Um beijo não é apenas um beijo
Capítulo 14: O custo
"Então quem foi?" Rony perguntou, olhando intensamente para Hermione.
"Foi o Lupin!" ela gritou animada, e depois virou a receita da poção para que Harry e Rony vissem.
"Olhem, a substituição conta a história," ela explicou, apontando para a anotação de Snape, "O ingrediente original necessário era prata. Por isso a substituição era necessária, porque Lupin era o outro bruxo do feitiço. Você não pode dar prata a um lobisomem - isso o mataria. Aposto que o pai de Harry pediu ajuda a Snape quando viu que a prata era um dos ingredientes. Snape provavelmente já era especialista em poções naquela época. Seu pai precisava ser muito cuidadoso com uma troca em um feitiço tão perigoso como esse. Acho que é nesse ponto, vocês são diferentes, Harry. Parece que ele era pelo menos um pouco cuidadoso."
"Análise brilhante mais uma vez, Granger, ou deveria dizer, 'meu amor'," sorriu Malfoy, fingindo que ia vomitar. "Ainda bem que acabou," ele falou baixo, olhando Hermione com repugnância.
Harry se virou em sua cadeira para olhar para Malfoy, a raiva crescendo dentro dele como um maremoto. Ele olhou para Rony, que estava segurando a varinha por baixo da mesa, os lábios pressionados apertados.
"Por que não vai amolar outra pessoa, Malfoy, e nos deixa em paz?" Hermione disse, encarando-o.
"Bem, eu queria dar minhas condolências ao Potter por ter cometido um erro tão grande com essa troca que vocês estavam falando," Malfoy disse, olhando Hermione com desprezo. "Por outro lado, Potter, talvez eu tenha lhe feito um grande favor deixando você fazer a troca." Ele sorriu cruelmente.
"Do que raios você está falando?" Harry perguntou, uma sensação estranha se formando em seu estômago. Malfoy sabia de alguma coisa, e pelo jeito que ele estava agindo, era alguma coisa importante.
"Quer dizer que você não tem idéia?" Malfoy perguntou, seu rosto rompendo em um sorriso. Ele depois começou a rir com tanta força, que Harry teve esperança que ele fosse morrer engasgado. Seu rosto pálido estava vermelho e ele estava segurando a barriga como se doesse. Harry não ficaria surpreso se Malfoy caísse no chão e começasse a rolar. Ele, Rony e Hermione apenas olhavam para ele até que o ataque de risadas diminuísse o suficiente para que ele falasse.
"Você não sabe mesmo, não é seu pobre idiota? Acho que devia esperar que você não fosse esperto o bastante para pesquisar. Mas eu sabia. Sabia quando vi ontem à noite. Sabe, minha família tem descendência direta de Morgana e-,"
"Sim, sim, nós sabemos de toda sua família, Malfoy. Agora ou você explica do que está falando ou caia fora," Rony falou para ele, claramente muito irritado.
Os olhos de Malfoy se estreitaram e ele falou satisfeito enquanto jogava e pegava repetidamente uma maçã. "Uma coisa que precisa aprender sobre magia, Potter, é que tudo tem um preço. Você não pode conseguir algo em troca de nada. A mesma regra se aplica a substituições. Sempre existe um preço a pagar quando não usa os ingredientes originais. Nesse caso, o preço que você tem que pagar é bem caro. Você substitui prata por cobre, um metal bem inferior." Ele tirou um pedaço de sua maçã e sorriu, mastigando malévolo.
"É, mas o feitiço funcionou assim mesmo. Hermione está acordada e não lembra de seus sonhos, isso é o que importa, não é Harry?" Rony disse, um pouco nervoso.
"É, isso é o que importa," Harry disse firme, sorrindo para Hermione, que sorriu em resposta e piscou.
Malfoy deu um sorriso torto quando viu a troca de intimidades entre Harry e Hermione.
"Bem, então acho que você não se importa de não poder fazer sexo com ela até que ela tenha dezessete, então," Malfoy declarou, mordendo sua maçã novamente.
"O quê?" Hermione perguntou, chocada. Ela olhou para Harry.
"Eu já sabia que esse era o limite do feitiço. A pessoa que me deu, me falou sobre isso. Se eu dormir com ela antes que ela complete dezessete, a maldição será invocada novamente. Eu já sabia," Harry declarou, numa tentativa de colocar Malfoy no lugar. Ele depois olhou para Hermione se desculpando. "Eu esqueci de dizer, não foi?" ele disse, baixo. Ela apenas olhou para ele, tentando esconder o que estava sentindo.
