Concordo. Pronto?" Rony perguntou a Harry, que estava com as mãos posicionadas sobre a página.
"Pronto," Harry respondeu.
"Agora!" Rony disse e Harry rasgou a página o mais rápido e inteira que pôde. Ele fechou o livro, na esperança que Snape não notasse no dia seguinte quando ele se sentasse na sala.
Sem olhar para trás, eles correram para porta. Harry segurou Rony pela camisa quando ele tocou a fechadura, jogando a capa sobre eles.
"Certo, Rony. Vamos," Harry falou, empurrando as costas de Rony, que não se mexeu até que a capa estivesse no lugar.
"A fechadura não se mexe," Rony disse, virando a fechadura, desesperado. Harry viu um flash de seu sonho, guardou o pergaminho no bolso e empurrou Rony para o lado, tentando a fechadura sem sucesso. Parecia que eles estavam trancados.
"Alohomora," Harry murmurou, apontando a varinha para porta. Isso foi um erro. No momento que ele disse o feitiço, todas as tochas da sala de Snape se acenderam, iluminando a sala como um dia ensolarado.
"Fomos pegos," Rony falou.
"Não, não desista ainda. Aposto que Snape está vindo. Vamos esperar e sair correndo assim que ele entrar - a mesma coisa que fizemos para entrar, vamos fazer para sair, apenas ao contrário," Harry sussurrou apressado, surpreso com seu rápido pensamento.
"Vale a pena tentar," Rony disse, não muito convencido. "Vamos ter detenção até que tenhamos cabelos brancos se ele nos pegar."
"Eu sei. Shhh. Acho que ele está chegando."
Snape abriu a porta e entrou apressado como Harry esperava. Eles saíram devagar e cuidadosamente, na ponta dos dedos até o corredor. Quando eles viraram uma curva no corredor, saíram em disparada para a segurança da torre da Grifinoria.
Eles conseguiram! Eles tinham a informação que precisavam sobre a poção e conseguiriam pegá-la bem embaixo do nariz de Snape. Quando entraram no salão comunal, Rony e Harry se cumprimentaram e foram para o dormitório. Mas a excitação com o sucesso, combinado com seus pensamentos sobre as anotações de Snape deixaram Harry acordado a noite toda.