"Bem, quem quer que tenha lhe dado o feitiço estava enganado, Potter. Minha família tem o mesmo, e esse não é um efeito colateral padrão. É a troca que vai fazer você pagar. Que pena, parece que você vai ser virgem até que ela complete dezessete, a não ser que você prefira dormir com outra pessoa, é claro. Ei, quem quer apostar que ele a trai em menos de um ano? Alguém dentro? Aposto um galeão que ele perde a virgindade com alguma bruxa que vai dormir com ele só porque é famoso." Malfoy olhou a seu redor como se estivesse montando uma banca de apostas.
"Como você se atreve!" Hermione gritou da mesa para ele, levantando-se abruptamente, a varinha em punho. "Harry nunca faria algo assim! Ele é leal e me ama! Retire o que disse, Malfoy, ou vai ter tantas cicatrizes de maldições em você que não vai consegui diferenciar sua bunda de seu cotovelo."
Harry e Rony olharam para Hermione com os olhos arregalados do tamanho de pires. Eles raramente a viam com tanta raiva e estavam assustados. Malfoy parecia assustado também, porque ele recuou devagar, mas ainda com a cabeça erguida.
"Você não faria isso, Granger," ele disse, a voz revelando parte do medo que estava refletido em seus olhos.
"Eu faria sim, Malfoy. Nada me daria mais satisfação - exceto talvez, dormir com Harry." Ela disse, um sorriso malicioso em seus lábios que não combinava com a raiva em seus olhos. Apesar da revelação de Malfoy ter chateado Harry, ele sorriu largamente com a reação de Hermione.
"Sabe, você não tem que esperar até completar dezessete para se divertir também," Malfoy disse olhando para ela lascivo. "O único bruxo com quem não pode ficar até lá é ele. Talvez devesse considerar algumas alternativas." O sorriso de Hermione se desfez e ela estreitou os olhos, que agora transbordavam de fúria. Harry e Rony levantaram de suas cadeiras, as varinhas nas mãos, prontos para interromper antes que Malfoy dissesse qualquer outra coisa. Eles não precisavam.
"Certo! Já é demais! Todos quatro, para fora!" Era Madame Pince. Por um momento, ninguém se moveu. Depois Rony e Harry abaixaram as varinhas. Malfoy e Hermione não desviaram o olhar até que Harry colocou os braços ao redor de Hermione.
"Deixe pra lá por enquanto," ele sussurrou. Ela abaixou a varinha e os olhos, depois se virou para Harry e o abraçou forte.
"Eu nunca faria isso com você Harry, você sabe disse, não é?" ela disse num tom de urgência, enquanto ele a guiava para fora da biblioteca carregando a mochila dela.
"Claro que sei," ele disse acalmando. "Só espero que você não me odeie até o resto de nossas vidas pela troca idiota que eu fiz."
Hermione sorriu apesar da raiva que estava sentindo por Malfoy, "Bem, talvez isso lhe ensine uma lição." Ela olhou para ver sua reação, seus olhos cheios de alegria.
Harry forçou uma risada enquanto eles andavam pelo corredor com Rony e Malfoy atrás deles andando na outra direção.
********
"Eu não gostei do jeito que ele me olhou," Hermione disse, uma hora mais tarde no salão comunal.
"Que jeito?" Rony perguntou, tirando os olhos de suas anotações de Adivinhação. Harry olhou também.
"Como se estivesse me despindo com os olhos," Hermione falou, estremecendo involuntariamente de nojo. "Talvez eu tenha visto coisas." Ela respirou profundamente.
"Acho que ele só estava tentando colocar você em seu lugar e achou que essa era a melhor forma de fazer isso. Mas ele te subestimou, não foi? Você se defendeu bem," Harry disse orgulhoso, desejando que ele pudesse bater em Malfoy.
Hermione sorriu para ele. "Bem, preciso fazer uma pesquisa sobre a poção do amor que ele tomou. Lilá Brown comprou uma poção número nove na Travessa do Tranco ano passado e tomou sem ler as instruções. Ela não sabia mais se era noite ou dia. Ela começou a beijar tudo em sua frente. É a mais poderosa e perigosa que se pode fazer. Estou surpresa que Malfoy tenha se arriscado tanto, especialmente considerando que para todas poções do amor existe a possibilidade do efeito não passar totalmente. Estou rezando pra esse não seja o caso."
"Pelo jeito que Malfoy agiu na biblioteca, parece que o efeito passou. Ele não estava falando como o psicopata louco de amor que ele estava ontem à noite," Harry disse.
"É. Aquilo foi de dar náuseas," Rony disse, torcendo o nariz.
"Ugh," Hermione falou, parecendo que ia vomitar.
"O que foi?" Harry perguntou, olhando preocupado para ela. Ela estava pálida.
"Eu pensei uma coisa desagradável."
"O que?"
"Deixa pra lá. eu tenho que ler esse livro," ela disse, abrindo O guia para as bruxas de feitiços charmosos. Ela se inclinou, lendo atentamente.
"Vamos lá, o que foi?" Harry disse, ficando curioso.
"Eu não vou dizer a você," Hermione resmungou, sem tirar os olhos do livro, "Então aconselho a você parar de tentar descobrir."
Harry suspirou e olhou para seu livro. Como ele já sabia de seus quatro anos de amizade com Hermione, não era bom pressiona-la quando ela não queria dizer alguma coisa. Ela ia contar se fosse importante. Ele só torcia para que não tivesse nada a ver com Malfoy. A idéia deles dois juntos fazia- o querer esmurrar alguma coisa.
*****
Eles já estavam no salão comunal há algum tempo e estava ficando tarde. Harry estava pensando em ir para cama. Mas tinha algo em sua mente que ele precisa esclarecer primeiro.
Desde que Hermione descobriu que Lupin foi o outro bruxo do feitiço com seu pai, Harry teve vontade de falar com ele. Ele queria saber mais detalhes sobre o que acontecera e agradecer pelo que ele tinha feito. Mas ele não tinha certeza se era uma boa idéia então precisa se aconselhar com Rony e Hermione. Agora era uma boa hora pra essa conversa. Então ele perguntou o que eles achavam.
Rony respondeu imediatamente. "Não faça isso, cara. Existem coisas que não devem ser ditas. Essa é uma delas."
Hermione olhou para Rony e depois para Harry. Harry podia perceber que ela estava pensando bastante sobre o caso. Ela tinha aquela ruguinha fofa sobre o nariz que sempre aparecia quando ela estava pensando sobre algo.
"Acho que você devia conversar, Harry," ela disse, bastante acadêmica, "Ele pode ter informações importantes sobre o feitiço que você usou. Talvez a pequena descoberta de Malfoy não seja a única coisa com que a gente deve se preocupar."
"Realmente, Hermione. Você só pensa nisso - ter certeza que tem todas a informações? E quanto aos sentimentos do cara? Você parou para pensar que ele pode ter alguma razão para pedir ao pai de Harry que não contasse a ninguém?" Rony disse, ficando com as orelhas vermelhas. Hermione cruzou os braços, a expressão de irritação.
"É, Rony. Eu só penso nisso- fatos e esquemas, detalhes e resumos. Eu não ligo pra o que os outros sentem, não é mesmo?" Hermione disse, levantando a voz com raiva. Eles já tinham brigado por isso antes.
Harry decidiu que era melhor parar com isso, antes que perdesse o controle. Ele não tinha intenção de começar uma guerra entre Rony e Hermione. Eles sempre discutiam e ele acabava no papel de pacificador, uma tarefa que ele achava entediante.
"Certo, acho que entendo o que os dois disseram," ele disse diplomático.
"Não entendeu, não!" Hermione disse frustrada. "Eu também tenho outra boa razão pra você ir." Ela parou e encarou Rony que balançou a cabeça descrente. "Você deve ir em beneficio próprio também. Você precisa de resposta para algumas de suas perguntas. Precisa conversar com alguém que possa dar mais detalhes sobre o que seu pai passou. Acho que pode te aliviar um pouco."
"Eu entendo o que-" Harry começou, mas foi interrompido por Rony.
"Você sempre vai ficar do lado dela daqui pra frente?" ele disse raivoso. "Que ótimo! Devia saber que isso ia acontecer!" ele começou a guardar os livros.
"Não, Rony. Se me deixasse acabar, eu ia dizer que entendo o que os dois querem dizer. Por um lado, concordo com você. Não quero que Lupin se sinta constrangido ou exposto. Mas por outro lado, eu também concordo com Hermione. Seria bom para mim, conversar com ele e ver se consigo descobrir mais sobre o feitiço," Harry disse.
Nem Rony nem Hermione falaram nada. Os dois pareciam mais calmos. Rony parou de guardar os livros e Hermione descruzou os braços. Harry continuou.
"Acho que vou mandar uma coruja pedindo para ele se encontrar comigo. Ele é inteligente o suficiente para saber o que está acontecendo. Tenho certeza que Sirius contou a ele o que está acontecendo comigo. Vou deixar que ele decida." Ele olhou para Rony e Hermione esperando suas reações.
Os dois começaram ao mesmo tempo. "Eu acho-" eles se entreolharam e começaram a rir. A tensão na mesa morreu instantaneamente e todos sorriam.
"Você primeiro, Hermione," Rony disse, se recostando na cadeira.
"Eu só ia dizer que essa é uma ótima idéia, Harry."
"Eu concordo," Rony disse, guardando o resto de seus livros na mochila. "Bem, eu já vou. Estou morto de cansaço depois da aventura de ontem. Devo te esperar acordado, Harry?"
"Eu não vou demorar muito, Rony," Harry disse, guardando seu material também. Ele olhou para Hermione que estava abafando um bocejo.
"Deixe eu te ajudar com todos esses livros," Harry disse, olhando a pilha ao lado dela que devia ter mais de um metro. "Você não vai conseguir levar todos esse livros para seu quarto de uma vez só." Ele a ajudara várias vezes assim antes, mas dessa vez ele se sentia um pouco constrangido.
Hermione bocejou de novo. "É muito gentil, Harry. Obrigada. Mas vamos tomar cuidado. Não queremos mais problemas."
Harry pegou mais ou menos dois terços dos livros e seguiu Hermione até o quarto. Como ela era monitora do quinto ano, ela tinha o menor quarto das monitoras no dormitório feminino. Quando eles chegaram à porta, ela a abriu com um rápido toque de sua varinha e a segurou para que ele entrasse. Ele entrou timidamente, equilibrando os livros como podia. Uma olhada rápida pelo quarto não mostrou nenhum lugar para colocá-los.
"Onde você os quer?" ele perguntou enquanto ela fechava a porta.
"Pode colocar naquela mesa ali. Espere, deixa eu tirar esses pergaminhos." Ela passou apressada por ele, quase derrubando-o.
Harry colocou os livros sobre a mesa e se virou. Hermione estava em pé a centímetros dele, um olhar nervoso.
"Eu acho que é a primeira vez que você vem a meu quarto desde que nos beijamos," ela disse tímida.
"É. Está bem estranho, não é?"
"Só um pouco."
Uma pausa horrivelmente desconfortável se seguiu, durante a qual Hermione girava seu cabelo com seu dedo indicador e Harry olhava constrangido o quarto a seu redor.
Ele focalizou novamente em Hermione e seus olhos se encontraram. Pensando 'é agora ou nunca', ele diminuiu a distância entre eles, praticamente segurando a respiração. Ela largou a mecha de cabelo que segurava e Harry teve a impressão de ouvi-la engolir.
Ele colocou seu braço direito ao redor de sua cintura, e mergulhou a mão esquerda na mecha de cabelo castanho próxima a orelha dela, segurando a cabeça dela gentilmente. Eles ficaram assim por um momento, os olhos grudados uns nos outros; verde encontrando castanho. Hermione mordia seu lábio inferior nervosa, e Harry olhava atentamente, sua respiração se aprofundando, seu rosto corando e seu coração batendo forte. Sem conseguir mais suportar, ele levou seu rosto para ainda mais perto e a beijou.
Ela suspirou e beijou em resposta, movendo seus braços para cintura dele, abraçando-o. Antes que ele pudesse pensar em qualquer coisa, eles estavam sentados na cama dela, se beijando tão forte que ele estava com medo de machucar o queixo dela. Quando ele ia desabotoar a blusa dela, ela segurou a mão dele e a beijou.
"Temos que parar," ela disse sorrindo para ele. Seus lábios estavam mais inchados, a pele ao redor deles levemente rosada.
Ele queria gritar. Seu corpo estava saindo do controle e doía parar. Ele se virou para o outro lado para que ela não visse. Correndo as mãos pelos cabelos, ele respirou profundamente algumas vezes, tentando se acalmar. Era assim que seria nos próximos dois anos? Ele imaginou se Sirius saberia algum remédio para esse tipo de dor.
Ele virou a cabeça para sorrir para ela, mas não teve tempo. Ela parecia bastante ansiosa quando disse, "Harry, precisamos conversar."
Capítulo 14: O custo
"Então quem foi?" Rony perguntou, olhando intensamente para Hermione.
"Foi o Lupin!" ela gritou animada, e depois virou a receita da poção para que Harry e Rony vissem.
"Olhem, a substituição conta a história," ela explicou, apontando para a anotação de Snape, "O ingrediente original necessário era prata. Por isso a substituição era necessária, porque Lupin era o outro bruxo do feitiço. Você não pode dar prata a um lobisomem - isso o mataria. Aposto que o pai de Harry pediu ajuda a Snape quando viu que a prata era um dos ingredientes. Snape provavelmente já era especialista em poções naquela época. Seu pai precisava ser muito cuidadoso com uma troca em um feitiço tão perigoso como esse. Acho que é nesse ponto, vocês são diferentes, Harry. Parece que ele era pelo menos um pouco cuidadoso."
"Análise brilhante mais uma vez, Granger, ou deveria dizer, 'meu amor'," sorriu Malfoy, fingindo que ia vomitar. "Ainda bem que acabou," ele falou baixo, olhando Hermione com repugnância.
Harry se virou em sua cadeira para olhar para Malfoy, a raiva crescendo dentro dele como um maremoto. Ele olhou para Rony, que estava segurando a varinha por baixo da mesa, os lábios pressionados apertados.
"Por que não vai amolar outra pessoa, Malfoy, e nos deixa em paz?" Hermione disse, encarando-o.
"Bem, eu queria dar minhas condolências ao Potter por ter cometido um erro tão grande com essa troca que vocês estavam falando," Malfoy disse, olhando Hermione com desprezo. "Por outro lado, Potter, talvez eu tenha lhe feito um grande favor deixando você fazer a troca." Ele sorriu cruelmente.
"Do que raios você está falando?" Harry perguntou, uma sensação estranha se formando em seu estômago. Malfoy sabia de alguma coisa, e pelo jeito que ele estava agindo, era alguma coisa importante.
"Quer dizer que você não tem idéia?" Malfoy perguntou, seu rosto rompendo em um sorriso. Ele depois começou a rir com tanta força, que Harry teve esperança que ele fosse morrer engasgado. Seu rosto pálido estava vermelho e ele estava segurando a barriga como se doesse. Harry não ficaria surpreso se Malfoy caísse no chão e começasse a rolar. Ele, Rony e Hermione apenas olhavam para ele até que o ataque de risadas diminuísse o suficiente para que ele falasse.
"Você não sabe mesmo, não é seu pobre idiota? Acho que devia esperar que você não fosse esperto o bastante para pesquisar. Mas eu sabia. Sabia quando vi ontem à noite. Sabe, minha família tem descendência direta de Morgana e-,"
"Sim, sim, nós sabemos de toda sua família, Malfoy. Agora ou você explica do que está falando ou caia fora," Rony falou para ele, claramente muito irritado.
Os olhos de Malfoy se estreitaram e ele falou satisfeito enquanto jogava e pegava repetidamente uma maçã. "Uma coisa que precisa aprender sobre magia, Potter, é que tudo tem um preço. Você não pode conseguir algo em troca de nada. A mesma regra se aplica a substituições. Sempre existe um preço a pagar quando não usa os ingredientes originais. Nesse caso, o preço que você tem que pagar é bem caro. Você substitui prata por cobre, um metal bem inferior." Ele tirou um pedaço de sua maçã e sorriu, mastigando malévolo.
"É, mas o feitiço funcionou assim mesmo. Hermione está acordada e não lembra de seus sonhos, isso é o que importa, não é Harry?" Rony disse, um pouco nervoso.
"É, isso é o que importa," Harry disse firme, sorrindo para Hermione, que sorriu em resposta e piscou.
Malfoy deu um sorriso torto quando viu a troca de intimidades entre Harry e Hermione.
"Bem, então acho que você não se importa de não poder fazer sexo com ela até que ela tenha dezessete, então," Malfoy declarou, mordendo sua maçã novamente.
"O quê?" Hermione perguntou, chocada. Ela olhou para Harry.
"Eu já sabia que esse era o limite do feitiço. A pessoa que me deu, me falou sobre isso. Se eu dormir com ela antes que ela complete dezessete, a maldição será invocada novamente. Eu já sabia," Harry declarou, numa tentativa de colocar Malfoy no lugar. Ele depois olhou para Hermione se desculpando. "Eu esqueci de dizer, não foi?" ele disse, baixo. Ela apenas olhou para ele, tentando esconder o que estava sentindo.
"Bem, quem quer que tenha lhe dado o feitiço estava enganado, Potter. Minha família tem o mesmo, e esse não é um efeito colateral padrão. É a troca que vai fazer você pagar. Que pena, parece que você vai ser virgem até que ela complete dezessete, a não ser que você prefira dormir com outra pessoa, é claro. Ei, quem quer apostar que ele a trai em menos de um ano? Alguém dentro? Aposto um galeão que ele perde a virgindade com alguma bruxa que vai dormir com ele só porque é famoso." Malfoy olhou a seu redor como se estivesse montando uma banca de apostas.
"Como você se atreve!" Hermione gritou da mesa para ele, levantando-se abruptamente, a varinha em punho. "Harry nunca faria algo assim! Ele é leal e me ama! Retire o que disse, Malfoy, ou vai ter tantas cicatrizes de maldições em você que não vai consegui diferenciar sua bunda de seu cotovelo."
Harry e Rony olharam para Hermione com os olhos arregalados do tamanho de pires. Eles raramente a viam com tanta raiva e estavam assustados. Malfoy parecia assustado também, porque ele recuou devagar, mas ainda com a cabeça erguida.
"Você não faria isso, Granger," ele disse, a voz revelando parte do medo que estava refletido em seus olhos.
"Eu faria sim, Malfoy. Nada me daria mais satisfação - exceto talvez, dormir com Harry." Ela disse, um sorriso malicioso em seus lábios que não combinava com a raiva em seus olhos. Apesar da revelação de Malfoy ter chateado Harry, ele sorriu largamente com a reação de Hermione.
"Sabe, você não tem que esperar até completar dezessete para se divertir também," Malfoy disse olhando para ela lascivo. "O único bruxo com quem não pode ficar até lá é ele. Talvez devesse considerar algumas alternativas." O sorriso de Hermione se desfez e ela estreitou os olhos, que agora transbordavam de fúria. Harry e Rony levantaram de suas cadeiras, as varinhas nas mãos, prontos para interromper antes que Malfoy dissesse qualquer outra coisa. Eles não precisavam.
"Certo! Já é demais! Todos quatro, para fora!" Era Madame Pince. Por um momento, ninguém se moveu. Depois Rony e Harry abaixaram as varinhas. Malfoy e Hermione não desviaram o olhar até que Harry colocou os braços ao redor de Hermione.
"Deixe pra lá por enquanto," ele sussurrou. Ela abaixou a varinha e os olhos, depois se virou para Harry e o abraçou forte.
"Eu nunca faria isso com você Harry, você sabe disse, não é?" ela disse num tom de urgência, enquanto ele a guiava para fora da biblioteca carregando a mochila dela.
"Claro que sei," ele disse acalmando. "Só espero que você não me odeie até o resto de nossas vidas pela troca idiota que eu fiz."
Hermione sorriu apesar da raiva que estava sentindo por Malfoy, "Bem, talvez isso lhe ensine uma lição." Ela olhou para ver sua reação, seus olhos cheios de alegria.
Harry forçou uma risada enquanto eles andavam pelo corredor com Rony e Malfoy atrás deles andando na outra direção.
********
"Eu não gostei do jeito que ele me olhou," Hermione disse, uma hora mais tarde no salão comunal.
"Que jeito?" Rony perguntou, tirando os olhos de suas anotações de Adivinhação. Harry olhou também.
"Como se estivesse me despindo com os olhos," Hermione falou, estremecendo involuntariamente de nojo. "Talvez eu tenha visto coisas." Ela respirou profundamente.
"Acho que ele só estava tentando colocar você em seu lugar e achou que essa era a melhor forma de fazer isso. Mas ele te subestimou, não foi? Você se defendeu bem," Harry disse orgulhoso, desejando que ele pudesse bater em Malfoy.
Hermione sorriu para ele. "Bem, preciso fazer uma pesquisa sobre a poção do amor que ele tomou. Lilá Brown comprou uma poção número nove na Travessa do Tranco ano passado e tomou sem ler as instruções. Ela não sabia mais se era noite ou dia. Ela começou a beijar tudo em sua frente. É a mais poderosa e perigosa que se pode fazer. Estou surpresa que Malfoy tenha se arriscado tanto, especialmente considerando que para todas poções do amor existe a possibilidade do efeito não passar totalmente. Estou rezando pra esse não seja o caso."
"Pelo jeito que Malfoy agiu na biblioteca, parece que o efeito passou. Ele não estava falando como o psicopata louco de amor que ele estava ontem à noite," Harry disse.
"É. Aquilo foi de dar náuseas," Rony disse, torcendo o nariz.
"Ugh," Hermione falou, parecendo que ia vomitar.
"O que foi?" Harry perguntou, olhando preocupado para ela. Ela estava pálida.
"Eu pensei uma coisa desagradável."
"O que?"
"Deixa pra lá. eu tenho que ler esse livro," ela disse, abrindo O guia para as bruxas de feitiços charmosos. Ela se inclinou, lendo atentamente.
"Vamos lá, o que foi?" Harry disse, ficando curioso.
"Eu não vou dizer a você," Hermione resmungou, sem tirar os olhos do livro, "Então aconselho a você parar de tentar descobrir."
Harry suspirou e olhou para seu livro. Como ele já sabia de seus quatro anos de amizade com Hermione, não era bom pressiona-la quando ela não queria dizer alguma coisa. Ela ia contar se fosse importante. Ele só torcia para que não tivesse nada a ver com Malfoy. A idéia deles dois juntos fazia- o querer esmurrar alguma coisa.
*****
Eles já estavam no salão comunal há algum tempo e estava ficando tarde. Harry estava pensando em ir para cama. Mas tinha algo em sua mente que ele precisa esclarecer primeiro.
Desde que Hermione descobriu que Lupin foi o outro bruxo do feitiço com seu pai, Harry teve vontade de falar com ele. Ele queria saber mais detalhes sobre o que acontecera e agradecer pelo que ele tinha feito. Mas ele não tinha certeza se era uma boa idéia então precisa se aconselhar com Rony e Hermione. Agora era uma boa hora pra essa conversa. Então ele perguntou o que eles achavam.
Rony respondeu imediatamente. "Não faça isso, cara. Existem coisas que não devem ser ditas. Essa é uma delas."
Hermione olhou para Rony e depois para Harry. Harry podia perceber que ela estava pensando bastante sobre o caso. Ela tinha aquela ruguinha fofa sobre o nariz que sempre aparecia quando ela estava pensando sobre algo.
"Acho que você devia conversar, Harry," ela disse, bastante acadêmica, "Ele pode ter informações importantes sobre o feitiço que você usou. Talvez a pequena descoberta de Malfoy não seja a única coisa com que a gente deve se preocupar."
"Realmente, Hermione. Você só pensa nisso - ter certeza que tem todas a informações? E quanto aos sentimentos do cara? Você parou para pensar que ele pode ter alguma razão para pedir ao pai de Harry que não contasse a ninguém?" Rony disse, ficando com as orelhas vermelhas. Hermione cruzou os braços, a expressão de irritação.
"É, Rony. Eu só penso nisso- fatos e esquemas, detalhes e resumos. Eu não ligo pra o que os outros sentem, não é mesmo?" Hermione disse, levantando a voz com raiva. Eles já tinham brigado por isso antes.
Harry decidiu que era melhor parar com isso, antes que perdesse o controle. Ele não tinha intenção de começar uma guerra entre Rony e Hermione. Eles sempre discutiam e ele acabava no papel de pacificador, uma tarefa que ele achava entediante.
"Certo, acho que entendo o que os dois disseram," ele disse diplomático.
"Não entendeu, não!" Hermione disse frustrada. "Eu também tenho outra boa razão pra você ir." Ela parou e encarou Rony que balançou a cabeça descrente. "Você deve ir em beneficio próprio também. Você precisa de resposta para algumas de suas perguntas. Precisa conversar com alguém que possa dar mais detalhes sobre o que seu pai passou. Acho que pode te aliviar um pouco."
"Eu entendo o que-" Harry começou, mas foi interrompido por Rony.
"Você sempre vai ficar do lado dela daqui pra frente?" ele disse raivoso. "Que ótimo! Devia saber que isso ia acontecer!" ele começou a guardar os livros.
"Não, Rony. Se me deixasse acabar, eu ia dizer que entendo o que os dois querem dizer. Por um lado, concordo com você. Não quero que Lupin se sinta constrangido ou exposto. Mas por outro lado, eu também concordo com Hermione. Seria bom para mim, conversar com ele e ver se consigo descobrir mais sobre o feitiço," Harry disse.
Nem Rony nem Hermione falaram nada. Os dois pareciam mais calmos. Rony parou de guardar os livros e Hermione descruzou os braços. Harry continuou.
"Acho que vou mandar uma coruja pedindo para ele se encontrar comigo. Ele é inteligente o suficiente para saber o que está acontecendo. Tenho certeza que Sirius contou a ele o que está acontecendo comigo. Vou deixar que ele decida." Ele olhou para Rony e Hermione esperando suas reações.
Os dois começaram ao mesmo tempo. "Eu acho-" eles se entreolharam e começaram a rir. A tensão na mesa morreu instantaneamente e todos sorriam.
"Você primeiro, Hermione," Rony disse, se recostando na cadeira.
"Eu só ia dizer que essa é uma ótima idéia, Harry."
"Eu concordo," Rony disse, guardando o resto de seus livros na mochila. "Bem, eu já vou. Estou morto de cansaço depois da aventura de ontem. Devo te esperar acordado, Harry?"
"Eu não vou demorar muito, Rony," Harry disse, guardando seu material também. Ele olhou para Hermione que estava abafando um bocejo.
"Deixe eu te ajudar com todos esses livros," Harry disse, olhando a pilha ao lado dela que devia ter mais de um metro. "Você não vai conseguir levar todos esse livros para seu quarto de uma vez só." Ele a ajudara várias vezes assim antes, mas dessa vez ele se sentia um pouco constrangido.
Hermione bocejou de novo. "É muito gentil, Harry. Obrigada. Mas vamos tomar cuidado. Não queremos mais problemas."
Harry pegou mais ou menos dois terços dos livros e seguiu Hermione até o quarto. Como ela era monitora do quinto ano, ela tinha o menor quarto das monitoras no dormitório feminino. Quando eles chegaram à porta, ela a abriu com um rápido toque de sua varinha e a segurou para que ele entrasse. Ele entrou timidamente, equilibrando os livros como podia. Uma olhada rápida pelo quarto não mostrou nenhum lugar para colocá-los.
"Onde você os quer?" ele perguntou enquanto ela fechava a porta.
"Pode colocar naquela mesa ali. Espere, deixa eu tirar esses pergaminhos." Ela passou apressada por ele, quase derrubando-o.
Harry colocou os livros sobre a mesa e se virou. Hermione estava em pé a centímetros dele, um olhar nervoso.
"Eu acho que é a primeira vez que você vem a meu quarto desde que nos beijamos," ela disse tímida.
"É. Está bem estranho, não é?"
"Só um pouco."
Uma pausa horrivelmente desconfortável se seguiu, durante a qual Hermione girava seu cabelo com seu dedo indicador e Harry olhava constrangido o quarto a seu redor.
Ele focalizou novamente em Hermione e seus olhos se encontraram. Pensando 'é agora ou nunca', ele diminuiu a distância entre eles, praticamente segurando a respiração. Ela largou a mecha de cabelo que segurava e Harry teve a impressão de ouvi-la engolir.
Ele colocou seu braço direito ao redor de sua cintura, e mergulhou a mão esquerda na mecha de cabelo castanho próxima a orelha dela, segurando a cabeça dela gentilmente. Eles ficaram assim por um momento, os olhos grudados uns nos outros; verde encontrando castanho. Hermione mordia seu lábio inferior nervosa, e Harry olhava atentamente, sua respiração se aprofundando, seu rosto corando e seu coração batendo forte. Sem conseguir mais suportar, ele levou seu rosto para ainda mais perto e a beijou.
Ela suspirou e beijou em resposta, movendo seus braços para cintura dele, abraçando-o. Antes que ele pudesse pensar em qualquer coisa, eles estavam sentados na cama dela, se beijando tão forte que ele estava com medo de machucar o queixo dela. Quando ele ia desabotoar a blusa dela, ela segurou a mão dele e a beijou.
"Temos que parar," ela disse sorrindo para ele. Seus lábios estavam mais inchados, a pele ao redor deles levemente rosada.
Ele queria gritar. Seu corpo estava saindo do controle e doía parar. Ele se virou para o outro lado para que ela não visse. Correndo as mãos pelos cabelos, ele respirou profundamente algumas vezes, tentando se acalmar. Era assim que seria nos próximos dois anos? Ele imaginou se Sirius saberia algum remédio para esse tipo de dor.
Ele virou a cabeça para sorrir para ela, mas não teve tempo. Ela parecia bastante ansiosa quando disse, "Harry, precisamos conversar."
